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quinta-feira, 21 de maio de 2020

F-35B à parmegiana - Marina Militare disputa o direito de operar com F-35 embarcado

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Recentemente, no dia 6 de maio o navio aeródromo "Cavour", capitânia da Marina Militare (Marinha Italiana), deixou o Arsenale Militare Marittimo de Taranto depois de completar 16 meses nos quais passou por um extenso programa de manutenção e atualização, onde foram inseridas modificações no navio para que o mesmo possa operar com segurança o F-35B STOVL, dentre os diversos trabalhos realizados no período, um dos mais significativos foi a adequação do convoo, que recebeu novo revestimento térmico para operação do novo caça, dentre outras intervenções necessárias.

Mas, o principal foco dessa matéria, não trata especificamente do "Cavour", mas sim da disputa que se desenrola nos bastidores da defesa italiana, onde Marinha e Força Aérea disputam o direito de operar as 15 aeronaves F-35B adquiridas pela Itália, um número muito longe do quantitativo necessário tanto para Marina Militare como para Aeronautica Militare, e que pode resultar na negativa dessas aeronaves para aviação naval italiana, o que seria um grande revés e fator limitante as capacidades efetivas de emprego do "Cavour", tendo em vista que daqui alguns anos os vetustos AV-8B chegarão ao final de seu ciclo de vida.

Para entender a disputa, precisamos retroceder um pouco no tempo, quando no inicio do programa JSF, a Itália tinha pretensão de adquirir 121 aeronaves F-35, dos quais inicialmente seriam destinadas 22 células da variante F-35B para Marina Militare, porém, o programa sofreu uma redução na encomenda inicial, fixando a compra em 90 aeronaves, com 60 variantes F-35A para Aeronautica Militare, e 30 aeronaves F-35B, destas sendo 15 destinadas a Marina Militare e outras 15 a Aeronautica Militare.


O governo italiano esta revisando sua participação no programa, e o contrato referente ao segundo lote de aeronaves (F-35B) esta sob análise, onde ainda não há definição se será executado ou não. Com essa incerteza, as duas forças italianas reivindicam a operação do lote inicial de 15 aeronaves "Bravo" que estão sendo adquiridas. A força aérea italiana reivindica o recebimento das aeronaves como complemento as suas capacidades com a retirada de operação do "Tornado", enquanto a Marinha defende sua necessidade diante de retirada em breve dos seus 15 AV-8B de operação, o que abriria uma preocupante lacuna em suas capacidades operativas.

O F-35B possui um custo superior aos F-35A, além de ser a única aeronave de asa fixa capaz de atender as necessidades da Marina Militare para dotar o destacamento aéreo embarcado de seu NAe, lembrando que apenas 15 aeronaves não atendem completamente a demanda daquela marinha, uma vez que a mesma possui em seu inventário além do NAe "Cavour" que desloca 28.000 ton, comissionado em 2009, o veterano NAe "Giuseppe Garibaldi" que opera desde 1985, deslocando tímidas 13.850 ton, cumprindo hoje papel de LHA/LHD desde a chegada do "Cavour", e deverá ser descomissionado em 2022, sendo substituído pelo LHD Trieste, que deslocará 33.000 ton, projetado para operar com meios aéreos como o F-35B.

Um dos argumentos de defesa para que os F-35B sejam entregues a marinha, aponta as características específicas do F-35B, as quais não seriam plenamente exploradas pela força aérea, uma vez que a mesma não apresenta prioridade no emprego de uma aeronave STOVL, observando que a mesma não pode ser empregada sem a devida infraestrutura, o que pode comprometer a segurança operacional.

O fato inconteste é que a Marina Militare possui mais navios capazes de operar asa fixa do que aeronaves para dotar o DAE destes meios, o que leva a um questionamento sobre os objetivos e capacidades necessários para otimizar ao máximo as capacidades de emprego de seus meios, sem que a lacuna leve ao sub-emprego das capacidades daquela marinha, ou pior, a prive de possuir capacidade aérea de combate compatível com a sua necessidade estratégica de defesa.

Em meio as incertezas, o Cavour segue a programação prevista, onde realizará a viagem aos Estados Unidos, onde receberá a bordo os dois primeiros F-35B da Itália, afim de realizar o processo de treinamento e integração das novas aeronaves.



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terça-feira, 10 de março de 2020

Análise - Crise de Idlib: Última chance para ONU e UE

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O estabelecimento da Liga das Nações foi o primeiro passo dado para preservar a paz mundial após a Primeira Guerra Mundial. No entanto, sua relevância e existência cessaram devido a um fracasso bastante semelhante à ineficiência exibida hoje pela ONU no diz respeito a guerra civil síria.
Enquanto a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939 foi o prego final em seu caixão, a longa cadeia de eventos que levou ao fim da Liga das Nações começou logo após o Tratado de Versalhes.
Nacionalistas italianos que invadiram o Porto de Flume na Iugoslávia em 1919 foram seguidos no mesmo ano pela disputa entre a Polônia e a Tchecoslováquia por Teschen e suas cobiçadas minas de carvão. Em 1920, a Polônia invadiu a cidade de Vilna, na Lituânia, e depois ocupou 80 quilômetros de terras reivindicadas pela Rússia. Seguiram-se as crises da Manchúria e da Abissínia em 1931 e 1935, respectivamente.

A Liga das Nações não tinha o poder ou a capacidade de sancionar os agressores em todos esses conflitos, uma incapacidade que anunciava sua eventual destruição. Os EUA, que lançaram as bases, mas nunca entraram na Liga, também a abandonaram e abriram as portas para a Segunda Guerra Mundial.
Depois de quase um século, a comunidade internacional está novamente testemunhando a ineficiência de organizações multilaterais como a ONU e a UE em meio a contínuas crises e conflitos humanitários em todo o mundo. O fim da Guerra Fria, simbolizado pela Queda do Muro de Berlim em 1989, desencadeou uma série de conflitos, em vez de ser o precursor da paz global que era esperada.

