Mostrando postagens com marcador COAN. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador COAN. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de maio de 2021

IMPRESSIONANTES IMAGENS DA GUERRA DAS MALVINAS

0 comentários


Entre os meses de maio e junho de 1982 ocorreu a inesperada e curta, mas também brutal e violenta Guerra das Malvinas, até então um quase desconhecido arquipélago sob domínio britânico situado no gélido Atlântico Sul, entre a Argentina (que ocupou as ilhas durante a "Operação Rosário"), por ordens do chefe da Junta Militar que governava o país, o general Leopoldo Galtieri, e a Inglaterra (que efetuou a retomada das ilhas através da "Operação Corporate"), seguindo ordens da então primeira-ministra Margaret Thatcher.

Entre os quase 45 dias de combate, ocorreram ousadas ações de ambos os lados, como a "Operação Black Buck" por parte dos ingleses, com seus Avro Vulcan voando mais de 12 mil km para bombardear as ilhas, e os valentes ataques aéreos de aeronaves de alta performance dos argentinos (Dassault Mirage III e IAI Dagger) que, pelo fato dessas aeronaves não terem a capacidade de efetuar reabastecimento em voo, só poderiam permanecer sobre as ilhas apenas cinco minutos, senão não teriam combustível para retornar ao continente.

As quinze fotografias que estão nesse artigo, algumas inéditas no Brasil, foram cedidas gentilmente pelo Senhor Victor Hugo Martinón, um Veterano da Guerra das Malvinas (VGM) que lutou na guerra servindo a II Brigada Aérea, no Grupo I de Aerofotogrametria, originalmente situado na cidade de Paraná, Província de Entre Ríos, mas que estava destacado na BAM Comodoro Rivaldávia, onde também ele serviu no "Esquadrão Fênix", que operou aeronaves militares e civis em arriscadas missões de reconhecimento e despiste sobre o Oceano Atlântico e nas Malvinas.

O HMS Plymouth após ser atingido por tiros de 30 mm dos IAI Dagger.


O SS Atlantic Conveyor destruído após o incêndio causado pelo impacto do míssil Exocet argentino no dia 25/05/1982.

O Atlantic Conveyor acabou afundando três dias depois, no dia 28/05/1982, quando estava sendo rebocado.

O HMS Coventry aderna após ser atingido pelos A-4 Skyhawks argentinos no dia 25/05/1982.

O HMS Coventy, já emborcado, afunda lentamente. Foto tirada do HMS Broadsword.


O RFA Sir Galahad arde em chamas após o ataque argentino do dia 8 de junho.

O Sir Galahad foi consumido pelo fogo e destruído. Ele acabou sendo afundado dias depois.

O A-4 Skyhawk do Tenente Fausto Gavazzi atacando o HMS Glasgow com canhões de 20 mm. Observem a baixa altura da aeronave em relação ao mar. Foto tirada do HMS Brilliant, 12/05/1982.

O HMS Ardent afundando em chamas após o feroz ataque argentino do dia 21/05/1982.

Um soldado inglês posa em frente do navio RFA Sir Tristan, pesadamente danificada pelos argentinos. O navio foi recuperado e serviu até 2005. 

O HMS Glasgow retorna a Inglaterra danificado por uma bomba MK117 argentina que não explodiu mas que causou danos significativos.

Danos causados pelos projéteis de 30 mm dos canhões DEFA dos Daggers no HMS Arrow.

Extensos danos no HMS Glamorgan, atingido por um Exocet lançado improvisadamente de terra pelos argentinos no dia 12/06/1982. 


Foto inicial: O HMS Plymouth após ser atingido por bombas de 1000 libras de um Dagger argentino. Mesmo assim o navio sobreviveu a guerra.


_____________________


Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


GBN Defense e Canal Militarizando - Juntos pelo Brasil!




