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quarta-feira, 5 de maio de 2021

IMPRESSIONANTES IMAGENS DA GUERRA DAS MALVINAS

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Entre os meses de maio e junho de 1982 ocorreu a inesperada e curta, mas também brutal e violenta Guerra das Malvinas, até então um quase desconhecido arquipélago sob domínio britânico situado no gélido Atlântico Sul, entre a Argentina (que ocupou as ilhas durante a "Operação Rosário"), por ordens do chefe da Junta Militar que governava o país, o general Leopoldo Galtieri, e a Inglaterra (que efetuou a retomada das ilhas através da "Operação Corporate"), seguindo ordens da então primeira-ministra Margaret Thatcher.

Entre os quase 45 dias de combate, ocorreram ousadas ações de ambos os lados, como a "Operação Black Buck" por parte dos ingleses, com seus Avro Vulcan voando mais de 12 mil km para bombardear as ilhas, e os valentes ataques aéreos de aeronaves de alta performance dos argentinos (Dassault Mirage III e IAI Dagger) que, pelo fato dessas aeronaves não terem a capacidade de efetuar reabastecimento em voo, só poderiam permanecer sobre as ilhas apenas cinco minutos, senão não teriam combustível para retornar ao continente.

As quinze fotografias que estão nesse artigo, algumas inéditas no Brasil, foram cedidas gentilmente pelo Senhor Victor Hugo Martinón, um Veterano da Guerra das Malvinas (VGM) que lutou na guerra servindo a II Brigada Aérea, no Grupo I de Aerofotogrametria, originalmente situado na cidade de Paraná, Província de Entre Ríos, mas que estava destacado na BAM Comodoro Rivaldávia, onde também ele serviu no "Esquadrão Fênix", que operou aeronaves militares e civis em arriscadas missões de reconhecimento e despiste sobre o Oceano Atlântico e nas Malvinas.

O HMS Plymouth após ser atingido por tiros de 30 mm dos IAI Dagger.


O SS Atlantic Conveyor destruído após o incêndio causado pelo impacto do míssil Exocet argentino no dia 25/05/1982.

O Atlantic Conveyor acabou afundando três dias depois, no dia 28/05/1982, quando estava sendo rebocado.

O HMS Coventry aderna após ser atingido pelos A-4 Skyhawks argentinos no dia 25/05/1982.

O HMS Coventy, já emborcado, afunda lentamente. Foto tirada do HMS Broadsword.


O RFA Sir Galahad arde em chamas após o ataque argentino do dia 8 de junho.

O Sir Galahad foi consumido pelo fogo e destruído. Ele acabou sendo afundado dias depois.

O A-4 Skyhawk do Tenente Fausto Gavazzi atacando o HMS Glasgow com canhões de 20 mm. Observem a baixa altura da aeronave em relação ao mar. Foto tirada do HMS Brilliant, 12/05/1982.

O HMS Ardent afundando em chamas após o feroz ataque argentino do dia 21/05/1982.

Um soldado inglês posa em frente do navio RFA Sir Tristan, pesadamente danificada pelos argentinos. O navio foi recuperado e serviu até 2005. 

O HMS Glasgow retorna a Inglaterra danificado por uma bomba MK117 argentina que não explodiu mas que causou danos significativos.

Danos causados pelos projéteis de 30 mm dos canhões DEFA dos Daggers no HMS Arrow.

Extensos danos no HMS Glamorgan, atingido por um Exocet lançado improvisadamente de terra pelos argentinos no dia 12/06/1982. 


Foto inicial: O HMS Plymouth após ser atingido por bombas de 1000 libras de um Dagger argentino. Mesmo assim o navio sobreviveu a guerra.


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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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segunda-feira, 3 de maio de 2021

O ATAQUE AO HMS SHEFFIELD

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O HMS Sheffield (D80), um destroier de mísseis guiados da Marinha Real Inglesa (Royal Navy) comissionado em 1975, foi atacado por mísseis Aerospatiale (hoje MBDA) AM 39 Exocet, lançados pelos Dassault Super Étendard da Aviação Naval Argentina (COAN) no dia 4 de maio de 1982, durante a Guerra das Malvinas. O ataque vitimou 20 membros da tripulação e deixou vários feridos. Dias depois, no dia 10 de maio, ao ser rebocado, o Sheffield acabou afundando. O ataque argentino entrou para a História por ser o primeiro a usar mísseis lançados por aviões contra navios. O ataque tornou famoso o míssil antinavio de origem francesa Exocet. O ataque também foi o batismo de fogo do COAN.

Antecedentes: a ação inglesa

Desde o início da “Operação Corporate” (a ação inglesa de retomada das Ilhas Malvinas, ocupadas pelos argentinos desde o dia 2 de abril de 1982) a Argentina havia sofrido a perda de várias aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) no dia 1º de maio (primeiro dia da operação) e a Marinha Argentina sofreu com a perda do cruzador ARA General Belgrano no dia 2 de maio e o ataque ao ARA Alférez Sobral no dia 3 de maio. Os argentinos então queriam encontrar uma forma de vingar essas perdas e iniciaram planejamentos visando atacar a Força-Tarefa inglesa usando seu moderníssimo míssil antinavio Exocet, nunca testado em combate real até então. Os argentinos tinham apenas cinco preciosas aeronaves de ataque (que poderiam lançar o míssil Exocet) Dassault Super Étendard, únicos equipados com o poderoso radar Agave de ataque, e cinco unidades do míssil, na versão AM 39 (ar-terra), então teriam de ser precisos.

