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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Médicos intensivistas brasileiros serão treinados para atender em acidentes com múltiplas vítimas

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A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que representa os profissionais que atuam nas unidades de tratamento intensivo (UTIs), quer implantar no Brasil o curso de catástrofe e desastres(Fundamental Disaster Management-FDM) da Sociedade Norte-Americana de Medicina Intensiva.

O primeiro curso está previsto para abril, em Goiânia, e há dois programados para São Paulo no final daquele mês. Especialistas dos Estados Unidos e de Portugal participarão dos cursos já programados. A expansão do treinamento para todo o país depende de parceria com o Ministério da Saúde, disse hoje (30) à Agência Brasil o presidente da Amib, José Mário Teles. Na semana passada, médicos intensivistas brasileiros participaram do FDM.
 
Teles destacou que o curso existe há mais de oito anos nos Estados Unidos, em função de ataques terroristas, desastres naturais, infecções virais e pandemias. “Existe esse conceito nos Estados Unidos que um hospital de porta aberta, isto é, um hospital de emergência, tem que estar preparado para atender uma situação de múltiplas vítimas”.
 
A ideia da Amib é trazer o curso para o Brasil em função dos grandes eventos que estão programados para o país, como a Copa do Mundo de 2014. “Se vamos nos preparar para eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, temos que ter essa conscientização, porque aglomerar pessoas em estádios, festas, é uma situação que propicia esse tipo de coisa”.
 
Para o presidente da Amib, o Brasil não está preparado para o atendimento súbito de muitas vítimas. Ele disse que a taxa de ocupação nos hospitais brasileiros é de quase 100%, com um número significativo de pacientes aguardando horas na fila de emergência para serem atendidos. Para Teles, planejamento é a palavra-chave quando se tem uma situação em que aumenta de maneira súbita o número de feridos. Segundo ele, se não houver planejamento de pessoal, material, equipamentos e de espaço, a situação se complica.
 
O médico informou que existem atualmente tendas infláveis que podem ser montadas do lado de fora dos hospitais, em apenas um minuto e 15 segundos, para atendimento de 30 pessoas em macas. “Ou seja, tem que ter mais profissionais, mais equipamentos, materiais, medicamentos e mais espaço. Um hospital tem que ter estrutura”.
 
Teles comentou que a proximidade dos grandes eventos internacionais vai obrigar os hospitais privados a investir em planejamento de catástrofes. Ele considera, porém, que esses investimentos têm que ser públicos, feitos pelo Ministério da Saúde. “Senão, não tem condição”.
 
A expectativa é que o ministério dê apoio à realização desses cursos no país. O presidente da Amib ressaltou que ao mesmo tempo que prepara os profissionais para lidar com situações extremas, o curso ensina a fazer a triagem de pacientes e a usar os recursos de maneira mais eficiente. “Esse curso no momento, infelizmente, é muito oportuno”, disse, referindo-se à tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde mais de 230 jovens morreram no último domingo (27).
 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países de baixa renda acontecem 9% do total de desastres no mundo, com 48% das fatalidades. Teles disse que a falta de investimentos e de preparo dos intensivistas explica esse fato. Gráfico apresentado durante o curso pela Sociedade Norte-Americana de Medicina Intensiva revela que quando ocorre um acidente com múltiplas vítimas, a pessoa que chega à emergência de um hospital até uma hora depois 50% de perigo de morrer. Os que chegam duas horas depois, têm 78% e os que chegam três horas depois, o índice de mortalidade se aproxima de 95%.
 
Segundo Teles, o Brasil apresenta uma série de dificuldades para atender vítimas de catástrofes, inclusive de locomoção. No caso da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), ele destacou que a ação dos órgãos militares foi fundamental, ao disponibilizar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte dos feridos.
 
Ele destacou que o Rio Grande do Sul é o estado que dispõe dos melhores profissionais de unidades de terapia intensiva do país. ”Se essa tragédia tivesse acontecido em outro estado, com certeza, nós teríamos muito mais que 300 mortos, por causa das dificuldades que poderiam ser encontradas”. O médico enfatizou a necessidade de que sejam feitas simulações nos hospitais a cada quatro meses, para que as dificuldades observadas antes e depois possam ser discutidas pela equipe. A meta da Amib é treinar no curso de catástrofes e desastres 5 mil pessoas por ano.
 
 
Fonte: Agência Brasil via Notimp
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Dilma compara Holocausto á ditadura militar no Brasil

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A presidente Dilma Rousseff comparou na noite dessa quarta-feira (30) o holocausto aos 300 anos de escravidão e à ditadura no Brasil, como difíceis períodos na história de uma nação.
 
Ela afirmou ainda que negar a existência do holocausto é o mesmo que repeti-lo.
 
"Essa presença aqui tem um significado especial porque o Brasil também passou por períodos difíceis na sua história. Nós não podemos, por exemplo, esquecer os 300 anos de escravidão da população negra ou os anos de ditadura que nós tivemos de enfrentar", disse a presidente durante cerimônia em homenagem às vítimas do nazismo, realizada nesta quarta num hotel da capital federal.
 
O evento foi transferido depois que o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal vistoriou e vetou a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, que inicialmente abrigaria o evento. De acordo com os bombeiros, o local não oferecia condições mínimas de segurança contra incêndio e pânico.
 
Dilma acendeu uma das seis velas em homenagem aos seis milhões de judeus mortos pelo regime nazista.
 
A cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, promovido pela Confederação Israelita do Brasil, homenageou dois brasileiros que trabalhavam no corpo diplomático e ajudaram a salvar judeus emitindo vistos para que fugissem ao Brasil. São eles Souza Dantas, embaixador brasileiro na França, e Aracy Guimarães Rosa, funcionária do consulado em Hamburgo.
 
Ambos contrariaram ordens expressa do então presidente Getúlio Vargas para não conceder vistos. "Eles tiveram a coragem de enfrentar um grande risco", disse a presidente.
 
No evento, foi lida mensagem de Shimon Peres, presidente de Israel, que desejou completo e pronto reestabelecimento às vítimas do incêndio em Santa Maria (RS). "Fiquei consternado e profundamente triste com a terrível tragédia que golpeou o Brasil", diz trecho da mensagem de Peres.

Fonte: Folha

Nota do GPB: É completamente desproporcional a comparação feita pela presidente Dilma Roussef com relação ao período da ditadura militar no Brasil, e mesmo com a escravidão não só no Brasil mas como no mundo mercantilista, pois o genocídio perpetrado por Adolf Hitler superou todo e qualquer forma de crime contra a humanidade, onde executou exterminio em massa usando meios crueis e em escala nunca antes praticada no mundo. Onde cabe salientar que foi uma guerra mundial e que teve como principal alvo uma etnia, a judaica.

No caso da escravidão é importante relembrar e manter vivo na memória a necessidade do respeito as raças e etnias, onde todos nós somos iguais. Cabendo sim celebrar o fim da escravidão e as injustiças cometidas contra os negros ao longo de mais de 300 anos.

Com relação a ditadura militar no Brasil, eu discordo plenamente de nossa presidente, onde afirmo que realmente houveram crimes por parte do governo militar, bem como houveram crimes pelo lado oposicionista, mas cabe lembrar o contexto no qual a história se escreveu e principalmente buscar assimilar os erros de ambas as partes, pois houveram vítimas não só do lado militante de esquerda, como de militares neste período negro de nossa história recente que ainda cria um ranço na relação civil - militar por parte de nossos governantes ainda hoje, mesmo que tentem maquiar essa perseguição existe por parte dos outrora militantes que hoje ocupam o poder no país e tentam escrever nas páginas da história uma nova versão dos fatos que sucederam.

O importante é reconhecer os erros e lidar com isso para que não se repita na história humana. No caso de Israel eu espero que um dia possa ver uma nação mais justa para com seus vizinhos, que não venham mais a praticar genocídios contra a população palestina, um massacre que ocorre por anos sem que haja qualquer julgamento ou intervenção internacional para controlar aquele conflito que julgo covarde e desnecessário.
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sábado, 27 de agosto de 2011

Prejuízos do Irene já chegam a US$ 1,1 bi, e devem subir

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O furacão Irene destruiu até 1,1 bilhão de dólares em patrimônios cobertos por seguro durante sua passagem pelo Caribe, disse na sexta-feira a empresa de avaliação de catástrofes AIR Worldwide, e mais prejuízos são esperados com a passagem da tempestade pelo nordeste dos EUA.

Embora ninguém saiba ao certo onde o Irene irá atingir a costa norte-americana nem com que força, na sexta-feira parece haver certeza que Filadélfia, a costa de Nova Jersey, a cidade de Nova York, Long Island e grandes trechos de Connecticut, Rhode Island e Massachusetts serão atingidos.

Os prejuízos cobertos por seguros no Caribe devem ficar entre 500 milhões e 1,1 bilhão de dólares, principalmente nas Bahamas, disse a AIR, um das três empresas usadas pelo setor de seguros para avaliar os impactos de desastres naturais ou humanos.

A AIR já havia alertado que o Irene deveria causar mais estragos nas ilhas do que o furacão Floyd, de 1999, o último a atingir o arquipélago de forma tão direta.

Agora, a grande questão é qual estrago o Irene causará na Costa Leste dos EUA. Algumas estimativas falam em até 4 trilhões de dólares em patrimônio coberto por seguros na rota da tempestade.

Uma análise do blog FiveThirtyEight, que é ligado ao The New York Times e trata de temas estatísticos, mostrou que um furacão da categoria 2 que chegue à costa numa distância de até 160 quilômetros de Nova York pode causar prejuízos de pelo menos 2,15 bilhões de dólares só nessa cidade.

Se o impacto ocorrer a menos de 80 quilômetros, o prejuízo em Nova York pode alcançar 10 bilhões de dólares.

Dependendo do tamanho da tempestade, os prejuízos podem levar a uma estabilização ou aumento no custo dos seguros, após anos de declínio provocado pela forte concorrência no setor e pelo excesso de oferta.

No final da tarde de sexta-feira, no entanto, todos os sinais eram de que o Irene estava se enfraquecendo, contrariando as expectativas iniciais. A AIR disse que aparentemente a tempestade estará na categoria 2 quando atingir a costa das Carolinas, e ficará no limite da categoria 1 ao passar por Long Island na tarde de sábado.