A primeira Guerra do Golfo, a guerra civil iugoslava, as guerras chechenas, a invasão do Alto Karabakh pela Armênia, a invasão norte-americana do Iraque e do Afeganistão e a instabilidade na Líbia, Egito e Síria após a Primavera Árabe, todas são crises internacionais das últimas três décadas.
O resultado mútuo de todos esses conflitos sempre foram os migrantes irregulares, que somam dezenas de milhões. O fato de muitos civis que escapam dessas zonas de conflito acabarem na Turquia, de um jeito ou de outro, é outro resultado indispensável do significado geopolítico da Anatólia.

Idlib: o último suspiro da ONU


A ONU, tendo fracassado em seu papel esperado de conter conflitos e preservar a paz, agora deu seu último suspiro em Idlib. Depois do chamado "Acordo do Século" dos EUA, que anula todas as decisões da ONU que defendem os direitos dos palestinos, a posição da ONU sobre a crise humanitária Idlib indica que, a partir de 2020, ele está próximo de seu destino e aguarda apenas um golpe final. A UE também está no mesmo barco metafórico.
A França apoiando a Sérvia e a Alemanha apoiando a Croácia na guerra civil iugoslava; A França bombardeou a Líbia na guerra civil da Líbia, sem um decreto da ONU, e se tornou uma parte do conflito; A Europa dá as costas às pessoas que querem a democracia após a Primavera Árabe e pretendem apoiar ditadores militares como Sisi no Egito e Haftar na Líbia.
Tudo isso mostra que o objetivo do mecanismo de tomada de decisão em Bruxelas não é alcançar a prosperidade global, mas criar uma sociedade de bem-estar restrita à Europa. Neste ponto, a questão do Idlib tornou-se um teste decisivo para a ONU e a UE. E os resultados desse teste até agora indicam que a UE continuará negando seu papel na crise de Idlib e não assumirá nenhuma responsabilidade.
A abordagem insensível da ONU e da UE diante da crise humanitária de Idlib não se restringe aos últimos nove anos. 
O regime de Assad entrou no Líbano sob o pretexto de por fim a guerra civil, mas se tornou parte do conflito e infligiu miséria monumental ao povo do Líbano.
O Vale Bekaa no Líbano, que gozava de imenso significado histórico e geopolítico, tornou-se o lar de organizações terroristas internacionais, incluindo o PKK, na década de 1980.
No entanto, os crimes do regime Sírio no Líbano foram calados depois que ele se juntou à coalizão formada pelos EUA após a invasão do Kuwait pelo Iraque. O fato da Síria ingressar na coalizão anti-Iraque rejuvenesceu as relações entre os EUA, a Síria e o Egito.
Com a morte de Hafez em 2000 e a ascensão de Bashar ao poder, as esperanças de democratização na Síria foram reduzidas. As forças sírias deixaram Beirute em 2001, mas no mesmo mês de setembro foram detidos legisladores que apoiavam reformas.
Em 2002, a dinastia de Assad foi incluída no "eixo do mal" pelo então presidente dos EUA, George W. Bush, e sua gama de ações no Oriente Médio foi reduzida ainda mais depois que surgiram alegações sobre o papel de Damasco no assassinato do líder libanês em 2005 Rafik Hariri.
A estação nuclear do regime de Assad, que foi construída em Deir ez-Zour com a ajuda da Coréia do Norte, foi atingida por Israel. Desta vez, porém, foi o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy que correu em socorro de Assad para salvar o regime do isolamento e castigo internacional. Hospedando Assad em Paris em 2008, Sarkozy reabriu os portões do Ocidente para a Síria, após o isolamento do país devido ao assassinato de Hariri. Sarkozy já havia adotado um favor semelhante antes de receber Muammar Gaddafi da Líbia em Paris, pouco depois de se tornar presidente da França em 2007. Mais tarde, para derrubar o líder líbio, enviou aviões de guerra franceses sem esperar por um decreto da ONU. Anos depois, foi revelado que Sarkozy recebeu 8 milhões de dólares em doações de Kadafi por sua campanha eleitoral em 2007.
Como Bashar Assad ainda está no poder, ainda não sabemos se ele teve um relacionamento semelhante com Sarkozy ou qualquer outro líder ocidental.
Essa é apenas uma fração das relações do regime sírio com o Ocidente, que estão entrelaçadas com padrões duplos.

Quando analisamos a capacidade do regime sírio justificar todos os seus crimes e erros através de acordos com o Ocidente, não é tão difícil entender por que a comunidade internacional permanece calada diante da crescente crise humanitária em Idlib.

Relatório de Segurança de Munique 2020: Nenhuma menção ao Idlib
Testemunhamos um exemplo retumbante da apatia e silêncio do mundo há apenas um mês. O Relatório de Segurança de Munique 2020 foi publicado na segunda semana de fevereiro, pouco antes da 56ª Conferência de Segurança de Munique. Ele contém uma lista de áreas de crise que estarão sob estreita observação em 2020.
Da perspectiva da Turquia, porém, havia um problema evidente no relatório; Síria ou Idlib não foram mencionados na lista. Nas avaliações da Conferência de Segurança de Munique e do Grupo Internacional de Crises, que prepararam o relatório, Síria e Idlib não estavam entre as regiões em crise.

O que isto significa?
Em minha análise publicada pela Agência Anadolu logo após a conferência, sugeri que a Síria poderia se tornar um tabu para a comunidade internacional, incluindo a Europa, devido a seus problemas muito complicados e à questão dos migrantes.
A falta de resposta da ONU e da UE diante da crise de Idlib indica que a questão da Síria agora está fora do radar da comunidade internacional e agora é uma questão entre os EUA e a Rússia.