Continue Lendo...

segunda-feira, 3 de maio de 2021

O ATAQUE AO HMS SHEFFIELD

0 comentários

 

O HMS Sheffield (D80), um destroier de mísseis guiados da Marinha Real Inglesa (Royal Navy) comissionado em 1975, foi atacado por mísseis Aerospatiale (hoje MBDA) AM 39 Exocet, lançados pelos Dassault Super Étendard da Aviação Naval Argentina (COAN) no dia 4 de maio de 1982, durante a Guerra das Malvinas. O ataque vitimou 20 membros da tripulação e deixou vários feridos. Dias depois, no dia 10 de maio, ao ser rebocado, o Sheffield acabou afundando. O ataque argentino entrou para a História por ser o primeiro a usar mísseis lançados por aviões contra navios. O ataque tornou famoso o míssil antinavio de origem francesa Exocet. O ataque também foi o batismo de fogo do COAN.

Antecedentes: a ação inglesa

Desde o início da “Operação Corporate” (a ação inglesa de retomada das Ilhas Malvinas, ocupadas pelos argentinos desde o dia 2 de abril de 1982) a Argentina havia sofrido a perda de várias aeronaves da Força Aérea Argentina (FAA) no dia 1º de maio (primeiro dia da operação) e a Marinha Argentina sofreu com a perda do cruzador ARA General Belgrano no dia 2 de maio e o ataque ao ARA Alférez Sobral no dia 3 de maio. Os argentinos então queriam encontrar uma forma de vingar essas perdas e iniciaram planejamentos visando atacar a Força-Tarefa inglesa usando seu moderníssimo míssil antinavio Exocet, nunca testado em combate real até então. Os argentinos tinham apenas cinco preciosas aeronaves de ataque (que poderiam lançar o míssil Exocet) Dassault Super Étendard, únicos equipados com o poderoso radar Agave de ataque, e cinco unidades do míssil, na versão AM 39 (ar-terra), então teriam de ser precisos.

O comandante da Força-Tarefa inglesa, almirante John Forster “Sandy” Woodward, esperava repetir o sucesso britânico ao abater muitas aeronaves argentinas como ocorreu no dia 1º de maio. A força naval, formada pelos porta-aviões HMS Hermes e HMS Invincible, suas escoltas e navios de apoio, navegou para o oeste, durante a noite do dia 3-4 de maio, posicionando a força a uma distância de cerca de 180 km ao sul do então Puerto Argentino (Port Stanley). Devido à falta de uma aeronave de alerta aéreo aproximado (AEW), três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow, Coventry e Sheffield) foram então posicionados formando uma espécie de um “piquete aéreo” a uma distância de cerca de 40 km à frente da força principal, prontos para enfrentar a ameaça aérea argentina usando seus sistemas antiaéreos.

A política britânica era que qualquer navio da Royal Navy que suspeitasse estar sob ataque de mísseis virasse em direção à ameaça, acelerasse à velocidade máxima e atirasse chaff (tiras de alumínio para tentar desviar do alvo o míssil atacante) para evitar que o navio fosse pego indefeso. A palavra-código utilizada para iniciar este procedimento era “freio de mão”, que deveria ser transmitido assim que o sinal do radar Agave da aeronave Super Étendard fosse captado. Dentro da força-tarefa, a ameaça do submarino argentino Tipo 209 foi vista como uma prioridade mais alta do que a ameaça do ar. Após o naufrágio do General Belgrano, o Capitão James Salt, comandante do Sheffield, ordenou que o navio mudasse de curso a cada 90 segundos para conter qualquer ameaça potencial de submarino argentino.

 

Detectando a Força-Tarefa inglesa

O HMS Sheffield (Fonte: Wikipédia).


O Sheffield foi detectado pela primeira vez por uma aeronave de patrulha do COAN Lockheed SP-2H Neptune (matrícula 2-P-112) às 07:50h do dia 4 de maio de 1982. O Neptune manteve os navios britânicos sob vigilância, verificando a posição do Sheffield novamente às 08:14h e 08:43h. Uma ordem fragmentária de ataque então foi emitida pelo comando da Força-Tarefa 80 (que coordenava as aeronaves do COAN na guerra) e duas aeronaves Dassault Super Étendard do COAN, ambos armados com um Exocet AM39 na asa direita e um tanque de combustível na asa esquerda, para evitar assimetria, decolaram da base aérea naval de Río Grande, na Terra do Fogo, às 09:45h e em total silêncio-rádio e se encontraram com uma aeronave de reabastecimento em voo Lockheed KC-130H Hercules da FAA para serem reabastecidas às 10:00h. As duas aeronaves eram a 3-A-202, pilotada pelo comandante da missão Capitán de Corbeta Augusto Bedacarratz, e a 3-A-203, pilotada pelo Teniente de Navío Armando Mayora.