Mas o fato de os ventos serem menos fortes pode ser um falso alívio, disse o diretor de ciência atmosférica da empresa, Peter Dailey, já que a tempestade também está avançando para o norte com maior velocidade do que se previa, e uma coisa pode "compensar" a outra.

A tempestade pode causar problemas também em investidores que detém os chamados "títulos catastróficos", papéis que as seguradoras emitem para transferir seus riscos ao mercado de capitais.

O volume desses títulos com exposição ao risco de furacões nos EUA é de 67 por cento- sendo 506 milhões de dólares em exposição a furacões só na Carolina do Norte, segundo a corretora Guy Carpenter's GC Securities.

Papéis como o Shore Re Ltd, que cobre danos por furacões em Massachusetts, e o Johnston Re Ltd, que serve para furacões na Carolina do Norte, podem ser particularmente arriscados neste momento. A Standard & Poor's disse na sexta-feira que adiará a divulgação de qualquer avaliação para depois da passagem do Irene, mas que o furacão pode fazer alguns papéis entrarem em "observação negativa", caso os danos pareçam graves.

Fonte: Reuters

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terça-feira, 21 de junho de 2011

Agência atômica da ONU defende maior fiscalização de usinas

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O diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada às Nações Unidas), Yukia Amano, propôs na segunda-feira a adoção de um sistema internacional de fiscalização de reatores no mundo todo, o que poderia contribuir para que não se repita uma crise como a de Fukushima, no Japão.

A ideia, no entanto, deve enfrentar resistência por parte de países preocupados com ingerências externas.

"A confiança pública na segurança da energia nuclear foi seriamente abalada", disse Amano em discurso aos ministros e reguladores da agência da ONU (Organização das Nações Unidas).

"É imperativo que as medidas de segurança mais estritas sejam implementadas em todos os lugares (...). Países com energia nuclear deveriam concordar com avaliações sistemáticas e periódicas por parte de seus pares na AIEA."

Ao abrir a reunião ministerial, Amano exortou os países a efetuarem avaliações de risco em suas usinas atômicas no prazo de 18 meses. A reunião mais tarde adotou uma declaração comprometendo-se a melhorar a segurança nuclear após o acidente em Fukushima.

Amano disse que 10% dos 440 reatores do mundo podem ser verificados de forma aleatória durante um período de três anos, e sugeriu que as empresas de energia deveriam ajudar a pagar a conta.

Ele disse que continuaria cabendo aos governos nacionais a responsabilidade principal de avaliar se os seus reatores poderiam suportar vários cenários de crise. Mas ele também deixou claro que deseja um papel maior para a AIEA.

Suas propostas --que visam a garantir que as usinas nucleares possam resistir a eventos extremos, como o terremoto e tsunami que danificaram Fukushima-- devem causar polêmica junto a governos que desejam manter a questão de segurança rigidamente no âmbito nacional.

"Ele (Amano) fez uma declaração muito ousada, propostas ousadas", afirmou a jornalistas o brasileiro Antônio Guerreiro, presidente da conferência.

"Tenho certeza que ele sabia de antemão que algumas das propostas concretas que ele fez seriam recebidas com alguma relutância por parte de alguns Estados membros."

A crise do Japão levou a uma revisão global da política energética. A Alemanha decidiu fechar todos os seus reatores até 2022, e os italianos votaram por proibir a energia atômica nas próximas décadas.

A Rússia quer tornar obrigatórios os padrões de segurança da AIEA, enquanto a França também defende medidas globais mais rígidas. Mas muitos outros países estão céticos, destacando o papel das autoridades nacionais.

"Vemos que alguns países, por razões de soberania, estão receosos de irem mais longe em termos de reforçar os poderes da AIEA", disse a ministra francesa da Ecologia, Nathalie Kosciusko-Morizet.

Atualmente não existem normas internacionais obrigatórias de segurança nuclear --apenas recomendações da AIEA, por cuja execução as autoridades reguladoras nacionais são responsáveis. A agência da ONU realiza missões de avaliação, mas apenas a convite de um Estado membro.

Amano não deu detalhes de como as avaliações internacionais seriam realizadas.

Normalmente, os especialistas falam em "testes de estresse", com simulações teóricas e práticas de como os sistemas de uma usina responderiam a várias situações extremas, tais como terremotos.

Fonte: Reuters
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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Aramar suporta até 4 graus na escala Richter

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Os prédios do reator do Centro Experimental Aramar, do combustível e de outros setores onde se trabalhará com material radioativo são projetados e construídos para resistirem a abalos sísmicos (terremotos) equivalentes até o grau 4 na escala Richter, levando-se em consideração balanços estatísticos da região de Sorocaba. Esta mesma projeção é válida para outros prédios que trabalharão com material radioativo em Aramar.

Em 11 de março deste ano, no nordeste do Japão, um terremoto atingiu a magnitude 8,9 da escala Richter, foi seguido de gigantesca tsunami que destruiu cidades e causou milhares de mortes e a tragédia provocou um acidente em central nuclear da cidade de Fukushima. Vazamentos radioativos assustaram o mundo e mobilizaram a comunidade internacional.

Para a Marinha do Brasil, "o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba." A Força acrescenta que, em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o reator previsto para ser instalado em Aramar em 2014, e ambos possuem sistemas de segurança diferentes.Estas comparações foram apresentadas pela Marinha do Brasil a partir de perguntas do Cruzeiro do Sul enviadas por e-mail e respondidas pelo contra-almirante Paulo Mauricio Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Força. O objetivo da reportagem foi esclarecer quais as lições que a Marinha pode tirar do acidente nuclear de Fukushima em relação a Aramar - a principal unidade do seu programa nuclear localizada em Iperó, município da região de Sorocaba.

Segundo a Marinha, o acidente no Japão oferecerá "muito provavelmente" ensinamentos técnicos que serão levados em conta. A Força informa que o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTM/SP), órgão vinculado a Aramar, observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção e preservação ambiental.

Os recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão liberados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num período de oito anos estão sendo executados conforme o previsto, segundo a Marinha. Isto faz com que, atualmente, Aramar seja um canteiro de obras. Estão em construção os prédios do reator, do combustível nuclear, das turbinas, de preparação e testes de embalados, de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Veja a íntegra das avaliações da Marinha do Brasil:

1) A catástrofe no Japão (terremoto/tsunami/complexo de Fukushima) reativou os debates sobre as preocupações com a segurança das usinas nucleares. Como a Marinha do Brasil avalia esse tipo de preocupação em relação ao Centro Experimental de Aramar, localizado em Iperó, cidade vizinha de Sorocaba?

Os eventos ocorridos no Japão (isto é, terremotos de elevada intensidade, ondas marítimas de grandes proporções, entre outros) e suas consequências proverão muito provavelmente ensinamentos técnicos, como já ocorreu no passado, os quais serão analisados oportunamente, contando inclusive com avaliações e recomendações de organismos internacionais. Assim, podemos concluir que o ocorrido no Japão não possui correlação estatística com a região de Sorocaba.

O Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) observa as leis de segurança industrial e nuclear, juntamente com a legislação de proteção/preservação ambiental. Para tal, os projetos desenvolvidos seguem as recomendações e normas técnicas aplicáveis para cada caso, dentro de processos de licenciamento junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e ao Ibama.

Para a parte nuclear especificamente, há códigos de normas técnicas que são utilizadas por vários países, as quais derivam de experiências anteriores e de experimentação em laboratórios dedicados. Tais normas são de origem dos EUA e da Europa, havendo também um conjunto de orientações brasileiras. A aplicação dos códigos de projeto verifica-se em diversas etapas dos projetos: fabricação mecânica, recebimento de materiais, construção civil, montagens eletromecânicas. Para os projetos do ciclo do combustível e do Labgene (reator PWR de pequena potência), as normas técnicas de projeto empregadas estão de acordo com o que se preconiza no licenciamento junto à Cnen e Ibama. Dentre os vários preceitos, vários tipos de defesas ou de sistemas de proteção são utilizados para se evitar consequências às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio. Por exemplo, nos projetos do Labgene a possibilidade de ocorrência de abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade é levada em consideração.

2) Que medidas de segurança estão previstas para Aramar em caso de desastres naturais?

São adotados diversos procedimentos para lidar com esse tipo de situação. O treinamento das equipes de operação é uma preocupação contínua, com relação aos procedimentos de segurança (isto é, utilização de monitores, isolamento de áreas, mobilização de meios de apoio, dentre outros). Adicionalmente, os dispositivos de alarmes e de segurança são verificados e são executados exercícios periódicos para os tipos de situações emergenciais que são previstas, onde são inclusas as consequências de eventos naturais de elevada intensidade (mencionados acima à título de exemplo). Na parte dos sistemas, estes contemplam dispositivos de alarme, válvulas de fechamento rápido, estruturas de contenção, suportação especial para abalos sísmicos, e outros, quando assim for necessário e exigido no processo de licenciamento nuclear e ambiental.

3) Na hipótese de ocorrências de desastres naturais na região de Sorocaba, qual é a capacidade de resistência das instalações de Aramar aos impactos de qualquer natureza?

A capacidade de resistência a determinados carregamentos ou solicitações naturais é considerada ao longo de toda a vida de um projeto (construção, operação, manutenção etc.) Por exemplo, no caso do Labgene, as edificações (o prédio do reator, o prédio do combustível e alguns outros prédios, onde se trabalhará com material radioativo de vários tipos de atividades) são projetadas e construídas para resistir a abalos sísmicos equivalentes até o grau 4 na escala Richter, baseando-se nos levantamentos estatísticos relativos à região de Sorocaba. Igualmente importante, os ventos de elevada intensidade são também considerados no projeto e na construção de tais prédios, como tornados típicos da região de Itu/Salto, que se verificaram mais recentemente, dentro de uma avaliação estatística referente à região em tela.

4) Que lições a Marinha do Brasil tira do complexo de Fukushima? Os atuais acontecimentos no Japão vão levar a Marinha do Brasil a fazer algum tipo de reavaliação sobre as condições de segurança do Centro Experimental de Aramar?

Os reatores existentes na central japonesa de Fukushima são do tipo BWR (boiling water reactor), enquanto que o Labgene é do tipo PWR (pressurized water reactor). Em ordem de potência térmica, os reatores japoneses são 15 vezes, no mínimo, maiores do que o Labgene, possuindo também sistemas de segurança diferentes. Os reatores japoneses foram projetados para trabalhar com vapor com radioatividade, blindando-se assim todo o conjunto reator, tubulações, turbinas, condensador etc. Essa situação leva a um conjunto eletromecânico de dimensões grandes.