O comandante da Força-Tarefa inglesa, almirante John Forster “Sandy” Woodward, esperava repetir o sucesso britânico ao abater muitas aeronaves argentinas como ocorreu no dia 1º de maio. A força naval, formada pelos porta-aviões HMS Hermes e HMS Invincible, suas escoltas e navios de apoio, navegou para o oeste, durante a noite do dia 3-4 de maio, posicionando a força a uma distância de cerca de 180 km ao sul do então Puerto Argentino (Port Stanley). Devido à falta de uma aeronave de alerta aéreo aproximado (AEW), três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow, Coventry e Sheffield) foram então posicionados formando uma espécie de um “piquete aéreo” a uma distância de cerca de 40 km à frente da força principal, prontos para enfrentar a ameaça aérea argentina usando seus sistemas antiaéreos.

A política britânica era que qualquer navio da Royal Navy que suspeitasse estar sob ataque de mísseis virasse em direção à ameaça, acelerasse à velocidade máxima e atirasse chaff (tiras de alumínio para tentar desviar do alvo o míssil atacante) para evitar que o navio fosse pego indefeso. A palavra-código utilizada para iniciar este procedimento era “freio de mão”, que deveria ser transmitido assim que o sinal do radar Agave da aeronave Super Étendard fosse captado. Dentro da força-tarefa, a ameaça do submarino argentino Tipo 209 foi vista como uma prioridade mais alta do que a ameaça do ar. Após o naufrágio do General Belgrano, o Capitão James Salt, comandante do Sheffield, ordenou que o navio mudasse de curso a cada 90 segundos para conter qualquer ameaça potencial de submarino argentino.

 

Detectando a Força-Tarefa inglesa

O HMS Sheffield (Fonte: Wikipédia).


O Sheffield foi detectado pela primeira vez por uma aeronave de patrulha do COAN Lockheed SP-2H Neptune (matrícula 2-P-112) às 07:50h do dia 4 de maio de 1982. O Neptune manteve os navios britânicos sob vigilância, verificando a posição do Sheffield novamente às 08:14h e 08:43h. Uma ordem fragmentária de ataque então foi emitida pelo comando da Força-Tarefa 80 (que coordenava as aeronaves do COAN na guerra) e duas aeronaves Dassault Super Étendard do COAN, ambos armados com um Exocet AM39 na asa direita e um tanque de combustível na asa esquerda, para evitar assimetria, decolaram da base aérea naval de Río Grande, na Terra do Fogo, às 09:45h e em total silêncio-rádio e se encontraram com uma aeronave de reabastecimento em voo Lockheed KC-130H Hercules da FAA para serem reabastecidas às 10:00h. As duas aeronaves eram a 3-A-202, pilotada pelo comandante da missão Capitán de Corbeta Augusto Bedacarratz, e a 3-A-203, pilotada pelo Teniente de Navío Armando Mayora.

Um Dassault Super Étendard do COAN armado com um míssil antinavio Exocet. (Fonte: Blog Poder Naval)


Nas semanas que antecederam o ataque, os pilotos argentinos vinham praticando táticas contra seus próprios navios, pois os argentinos possuíam destroieres Tipo 42 da mesma classe do Sheffield e, portanto, conheciam bem o horizonte do radar, distâncias de detecção e tempos de reação do radar do navio, bem como o procedimento ideal para programar o míssil Exocet para um perfil de ataque bem-sucedido. A técnica que eles usaram é conhecida coloquialmente como “Pecking the Lobes” (“Bicando os Lóbulos”), em referência à aeronave sondando os lobos laterais do radar emissor usando o receptor de alerta do radar. A aeronave pode evitar a detecção evitando o lóbulo principal do radar emissor, além de voar bastante baixo sobre o mar (de 10 a 15 metros de altura) fazendo apenas uma pequena subida para ligar rapidamente o radar para conferir a navegação e se há algum alvo mais próximo.

 

O ataque

Posição da Força-Tarefa inglesa durante o ataque do dia 4 de maio de 1982. (Fonte Quora)


Às 10:35h, o Neptune subiu para 1.170 metros de altitude e detectou um contato grande e dois de tamanho médio. Poucos minutos depois, o Neptune atualizou os Super Étendard com as posições. Por volta das 10:50 ambos os Super Étendard subiram a 160 metros para verificar esses contatos, mas não conseguiram localizá-los e voltaram à baixa altitude. Mais tarde, eles subiram novamente e após alguns segundos de varredura, os alvos apareceram em suas telas de radar. Ambos os pilotos carregaram as coordenadas em seus sistemas de armas, voltaram ao nível baixo e, após verificações de última hora, cada um lançou seu míssil Exocet AM 39 às 11:04h, a uma distância de 32 a 48 km de seus alvos, e efetuaram o retorno ao continente ema alta velocidade. Os Super Étendard não precisaram ser reabastecidos pelo KC-130 no ponto onde eram esperados e pousaram sem problemas em Río Grande às 12:10h, com o Neptune pousando um pouco antes, às 12:04h, também em Río Grande. Um cumprimento de mão entre os dois pilotos encerrou a missão, sem no momento os argentinos saberem se haviam realmente acertado alguma coisa. Apoiando a missão também estavam um Learjet 35 como distração e dois IAI Dagger da FAA como escoltas do KC-130.

 

O alvo: o HMS Sheffield

Aproximadamente às 10:00h do dia 4 de maio, o Sheffield estava em prontidão de segundo grau, mais ao sul dos três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow e Coventry) operando como um piquete antiaéreo avançado, formando um perímetro defensivo entre 29 a 48 km a oeste da força-tarefa principal, que ficava a sudeste das Malvinas. O tempo estava bom e o mar calmo, com ondas de dois metros. O HMS Invincible, que estava com a força-tarefa principal, era responsável pela Coordenação da Guerra Antiaérea (AAWC). O Sheffield havia acabado de substituir o Coventry na função, pois este estava tendo problemas técnicos com seu radar Tipo 965.