UE em pânico com migrantes
Os ataques do regime, que visavam assumir o controle total da província de Idlib, e a situação dos migrantes desencadeados por esses ataques, prova que essa questão é muito complicada para ser resolvida apenas pelos EUA e pela Rússia.
Com a chegada de quase quatro milhões de sírios à fronteira com a Turquia, Ancara deixou de lado o acordo de refugiados assinado com a UE em março de 2016, porque a UE não havia cumprido suas responsabilidades no acordo, e abriu suas fronteiras para os migrantes.
A resposta da UE foi fornecer 1 milhão de euros em apoio financeiro prometido e sugerir a criação de uma zona segura no norte da Síria.
O trauma dos 856.723 migrantes irregulares que chegaram à Europa passando pela Turquia em 2015 foi ressuscitado nas capitais europeias. Dos migrantes que foram para a Europa, 56% eram sírios, 24% eram afegãos e 10% deles iraquianos. Nesses países, que hoje podem ser definidos como fonte de migrantes irregulares, a instabilidade aumentou exponencialmente nos últimos cinco anos.
Como os líderes da UE tiveram que admitir, o que realmente os preocupa não são os migrantes irregulares que atualmente alcançam a fronteira grega, mas os 4 milhões de sírios que agora se reúnem na fronteira turca devido a ataques do regime de Assad e da Rússia.

Ignorando o alerta precoce da Turquia
Já em 2012, enquanto a perda de vidas ainda era de cerca de 5.000 e a guerra civil síria havia acabado de terminar seu primeiro ano, Ancara instou a comunidade internacional a criar uma zona de exclusão aérea no norte da Síria.
Em 1º de setembro de 2012, o então primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan apontou a necessidade de uma zona de exclusão aérea onde os civis pudessem se refugiar.
No entanto, houve uma resposta negativa do Conselho de Segurança da ONU, um fórum que, em primeiro lugar, foi estabelecido pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de possuir armas nucleares.
Em julho de 2013, quando a guerra civil estava se intensificando, algo interessante aconteceu em Washington. O então secretário de defesa, Martin Dempsey, escreveu uma carta ao presidente Barack Obama sobre as possíveis opções de ação militar na Síria.
Embora tenha sido trazida à atenção da mídia internacional, esta carta não foi analisada adequadamente pela mídia e foi interpretada como "os EUA tomando medidas para derrubar o regime de Assad".
No entanto, a carta de Dempsey refletia a abordagem ocidental típica das questões no Oriente Médio.
Dempsey simplesmente preparou um cálculo de custos para Washington e propôs cinco opções para ações militares.
A primeira opção foi o treinamento militar e o apoio à oposição síria, que custaria 500 milhões de dólares por ano. No entanto, ele também apontou a possibilidade das armas americanas caírem em mãos erradas.
A segunda opção foi atacar as forças do regime para restringir sua capacidade, o que reduziria a durabilidade do regime de Assad. Para Dempsey, essa opção pode custar milhões de dólares.
A terceira opção foi anunciar uma zona de exclusão aérea. No entanto, ele disse que os riscos para os soldados americanos e o custo também seriam muito altos nessa opção.
A quarta opção foi a criação de zonas-tampão nas fronteiras da Turquia e da Jordânia, onde os civis sírios poderiam se refugiar. Isso implicaria os mesmos riscos militares e financeiros que a terceira opção.
A quinta e última opção proposta por Dempsey estava anunciando uma zona de exclusão aérea, atacando com mísseis e enviando milhares de soldados americanos para a Síria.
Ele enfatizou que essa opção também custaria mais de 1 bilhão.

Cálculos nos EUA causaram desastre no Idlib
Embora não tenha sido anunciada oficialmente, a resposta de Obama a essas sugestões foi que os EUA, já sentindo os efeitos da crise econômica global de 2009, não podem arcar com esse tipo de despesa.
Segundo Obama, os EUA ainda estavam pagando a dívida desde a primeira Guerra do Golfo e não podiam destinar tanto dinheiro para a Síria em tempos de crise econômica global.
Como resultado dessa resposta, as linhas vermelhas traçadas pela Casa Branca contra os ataques com armas químicas de Assad foram completamente violadas.
Essa abordagem de ganhos e perdas dos EUA, como se fosse uma empresa comercial, resultou no monumental desastre humanitário em Idlib hoje, cujo preço nunca pode ser medido em termos monetários.
Apesar dos truques baratos de Washington, a Turquia não deixou o assunto passar. Em 2015, para romper a influência do Daesh no Iraque e na Síria, foi sugerida a possibilidade de operações dos EUA a partir da base militar Incirlik na Turquia. A Turquia iniciou negociações sobre o assunto, além de exigir a criação de zonas seguras no norte da Síria.
No entanto, os esforços da Turquia foram inúteis, pois os EUA queriam usar a base de Incirlik para apoiar o grupo terrorista YPG / PKK e Obama não estava disposto a usar soldados americanos para criar uma zona segura na Síria.
A Turquia iniciou a missão de criar zonas seguras para proteger suas fronteiras de ameaças terroristas e preparar o caminho para os civis voltarem para casa.
A Operação Eufrates Shield foi o primeiro resultado das divergências da Turquia com seus aliados da OTAN e membros da UE.
Em 24 de agosto de 2016, no mesmo dia em que o vice-presidente dos EUA Joe Biden fez uma visita a Ancara, o presidente Erdogan explicou a operação ao público com as seguintes palavras: “Dissemos repetidamente a todos os líderes do mundo que era preciso haver uma zona segura na Síria para resolver o problema dos migrantes. ”
Esta missão de criar zonas seguras, continuada pela Turquia através das operações Olive Branch e Peace Spring, atingiu agora um novo nível com a Operação Spring Shield.
É simplesmente ingênuo esperar algo da ONU neste momento, que entregou sua eficiência às mãos dos cinco membros permanentes.
Ainda assim, para implementar o acordo que assinou em 2016 e para reparar os danos causados ​​pela proteção da dinastia de Assad nos últimos 50 anos, a UE agora tem uma última chance de compensar seus erros. Pode, no mínimo, liderar e executar com êxito uma iniciativa diplomática para criar uma zona segura na Síria.