No caso do PWR, como no Labgene, não se trabalha com vapor radioativo, havendo uma separação entre o vapor e o núcleo do reator. Vale também acrescer que o reator do Labgene operará dentro de um tanque de blindagem, o qual se situará dentro de uma contenção metálica, a qual estará imersa em uma piscina de água leve, estando esse conjunto dentro de um prédio projetado para suportar abalos sísmicos e ventos de elevada intensidade. Essa configuração converge para a aplicação do conceito de defesa em profundidade. Todavia, como se verifica em diversas áreas de conhecimento, como a indústria aeronáutica, de engenharia civil e automobilística, os resultados das análises técnicas dos eventos severos ocorridos recentemente no Japão poderão indicar modificações eventualmente necessárias, as quais serão objeto de avaliações pela Cnen.

5) Em 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Aramar e anunciou a liberação de recursos da ordem de R$ 1,040 bilhão para o programa nuclear da Marinha do Brasil em oito anos. Esses recursos estão sendo liberados conforme o cronograma previsto?

Sim, os investimentos previstos pela Presidência da República estão sendo executados conforme planejamento acertado.

6) O reator de Aramar deverá estar pronto para entrar em funcionamento em 2014, segundo informação divulgada em 2008 pelo engenheiro de produção Edgard Batochio e o engenheiro e capitão-de-fragata Cláudio Velasco, durante visita ao Centro feita pelo ex-vice-presidente da República, José Alencar. Esse cronograma continua previsto? Que obras novas estão em fase de construção em Aramar?

O cronograma de término da montagem eletromecânica do Labgene e início do seu comissionamento está previsto para 2014. Atualmente, estão em obras civis o prédio do reator, o prédio do combustível nuclear, o prédio das turbinas, o prédio de preparação e teste de embalados, o prédio de armazenamento intermediário de rejeitos e o prédio de apoio operacional. Em paralelo, diversos sistemas estão na fase final de projeto e em construção mecânica, os quais começarão a ser montados em 2012. Outro setor que está em obras é o Centro de Treinamento Nuclear, voltado para a formação dos operadores do Labgene. A Unidade Piloto de Produção de Hexafluoreto de Urânio (Usexa) está em fase final de montagem eletromecânica e início de testes de comissionamento.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul via Notimp
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terça-feira, 26 de abril de 2011

Acidente nuclear de Tchernobil completa 25 anos

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Há 25 anos o mundo presenciava o maior acidente nuclear da história quando no dia 26 de abril de 1986, na Usina Nuclear de Tchernobil que fica localizada na Ucrânia, o reator de número 4 apresentou falhas resultando em uma série de explosões e no derretimento do seu núcleo.

Considerado o pior acidente nuclear da história da energia nuclear, produziu uma nuvem de radioatividade que atingiu a União Soviética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido, com a liberação de 400 vezes mais contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram muito contaminadas, resultando na evacuação e reassentamento de aproximadamente 200 mil pessoas.

Acidente nuclear de Tchernobil custou US$ 180 bilhões

O primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azarov, estimou nesta terça-feira em US$ 180 bilhões as perdas causadas pela catástrofe na usina nuclear de Tchernobil, que completa nesta terça 25 anos.

"O percentual de despesas destinado a esse fim (superar o acidente) chegou a representar 10% do orçamento anual da Ucrânia", assinalou Azarov em mensagem divulgada pelas agências ucranianas.

Azarov detalhou que por causa da explosão de 26 de abril de 1986 em Tchernobil "145 mil quilômetros quadrados dos territórios da Ucrânia, Belarus e Rússia foram contaminados".

"Cerca de 2,2 milhões de pessoas na Ucrânia receberam o status de vítimas de Tchernobil", disse.

O documento situa em 91 mil o número de pessoas que saíram de suas casas no dia seguinte à catástrofe das cidades de Pripyat, a 4 quilômetros da planta.

Apesar disso, Azarov reiterou que a Ucrânia é capaz de assumir as despesas da planta, enclausurada no ano 2000, mas que ainda abriga toneladas de combustível nuclear.

O primeiro-ministro ucraniano agradeceu à comunidade internacional pelos 550 milhões de euros arrecadados na semana passada para construir o novo sarcófago sobre o quarto reator da central e completar outros programas de desativação.

"Em prol da vida na Terra e com esforços conjuntos é necessário superar as terríveis consequências e preocupar-se para que algo assim não volte a repetir-se", declarou.

Em declarações à agência de notícias Efe, Azarov garantiu na véspera que "renunciar às tecnologias nucleares é como proibir os computadores".

Pesquisa divulgada na semana passada revela que quase 70% dos ucranianos são contrários à construção de novas usinas nucleares e 39,4% consideram que as atuais plantas são perigosas.

Os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e Ucrânia, Viktor Yanukovych, homenagearão nesta terça-feira as vítimas da tragédia na mesma central de Tchernobil, situada a menos de 100 quilômetros da capital ucraniana, Kiev.

Tchernobil espalhou há quase um quarto de século 200 toneladas de material físsil com radioatividade equivalente a 500 bombas atômicas como a de Hiroshima.

A radiação afetou a mais 5 milhões de pessoas, principalmente na Rússia, Ucrânia e Belarus, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Fonte: GeoPolítica Brasil / EFE
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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Manifestantes protestam em Tóquio contra energia nuclear

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Milhares de pessoas protestaram neste domingo no centro de Tóquio para pedir o fim da energia nuclear e um maior desenvolvimento das energias renováveis, depois do acidente da central de Fukushima provocado pelo terremoto seguido de tsunami ocorrido em 11 de março.

Levantando cartazes onde se lia "Bye Bye Genpatsu" (adeus, nuclear), os manifestantes, muitos deles jovens e famílias inteiras, marcharam no parque de Yoyogi, em calma e sob o sol forte.

"Estamos inquietos, Antes de Fukushima, não acontecia tudo isso, mas agora precisamos reagir, precisamos fazer isso por nossos filhos", explicou Hiroshi Iino, 43 anos, um dos participantes da manifestação a favor de "uma mudança enérgica".

Paralelamente, em outra região da capital japonesa, foi realizada uma segunda manifestação, da qual também participaram milhares de pessoas para protestar contra a empresa que opera a central de Fukushima Daiichi, a Tepco.

A questão de um eventual abandono da energia nuclear não é, no momento, abertamente debatida na cena política japonesa.

"Não podemos prescindir da energia nuclear, mas devemos refletir quanto aos planos e ao calendário de construção de nossas usinas", estimou na sexta-feira o número dois do partido de centro-esquerda no poder, Katsuya Okada.

A energia nuclear representava, antes do maremoto de 11 de março que provocou danos em vários reatores, cerca de 30% da eletricidade utilizada no Japão.

Localizada a 250 km a nordeste de Tóquio, a central de Fukushima Daiichi foi danificada por uma onda de 14 metros de altura que causou falhas nos sistemas de refrigeração, provocando uma explosão e vazamentos radioativos.

A operadora Tepco espera conseguir estabilizar a situação em um período de seis a nove meses.

Fonte: France Presse
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Reconstrução do Japão após terremoto pode custar mais de R$ 445 bilhões

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O governo e as empresas do Japão começaram a acertar os detalhes de um plano de reconstrução após o terremoto e posterior tsunami do dia 11 de março que poderá custar mais de 200 bilhões de euros [R$ 445 bilhões].

A intenção do governo é aprovar o mais rápido possível um primeiro orçamento de 4 trilhões de ienes (cerca de 33 bilhões de euros) para começar uma gigantesca reconstrução no litoral nordeste do país após o terremoto de magnitude 9 ocorrido há um mês.

As prioridades serão os trabalhos de remoção de escombros de uma região que abrange mais de 600 quilômetros, as primeiras ajudas para normalizar a vida dos refugiados, a construção de 70 mil casas e a reconstrução da economia local, que enfrenta sério risco de colapso.

Para definir ainda mais um programa de reconstrução que terá uma escala recorde, o governo japonês criou nesta segunda-feira um conselho de especialistas que inclui professores universitários, empresários e arquitetos como Tadao Ando para que, por volta de junho, apresente propostas em áreas como urbanismo e geração de empregos.

Alguns políticos acreditam que a primeira fase da reconstrução precisará, além disso, de três orçamentos adicionais até atingir a marca de 10 trilhões de ienes (81,7 bilhões de euros).

Para o Japão, a catástrofe natural aconteceu em um momento especialmente delicado, quando a economia começava a se recuperar e lutava para reduzir o perigo latente de sua grande dívida pública, que dobra em valor o Produto Interno Bruto (PIB).

O problema de confeccionar um novo orçamento sem emitir dívida forçará o país a mudar várias despesas, como a contribuição à previdência, e a repensar uma parte das políticas do governo do Partido Democrático de Naoto Kan.

Para ajudar no financiamento das empresas que precisarão de milionários fundos para reconstruir seus negócios, o Banco do Japão (BOJ) aprovou na quinta-feira um programa de empréstimos de emergência no valor de 1 trilhão de ienes (8,178 bilhões de euros).

Além das pequenas e médias empresas de grande importância nas províncias mais afetadas (Fukushima, Miyagi e Iwate), as grandes multinacionais japonesas estão trabalhando para restabelecer o funcionamento de suas fábricas nessas regiões o mais rápido possível.

FÁBRICAS

Companhias como Nissan, Sony e Kirin tiveram que interromper suas operações em algumas fábricas devido ao terremoto, e algumas não sabem quando poderão retomar suas atividades, outro motivo de preocupação para os trabalhadores da região.

Além do dano direto em suas instalações, as empresas enfrentam um período de escassez energética pelo pausa brusca em algumas das usinas nucleares e de outros tipos no nordeste do Japão.

Alguns exportadores que trabalham em regiões próximas ao complexo de Fukushima estão realizando revisões de radiação em seus produtos para acabar com os receios de consumidores. Ao mesmo tempo, o governo analisa os níveis de radioatividade nos portos do Japão para evitar que os produtos que por ele passarem sejam rechaçados em portos estrangeiros.

O país prometeu compensar, através de uma seguradora pública, os exportadores que forem afetados pelo aumento dos níveis de radiação ou rumores que prejudiquem suas vendas.