Antes do ataque, os operadores de radar do Sheffield estavam tendo dificuldades em distinguir as aeronaves inimigas, provavelmente pelo destróier não ter um IFF (identificação amigo-inimigo) eficaz ou ele estar sofrendo interferência do próprio radar do navio. Apesar das informações recebidas de inteligência que identificaram um ataque de mísseis Exocet lançados por aeronaves Super Étendard como possível, o Sheffield avaliou a ameaça dos Exocet como superestimada nos dois dias anteriores, e desconsiderou outro como um alarme falso.

Como o radar Tipo 965 não conseguia detectar aeronaves voando baixo, por causa da curvatura da Terra, as duas aeronaves inimigas em aproximação não foram detectadas mesmo voando a 30 metros de altura. As duas aeronaves foram detectadas a uma distância de apenas 74 km pelo UAA1, o sistema RWR (receptor alerta-radar) do navio. Isso foi então confirmado pelo radar de alerta de aeronaves de longo alcance 965M do Glasgow quando uma das aeronaves estava a 37 metros de altura efetuando uma verificação do seu radar a cerca de 83 km do navio. O Glasgow imediatamente entrou em alerta e comunicou a palavra-código de advertência “Freio de mão” pelo UHF e HF a todos os navios da força-tarefa. Os contatos de radar também foram vistos pelo Invincible, que vetorou duas aeronaves Sea Harrier em PAC (patrulha aérea de combate) para investigar, mas eles não detectaram nada. O AAWC em Invincible declarou os contatos do radar como falsos e deixou o nível de advertência em amarelo, em vez de aumenta-lo para vermelho.

Em resposta ao aviso do Glasgow, uma ordem de prontidão foi emitida para as tripulações do canhão de 4,5 polegadas, Sea Dart e canhões de 20 mm. As aeronaves foram detectadas no radar avançado Tipo 909, mas não no conjunto de popa. O sensor UAA1 de Sheffield foi então bloqueado por uma transmissão não autorizada pelos sistemas de comunicação por satélite da nave (SCOT). Nenhuma informação foi recebida via link de dados de Glasgow. Sete segundos depois, o primeiro míssil Exocet foi disparado, em resposta ao qual Glasgow começou a lançar chaffs para tentar despistar o míssil. A bordo do Sheffield, só quando a fumaça do míssil foi avistada pelos vigias é que a tripulação percebeu que estava sob ataque. Os oficiais da ponte não chamaram o capitão para a ponte, não fizeram chamadas para estações de ação, não tomaram medidas evasivas e não fizeram nenhum esforço para preparar o canhão de 4,5 polegadas, os mísseis SAM Sea Dart ou ao menos ordenar o disparo de chaffs. O oficial de guerra antiaéreo foi chamado à sala de operações pelo principal oficial de guerra, chegando pouco antes de o primeiro míssil atingir.

Um dos mísseis acabou errando o alvo, atingindo o mar a cerca de 800 metros à sua esquerda, sendo visto pela escolta Yarmouth. O outro Exocet atingiu o Sheffield à sua direita, no nível 2 do convés, penetrou o casco do navio e acabou rompendo a antepara da Sala de Máquinas Auxiliar de Vante/Sala de Máquinas de Vante 2,4 metros acima da linha de água, criando um buraco no casco de aproximadamente 1,2 metros por 3 metros. Aparentemente o míssil não explodiu, apesar de desativar os sistemas de distribuição elétrica do navio e rompendo o duto de água do mar pressurizado. Os danos ao sistema de incêndio prejudicaram gravemente qualquer resposta de combate a incêndios e, eventualmente, condenou o navio a ser consumido pelo fogo, iniciado pelo propelente do próprio míssil.

O fogo consome o Sheffield (Foto: Blog Poder Naval)


No momento do ataque, o capitão estava de folga em sua cabine após ter visitado anteriormente a sala de operações, enquanto o oficial de guerra antiaérea de Sheffield (AAWO) estava na sala dos oficiais conversando com os comissários e seu assistente estava na ponte. O Sheffield e Coventry estavam trocando informações em UHF e as comunicações cessaram e logo depois uma mensagem não identificada foi ouvida declarando categoricamente: “O Sheffield foi atingido!”

 

A reação inglesa

A nau capitânia da Força-Tarefa, HMS Hermes, despachou as suas escoltas Arrow e Yarmouth para o local do piquete para verificar o que havia ocorrido, e um helicóptero foi lançado para o local. Alguns minutos depois o helicóptero orgânico do Sheffield, um Westland Sea Lynx pousou inesperadamente a bordo do Hermes transportando o oficial de operações aéreas e o oficial de operações, confirmando o ataque. Os ingleses entraram em choque. Com os principais sistemas de combate a incêndios fora de ação devido à perda do duto principal de água, a tripulação do navio passou a combater o incêndio com mangueiras acionadas por bombas portáteis movidas a eletricidade e simples baldes de água. As escoltas Arrow e Yarmouth, logo que chegaram ao local, passaram a auxiliar no combate do fogo do lado de fora (com pouco efeito) posicionando-se a esquerda e a direita do Sheffield, respectivamente.

O ponto de impacto do Exocet no navio. (Foto: Blog Poder Naval)


A tripulação do Sheffield lutou por quase quatro horas para salvar o navio antes que o Capitão Salt tomasse a difícil decisão de abandonar o navio devido ao risco de os incêndios chegarem ao paiol ou aos mísseis do navio, como o grande Sea Dart, a perda da capacidade de combate do destróier e a exposição do Arrow e Yarmouth a um ataque aéreo inimigo. A maior parte da tripulação do Sheffield passou para a Arrow, alguns transferidos para a Yarmouth, enquanto os mortos e os feridos foram levados de helicóptero para o Hermes.