Por Mehmet A. Kanci é jornalista de Ancara, com foco na política externa turca

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publicado originalmente pela Agência Anadolu - Traduzido e Adaptado por GBN Defense
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domingo, 1 de março de 2020

Erdogan e Macron discutem sobre Idlib

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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, conversou por telefone com seu colega francês, Emmanuel Macron, sobre a recente situação em Idlib, no noroeste da Síria, segundo a nota emitida neste domingo (1) pelo governo turco.
Erdogan e Macron discutiram relações bilaterais, a crise de refugiados e questões regionais, disse a nota.
O presidente da Turquia salientou que retaliará contra os ataques do regime de Assad, Erdogan disse ainda durante a conversa, que espera a solidariedade concreta e clara da OTAN.
Ele sublinhou que a crise humanitária na região será aprofundada à medida que o regime de Assad continuar seus ataques.
Observando que o fluxo de refugiados começou a pressionar as fronteiras europeias com a Turquia, Erdogan disse que esperava da Europa e da França oferecer soluções concretas e apoio às pessoas deslocadas.

Macron pede que Rússia  acabe imediatamente com ataques em Idlib.
No final da quinta-feira (27), pelo menos 34 soldados turcos foram mortos e dezenas de outros feridos durante um ataque aéreo lançado pelas forças do regime de Bashar al-Assad em Idlib, no noroeste da Síria.
Soldados turcos estão trabalhando para proteger civis locais sob um acordo assinado com a Rússia em setembro de 2018, o que proíbe atos de agressão na zona de Idlib.
Porém, mais de 1.300 civis foram mortos durante os ataques de Assad contra as posições turcas, com apoio das forças russas, o cessar-fogo continua sendo violado, segundo o presidente francês.

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com agências de notícias
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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Armas Houthis - Mais que apenas AKs e RPGs

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Na madrugada de sábado (14), um ataque bastante ousado e eficiente abalou o mundo, duas das principais instalações da ARAMCO, uma petrolífera saudita que figura entre as maiores do mundo, foram destruídas pelo que foi inicialmente descrito como sendo um ataque de drones dos Houthis, insurgentes muçulmanos xiitas que controlam parte do Iêmen, e atualmente a principal facção da terrível guerra civil que assola o país desde 2015 e que já causou a morte de dezenas de milhares de pessoas, incluindo um grande número de civis, além de milhões de refugiados.

A Arábia Saudita (muçulmanos sunitas) é um dos países envolvidos neste sangrento conflito; os Houthis são apoiados pelo Irã (também muçulmanos xiitas). Vários outros países estão envolvidos neste conflito, à semelhança da Guerra Civil da Síria.

Não vamos aqui debater a origem dos ataques, que ainda não foi oficialmente confirmada. Além dos próprios Houthis (que alegam serem os autores da ação), suspeitas também recaem sobre milícias iraquianas e sobre o próprio Irã.

Neste texto, vamos discorrer sobre algumas das armas dos Houthis. Por incrível que possa parecer, eles têm armas tão ou mais sofisticadas do que as disponíveis a muitos exércitos. O que lhes falta, no momento, são Forças Aéreas e navais dignas de nota, o que não os impede de possuir sistemas A2AD (Anti-Acesso / Negação de Área) também nestes dois domínios.

Ao contrário dos sauditas e aliados como os Emirados Árabes Unidos, que vêm demonstrando uma incapacidade quase patológica em termos de obter o máximo potencial de suas armas extremamente avançadas, os Houthis tem, vez após vez, obtido sucessos impressionantes com suas armas consideravelmente menos modernas que as da coalizão árabe.




CLASSES DE ARMAS

Reforçando o que foi afirmado anteriormente, os Houthis não dispõe de uma Força Aérea ou de uma Marinha propriamente ditas, mas tem um Exército muito bem organizado.

Além das armas leves e improvisadas, as armas dos Houthis podem ser classificadas em:

  • Drones (VANT / UAV: Veículos Aéreos Não Tripulados ou ARP / RPA: Aeronaves Remotamente Pilotadas) de várias categorias, usados principalmente em missões de reconhecimento e ‘drones suicidas’, que carregam uma carga explosiva e que fazem uma missão suicida, detonando sobre um alvo de interesse, de maneira similar a mísseis de cruzeiro
  • Mísseis balísticos táticos (TBM)
  • Mísseis de cruzeiro de ataque a alvos em terra (LACM)
  • Mísseis de cruzeiro anti-navio (ASCM)
  • Mísseis superfície-ar (SAM)
  • Mísseis guiados anti-tanque (ATGM)

Neste artigo vamos comentar sobre algumas delas, já que nem todas são conhecidas. Outro ponto a se lembrar é que muitas das armas foram ‘herdadas’ das FFAA (Forças Armadas) iemenitas. De uma forma ou de outra, boa parte das informações disponíveis vem de fontes pouco confiáveis e até contraditórias, então por favor lembre-se disto ao analisar as informações.

É interessante notar também que boa parte destas armas são as mesmas, ou bastante parecidas, com aquelas usadas pelo Irã ou seus ‘proxies’ (‘procuradores’) como o Hizballah. Os Houthis são também um proxy importante para o Irã.