As emanações da central de Fukushima prejudicam também pescadores, agricultores e criadores de gado de várias províncias no centro do Japão, e por isso o governo previsivelmente terá que dedicar muitos fundos durante um longo tempo para se recuperar de seu maior desastre desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Fonte: EFE
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sábado, 2 de abril de 2011

O que estão escondendo em Fukushima?

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O especialista japonês Hirose Takashi propõe a solução sarcófago para Fukushima: enterrar tudo sob cimento, como se fez em Chernobyl. Para ele, Tóquio e Osaka correm um perigo real. Ele critica o comportamento do governo e dos meios de comunicação, que não estariam informando à população da gravidade real do problema em Fukushima. "Todo mundo sabe quanto tempo demora um tufão a passar pelo Japão; geralmente leva uma semana. Isto é, com um vento de 2m/s, pode levar cinco até que todo o Japão fique coberto de radiação. E não estamos a falar de distâncias de 20 ou 30 km, mas sim de 100 km. Significa Tóquio, Osaka", adverte Takashi.

Hirose Takashi escreveu uma prateleira de livros, a maioria sobre a indústria da energia nuclear e o complexo militar-industrial. O seu livro mais conhecido é provavelmente “Nuclear Power Plants for Tokyo” no qual ele leva a lógica dos promotores da energia nuclear à seguinte conclusão lógica: se têm tanta certeza de que as centrais nucleares são seguras, por que não construí-las no centro da cidade, em vez de a centenas de quilômetros, perdendo metade da electricidade pelos cabos condutores?

De certa forma, deu a entrevista, que está parcialmente traduzida abaixo, contra os seus impulsos. Hoje, falei ao telefone com ele (22 de março de 2011) e disse-me que, embora fizesse sentido apoiar a energia nuclear naquela altura, agora que o desastre começou ele ficou calado, mas as mentiras que estão contando na rádio e na TV são tão flagrantes que tinha de falar.

Traduzi apenas o primeiro terço desta entrevista, a parte que diz respeito ao que está a acontecer nas centrais de Fukushima. Na última parte, ele falou sobre o quão perigosa é a radiação em geral, e também sobre o perigo contínuo causado pelos terremotos.

Depois de ler o seu relato, vai perguntar-se sobre o porquê de continuarem a lançar água sobre os reatores, em vez de aceitarem que a solução é o sarcófago (isto é, enterrar os reatores em betume). Avalio que existem algumas respostas. Primeira, aqueles reatores foram caros e não dá para arcar com o custo financeiro. Outra, e mais importante, aceitar a solução sarcófago significaria admitir que estavam errados e não podem resolver a situação. Por um lado, é demasiada culpa para um ser humano suportar. Por outro, significa a derrota da ideia da energia nuclear, uma ideia à qual se devotam religiosamente. Representa não só a perda destes seis reatores (ou dez), mas também o encerramento dos outros todos, uma catástrofe financeira. Se os conseguirem arrefecer e pô-los a funcionar, então podem dizer “vêem, a energia nuclear não é assim tão perigosa”.

Fukushima é uma tragédia que o mundo inteiro está assistindo e pode acabar numa derrota (perante a sua esperança, que penso existir sem fundamento) ou numa vitória para a energia nuclear. O relato de Hirose pode ajudar-nos a perceber o que está em jogo.


Muitas pessoas viram água sendo lançada sobre os reatores a partir do ar e do chão. Isso é eficaz?

Se quiser arrefecer um reator com água, tem de circulá-la lá dentro, de modo a tirar o calor, de outra forma não serve para nada. Por isso, a única solução é voltar a ligar a eletricidade. Se não, é como deitar água em lava.

Voltar a ligar a eletricidade – isso para reiniciar o sistema de arrefecimento?

Sim, o acidente foi causado pelo fato de o tsunami ter inundado os geradores de emergência, destruindo os seus depósitos de combustível. Se isso não for reparado, não há possibilidade de se recuperar deste acidente.

A TEPCO (Tokyo Electric Power Company, proprietária e gestora das centrais nucleares) diz que esperam voltar a ter uma linha de alta voltagem ainda esta noite.

Sim, existe uma réstia de esperança. Mas o que é preocupante é que um reator nuclear não é como os desenhos esquemáticos que as imagens mostram. Isto é apenas um cartoon.

Aqui está como é por baixo de um contentor do reator. Isto é a parte final do reator. Veja bem. É uma floresta de alavancas, fios e canos. (ver imagem acima)

Na televisão, surgem estes pseudo-académicos e dão-nos explicações simples, mas não sabem nada, estes professores universitários. Só os engenheiros sabem. Aqui é onde a água deve ser jogada. Este labirinto de canos é suficiente para provocar tonturas. A sua estrutura é demasiado complexa para nós entendermos.

Há uma semana que têm lançado água por aqui. E é água salgada, ok? Se joga água salgada numa fornalha, o que pensa que acontece? Fica com sal, que entra em todas estas válvulas e as paralisa. Não se mexem. Isto vai acontecer em toda parte. Portanto, não acredito que seja apenas uma questão de se voltar a ter eletricidade e a água começará a circular outra vez. Penso que qualquer engenheiro com um pouco de imaginação entende isto. Temos um sistema incrivelmente complexo como este e depois joga-se água a partir de um helicóptero, talvez eles tenham uma ideia de como isto funciona, mas eu não entendo.

Serão necessárias 1300 toneladas de água para encher as piscinas que contêm as varas de combustível que foram gastas nos reatores 3 e 4. Esta manhã foram 30 toneladas. Depois, as Forças de Defesa vão canalizar mais 30 toneladas a partir de cinco caminhões. Isto não é nem perto do que é preciso, terão de continuar. Esta operação de jogar água pelas mangueiras mudará a situação?

Em princípio, não. Mesmo quando um reator não está danificado, requer controle constante para manter a temperatura baixa, em níveis seguros. Agora está tudo voltado do avesso, e quando penso nos restantes 50 operadores, fico com lágrimas nos olhos. Suponho que foram expostos a enormes quantidades de radiação, e aceitaram enfrentar a morte ao estar lá dentro. Quanto tempo terão? Quero dizer, fisicamente. É a isto que a situação chegou. Quando vejo os tais relatos na televisão, quero dizer-lhes, “Se realmente é assim, então vai lá tu!” A sério, eles dizem estes disparates para tentar acalmar toda a gente, evitar o pânico. O que precisamos agora é justamente de pânico, porque a situação chegou ao ponto em que o perigo é real.

Se eu fosse o primeiro-ministro Kan, ordenaria que fosse feito o que a União Soviética fez quando da explosão do reator de Chernobyl, a solução sarcófago, enterrar tudo sob cimento, pôr todas as empresas de cimento do Japão a trabalhar e jogá-lo a partir do ar. Temos de esperar o pior. Por quê? Porque em Fukushima está a Central Daiichi, com seis reatores e a Central Daini, com outros quatro, num total de dez. Se apenas um deles evolui para o pior, então os trabalhadores terão de evacuar o lugar ou ficar e colapsar. Se, por exemplo, um dos reatores em Daiichi for abaixo, para os outros cinco será uma questão de tempo. Não podemos adivinhar em que ordem, mas com certeza todos eles cairão. Se isso acontecer, Daini não é assim tão longe, e provavelmente os seus reatores também não sobreviverão. Acredito que os trabalhadores não vão poder ficar lá.

Estou falando do pior caso, mas a probabilidade não é baixa. É este o perigo que o mundo está assistindo. Só no Japão é que está sendo escondido. Como se sabe, dos seis reatores de Daiichi, quatro encontram-se em estado crítico. Mesmo que tudo corra bem e a circulação da água seja restaurada, os outros três poderão ainda dar problemas. Quatro estão em crise, e para recuperarem em 100%, odeio dizê-lo, estou pessimista. Se isso correr mal, para salvar as pessoas, temos de pensar numa forma de reduzir a fuga de radiação para o nível mínimo possível. Não através de água com mangueiras, que é como borrifar o deserto. Temos de pensar que os seis poderão colapsar, e a possibilidade de tal acontecimento não é baixa. Todo mundo sabe quanto tempo demora um tufão a passar pelo Japão; geralmente leva uma semana. Isto é, com um vento de 2m/s, pode levar cinco até que todo o Japão fique coberto de radiação. E não estamos a falar de distâncias de 20 ou 30 km, mas sim de 100 km. Significa Tóquio, Osaka. E assim, rapidamente se pode espalhar uma nuvem radioativa. Claro que dependerá do tempo, não podemos saber de antemão como é que a radiação se distribuiria. Há dois dias, no dia 15 (de março), o vento soprava em direção a Tóquio. É assim...

Todos os dias o governo local mede a radioatividade. Todos os canais de televisão estão dizendo que, embora a radiação aumente, ainda não é alta o suficiente para ser um perigo para a saúde. Comparam-na a um raio-X no estômago. Qual é a verdade?

Por exemplo, ontem. À volta da Estação Daiichi de Fukushima, mediram 400 milisievert por hora. Com esta medição, Edano (Secretário do Chefe de Gabinete) admitiu pela primeira vez que havia um perigo para a saúde, mas não explicou o que isto quer dizer. Toda a informação dos meios de comunicação está falhando. Estão dizendo coisas estúpidas, como: “mas nós estamos sempre expostos à radiação durante o nosso dia-a-dia, recebemos radiação do espaço.” Mas isto é 1 milisievert por ano. Um ano tem 365 dias, um dia 24h; multiplique-se 365 por 24 e obtemos 8760. Multiplique-se 400 milisieverts por isto e obtemos 3 500 000 vezes a dose normal. Chamamos a isto seguro? E os meios de comunicação noticiaram isto? Nada. A razão pela qual a radiação pode ser medida é porque o material radioativo está escapando. É perigoso quando este material entra no nosso corpo e emite radiação a partir de dentro.

Estes acadêmicos porta-vozes da indústria vêm a televisão e dizem o quê? Dizem que, ao deslocarmo-nos em sentido contrário, a redução da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância. Eu digo o contrário. A radiação interna acontece quando o material radioativo está dentro do corpo. O que acontece? Digamos que estamos a um metro de uma partícula nuclear: ao respirarmos, ela entra no nosso corpo; a distância entre nós e a partícula é agora de um micron. Um metro são mil milímetros, um micron é um milésimo de um mílimetro. Ou seja, mil vezes mil: um milhar quadrado. Este é o significado real do “inversamente proporcional do quadrado da distância.” A exposição à radiação aumenta no fator de um trilhão. Inspirar a mais pequena partícula, é este o perigo.