Nos seis dias seguintes, a partir de 4 de maio de 1982, enquanto o navio ainda flutuava, cinco inspeções foram feitas para ver se valia a pena salvar algum equipamento. Ordens foram emitidas para escorar o buraco no lado estibordo de Sheffield e rebocar o navio para a Geórgia do Sul. Antes que essas ordens fossem emitidas, o navio queimado estava sido rebocado pelo Yarmouth. O mar agitado por onde o navio foi rebocado causou uma inundação lenta pelo buraco onde o míssil entrou no costado do navio, causando uma inclinação para estibordo e que acabou fazendo o Sheffield capotar e afundar próximo a borda da Zona de Exclusão Total na posição 53º04’S 56º56’O no dia 10 de maio de 1982. Foi o primeiro navio da Royal Navy afundado em ação desde a Segunda Guerra Mundial.

Dos 281 membros da tripulação, 20 (principalmente em serviço na área da cozinha e na sala de informática) morreram no ataque e outros 26 ficaram feridos, principalmente por queimaduras, inalação de fumaça ou choque elétrico. Apenas um corpo foi recuperado. Os sobreviventes foram levados para a Ilha de Ascensão no navio-tanque RFA British Esk. O naufrágio é atualmente um túmulo de guerra e designado como local protegido ao abrigo da Lei de Proteção de Restos Militares de 1986.


Consequências

Um Conselho de Inquérito do Ministério da Defesa (MOD) foi convocado no HMS Nelson, no dia 7 de junho de 1982. Eles relataram suas descobertas em 28 de junho de 1982. O relatório do conselho criticou severamente o equipamento, o treinamento e os procedimentos de combate a incêndio do navio, identificando que os fatores críticos que levaram à perda de Sheffield foram, dentre outros, falta de preparo das equipes de defesa e sistemas eletrônicos do navio, falha do radar em detectar as aeronaves, ineficiência do sistema ECM (contramedidas eletrônicas), lenta resposta do radar de controle de fogo do Sea Dart a ameaça, deficiências no projeto do navio que dificultaram o combate do fogo, presença em excesso de material inflamável no navio e ausência de respiradores e outros equipamentos adequados para combater o fogo com eficácia.

As tentativas de salvar o navio foram infrutíferas. (Foto: Blog Poder Naval


O Capitão do navio, James Salt, foi isento de qualquer acusação, pois para o conselho, suas decisões após o impacto do míssil e de abandonar o navio foram corretas. Em 2006 ocorreu a liberação do relatório através da Lei de Liberdade de Informações do Reino, onde ocorreram acusações de negligência contra alguns dos tripulantes em comando do navio, que foi abafada pelo conselho em 1982. Em 2015, após uma revisão dos eventos ocorridos, foi descoberta que a ogiva do míssil Exocet realmente explodiu, com os resultados obtidos por modernos equipamentos de análise de danos, não disponíveis em 1982.

Já na Argentina as notícias de que o Sheffield fora atingido e posto fora de ação foram recebidas com muita satisfação pela Força-Tarefa 80, pela Força Aérea Sul (que gerenciava a Força Aérea Argentina na Guerra das Malvinas) e pelo povo argentino. Boatos de que no mesmo ataque foram atingidos outros navios e também o HMS Hermes ajudaram a levantar o moral das tropas nas ilhas, no continente e na população em geral. Mesmo assim o afundamento do HMS Sheffield mostrou que os argentinos não estavam mortos no conflito e ainda iriam dar muito trabalho aos ingleses.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.

*Foto de capa: Reprodução do momento em que os Dassault Super Étendard do COAN lançam seus mísseis antinavio Exocet contra o HMS Sheffield. (Fonte: Blog Poder Naval)

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Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


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domingo, 2 de agosto de 2020

Navio Patrulha Oceânico “Araguari” realiza operações aéreas com aeronaves da FAB

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O Navio Patrulha Oceânico (NPaOc) “Araguari” realizou, nos dias 29 e 30 de julho, operações em conjunto com aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), na área marítima do Rio Grande do Norte.
 
No convoo do NPaOc “Araguari”, foram realizados exercícios de pick up e vertrep, com içamento e arriamento de cargas leves e pesadas, e de militares das aeronaves.
 
As ações contaram com o emprego de aeronaves H-36 Caracal, do Esquadrão Falcão (1º/8º GAV), sediado na Ala 10, da FAB, além de militares que compõem as Equipes de Manobra e Crache (EqMan) de cinco navios subordinados ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Nordeste.
 
O treinamento conjunto teve o propósito de incrementar a interoperabilidade entre as Forças e proporcionou, com o apoio de equipe do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira, a requalificação de 22 militares das EqMan, aptos a atuarem em operações aéreas a bordo de seus navios na área de jurisdição do Comando do 3º Distrito Naval, composto pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

 
Fonte: Marinha do Brasil

Nota do GBN: Exercício similar foi realizado entre o NaPaOc "APA" no período entre 13 e 17 de julho.
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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Poder Executivo entrega atualizações da PND, END e LBDN ao Congresso Nacional

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O Poder Executivo entregou, nesta quarta-feira (22), as atualizações da Política Nacional de Defesa (PND), Estratégia Nacional de Defesa (END) e Livro Branco da Defesa Nacional (LBDN) ao Congresso Nacional.



O Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhado dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea, passou os documentos para as mãos do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, logo após reunião do Conselho de Defesa Nacional, no Palácio do Planalto.