DRONES

Além dos diversos drones comerciais (‘tipo DJI’) que praticamente qualquer pessoa pode comprar nos dias de hoje, os Houthis utilizam drones militares iranianos e outros que foram ‘herdados’ das FFAA iemenitas.

Os ‘drones suicidas’ são muito similares a mísseis de cruzeiro em muitos aspectos, e a distinção entre as categorias é mais acadêmica que baseada em outros fatores.

A suspeita de que alguns destes drones foram utilizados para atacar a ARAMCO é difícil de sustentar, já que os drones dos Houthis são de alcance relativamente curto, e o principal reduto Houthi ao redor de Sanaa, capital do Iêmen, fica a mais de 1000 km das instalações atacadas recentemente.




HESA ABABIL

Um UAV Ababil do Hizballah em exposição em seu museu em Mleeta, Lebanon. (obs: descrito na placa como sendo o drone"Mirsad-1".) Frode Bjorshol/Wikimedia Commons

O Ababil (‘engolir’) é fabricado pela HESA do Irã. Disponível em diversos modelos, é usado primordialmente para reconhecimento, mas seu derivado Qasef 2K é um drone suicida, com uma ogiva que detona a uma altura de 20 m.

É um drone relativamente pequeno, com um alcance da ordem de 100 km, e que tem sido intensamente utilizado em locais mais próximos a áreas controladas pelos Houthis; um Qasef 2K foi utilizado em um ataque contra a Base Aérea de Al Anad, na fronteira entre Arábia Saudita e Iêmen.

Outras versões deste drone podem ter alcances maiores, mas é improvável que chequem aos mais de 1.000 km necessários para os ataques.




AEROVIRONMENT RQ-11 RAVEN

O Sgt. Dane Phelps, do 2º Batalhão, 27º Regimento de Infantaria, 25ª Divisão de Infantaria, se prepara prepares para lançar o UAV Raven durante uma operação conjunta de busca entre EUA e Iraqy na província iraquiana de Patika, em 22/11/2006. Sgt. 1st Class Michael Guillory, US Army

O AeroVironment RQ-11 Raven, um pequeno drone lançado manualmente, é conhecido como ‘Raqeep’ entre os rebeldes. Eles ‘herdaram’ os drones das FFAA iemenitas, que tinham comprado dos EUA.

É muito pequeno e portátil, é de uso fácil por tropas a pé. O bom uso deste drone garante vantagens consideráveis a tropas equipadas com eles.Seu alcance chega a 10 km.




MÍSSEIS BALÍSTICOS TÁTICOS (TBM)

Além de mísseis ‘herdados’ das FFAA, os Houthis adaptaram alguns mísseis para uso como TBM. Os Houthis tem sido muito eficientes nos usos de TBM, atacando inclusive Riad, capital da Arábia Saudita.

Os TBM tem a vantagem de uma enorme velocidade terminal, que dificulta sua interceptação, mas tem a desvantagem que sua trajetória e altitude de voo facilitam sua detecção.

KOLOMNA OTR-21 TOCHKA (Nome OTAN: SS-21 Scarab)

Sistemas de mísseis Tochka-U no ensaio do desfile em Ecaterimburgo. Foto de Vladislav Fal'shivomonetchik, CC BY-SA 3.0

O OTR-21 Tochka é um TBM móvel, lançado a partir de TEL (Transportador-Eretor-Lançador), desenvolvido pela URSS na década de 1970, e amplamente usado em guerras ao redor do mundo.

O alcance, conforme a versão, varia entre 70 a 185 km. Carrega uma ogiva de 500 kg, conforme a versão, e pesa em torno de 2 toneladas, o que o torna de fácil locomoção. Seu motor foguete de combustível sólido lhe garante um tempo de pré-lançamento quase nulo, tornando-o bastante eficiente para ataques surpresa.

Há suspeitas de que os Houthis já utilizaram todos os Tochka ‘herdados’ das FFAA iemenitas.




KOROLYEV R-11 ZEMLYA / R-17 ELBRUS (OTAN: SS-1 Scud)

Míssil SS-1 Scud no seu veículo TEL MAZ-543P, Museu nacional de História Militar, Bulgária. David Holt, CC BY-SA 2.0

Os SS-1 Scud, em suas diversas versões, derivados e cópias, são presença frequente em guerras ao redor do mundo desde sua introdução nos anos 1950.

Ao que parece, além dos próprios Scud, os Houthis também usam derivados e cópias como o Hwasong, Qiam e Borkan. Embora as versões mais antigas tenham um CEP (Erro Circular Provável, vulgarmente chamado de ‘precisão’) limitado a centenas de metros, o que não era problema com a ogiva nuclear.

As versões e derivados mais recentes (como o Qiam  iraniano) podem acrescentar outros modos de guiagem ao INS (Sistema de Navegação Inercial) utilizado nos mísseis originais e em derivados mais simples. O Scud-D, além de ser um míssil de dois estágios, também pode receber um sistema de guiagem próprio, melhorando consideravelmente o CEP, que pode chegar a 50 m, ou a 10 m no Qiam.

Apesar de antigo, o alcance superior a 700 km de algumas versões do Qiam lhe posibilitam atingir Riad, que fica a cerca de 720 km da fronteira com o Iêmen. Além disso, a enorme ogiva dos Scud, que pode chegar a 1 tonelada, que lhe possibilita causar enormes estragos.

Suspeita-se que a tentativa de atingir Riad em 04/11/2017 utilizou um Qiam, mas o míssil foi abatido por um Patriot, e não chegou a atingir nenhum alvo.

Uma desvantagem dos Scud é que são movidos por um motor foguete a combustível líquido que, por sua natureza tóxica / corrosiva só pode ser abastecido no míssil pouco antes do lançamento. Foi durante o abastecimento que a maioria dos Scud do Iraque foram destruídos na Guerra do Golfo. Entretanto, assim que dispara o míssil, o TEL pode evadir a área de lançamento muito rapidamente.