Então, comparações com raios-x e Tomografias não é possível, porque se pode inspirar material radioativo.

Sim, é isso. Quando entra no nosso corpo, não se pode dizer para onde vai. O maior risco são as mulheres, especialmente, mulheres grávidas, e crianças pequenas. Agora estão falando sobre iodo e césio, mas isso é só parte do assunto, não estão usando os instrumentos próprios para detecção. O que eles chamam monitorização significa apenas a medida da quantidade de radiação no ar. Os seus instrumentos não comem. O que eles medem não tem conexão com a quantidade de material radioativo.

Então, os danos causados pelos raios radioativos e por material
radioativo não são os mesmos.

Se perguntar: existem quaisquer raios radioativos da Central Nuclear de Fukushima neste estúdio, a resposta é não. Mas as partículas radioativas são transportadas pelo ar. Quando o núcleo começa a derreter, os elementos que estão dentro, com o iodo, tornam-se gases. Elevam-se no ar, se houver alguma falha escapa para fora.

Existe alguma forma de detectar isto?

Um jornalista disse-me que a TEPCO não tem capacidade nem para fazer a monitorização regular. Apenas fazem medições ocasionais, que são a base das declarações de Edano. Devem realizar-se medições constantes, mas eles não estão em condições de fazê-las. E é preciso investigar o quê e quanto está escapando, o que requer instrumentos de medição muito sofisticados. Não se pode fazê-lo apenas através de um posto de medição, que não chega medir o nível de radiação no ar. Precisamos saber que tipo de materiais radioativos estão escapando, e para onde vão – não têm um sistema capaz de fazer isso agora.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 28 de março de 2011

1979: Acidente nuclear em Three Mile Island

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No dia 28 de março de 1979, a usina norte-americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, foi palco do pior acidente nuclear ocorrido até então.

Gases radioativos começaram a evaporar já bem cedo na manhã de 28 de março de 1979 num dos dois reatores da usina Three Mile Island, nas proximidades de Harrisburg, a capital do estado norte-americano da Pensilvânia. Um correspondente alemão narrou o incidente da seguinte maneira:

"Segundo as informações de que dispomos, houve uma pane na bomba de água do sistema de resfriamento, que fica fora do prédio da usina. Imediatamente, entrou em funcionamento um sistema de emergência, mas um técnico o desligou antes do tempo, não se sabe por quê. Isto desencadeou o processo, que poderia ter resultado na explosão do reator."

Um dia depois, um grupo de ecologistas mediu a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era oito vezes maior que a letal. Uma área de até 16 quilômetros em volta de Three Mile Island estava contaminada. Apesar de ter sido declarado estado de emergência, nenhum dos 15 mil habitantes que moravam numa área até dois quilômetros da área contaminada foi evacuado. O governador do estado da Pensilvânia, Dick Thornburgh, iniciou a retirada dos habitantes só dois dias depois, começando com gestantes e crianças.

O tema foi assunto constante da imprensa norte-americana, em todos os seus boletins de notícias. Mais de cem peritos foram reunidos para tentar resfriar os elementos combustíveis e assim controlar o reator até desligá-lo.

Falha humana

Uma bolha de gás altamente radioativo havia se instalado na parte de cima do reator, impedindo o acesso da água de refrigeração. Somente no dia 2 de abril, os técnicos conseguiram reduzir a bolha de gás em volta do reator de 50 metros cúbicos para cerca de um metro cúbico. Enquanto isso, aumentavam nos Estados Unidos as críticas às medidas de segurança.

Em contrapartida, a empresa que administrava a usina acusou as autoridades de exagero ao comentarem o incidente. Algum tempo depois, os elementos combustíveis resfriaram e o perigo de explosão estava afastado.

No dia 1º de novembro de 1979, uma comissão nomeada pelo então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, chegou à conclusão de que o acidente fora causado por falha humana. A princípio, a direção da usina pretendia reparar o reator danificado. Os técnicos constataram, no entanto, que os danos haviam sido maiores do que se suspeitava. Setenta por cento do núcleo do reator fora destruído pelo calor.

Fonte: Deutsche Welle
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Após Japão, cientistas temem "demonização" de reator nuclear

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O acidente de 11 de março na usina nuclear de Fukushima, no Japão, após um terremoto de 9 graus na escala Richter seguido de tsnunami, deixou muita gente ressabiada quando se fala em "reator".

Mas o mesmo princípio físico dos reatores de energia nuclear move também outro tipo de máquina: os reatores de pesquisa. Esses produzem os compostos usados em exames de imagem.

"O processo físico é igual. Mas a quantidade de combustível e a potência são bem diferentes", explica José Augusto Perrota, diretor de projetos especiais do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares).

Perrota está à frente de um projeto do Ipen para construir um megarreator nuclear para fins médicos e científicos no interior de São Paulo.

A ideia é que a supermáquina consiga suprir a demanda nacional de elementos radioativos os radioisótopos usados na produção dos fármacos necessários em exames de imagens.

A empreitada, que apareceu até no discurso de posse do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), em janeiro, deve custar cerca de R$ 850 milhões.

Os recursos para elaboração do projeto R$ 30 milhões já foram aprovados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

O valor parece alto. Mas a matemática é positiva considerando que, com exceção do iodo-131, que tem 50% de produção nacional, os demais radioisótopos são todos importados de países como Argentina e Israel.




No reator de energia nuclear, o iodo-131 é um dos elementos radioativos usados na fissão do urânio ("quebrando" o átomo desse elemento em partes).

"É importante entender que o mesmo iodo-131 que vazou e pode provocar doenças no Japão também pode curar", diz Celso Dario Ramos, coordenador de medicina nuclear do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Se bem aplicado, ele pode atacar, com eficácia, câncer de tireoide com metástase.

A maioria dos elementos radioativos da medicina nuclear tem a meia vida (tempo que levam para perder metade da radiação) bem menor do que no reator de energia.

Isso reduz bastante o risco de acidentes graves.

Por enquanto, o reator de pesquisa proposto pelo Ipen segue continua nas metas do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Duas semanas antes do desastre no Japão, a presidente Dilma Rousseff esteve na Argentina para firmar uma parceria para construção de reatores de pesquisa com projetos comuns.

Hoje, o maior e mais utilizado dos reatores nacionais de pesquisa fica no Ipen, em São Paulo. A máquina foi inaugurada em 1958.


Fonte: Folha
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Terremoto japonês é o mais caro da história

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O Japão estimou que o custo dos danos do terremoto e do tsunami devastadores deste mês pode chegar a 300 bilhões de dólares. As autoridades de Tóquio alertaram que os bebês não devem ingerir água de torneira por causa da radiação vazada de uma usina nuclear.

A primeira estimativa oficial desde a tragédia de 11 de março cobre os danos a estradas, casas, fábricas e infraestrutura, e ofusca as perdas do tremor ocorrido em Kobe em 1995 e do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, o que faz deste o desastre natural mais caro do mundo.

No momento em que aumenta a preocupação com o risco de alimentos contaminados pela radiação da usina de Fukushima, a cerca de 250 quilômetros da capital japonesa, os EUA se tornaram o primeiro país a proibir algumas importações de alimentos da zona do desastre.

A usina, atingida por um terremoto de magnitude 9,0 e por um tsunami que deixaram 23 mil mortos ou desaparecidos, ainda não foi controlada, e os trabalhadores foram forçados a abandonar o complexo quando uma fumaça negra começou a emergir de um dos seis reatores.

Autoridades de Tóquio disseram nesta quarta-feira que a água em uma usina de purificação para a capital de 13 milhões de pessoas continha 210 becquerels de iodo radioativo - mais do que o dobro do nível seguro para crianças.

O governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, afirmou entretanto que esse nível não representa risco imediato e que a água pode ser usada. "Mas, para crianças com menos de um ano, gostaria que evitassem usar água de torneira para diluir alimento para bebês", acrescentou.

A agência norte-americana FDA (Administração de Alimento e de Drogas na sigla em inglês) anunciou a suspensão da importação de leite, vegetais e frutas de quatro regiões na vizinhança do complexo nuclear afetado.

A Coreia do Sul pode ser a próxima a proibir alimentos japoneses após o pior crise nuclear desde Chernobyl em 1986. Nesta semana a França solicitou à Comissão Europeia que procure harmonizar os controles sobre a radioatividade de produtos importados do Japão.

Os alimentos representaram somente 0,6 por cento do total de exportações japonesas no ano passado.

Autoridades declararam que níveis de radiação acima do que é seguro foram detectados em 11 tipos de vegetais da área, além do leite e da água.

O secretário-chefe de gabinete Yukio Edano, a face pública do governo japonês durante o desastre, disse que a zona de exclusão ao redor da usina não precisa ser expandida, e pediu aos moradores de Tóquio para não estocar água engarrafada.

Mais cedo ele havia dito não haver maior perigo para humanos e pediu que o mundo não reagisse com exagero: "Vamos explicar os fatos aos países e esperamos que tomem medidas lógicas baseadas neles".

Fonte: Reuters
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Defesa Civil muda para prevenir catástrofes

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A Defesa Civil brasileira vai passar por uma reformulação geral para atuar em prevenção de catástrofes e não apenas em ações de recuperação. Está em andamento uma força-tarefa, coordenada pela Casa Civil, envolvendo os ministérios da Justiça, Cidades, Ciência e Tecnologia, Defesa, Integração e Agricultura. Em tempos de grandes desastres naturais dentro e fora do Brasil, a preocupação do governo é mudar a forma de atuação da Defesa Civil.

Haverá uma estrutura para prevenção de catástrofes, com centro de monitoramento, mapa de áreas de risco, treinamento de equipes e profissionalização da atividade. Em entrevista ao Valor, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, afirmou que o quadro da Defesa Civil será requalificado com grupos de engenheiros e geólogos. Em três meses, o governo terá um mapeamento detalhado das regiões mais vulneráveis do país e suas características geológicas.

As ações incluem ainda a aquisição de radares e demais equipamentos por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia para aprimorar a coleta de dados sobre mudanças climáticas. O Ministério das Cidades vai tratar de mudanças na legislação atual, com o propósito de ter punições mais severas para Estados e municípios que descumpram as fiscalizações sobre ocupação irregular. As mudanças na Defesa Civil deverão fortalecer a musculatura do Ministério da Integração, pasta que alimenta a ambição de assumir projetos de impacto nacional.