"Não é uma nova política. A essência é completamente a mesma. Como é uma política de Estado, independe de governo, ela perpassa os governos. É praticamente a mesma política e a mesma estratégia de 2012 e de 2016 com algumas atualizações", afirmou o Ministro da Defesa.



As atualizações são encaminhadas ao Congresso Nacional pelo Executivo, atendendo ao que estabelece a Lei Complementar 136/2010, segundo a qual os três documentos devem ser enviados ao Legislativo a cada quatro anos, com suas respectivas atualizações, a partir de 2012.


Como são documentos de Estado, consolidados ao longo dos anos, não há grandes diferenças em relação às versões anteriores. As atualizações apresentadas são pontuais, incluindo alguns desafios contemporâneos.

PND, END e LBDN

A Política Nacional de Defesa é o principal documento de planejamento da defesa do país. Ele estabelece objetivos e diretrizes para o preparo e emprego da capacitação nacional, com o envolvimento dos setores militar e civil, em todas as esferas de poder.

A Estratégia Nacional de Defesa, por sua vez, pretende definir como fazer o que se determinou na PND.

Já o chamado Livro Branco de Defesa Nacional apresenta uma visão geral da defesa e das Forças Armadas, tendo como principal propósito permitir transparência, promovendo assim a confiança mútua entre os países.

Fonte: Ministério da Defesa
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segunda-feira, 1 de junho de 2020

1º de Junho - Dia do Guerreiro de Selva, uma homenagem ao Cel. "Teixeirão" e a todos nossos guerreiros.

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Hoje o Exército Brasileiro comemora o "Dia do Guerreiro de Selva", data fixada em 1º de junho como uma justa homenagem ao nascimento do Coronel de Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, mais conhecido como “Teixeirão” (1921-1987). Este bravo Guerreiro, nascido no sul do Brasil, era apaixonado pela Amazônia, e escreveu com grande louvor uma importante página da nossa história militar brasileira, tendo sido o primeiro comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), o qual esteve sob suas ordens entre 1964 a 1971. 

Coronel de Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira

O Cel. Teixeira à época ainda major, atuou ativamente nos estágios de preparação do novo centro de instruções do Exército Brasileiro, participando do planejamento e implantação da Unidade. A implantação do CIGS foi um grande desafio em todos os sentidos, e exigiu de todos envolvidos naquela faina muita determinação, sendo um dos principais elementos que os movia nesta dura tarefa, era o amor pela Amazônia, levando os pioneiros do CIGS, como o coronel Teixeirão, a trabalhar dia e noite para tornar real toda a estrutura física e organizacional do CIGS, construindo o pilar de valores e sacrifícios que estão arraigados aquela organização militar, a qual possui toda uma mística que envolve o Guerreiro de Selva.

O Coronel Teixeira faleceu em janeiro de 1987, mas deixou um grande legado pela Amazônia, tendo sido ainda idealizador do Colégio Militar de Manaus nos idos anos 70, e mesmo após passar a reserva continuou defendendo nossa Amazônia. Em 1974, foi nomeado, pelo Presidente da República Ernesto Geisel, Prefeito da cidade de Manaus, cargo que ocupou até 1979. Após deixar o cargo de prefeito de Manaus, foi nomeado Governador do Território Federal de Rondônia e se tornou o primeiro Governador do Estado de Rondônia até 1985. Escrevendo em sua passagem política um grande legado desenvolvimentista para cidade de Manaus e o Estado de Rondônia. 

“Selva!”

O famoso brado de “Selva” tem sua criação atribuída ao Cel Teixeira. Conta-se que, na época de sua criação, mais especificamente em seus primeiros dias, o CIGS não dispunha de ficha de serviço de viatura, o que levava a sentinela a perguntar o destino das viaturas que saiam do quartel. Quase sempre recebia uma resposta apressada e precisa: “Selva!”. Era esse o destino. A resposta curta, tão repetida, fez-se saudação espontânea e vibrante, alastrou-se, expandiu o seu significado, ecoou por toda a Amazônia contagiando a todos com o mesmo ideal.

Hoje aos 96 anos do nascimento do Coronel “Teixeirão”, rendemos uma justa homenagem a esse Pioneiro Guerreiro  de Selva e a todos bravos Guerreiros de Selva que, assim como o pioneiro do curso, dedicam suas vidas com amor a defender a Amazônia brasileira.


Nós do GBN Defense e todos nós brasileiros, sabemos que nas matas ou no coração da selva, sempre estará um Guerreiro de Selva zelando pelo que é nosso. 

Podem pensar o que quiser, mas sabemos quem são nossos heróis, podem desejar tomar nossa Amazônia, mas jamais serão capazes de atentar contra nossa soberania, pois lá no meio da selva, onde muitos choram e o medo toma forma, temos a coragem, e a determinação do Guerreiro de Selva Brasileiro.

SELVA!!!! BRASIL!!!! 


GBN Defense - A informação começa aqui

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sábado, 16 de maio de 2020

Completando 42 anos, Esquadrão HA-1 "Lince" mantém suas garras afiadas

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Nesta sexta-feira (15), foi um dia especial para Força Aeronaval, marcando os 42 anos da criação de um dos mais emblemáticos esquadrões da Aviação Naval brasileira, O 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque, nosso Esqd HA-1 “Lince”.


Tudo começou em 15 de maio de 1978, com a assinatura do Decreto Presidencial Nº 81.660, que criou o Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque Anti-Submarino, essa nova Organização Militar (OM) incorporava a nossa Aviação Naval um dos mais modernos e versáteis helicópteros de ataque e emprego naval do mundo, o Westland Sea Lynx Mk-21, designados SAH-11 pela Marinha do Brasil, tendo como missão prover os meios aéreos integrantes do sistema de armas das Fragatas Classe Niterói, a fim de ampliar as capacidades dos sensores de bordo, bem como oferecer maior capacidade de reação do navio, representando um salto para as Forças Navais e Aeronavais brasileiras.