Um Dassault Super Étendard do COAN armado com um míssil antinavio Exocet. (Fonte: Blog Poder Naval)


Nas semanas que antecederam o ataque, os pilotos argentinos vinham praticando táticas contra seus próprios navios, pois os argentinos possuíam destroieres Tipo 42 da mesma classe do Sheffield e, portanto, conheciam bem o horizonte do radar, distâncias de detecção e tempos de reação do radar do navio, bem como o procedimento ideal para programar o míssil Exocet para um perfil de ataque bem-sucedido. A técnica que eles usaram é conhecida coloquialmente como “Pecking the Lobes” (“Bicando os Lóbulos”), em referência à aeronave sondando os lobos laterais do radar emissor usando o receptor de alerta do radar. A aeronave pode evitar a detecção evitando o lóbulo principal do radar emissor, além de voar bastante baixo sobre o mar (de 10 a 15 metros de altura) fazendo apenas uma pequena subida para ligar rapidamente o radar para conferir a navegação e se há algum alvo mais próximo.

 

O ataque

Posição da Força-Tarefa inglesa durante o ataque do dia 4 de maio de 1982. (Fonte Quora)


Às 10:35h, o Neptune subiu para 1.170 metros de altitude e detectou um contato grande e dois de tamanho médio. Poucos minutos depois, o Neptune atualizou os Super Étendard com as posições. Por volta das 10:50 ambos os Super Étendard subiram a 160 metros para verificar esses contatos, mas não conseguiram localizá-los e voltaram à baixa altitude. Mais tarde, eles subiram novamente e após alguns segundos de varredura, os alvos apareceram em suas telas de radar. Ambos os pilotos carregaram as coordenadas em seus sistemas de armas, voltaram ao nível baixo e, após verificações de última hora, cada um lançou seu míssil Exocet AM 39 às 11:04h, a uma distância de 32 a 48 km de seus alvos, e efetuaram o retorno ao continente ema alta velocidade. Os Super Étendard não precisaram ser reabastecidos pelo KC-130 no ponto onde eram esperados e pousaram sem problemas em Río Grande às 12:10h, com o Neptune pousando um pouco antes, às 12:04h, também em Río Grande. Um cumprimento de mão entre os dois pilotos encerrou a missão, sem no momento os argentinos saberem se haviam realmente acertado alguma coisa. Apoiando a missão também estavam um Learjet 35 como distração e dois IAI Dagger da FAA como escoltas do KC-130.

 

O alvo: o HMS Sheffield

Aproximadamente às 10:00h do dia 4 de maio, o Sheffield estava em prontidão de segundo grau, mais ao sul dos três destroieres Tipo 42 (os HMS Glasgow e Coventry) operando como um piquete antiaéreo avançado, formando um perímetro defensivo entre 29 a 48 km a oeste da força-tarefa principal, que ficava a sudeste das Malvinas. O tempo estava bom e o mar calmo, com ondas de dois metros. O HMS Invincible, que estava com a força-tarefa principal, era responsável pela Coordenação da Guerra Antiaérea (AAWC). O Sheffield havia acabado de substituir o Coventry na função, pois este estava tendo problemas técnicos com seu radar Tipo 965.

Antes do ataque, os operadores de radar do Sheffield estavam tendo dificuldades em distinguir as aeronaves inimigas, provavelmente pelo destróier não ter um IFF (identificação amigo-inimigo) eficaz ou ele estar sofrendo interferência do próprio radar do navio. Apesar das informações recebidas de inteligência que identificaram um ataque de mísseis Exocet lançados por aeronaves Super Étendard como possível, o Sheffield avaliou a ameaça dos Exocet como superestimada nos dois dias anteriores, e desconsiderou outro como um alarme falso.