É um míssil muito maior e mais pesado que o Tochka, mas seus maiores alcance e carga explosiva o tornam uma arma bastante útil.

Além dos Houthis, o Hizballah também tem alguns destes mísseis, mas até o momento não o utilizaram contra Israel.

Não se suspeita destes mísseis no ataque à ARAMCO, pois o alcance é insuficiente.




Nome código OTAN
Scud-A
Scud-B
Scud-C
Scud-D
Qiam 1*
Entrada em serviço
1957
1964
1965
1989
2010
Comprimento
10,70 m
11,25 m
11,25 m
12,29 m
11,50 m
Diâmetro
88 cm
88 cm
88 cm
88 cm
88 cm
Peso inicial
4.400 kg
5.900 kg
6.400 kg
6.500 kg
6.155 kg
Alcance
180 km
300 km
600 km
700 km
750 km
Carga útil
950 kg
985 kg
600 kg
985 kg
750 kg
‘Precisão’ (CEP)
3.000 m
450 m
700 m
50 m
10 m
*O Qiam 1 ainda não tem nome código da OTAN


QAHER

Um míssil superfície-ar SA-2 egípcio durante o exercício conjunto multinacional joint Bright Star '85 (Staff Sgt. David Nolan), domínio público

Os sistemas mísseis superfície-ar (SAM) soviéticos S-75 Dvina (OTAN: SA-2 Guideline) são obsoletos já faz um bom tempo, além de não serem móveis (o que os torna bastante vulneráveis), mas os mísseis S-750 continuam sendo grandes e potentes.

Os houthis adaptaram estes mísseis para uso como TBM, com alcance de 250 km, e os denominaram Qaher. Tem 11 m de comprimento, e carregam uma ogiva de cerca de 200 kg.




MÍSSEIS DE CRUZEIRO DE ATAQUE A ALVOS EM TERRA (LACM)

Os LACM são, de certa forma, o oposto dos TBM - voam a baixa altitude e a velocidade subsônica, e aproveitam este perfil de voo para dificultar ao máximo sua detecção. Para dificultar mais ainda o trabalho das defesas, muitos LACM tem a capacidade de voar rotas pré-programadas e complexas, o que significa que podem ‘dar voltas’ até mesmo ao redor de montanhas, ao contrário dos TBM, cuja trajetória simples facilita muito o trabalho de descobrir o ponto de lançamento.

Conforme os acontecimentos recentes mostraram, a Arábia Saudita é mais eficiente combatendo TBM do que LACM, e isso não é nenhuma surpresa - um bom LACM, com um perfil de lançamento e voo bem planejados, realmente é bem difícil de conter.


QUDS-1

LACM Quds-1, principal suspeito do ataque à ARAMCO, durante exibição pelo Escritório de Imprensa Houthi, em data não especificada; esta foto foi repassada à Reuters, que a publicou

Suspeita-se que o Quds-1 seja apenas uma cópia do Soumar iraniano (por sua vez uma cópia dos Kh-55 ex-ucranianos), ou então uma versão derivada do mesmo.

Há poucas informações disponíveis sobre o míssil, mas destroços recolhidos na Arábia Saudita não deixam dúvidas que ele foi utilizado no ataque, só não se sabe ainda se em conjunto com outras armas, nem de onde foram lançados. Além do Soumar e do Quds, há também outros derivados do Kh-55, como o Hoveyzeh e o Meshkat, e é muito difícil diferenciar estes modelos apenas por fotos.

Em comum com o Kh-55, os iranianos alegam o alcance superior a 2000 km e a ogiva de 400 kg ou maior. Embora seja difícil comprovar ou desmentir tais afirmações, é inegável que tais capacidades estão dentro das possibilidades do Irã, cujo parque aeronáutico é relativamente bem desenvolvido.

Ademais, o perfil de voo a baixa altitude e através de rotas complexas dificulta bastante o trabalho de determinação do ponto de lançamento. Junte-se isto ao enorme alcance dos mísseis e o resultado é que eles podem ter sido lançados de boa parte do território da Síria, do Iraque, do Irã ou do Iêmen e ainda assim teriam a possibilidade de atingir as instalações da ARAMCO.




MÍSSEIS DE CRUZEIRO ANTI-NAVIO (ASCM)

O Iêmen fica num lugar bastante estratégico, na junção do Mar da Arábia e do Mar Vermelho, incluindo aí o Estreito de Bab el Mandeb, de passagem obrigatória para quem queira utilizar o Canal de Suez para acessar o Golfo Pérsico.

Tal localização faz com que o país seja um local excelente para o lançamento de ASCM. E, de fato, os Houthis atacaram navios com tais armas.




AL MANDAB 1

O al Mandab 1 é basicamente o míssil chinês C-801 (OTAN: CSS-N-4 Sardine), que por sua vez é uma cópia do Exocet MM-38. A partir do C-801, a China desenvolveu outros mísseis, mas até o momento não há provas de que os Houthis utilizaram algum deles que não o al Mandab.

Considerando-se que o estreito homônimo tem uma largura entre os 26 e 50 km, o alcance de 42 km é o bastante para colocar praticamente todo o Estreito sob ameaça, especialmente se o lançador sobre um caminhão estiver em locais como a Península de Ras Menheli ou a Ilha Perim. A ogiva do míssil é equivalente à do Exocet, ou seja, 165 kg, grande o bastante para causar grandes estragos.




MÍSSEIS SUPERFÍCIE-AR (SAM)

Poucos vetores são mais importantes na guerra moderna que as aeronaves. Os Houthis contam com diversos SAM, alguns deles adaptados a partir de mísseis ar-ar capturados da Força Aérea do Iêmen.