O EsqdHA-1 “Lince” foi ativado no ano seguinte, para ser mais exato, no dia 17 de janeiro de 1979, contando com nove aeronaves SAH-11 “Lynx”, as quais rapidamente apresentaram um alto grau de flexibilidade, atendendo perfeitamente as atribuições que cabiam ao Esquadrão, confirmando as grandes qualidades desta aeronave. O “Lynx” representou uma grande evolução nas capacidades operativas da Marinha do Brasil, ampliando a capacidade de esclarecimento e ataque além do horizonte radar, sendo capaz de operar sob condições meteorológicas adversas, tanto de dia, quanto a noite.  Sendo pioneiro na dotação de misseis ar-superfície, realizando com êxito o primeiro lançamento desse armamento contra um alvo.

O “Lynx” se mostrou um meio ofensivo fundamental ao componente aéreo nas ações de superfície, resultando na decisão de atualizá-lo e ampliar suas capacidades, assim, em 1995 as cinco aeronaves SAH-11 (Mk21) remanescentes das nove do lote inicial, foram enviadas para o fabricante afim de passar pelo programa de modernização que elevou estas a versão “Super Lynx” Mk-21A. Essas cinco células totalmente repotencializadas e modernizadas, se somaram ao novo lote composto por nove exemplares novos desta fantástica aeronave, a qual passou a receber a designação AH-11A “Super Lynx”. Dessa forma o Esquadrão HA-1 passou a contar com estas novas aeronaves nos idos de 1995.


Em virtude da aquisição de novos navios e da flexibilidade que o Lynx demonstrou em operação, o Esquadrão HA-1 recebeu em 20 de agosto de 1997, mediante a Portaria Ministerial Nº 241, sua missão foi ampliada, abrangendo todos os meios de superfície da Esquadra. Sua designação foi alterada para 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1), permanecendo assim até os dias atuais.

Dentre as capacidades do EsqdHA-1, cabe as missões de esclarecimento e ataque a alvos de superfície (ASuW), empregando o Míssil anti-navio Sea Skua, além de ser capaz de lançar ataques vetorados a alvos submarinos (ASW), este empregando como armamentos torpedos e cargas de profundidade. Porém, o “Super Lynx” entrega uma versatilidade que permite seu emprego em diversos cenários e missões embarcados.

Em 2008, o EsqdHA-1 viu a importante dotação de suas aeronaves AH-11 com sistema estabilizado multi-sensor de vigilância “FLIR” (Equipamento de Observação Infravermelho) SEA STAR SAFIRE III, como parte do programa de modernização da frota dos AH-11A, o que proporcionou aos seus “Linces” enxergarem além do alcance, tornando sua missão esclarecedora mais eficiente e segura, mantendo sua aeronave fora do alcance de armas defensivas, sendo um sensor passivo que permite a identificação noturna de contatos, ampliando assim a capacidade e versatilidade.

Em 2011, diante da participação deste Esquadrão na Força Tarefa Marítima da UNIFIL, foram adquiridas as metralhadoras laterais 12,7MM (.50) M3M fornecidas pela FN Herstal, contribuindo para a realização de operações de interdição marítima, peculiares ao mandato dessa Força, adicionando-se ainda, por doutrina, o combate à pirataria e ao terrorismo, operações de retomada e resgate (C-SAR) e a defesa de ponto dos meios de superfície contra ameaças assimétricas.


Mantendo-se na vanguarda tecnológica em sua capacidade de esclarecimento em ataque, em 3 de julho de 2014, foi firmado um contrato com a Leonardo Helicopters (antiga Agusta/Westland) visando um extenso programa de modernização, o qual engloba oito aeronaves AH-11A, as quais receberão uma nova e moderna aviônica, que traz um novo painel, full glass cockpit, totalmente compatível com emprego de Óculos de Visão Noturna (OVN), dentre o conjunto de aviônicos, o novo “Lince” incorpora um processador tático, sistema de navegação baseado em satélite, TCAS, sistema de pouso por instrumento, RWR/ESM integrados, sistemas de contra-medidas (Chaff/Flare) e um novo guincho de resgate (Hoist), acionado eletricamente, além de ter substituídos os atuais motores pelo novo LHTEC CTS800-4N, elevando estas células para o padrão AH-11B “Wild Linx”. O programa encontra-se em andamento e já contamos com três aeronaves AH-11B “Wild Lynx” incorporadas ao setor operativo, inclusive o GBN Defense já flagrou a movimentação de uma das aeronaves AH-11B pertencente ao EsqdHA-1 "Lince", o exemplar em questão, matrícula N-4001, recentemente modernizada, realizando um voo de adestramento.


É com grande orgulho que nós do GBN Defense parabenizamos aos nossos “Linces” pelos quarenta e dois anos de conquistas e excelentes serviços prestados a nossa Pátria. Onde durante nossa participação da Aspirantex 2020, foi possível admirar esta fantástica aeronave em seu pouso no convoo da PHM Atlântico, e posteriormente visitá-la e a sua tripulação a bordo da Fragata “União” durante nossa escala em Salvador. Feliz Aniversário Esquadrão HA-1 “Lince, parabéns a todos os bravos Linces, um forte e fraterno abraço ao seu Comandante, Capitão-de-Fragata, Luiz Marcelo Dias de Oliveira. Que venham muitos anos de valorosas conquistas, sempre mantendo vivo o lema: “Invenire Hostem et Delere” – Encontrar o inimigo e destruí-lo.