Bezerra é um ministro indicado pelo PSB na composição da aliança que elegeu Dilma Rousseff, partido presidido por Eduardo Campos, governador de Pernambuco, de cujo governo foi secretário. Chegou ao ministério com espírito empresarial e nova linguagem. "Não há nada errado em ter como prioridade de trabalho as regiões Norte e Nordeste do país. O equívoco é se limitar a essas regiões."

Responsável por projetos de irrigação, o Ministério da Integração quer realizar neste ano duas licitações para contratar empresas que farão a irrigação de regiões do Semiárido. Por meio de parcerias público-privadas (PPP), o governo quer incentivar o plantio de alimentos na região. Na transposição do São Francisco, uma das principais obras do PAC, Bezerra tem que desatar o nó dos 60 contratos de consórcios atrelados à transposição. Hoje, há 43 pedidos de aditivos desses contratos para serem analisados. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: O mundo debate as ações de prevenção e combate a catástrofes. O Brasil vai continuar a agir só depois do fato consumado?

Fernando Bezerra Coelho: Essa postura vai mudar. A presidente Dilma Rousseff, ainda antes da posse, já havia pedido que nosso ministério tivesse uma conversa com o ministro Nelson Jobim (Defesa) para ver como poderia ser melhor estruturada a Defesa Civil. Havia uma visão inicial de que a Defesa Civil ficaria mais bem posicionada nas forças armadas, mas depois se verificou que essa era uma visão muito estreita, voltada apenas à reação aos eventos. Fizemos uma série de reuniões dos dois ministérios e isso gerou uma reflexão sobre a necessidade de se ter um novo sistema nacional de Defesa Civil.

Valor: O que integrará o sistema?

Bezerra: Terá de levar em conta as mudanças do clima, o aquecimento global e todos esses fatos que estão ocorrendo no mundo. Vamos propor uma nova visão e estruturação da política nacional de defesa. Após a catástrofe no Rio, ocorrida no início do ano, a presidente Dilma articulou um grupo de trabalho coordenado pela Casa Civil. Fazem parte desse grupo os ministérios da Justiça, Cidades, Ciência e Tecnologia, Defesa, Integração e Agricultura. Vamos identificar as nossas fragilidades.

Valor: Quais são?

Bezerra: A primeira fragilidade apontada pelo MCT foi a deficiência no recebimento e tratamento das informações sobre clima e tempo. O ministro Aloizio Mercadante sugeriu uma série de novos investimentos para que possamos comprar novos radares. Vamos implantar um centro nacional de monitoramento em Cachoeira Paulista, em São Paulo. Paralelamente, serão criados centros regionais. Essa estrutura estará voltada para a antecipação de informações sobre eventos extremos.

Valor: A Defesa Civil, hoje, não tem nem informações antecipadas sobre as catástrofes?

Bezerra: Hoje, a estrutura da prevenção de desastres é limitada. Faltam profissionais, um quadro de carreira. Dos 5.565 municípios brasileiros, não temos a Defesa Civil oficialmente implantada nem em 500 cidades. Estamos perseguindo a ideia de que a Defesa Civil tem de ser vista como um órgão de Estado, não de governo. Ela precisa receber informações rapidamente e produzir os protocolos que indicam as ações a serem tomadas para cada caso. Seu papel é também o de programar simulações de eventos nas localizações de alto risco.

Valor: As verbas para isso não foram cortadas no último ajuste?

Bezerra: A Defesa Civil não entrou nos cortes, trabalha com um crédito extraordinário. No começo do ano, a presidente abriu um crédito de R$ 700 milhões, que deverá ser consumido até o fim deste mês para atender às ocorrências deste início de ano. Depois devemos ter outra medida provisória para, a partir de abril, enfrentar outras situações. Mas não vamos vender ilusões, teremos o pé no chão. Não queremos reproduzir uma situação que encontramos, que foi uma Defesa Civil que tem restos a pagar de R$ 1 bilhão.

Valor: Como vai atuar a nova Defesa Civil?

Bezerra: Estamos definindo isso. Imagino que precisaremos, em Brasília, de pelo menos 150 pessoas, entre engenheiros e geógrafos, além de outros cargos técnicos. Vamos criar um centro nacional de desastres naturais, que terá uma sala de situação e monitoramento. Em seis meses teremos os recursos tecnológicos adequados. Queremos construir uma equipe e deslocar sua prioridade, que não seja mais o repassador de recursos para o pós-desastre, mas que seja o preparador de equipes para mitigar eventos.

Valor: É basicamente um trabalho de mobilização?

Bezerra: É um trabalho de articulação. Vamos informar para que equipes locais tomem as providências antecipadamente. Para que isso funcione, temos de conhecer o terreno, suas ameaças, áreas afetadas, locais de mobilização. Isso não se faz do dia para a noite.

Valor: O Ministério da Integração está preparado para seu novo papel?

Bezerra: Houve uma grande discussão com as forças armadas sobre como podemos ter um papel mais atuante em eventos de alto risco. Hoje, temos uma estrutura que precisa ser melhorada. As informações têm de chegar de forma ordenada para que a Defesa Civil possa se articular com as atuações regionais. Esse trabalho de obter a informação é do Ministério de Ciência e Tecnologia. Caberá à Integração receber esses dados e fazer o trabalho de preparação da população e, se for o caso, de evacuação. Quando chegamos aqui, encontramos um órgão pronto para fazer convênios e liberar recursos depois da ocorrência de eventos. Sempre corríamos atrás do leite derramado. É evidente que a Defesa sempre terá essa característica de ajudar na recuperação em momentos de tragédia, mas seu papel nobre é ser um órgão de articulação, treinamento e formação dos sistemas de defesa dos Estados e cidades.

Valor: Que ações já estão em andamento?

Bezerra: Há um conjunto de medidas. O Exército vai criar cinco centros regionais no Brasil, com força própria para realizar as ações de pronta resposta e ter equipamentos mais próximos das localidades que venham a enfrentar esses eventos. As forças armadas têm, claramente, um papel pós-evento e nisso já se avançou muito. Outra área que está para ser encaminhada diz respeito a mudanças na legislação. Boa parte dos problemas que enfrentamos tem relação com a ocupação irregular das áreas de risco. A legislação será mudada para punir agentes públicos, prefeitos que não tomam providências para retirar as pessoas de locais de risco.

Valor: O governo sabe quais são as áreas de risco?

Bezerra: Teremos um mapa dessas áreas. O Ministério da Integração tem um convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina, onde estamos elaborando esse mapa, que ficará pronto até junho deste ano. Será um relatório detalhado com pontos recorrentes de catástrofes. Esse material será enriquecido com informações de governos municipais e estaduais. Vamos caracterizar o risco, ele terá uma graduação. Com esse cadastro, montaremos um programa específico de ações de prevenção e mitigação. Essas ações devem ficar concentradas no Ministério da Integração.

Valor: Por que o país ainda investe pouco em prevenção?

Bezerra: De fato, a rubrica de prevenção no Ministério da Integração é baixa, mas dentro do Ministério das Cidades há R$ 11 bilhões para programas que podem ser caracterizados como ações de prevenção. O que estamos discutindo agora é a necessidade de centralizar na Integração, especificamente, as ações de prevenção para áreas de alto risco. Há uma grande força-tarefa para reunir essas iniciativas e materializá-las até abril. Vamos tirar lições valiosas do que está ocorrendo no Brasil e fora dele e isso nos levará a um sistema de Defesa Civil à altura das expectativas da sociedade.

Valor: Qual foi o peso das experiências internacionais nessa área?

Bezerra: Fomos verificar como os outros países se preparam. Os americanos, até o furacão Katrina, também não tinham um nível adequado de articulação. Procuramos Austrália, Itália e Chile, que têm boas experiências nessa área. A partir disso, falamos com a presidente Dilma, que gostou da ideia de se fazer um grande debate internacional no país para beber dessas experiências recentes. Essa preparação preventiva da Defesa Civil está ocorrendo mundo afora e é algo muito recente. Devemos ter um seminário no início de abril, com casos de experiência internacional e boas práticas brasileiras.

Valor: Essas medidas devem mexer radicalmente com a atuação do ministério. Há reformas também em outros setores?

Bezerra: Nós queremos ser um ministério de influência nacional. Não há nada de errado em ter como prioridade de trabalho as regiões Norte e Nordeste, mas o que é um equívoco é se limitar a essas regiões. Essa situação vai mudar a partir do momento em que o ministério assumir parte da responsabilidade da Defesa Civil, com a prevenção em áreas de alto risco. Também entraremos mais diretamente nas discussões sobre o fornecimento de água em todo o país. Isso é atribuição do ministério. Se há discussões sobre o abastecimento de água na Grande São Paulo ou segurança hídrica no Rio de Janeiro, temos de nos envolver. Esses temas, dos quais o ministério sempre esteve distante, para não dizer ausente, serão colocados no nosso dia a dia.

Valor: Essa reestruturação atingirá o sistema de financiamento?

Bezerra: Temos o decreto de reestruturação do ministério que está para sair nos próximos dias. Estamos criando uma Secretaria de Fundos de Investimento e Incentivos Fiscais, que tem o objetivo de aproximar o ministério dos bancos regionais para promover políticas nos Estados. Já existem o FDA [Fundo de Desenvolvimento da Amazônia] e o FDNE [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste], mas não existe um fundo para o Centro-Oeste. Nós estamos implantando, por meio de decreto, a Sudeco [Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste], que tem a perspectiva de evoluir para a criação do FDCO. O objetivo é apoiar pequenas empresas, incentivando o empreendedorismo nessas regiões.

Valor: A política de irrigação também muda?

Bezerra: Criaremos a Secretaria Nacional de Irrigação. O Brasil é a grande fronteira mundial na produção de alimentos e temos de cuidar das condições de nosso manancial. A irrigação no Brasil está presente em 7% da área agricultável. Hoje, nossa receita de produtos agrícolas de exportação ultrapassa US$ 30 bilhões, mas nós vamos dobrar nossa produção agrícola. Em 2030, serão US$ 60 bilhões só de produtos primários, sem incluir os industrializados. O melhor caminho para suportar essa demanda de forma sustentável é através de irrigação.

Valor: Quais são os projetos para isso?