Todos eles são bastante móveis, o que dificulta bastante sua destruição. Várias aeronaves da Coalizão Árabe já foram atingidos por estes SAM, o que mostra que os Houthis são muito bem treinados no seu uso.

Ao que parece, os Houthis valorizam bastante a guiagem por infravermelhos; por serem passivos, tais sensores não emitem alertas para os alvos antes do lançamento.




KOLOMNA 9K32 STRELA-2 / 9K338 IGLA-S (OTAN: SA-7 GRAIL / SA-24 GRINCH)

Igla-S
O Strela-2 e o Igla-S são dois dos membros mais ilustres e numerosos da família de MANPADS (SAM portáteis) soviéticos Strela, que entrou em serviço na década de 1960 e foram amplamente exportados. Embora similares externamente, ambos são bastante diferentes internamente, com o Igla sendo consideravelmente mais avançado e resistente a ECM (Contra-Medidas Eletrônicas), como os flares.

A similaridade externa leva a uma grande confusão em termos de versões, portanto vamos supor aqui que falamos do Strela-2 e do Igla-S, e não de outras versões. O míssil mais moderno da família é o 9K333 Verba, mas até o momento ele não foi encontrado no Iêmen.

Ambos são mísseis leves, com o conjunto completo pesando entre 15-20 kg. Os mísseis tem um teto de serviço da ordem de 1500-3500 m e alcance máximo da ordem de 3700-6000 m, atingindo seus alvos com ogivas de 1,15-3,5 kg e a Mach 2.

Embora seus alcances e velocidades não sejam tão impressionantes quanto o de outros SAM, deve-se lembrar que, uma vez que o alvo esteja em seu envelope, o tempo de voo é extremamente curto, por vezes inferior a 10 segundos; a baixa altitude e/ou velocidade do alvo no momento do impacto dão poucas opções ao piloto. Com isto, o tempo de reação é muito reduzido, e os MANPADS tem feito muitas vítimas em conflitos recentes.




OKB-16 9K31 STRELA-1 (OTAN: SA-9 Gaskin)

Inicialmente, o Strela-1 deveria fazer parte da família Strela de MANPADS, mas suas dimensões e pesos o tornavam mais adequado a um uso em um veículo. Desta forma, o míssil foi montado em veículo baseado no BDRM-2, com um radar de curto alcance, e carregando 4 mísseis. Entrou em serviço também na década de 1960, e também foi muito exportado.

O míssil pesa 32 kg e carrega uma ogiva de 2,6 kg. As fontes são um tanto confusas em termos de desempenho, mas sugere-se um alcance de 8 km e um teto de 3500 m, com uma velocidade de Mach 1,8, ou seja, mais ou menos o mesmo desempenho de um Igla-S 40 anos mais recente.

As mesmas observações se aplicam - apesar do desempenho limitado, um alvo em seu envelope dificilmente conseguirá reagir a tempo.




VYMPEL R-60M (OTAN: AA-8 Aphid)

Os Houthis não tem uma Força Aérea, então os AAM (mísseis ar-ar) capturados foram convertidos para uso como SAM, não muito diferente do que os EUA fizeram ao converter o AIM-9 Sidewinder em MIM-72 Chaparral.

Embora os dados para o R-60M como SAM não estejam disponíveis, baseando-se na redução de desempenho de outros mísseis ao ser usado nesta função ao invés de AAM, é de se supor que terá um desempenho semelhante ao Strela-1, ou seja, um alcance máximo em torno de 8 km e um teto máximo em torno de 4 km. Sua ogiva é de 3 kg.

Foi aposentado pelo R-73, mas grandes estoques do míssil ainda se encontram espalhados em diversos países, principalmente para uso em treinamento.




VYMPEL R-73 (OTAN: AA-11 Archer)

O R-73 surgiu com um novo conceito de míssil de incrível agilidade, e com desempenho bastante superior ao do R-60, que ele substituiu na URSS. Há diversas versões do míssil, e as fontes não indicam qual delas está em serviço com os Houthis, então vamos supor que é a versão básica.

Considerando-se que mesmo o AAM R-73 básico tem desempenho bastante superior ao R-60, mas é difícil saber quanto deste desempenho vai aparecer na função SAM. Ele tem uma ogiva de 7,4 kg e velocidade máxima de Mach 2,5. Supor um alcance / teto máximos da ordem de 10-20 km (equivalente ao Sea Sparrow) é bastante razoável.




VYMPEL R-27T (OTAN: AA-10 Alamo-B)

O R-27 foi lançado como um complemento mais pesado e mais veloz do R-73, mas sem a mesma agilidade. Seu alcance é parecido com o do R-73, mas sua velocidade máxima é de Mach 4,5 e a ogiva é de 39 kg, o que significa que uma aeronave, por maior que seja, teria poucas chances de sobreviver a um impacto deste míssil.

Além disso, sua grande velocidade, mais o fato de ser guiado por infravermelhos (como todos os anteriores), significa que os sistemas de alerta dos alvos terão pouca chance de detectá-lo antes que seja tarde demais.




MÍSSEIS GUIADOS ANTI-TANQUE (ATGM)

Insurgentes, via de regra, não dispõe de MBT (Carros de Combate, CC, ‘tanques’), o que significa que precisam de um meio para neutralizá-los com eficiência, e os ATGM são essenciais para isto.




KOLOMNA 9M14 Malyutka (OTAN: AT-3 Sagger)

O Malyutka foi o primeiro ATGM soviético, e foi produzido em enormes quantidades, além de fabricado (com ou sem licenças) por diversos países. Foi usado em inúmeros conflitos ao redor do mundo e, embora seja obsoleto para uso contra os MBT mais modernos, continua sendo bastante eficiente contra veículos menos blindados, casamatas e outros alvos em campo de batalha. O Irã fabricou um derivado do Malyutka, o Raad.