No Ar os Homens do Mar

Viva à Marinha Invicta de Tamandaré.


Por: Angelo Nicolaci


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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Rainha Elizabeth diz "obrigada" a espiões britânicos

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A rainha Elizabeth visitou a sede da agência britânica de espionagem MI5 nesta terça-feira para agradecer aos espiões do país por defenderem o Reino Unido.

“Gostaria de fazer minha visita aqui hoje como uma oportunidade de agradecer a todos pelo incansável trabalho que vocês fazem para manter nosso país seguro”, disse Elizabeth.

“Vocês sempre demonstraram o máximo compromisso com o seu lema - ‘Regnum Defende’ [‘Defenda o Reino’]. Devido à natureza do trabalho, é sem reconhecimento público. Então, é em nome do país que eu digo para todos vocês: obrigada.”

O MI5, criado em 1909 para combater a espionagem alemã antes da Primeira Guerra Mundial, tem a tarefa de proteger a segurança nacional britânica. Atualmente, seu principal trabalho é combater o terrorismo internacional, embora também seja uma agência de contra-inteligência.

“Sempre fico impressionada com a notável determinação com que vocês desempenham seu papel vital”, disse Elizabeth.

“Sem dúvida, continuará a haver ameaças e desafios significativos à frente, mas em cada uma das minhas visitas ao MI5, fiquei impressionada com a maneira como vocês se adaptaram às mudanças de ameaças à nossa nação”, disse a rainha.

Fonte: Reuters
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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

BID - Entenda o acordo assinado entre o Ministério da Defesa e o BNDES visando apoiar a industria nacional de defesa

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Buscando incentivar o crescimento da Base Industrial de Defesa (BID), o governo brasileiro esta buscando facilitar a exportação de produtos e de tecnologias de defesa. Na semana passada foi firmada uma parceria entre o Ministério da Defesa e o BNDES, que assinaram um protocolo de intenções, com o objetivo de promover estudos para apoiar o desenvolvimento da BID, com foco em suas empresas, não se limitando apenas as políticas de financiamento, incluindo o sistema brasileiro de apoio público às exportações e ao desenvolvimento de programas de nacionalização progressiva de produtos e tecnologia de defesa.
A cerimônia que ocorreu na quinta-feira (21) contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, além do Ministro da Economia, Paulo Guedes, o que demonstra a amplitude dessa parceria.O investimento no desenvolvimento do setor de defesa rende um grande retorno não apenas no campo tecnológico e a especialização de mão de obra, mas no campo econômico, onde para cada R$1,00 investido, retornam R$9,80 em nossa economia, o que derruba a falácia dos críticos aos investimentos nos programas de defesa nacionais e fomento a industrial nacional de defesa.
Foto: Marcos Correa
Infelizmente há no Brasil um movimento contrário ao desenvolvimento de nossa indústria de defesa, os quais possuem uma visão obtusa e míope, que se prendem as falácias sustentadas por grupos de oposição ao setor, os quais ignoram que a pesquisa e desenvolvimento no campo de defesa foi o maior locomotor das grandes economias mundiais, resultante no ganho de capacidade tecnológica e industrial que tornam a industria dos países que nela investem competitivas e inovadoras, refletindo nos resultados de sua economia. Outro ponto importante  a se destacar, é que boa parte das tecnologias que desenvolvidas acabam beneficiando outras industrias e setores da sociedade brasileira, com avanços significativos na produção de bens de consumo que empregam tecnologia dual, sendo originadas em pesquisas voltadas ao campo de defesa, mas que acabam beneficiando a sociedade como um todo, e ao longo da história temos inúmeros casos, como é o que esta utilizando agora ao acessar nosso site através de seu notebook, celular ou computador, utilizando uma conexão com a Internet, todos desenvolvidos a partir de programas voltados para defesa, mas que ganharam aplicações civis e facilitam nossas vidas.
Abaixo reproduzimos a entrevista concedida pelo secretário de Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, Marcos Degaut, Ex-oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), além dos cargos de assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República e de Secretário Especial Adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, foi membro da Força-Tarefa que revisou e atualizou a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional, bem como a Estratégia Nacional de Inteligência. Em 2019, foi indicado pela Presidência da República para ser seu representante no Grupo Executivo da Câmara de Comércio Exterior (GECEX), e concedeu uma entrevista ao repórter da Agência BrasilPedro Peduzzi.
O que já dá para se antever, de concreto, deste protocolo de intenções assinado entre BNDES e Ministério da Defesa?
Marcus Degaut: É preciso a gente fazer uma pequena introdução a respeito disso. Pesa sobre o setor da Indústria da Defesa um grande desconhecimento. Muita gente desconhece a importância da economia de defesa como fonte de geração de empregos altamente qualificados; como fonte de geração de renda; como fonte de acréscimo de tecnologia; veículo de exportação; de geração de divisas, royalties; e de atração de investimentos.