Bezerra: As áreas irrigadas hoje são de 4,4 milhões de hectares, dos quais 4 milhões são irrigados pela iniciativa privada. Os demais 400 mil hectares de irrigação estão em perímetros públicos. A secretaria vai promover políticas públicas para ampliar a área irrigada privada. Na área pública, temos a meta de atingir mais 200 mil hectares irrigados, projetos que deverão ser implantados por meio de parceria público-privada (PPP). Temos um fundo garantidor já criado para dar respaldo financeiro.

Valor: Haverá lançamento de editais este ano para projetos de irrigação?

Bezerra: Queremos lançar dois editais. Os mais prováveis são os projetos do Pontal e do Salitre, ambos na bacia do São Francisco. Há ainda o projeto do Baixio do Irecê, na Bahia, mas esse deve sair só no próximo ano, porque ainda há estudos a serem feitos. O plano é montar uma carteira de projetos. O projeto do Pontal chegou a ser licitado no ano passado, mas a empresa que venceu o edital teria de ter apresentado até o início de março as garantias, mas pediu mais prazo. Estamos estudando se é possível conceder ou não. Vamos fazer uma carteira de PPP no Semiárido. A ideia é que a gente possa lançar editais de PPP de 25 mil hectares a cada seis meses.

Valor: Na transposição do São Francisco, há preocupações com o atraso das obras e com a renegociação de contratos com os fornecedores. O que tem sido feito para resolver os problemas?

Bezerra: São dois grandes desafios. O primeiro é a gestão dos contratos, que deve ser superado até o início de maio. Temos que lembrar que essa obra foi licitada em cima de um projeto básico, que depois se revelou algo muito distante da realidade encontrada. Os projetos executivos foram feitos à medida que a obra avançava e isso gerou muitos problemas. Isso fez com que se acumulasse uma série de demandas por parte dos consórcios. Quando nós chegamos aqui, notamos que a obra teve uma boa mobilização até o fim do ano passado, mas depois que os funcionários voltaram de férias coletivas em janeiro, os consórcios reduziram seus contingentes e cobraram uma definição.

Valor: As negociações já começaram?

Bezerra: Em fevereiro, concluímos conversas individuais com todos os consórcios. Instalamos uma comissão para centralizar os esses pedidos e fazer, portanto, os eventuais aditivos. Essa tarefa deve ser concluída até fim de abril. Hoje, nenhum dos 12 lotes das obras da transposição está paralisado, mas a mobilização ainda é inferior à do ano passado.

Valor: Quando a situação com os consórcios deve se normalizar?

Bezerra: Em breve. Ainda não podemos dizer que ela já está resolvida, porque podemos enfrentar situações em que os aditivos deverão ultrapassar o limite de 25% da obra. Teremos então que conversar com o Tribunal de Contas da União (TCU) para negociar isso e demonstrar que, às vezes, é muito melhor você ter um aditivo de 30%, 35%, do que ter que parar a obra e relicitar o saldo do contrato. Hoje, os preços seriam muito maiores que os contratados, sairia muito mais caro e o TCU sabe disso.

Valor: Isso significa que a tendência é que os aditivos sejam acatados?

Bezerra: Hoje há uma compreensão maior, da parte dos órgãos de controle, de que é importante exaurir todas as possibilidades de aditivos, desde que sejam razoáveis e justificáveis. Se não conseguirmos resolver todas as situações, o número de contratos que teremos de relicitar será muito pequeno, talvez um ou dois.

Valor: Há quantos pedidos de aditivos?

Bezerra: São 43 pedidos, por isso estamos contando com o trabalho dessa comissão para analisar cada solicitação.

Valor: E quanto ao atraso nas obras? Há estações de bombeamento de água até agora sem licitação.

Bezerra: Nós vamos soltar a licitação da primeira estação do Eixo Norte até o fim de abril e o consórcio estará contratado até julho. Acredito que não vai levar mais de 24 meses para montar a estação de bombeamento. O prazo geral da obra permanece com a entrega do Eixo Leste no fim de 2012 e Eixo Norte no fim de 2013.

Valor: Já foi dito que a transposição do São Francisco terá a água mais cara do Brasil. Será?

Bezerra: Eu não concordo com a tese. Quem afirma isso argumenta que, por ser uma obra muito cara, terá de colocar o custo na tarifa. Não é assim. O que vai para a tarifa é a operação e manutenção dos canais, mas essa é uma discussão que será iniciada só no segundo semestre. Temos de lembrar que qualquer companhia de água no Nordeste pratica o subsídio cruzado. Elas cobram tarifa social nas regiões mais afastadas, diferentemente do preço praticado com a indústria e populações mais densas. A transposição vai usar um modelo parecido. O cidadão da caatinga vai pagar o mesmo preço de alguém que vive no subúrbio de uma grande cidade, mas as indústrias e o comércio terão águas mais caras, é claro.


Fonte: Valor Econômico
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terça-feira, 22 de março de 2011

Equipes conectam cabos de força em reatores de Fukushima

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Equipes conseguiram conectar cabos de força em todos os seis reatores da usina nuclear de Fukushima Daiichi, no leste do Japão, em meio a esforços para restabelecer o sistema de resfriamento do local.

O correspondente da BBC em Tóquio Chris Hogg afirma que, apesar disto, mais testes são necessários para saber se o fornecimento de energia pode ser retomado com segurança na usina.

Segundo Hogg, a eletricidade somente será reativada depois que todas as inspeções forem realizadas. A usina foi danificada devido ao terremoto de magnitude 9 seguido de um tsunami que atingiu o Japão no último dia 11.

Os trabalhos nos reatores foram interrompidos na segunda-feira devido a temores de que radiação poderia estar vazando de Fukushima por meio de uma nuvem de fumaça.

No entanto, os níveis de radiação na área caíram nesta terça-feira, depois de apresentar alta por um breve período no dia anterior.

Nesta terça-feira, por cerca de uma hora, equipes jogaram mais água do mar sobre o reator 3 de Fukushima, em uma tentativa de impedir o derretimento dos bastões de combustível nuclear no local.

O repórter da BBC afirma que o acúmulo de destroços das explosões ocorridas na usina na semana passada torna mais difícil o trabalho de fazer a água chegar até a superfície dos reatores.

Radiação na água

Amostras de água do mar coletadas perto de Fukushima apresentaram níveis de radiação maiores que o normal, segundo a empresa Tokyo Electric Power Company (Tepco), que administra a usina.

De acordo com a Tepco, água coletada a 330 metros da usina tinha um nível de iodo-131 126,7 vezes maior que o permitido pela lei, enquanto o césio-134 estava 24,8 vezes maior que o normal. Já o nível de césio-137 estava 16,5 vezes acima do permitido.

Já as amostras coletadas a cerca de 16km de Fukushima apresentaram níveis de iodo-131 16,4 vezes maior que o permitido pela lei.

O vice-presidente da Tepco Norio Tsuzumi visitou um abrigo de emergência em Tamura, onde estão cerca de 800 moradores da cidade de Okuma, cidade mais próxima à usina de Fukushima. Tsuzumi se desculpou aos desalojados, que foram obrigados a deixar suas casas devido ao risco da radiação.

Reconstrução

O prejuízo causado pela tragédia natural no Japão é estimado pelo Banco Mundial em US$ 235 bilhões (cerca de R$ 392 bilhões) e a reconstrução do país pode levar até cinco anos.

O terremoto e o tsunami, seguidos de uma crise nuclear ainda em curso, prejudicaram as cadeias produtivas de indústrias automotivas e eletrônicas. Além disso, “os danos ocorridos em habitações e infraestrutura foram sem precedentes”, diz o relatório.

O número de mortos, que pode chegar a 15 mil, e os prejuízos devem ser mais do que o dobro dos causados pelo terremoto de Kobe, em 1995. As companhias de seguros devem arcar com apenas uma pequena parte dos custos, deixando a maioria do prejuízo a ser coberta pelo governo e pela população, aponta o documento.

Em contrapartida, a conclusão do relatório é que o impacto da tragédia no crescimento japonês provavelmente será “temporário” e terá efeito “limitado” na economia regional.

Fonte: BBC Brasil
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domingo, 20 de março de 2011

Crise nuclear no Japão estimula uso do petróleo

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Os efeitos do terremoto no Japão e da crise nuclear sobre o setor de energia devem elevar a demanda por petróleo e contribuir para manter alto o preço da commodity.

Segundo Greg Priddy, analista de petróleo da consultoria norte-americana Eurasia Group, usinas térmicas movidas a óleo que estavam desativadas no Japão podem ser acionadas para compensar a paralisação de usinas nucleares. "Isso pode elevar os preços do óleo leve", afirma.

As térmicas respondem por 67% da capacidade de geração de energia do Japão, segundo maior consumidor mundial de petróleo, de acordo com dados da IEA (Agência Internacional de Energia). Dessa fatia, 10% são movidas a óleo e praticamente todas são acionadas somente em momentos de pico da demanda japonesa.

Priddy pondera, no entanto, que o impacto imediato do acionamento das térmicas a óleo pode ser anulado por uma retração econômica no Japão. Por outro lado, a reflexão mundial sobre o uso da energia nuclear deve estimular o uso do petróleo.

"Todos os países vão repensar seus planos estratégicos de energia e, mesmo se a opção pela energia nuclear permanecer, o seu custo vai subir, pois haverá mais investimentos em segurança", afirma Taís Zara, economista da Rosenberg. "Haverá um estímulo para o uso de outras fontes, como o petróleo."

Os analistas do banco de investimentos Barclays calculam que, se os 12 GW de capacidade das usinas nucleares japonesas fossem substituídos por óleo, haveria demanda adicional de 250 mil barris por dia -quase a produção mensal da Petrobras no Espírito Santo, segundo maior Estado produtor.

"Apesar da percepção do mercado de que o evento reduz a demanda por causa de térmicas danificadas, perda de capacidade da indústria petroquímica e desaceleração no refino, acreditamos que o impacto de longo prazo será positivo para a demanda", afirma a equipe de análise do Barclays, em relatório.

Ontem, o petróleo recuou 0,84%, com o barril do Brent cotado a US$ 113,93. Na semana, após altos e baixos, o preço permaneceu estável.

A retração foi provocada pelo anúncio de cessar-fogo na Líbia, mas analistas estão céticos em relação ao fim da tensão política no Oriente Médio. A expectativa é de volatilidade (valorizações e desvalorizações bruscas), com os preços em torno do patamar atual.