A versão inicial era dependente de guiagem manual CLOS (Comando à Linha de Visão), mas versões mais recentes são mais automatizadas. A velocidade é relativamente baixa (abaixo de 500 km/h), com ogivas relativamente pequenas (2,6-3,5 kg) mas o alcance efetivo é relativamente bom (500-3.000 m), e é praticamente imune a ECM (embora atingir o lançador seja eficiente no sentido de quebrar a guiagem).

Além do baixo custo e ampla disponibilidade, o Malyutka é bastante compacto, com o conjunto completo pesando em torno de 30 kg e tendo cerca de 1 m de comprimento. Tal compacidade lhe garante uma grande mobilidade, mesmo se empregado por tropas a pé, e como tal segue em uso ao redor do mundo.




TULA 9K111 FAGOT (OTAN: AT-4 Spigot)

O 9K111 Fagot representa a próxima geração de mísseis soviéticos do tipo CLOS guiado por fios. É menor que o Malyutka, mas sendo 10 anos mais novo consegue igualar sua performance. A velocidade varia entre 290-670 km/h, com ogiva de 1,7 kg, e alcance de 70-2500 m, o que o torna ainda mais adequado que o Malyutka para guerra urbana.

É obsoleto contra MBT atuais, mas continua eficaz contra outros alvos no campo de batalha.




TULA 9M113 KONKURS (OTAN: AT-5 Spandrel)

O 9M113 Konkurs foi desenvolvido lado a lado com o Fagot, mas é maior, mais pesado e mais potente, sendo por isso geralmente utilizado a partir de veículos. Foi construído sob licença no Irã com o nome Tosan-1.

Alcance efetivo 70 m - 4 km, velocidade de 750 km/h, ogiva de 2,7 kg. Como seu calibre é maior que do Fagot, é também mais eficiente contra MBT, e com exceção de blindados relativamente recentes, ainda é bastante letal; mesmo blindados mais recentes podem ser destruídos pelo Konkurs caso atingidos por trás. Também tem guiagem por fios tipo CLOS.




9K115 METIS (OTAN: AT-7 Saxhorn) E 9K115-2 METIS-M (OTAN: AT-13 Saxhorn 2)

O 9K115 Metis e o 9K115-2 Metis-M são bastante parecidos externamente, embora o Metis-M tenha um diâmetro maior (130 mm contra 94 mm do Metis), o que lhe garante maior eficiência contra MBT.

Mais um míssil soviético CLOS guiado por fios, o Metis tem um alcance de 40-1000 m, peso de míssil de 6,5 kg e velocidade de 720 km/h. O Metis-M tem um alcance de 80-2000 m, peso de 13 kg e a mesma velocidade de 720 km/h. A grande vantagem do Metis-M, além do alcance, é a maior eficiência contra blindagens, podendo derrotar blindagens de até 1.000 mm de RHA, contra 500 mm de RHA do Metis.

Ou seja, mesmo blindados modernos podem ser derrotados pelo Metis-M em algumas situações, até mesmo frontalmente.




KBP 9M133 KORNET (OTAN: AT-14 Spriggan)

O Kornet é um dos mais modernos e letais ATGM disponíveis no mercado. Também tem guiagem CLOS, mas por laser (Laser Beam Rider). O Irã produziu-o sob licença como Delavieh.

Devido ao elevado custo, não chegou a substituir completamente o Konkurs e o Metis-M, mas seu desempenho é superior em todos os aspectos. A velocidade varia entre 900-1200 km/h, a ogiva de 4,5 kg lhe permite derrotar blindagens RHA de até 1.300 mm, mesmo em blindados com proteção ERA (Blindagem Reativa Explosiva). Estima-se que nenhum blindado é capaz de sobreviver ao Kornet, mesmo em impactos frontais, especialmente contra as versões mais modernas, a menos que utilize proteção reativa como o Trophy israelense.




RAYTHEON M47 DRAGON

O M47 Dragon é um míssil CLOS guiado por fios, assim como o Konkurs, e tem desempenho semelhante, exceto pelo alcance bastante menor, no máximo até 1.000 m.

O Irã comprou tais mísseis antes da Revolução Islâmica, e produz um derivado dele, o Saeghe-1.





TOOPHAN

O Irã foi um dos primeiros países a adquirir o BGM-71 TOW dos EUA (também CLOS guiado por fios), já em 1971, mas a Revolução Islâmica de 1979 e a subsequente Guerra Irã-Iraque (1980-1988) rapidamente exauriram os estoques do míssil.

Como o Iraque era um grande operador de MBT, o Irã acabou por criar o Toophan por engenharia reversa. O míssil hoje é um projeto genuinamente iraniano, e algumas versões, como o Toophan 5, inclusive dispõem de guiagem laser beam riding, coisa que nenhum TOW tem.

A versão encontrada com os Houthis, já desde 2015, é o Toophan 4, que emprega uma ogiva termobárica (anti-estrutura e não anti-tanque), mas outras versões (como o Toophan 2M) podem derrotar até 900 mm de blindagem RHA.




CONCLUSÃO




Como se pode ver, os Houthis dispõe de armas bastante avançadas, e muitas delas seriam mais que bem-vindas até mesmo em exércitos regulares.

Mais importante que os armamentos, entretanto, é o fato que os Houthis são bastante aguerridos, e também estão mostrando ser muito bem treinados. Com isso, eles têm obtido vitórias significativas contra inimigos muito melhor equipados, mostrando mais uma vez que os equipamentos, por si só, não são o bastante para vencer uma guerra.



Por: Renato Henrique Marçal de Oliveira - Químico, trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel), estreante no GBN Defense News.




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