Ano passado nós já batemos um recorde histórico no que diz respeito à exportação de produtos de defesa. Conseguimos um acréscimo de 33% em relação a 2018. Para esse ano esperamos um crescimento de mais de 30%. Desconhece-se que o efeito multiplicador desse segmento é de 9,8. Ou seja, para cada R$ 1 investido nós temos de retorno à economia R$ 9,8. Nenhum outro setor, industrial ou não, sequer se aproxima da metade disso. A renda média do setor é cerca de três vezes maior do que qualquer outro setor industrial. Agora, internamente, não se é gerada uma demanda suficiente para que as empresas que operam no setor de indústria de defesa possam produzir para se manter abertas, para gerar essa capacidade, para gerar esses empregos, essa renda e essas tecnologias. Então a saída que existe é exportar.
A ideia é criar condições para reduzir e superar gargalos, porque um dos grandes gargalos que temos é a virtual escassez de mecanismos de financiamento à exportação, que incluam seguros e garantias. O que acontece é que os bancos privados, em seus países de origem financiam a indústria de defesa. Aqui no Brasil, para não gerar um concorrente à altura, eles não financiam. Então restaria esse papel aos bancos de fomento; aos bancos públicos. Não estamos falando aqui de subsídios. Ninguém trata de subsídios, mas simplesmente de regras claras de atuação, porque o setor privado não pode ficar esperando dois anos para ter uma resposta sobre se vai ter ou não um financiamento. Estamos falando de gerar emprego e renda aqui; de financiar empresas nacionais sediadas aqui.
O que esse acordo pretende é justamente eliminar esse gargalo, ao estabelecer regras muito claras de atuação. O industrial, quando for procurar o BNDES para manter sua empresa em pé, saberá que existe um mecanismo de financiamento, e que dentro de determinadas condições ele poderá ter, dentro de determinado tempo, o que é aceitável.
Mas esse protocolo vai além de financiamento. O que mais ele prevê?

Marcus Degaut: Na verdade são estudos para melhorar a governança do sistema brasileiro de exportação. Uma coisa é a existência de linhas de crédito para financiamento à exportação, que inclui seguro e garantias. Outra coisa são estudos promovidos pelo Ministério da Defesa e pela equipe do BNDES para melhorar o próprio sistema de apoio à exportação, em conjunto com o setor privado, para que a gente possa atender o interesse do Estado e o interesse do sistema privado, que se traduz no interesse de toda a sociedade. O objetivo desse acordo é o de eliminar um grande gargalo.

Quer eliminar gargalos por meio da adoção de regras claras, visando dar maior segurança jurídica?

Marcus Degaut : É tudo isso, regras de conformidade, boas práticas. Mas o ponto fulcral é exatamente a questão do timing, porque os concorrentes estrangeiros, quando entram em uma licitação internacional para fornecer um produto para um país, já têm dos seus órgãos; dos Exim Banks [bancos de exportação e importação] um pacote completo. Então ele já sabe o que vai oferecer na venda de um determinado produto. Aqui no Brasil, o setor privado vive uma verdadeira romaria, de porta em porta, de banco em banco, para tentar conseguir esse financiamento. Nós perdemos exportações substanciais por falta desse mecanismos.

No exterior eles têm mais facilidades para obter financiamentos via bancos públicos e privados?

Marcus Degaut: Nos outros países, como na França, por exemplo, o acesso é a recursos de bancos privados e públicos. Mas o fato é que quem se instala no Brasil é um banco privado, e esse banco privado - seja da França, da Espanha ou da Suécia - só financia a indústria de defesa de seu país de origem. Aqui no Brasil, não financiam a nossa indústria de defesa. Esse é o grande problema. E os bancos privados nacionais acabam não oferecendo linhas de crédito por desconhecimento do potencial bilionário desse mercado, por desconhecerem as características que falei, de renda e de efeito multiplicador.

Esse setor envolve muita estratégia, com tecnologias sensíveis que estrategicamente não podem cair em mãos que possam fazer mau uso delas. Como está sendo feito o trabalho junto ao setor privado, no sentido de evitar que esses conteúdos sensíveis sejam acessados?

Marcus Degaut: São várias vertentes que precisam ser analisadas. Uma delas é em relação à segurança orgânica das empresas. Temos aqui, dentro da Secretaria de Produtos de Defesa, o Departamento de Produtos de Defesa, que é responsável por verificar essas condições de segurança orgânica e as próprias credenciais de funcionamento. Enfim, tudo aquilo que faz com que uma empresa possa se caracterizar como de Defesa ou como Estratégica de Defesa. Nós verificamos permanentemente suas condições.

Para além disso, como estamos falando de exportações, existe um duplo filtro. Um primeiro, realizado pelo Ministério de Relações Exteriores, que faz uma avaliação sob o ponto de vista da conveniência diplomática de se exportar determinado produto, porque é um setor em que considerações de natureza geopolítica estão presentes, como você bem mencionou. O segundo filtro é realizado pelo Ministério da Defesa. Aí nós avaliamos não apenas a questão técnica, mas também a questão da conveniência militar. Então existe todo esse tipo de filtragem em relação à exportação de qualquer produto e de qualquer tecnologia.
Existe uma lista de empresas credenciadas e supervisionadas?

Marcus Degaut: Existe um cadastro de empresas, que é o Sistema de Cadastramento de Produtos e Empresas de Defesa. Para se qualificarem como de Defesa ou Estratégica de Defesa, as empresas devem atender requisitos que são impostos por lei. Temos cerca de 1.100 empresas cadastradas. Destas, apenas 1,7% são de armas e munição. É importante desmistificarmos essa história de que a Indústria da Defesa é voltada apenas a armas e munições.

Nos Estados Unidos o setor da indústria de defesa tem muita participação de militares. Nessas empresas brasileiras acontece o mesmo, no sentido de absorver militares da reserva?

Marcus Degaut: Vejo isso como um caminho natural, porque essas pessoas têm familiaridades com produtos de defesa devido a uma formação ao longo de toda a sua vida. Agora, são empresas civis. Como empresas privadas têm toda liberdade de contratar quem eles achem que se encaixe em determinado perfil. Mas é fato que temos militares ocupando, pelo conhecimento e pela expertise que têm, posições nessas empresas, depois que deixam a vida militar, como ocorre no mundo todo.


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com Agência Brasil


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