Fonte: Folha
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quarta-feira, 16 de março de 2011

Chefe de energia da UE: reator japonês está "fora de controle"

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O chefe de energia da União Europeia alertou nesta quarta-feira para uma catástrofe em uma usina nuclear no Japão nas próximas horas, mas sua porta-voz afirmou que ele não tinha informações específicas ou privilegiadas sobre a situação.

"Nas próximas horas podem ocorrer mais eventos catastróficos, que podem representar uma ameaça à vida das pessoas na ilha", disse Guenther Oettinger ao Parlamento Europeu.

"Ainda não há pânico, mas Tóquio, com 35 milhões de pessoas, é a maior metrópole do mundo."

Quando questionada, a porta-voz de Oettinger disse que a previsão do comissário de uma catástrofe não se baseava em nenhuma informação específica ou privilegiada.

Ele disse que a usina nuclear estava "efetivamente fora de controle".

"Os sistemas de refrigeração não funcionaram e como resultado estamos em algum lugar entre um desastre e um desastre gigantesco."

Fonte: Reuters
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China congela aprovação de usinas nucleares após crise no Japão

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A China está suspendendo a aprovação de projetos para usinas de energia nuclear e promete uma verificação ampla de segurança nas usinas atualmente em operação ou em fase de construção no país, disse nesta quarta-feira o Conselho de Estado.

"Suspenderemos temporariamente a aprovação de projetos para usinas nucleares, incluindo aqueles em estágios preliminares de desenvolvimento", afirmou o órgão no site do governo central (www.gov.cn).

O governo chinês divulgou o comunicado depois do agravamento da crise nuclear no Japão, onde terremoto e tsunami destruíram usinas nucleares. O conselho informou que índices anormais de radiação vinda do Japão não foram detectados na China.

Fonte: Reuters
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Usina nuclear de Fukushima anuncia novo incêndio no reator número 4

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Um novo incêndio foi anunciado nesta terça-feira no edifício do reator número 4 da usina nuclear de Fukushima no nordeste do Japão, onde outros três reatores sofrem problemas, informou a empresa operadora.

O fogo, aparentemente causado novamente pela combustão de hidrogênio, foi avistado por um dos trabalhadores às 5h45 do horário local (17h45 do horário local), mas meia hora atrás as chamas já não eram mais vistas, segundo a televisão "NHK".

Além disso, inicialmente foi informado que os bombeiros tentavam extinguir o fogo, mas a companhia Tokyo Electric Power (Tepco) assegurou que o nível de radioatividade é muito alto para enviar seus trabalhadores para o local.

As chamas afetam a barreira exterior da estrutura que protege o reator, explicou Hajimi Motujuku, porta-voz da empresa operadora da usina, Tokyo Electric Power (Tepco).

Os técnicos da Tepco estão preocupados com o aumento da temperatura perto do núcleo, e lançam de helicópteros água salgada para resfriá-lo e evitar o temido processo de fusão por superaquecimento.

A "NHK" ressaltou que a radioatividade é "muito alta" e há uma "necessidade urgente" de que se injete líquido suficiente na piscina na qual estão armazenadas as barras de combustível atômico do reator número 4.

A temperatura na piscina chegou a 84 graus centígrados, muito acima do ideal para manter estáveis as barras, das quais 70% ficaram danificadas, segundo a agência "Kyodo".

Este mesmo reator - que estava apagado - sofreu há quase 24 horas outro incêndio, apagado em poucas horas, mas que fez com que a radioatividade superasse em até 100 vezes o limite permitido, embora segundo as autoridades não tenha ocorrido vazamento.

Apenas 50 dos 800 operários de Fukushima continuam na usina para tentar controlar os reatores, depois que o restante foi evacuado pelo risco de contaminação.

O perímetro de segurança de 30 quilômetros instaurado ao redor da central também foi declarado zona de exclusão aérea.

Fonte: EFE
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terça-feira, 15 de março de 2011

AIEA confirma nova explosão e vazamento de radiação à atmosfera

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou nesta terça-feira que houve uma explosão no reator 2 da usina nuclear Fukushima Diichi e que foi liberada radiação à atmosfera devido a um incêndio em um depósito de combustível no reator 4.

Em comunicado, a AIEA detalha que obteve a informação das autoridades japonesas, e que a explosão no reator 2 ocorreu por volta das 6h20 da hora local (18h20 de segunda-feira pelo horário de Brasília).

Além disso, há fogo no depósito de armazenamento de combustível usado do reator 4, na mesma usina atômica, seriamente danificada pelo terremoto e o posterior tsunami de sexta-feira, e está escapando radioatividade diretamente para a atmosfera.

No local, foi registrado nível de radioatividade de até 400 microsievert por hora.

"As autoridades japonesas estão dizendo que há a possibilidade de o fogo ter sido causado por uma explosão de hidrogênio", acrescenta a nota.

O governo japonês disse nesta tarde de terça-feira, no horário local, que a temperatura dos reatores 5 e 6 da usina nuclear central de Fukushima, ao nordeste do país, estava subindo, da mesma forma como já ocorrera com os outros quatro reatores da planta, o que causou explosões, incêndios e liberação de substâncias radioativas. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o incêndio que houve hoje no edifício do reator 4 provocou, de fato, a emissão direta de substâncias radioativas na atmosfera

Fonte:EFE
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Japão após terremoto seguido de tsunami fica a beira de um desastre nuclear

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As autoridades do Japão alertaram sobre o aumento dos níveis de radiação após a explosão e o incêndio ocorridos na manhã desta terça-feira na usina nuclear de Fukushima.

Segundo a agência "Kyodo", a radiação foi até 33 vezes superior ao limite legal em Utsunomiya, capital da província de Tochigi, ao norte de Tóquio, e também se mediu radiação nove vezes acima do normal em Kanagawa, ao sul da capital japonesa.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, indicou que os níveis de radiação se elevaram significativamente após os incidentes ocorridos nesta terça-feira em Fukushima, onde quatro reatores já sofreram avarias.

Kan pediu a todas as pessoas que vivem em um perímetro de 30 quilômetros ao redor da usina que não saiam de suas casas, não abram as janelas e evitem ligar os aparelhos de ar-condicionado.

O Ministério de Transportes estabeleceu uma zona de exclusão aérea dentro da área classificada como de risco em Fukushima, onde uma explosão ao amanhecer atingiu o invólucro secundário do reator número 2 e um incêndio foi registrado no edifício do reator 4.

Yukio Edano, o porta-voz do Governo, assinalou que o nível de radiação chegou a 100 vezes acima do limite normal no reator número 4, enquanto no reator número 3 o índice foi até 400 vezes superior.

Edano disse que os níveis podem se tornar prejudiciais à saúde humana se seguirem aumentando.

Apenas 50 dos 800 trabalhadores de Fukushima permanecem na usina, que evacuou o restante pelo risco de contaminação nuclear após o terremoto de 9 graus.

A empresa operadora da central, a Tokyo Electric Power (Tepco), reconheceu que não descarta fusões parciais do núcleo dos reatores 1, 2 e 3, pois o 4 não estava em funcionamento no momento das chamas.

Kan solicitou que os cidadãos japoneses mantenham a calma diante da série de acidentes em Fukushima, que deixaram o mundo alarmado pelo temor de uma emergência nuclear.

No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assegurou que eram limitadas as radiações emitidas desde Fukushima até então.


Nova explosão atinge reator de usina abalada por tremor no Japão

Uma nova explosão foi ouvida na terça-feira (horário local) na usina nuclear japonesa que foi abalada pelo recente terremoto, afirmou a agência de segurança nuclear do país.

As autoridades do complexo Fukushima Daiichi, danificada na sexta-feira depois do terremoto seguido de tsunami, estão tentando evitar o colapso de todos os três reatores nucleares da usina.

Já foram registradas duas explosões que arrancaram algumas telhas da instalação, mas sem danificar os vasos do reator, disseram autoridades. Não havia informação imediata sobre danos após a terceira explosão.

A agência de notícias Jiji citou o ministro do Comércio dizendo que após a explosão a radiação continuava em nível baixo.

Ainda, segundo a agência de segurança nuclear japonesa, a explosão ocorrida no reator número 2 foi causada por hidrogênio.


Combustão de hidrogênio causa incêndio no edifício do reator 4 de Fukushima

Um incêndio está ocorrendo nesta terça-feira no edifício que abriga o reator número 4 da usina nuclear de Fukushima devido a uma combustão de hidrogênio, segundo informou o Governo japonês.

O novo incidente se soma aos problemas que já foram registrados nos reatores 1, 2 e 3 da usina número 1 de Fukushima, onde desde sábado houve três explosões devido ao devastador terremoto que atingiu o Japão na sexta-feira.

Segundo o porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, o incêndio que ameaça o reator número 4 segue ativo e as equipes da usina nuclear estão tentando controlá-lo.

Edano informou que o fogo se registra no quarto andar do edifício que abriga o reator número 4 e que alguns objetos caíram à estrutura do reator, que não se encontrava em funcionamento.

Pouco antes, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, reconheceu que aumenta a chance de vazamentos radioativos na usina Daiichi, enquanto a empresa operadora, a Tokyo Electric Power (Tepco), não descarta fusões do núcleo dos reatores devido ao superaquecimento.

Segundo Edano, o nível de radiação na região do reator número 4 supera 100 vezes o limite legal permitido, enquanto no reator número 3 o número já é 400 vezes superior ao teto recomendado.

Na usina nuclear número 1, só restam 50 trabalhadores, depois que o restante dos empregados, cerca de 800, foi evacuado. O Governo, por sua vez, pediu aos habitantes em um perímetro entre 20 e 30 quilômetros ao redor da central que permaneçam em suas casas e fechem as janelas.

Foi registrada na manhã desta terça-feira uma explosão na estrutura que protege o reator número 2 de Daiichi, a terceira desde o sábado.

As outras explosões ocorreram nos invólucros secundários dos reatores número 1, no sábado, e do número 3, no domingo, sem que, segundo o Governo japonês, seus núcleos tenham sido afetados.

O primeiro-ministro pediu calma à população japonesa diante dos crescentes problemas na usina de Fukushima, que alarmaram o mundo pelo temor de uma emergência nuclear.

Na segunda-feira, no entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, a agência nuclear da ONU) enviou uma mensagem de tranquilidade, ao assinalar que eram limitadas as radiações emitidas desde Fukushima até então.

Fonte: Reuters / EFE
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