Como o radar Tipo 965 não conseguia detectar aeronaves voando baixo, por causa da curvatura da Terra, as duas aeronaves inimigas em aproximação não foram detectadas mesmo voando a 30 metros de altura. As duas aeronaves foram detectadas a uma distância de apenas 74 km pelo UAA1, o sistema RWR (receptor alerta-radar) do navio. Isso foi então confirmado pelo radar de alerta de aeronaves de longo alcance 965M do Glasgow quando uma das aeronaves estava a 37 metros de altura efetuando uma verificação do seu radar a cerca de 83 km do navio. O Glasgow imediatamente entrou em alerta e comunicou a palavra-código de advertência “Freio de mão” pelo UHF e HF a todos os navios da força-tarefa. Os contatos de radar também foram vistos pelo Invincible, que vetorou duas aeronaves Sea Harrier em PAC (patrulha aérea de combate) para investigar, mas eles não detectaram nada. O AAWC em Invincible declarou os contatos do radar como falsos e deixou o nível de advertência em amarelo, em vez de aumenta-lo para vermelho.

Em resposta ao aviso do Glasgow, uma ordem de prontidão foi emitida para as tripulações do canhão de 4,5 polegadas, Sea Dart e canhões de 20 mm. As aeronaves foram detectadas no radar avançado Tipo 909, mas não no conjunto de popa. O sensor UAA1 de Sheffield foi então bloqueado por uma transmissão não autorizada pelos sistemas de comunicação por satélite da nave (SCOT). Nenhuma informação foi recebida via link de dados de Glasgow. Sete segundos depois, o primeiro míssil Exocet foi disparado, em resposta ao qual Glasgow começou a lançar chaffs para tentar despistar o míssil. A bordo do Sheffield, só quando a fumaça do míssil foi avistada pelos vigias é que a tripulação percebeu que estava sob ataque. Os oficiais da ponte não chamaram o capitão para a ponte, não fizeram chamadas para estações de ação, não tomaram medidas evasivas e não fizeram nenhum esforço para preparar o canhão de 4,5 polegadas, os mísseis SAM Sea Dart ou ao menos ordenar o disparo de chaffs. O oficial de guerra antiaéreo foi chamado à sala de operações pelo principal oficial de guerra, chegando pouco antes de o primeiro míssil atingir.

Um dos mísseis acabou errando o alvo, atingindo o mar a cerca de 800 metros à sua esquerda, sendo visto pela escolta Yarmouth. O outro Exocet atingiu o Sheffield à sua direita, no nível 2 do convés, penetrou o casco do navio e acabou rompendo a antepara da Sala de Máquinas Auxiliar de Vante/Sala de Máquinas de Vante 2,4 metros acima da linha de água, criando um buraco no casco de aproximadamente 1,2 metros por 3 metros. Aparentemente o míssil não explodiu, apesar de desativar os sistemas de distribuição elétrica do navio e rompendo o duto de água do mar pressurizado. Os danos ao sistema de incêndio prejudicaram gravemente qualquer resposta de combate a incêndios e, eventualmente, condenou o navio a ser consumido pelo fogo, iniciado pelo propelente do próprio míssil.

O fogo consome o Sheffield (Foto: Blog Poder Naval)


No momento do ataque, o capitão estava de folga em sua cabine após ter visitado anteriormente a sala de operações, enquanto o oficial de guerra antiaérea de Sheffield (AAWO) estava na sala dos oficiais conversando com os comissários e seu assistente estava na ponte. O Sheffield e Coventry estavam trocando informações em UHF e as comunicações cessaram e logo depois uma mensagem não identificada foi ouvida declarando categoricamente: “O Sheffield foi atingido!”

 

A reação inglesa

A nau capitânia da Força-Tarefa, HMS Hermes, despachou as suas escoltas Arrow e Yarmouth para o local do piquete para verificar o que havia ocorrido, e um helicóptero foi lançado para o local. Alguns minutos depois o helicóptero orgânico do Sheffield, um Westland Sea Lynx pousou inesperadamente a bordo do Hermes transportando o oficial de operações aéreas e o oficial de operações, confirmando o ataque. Os ingleses entraram em choque. Com os principais sistemas de combate a incêndios fora de ação devido à perda do duto principal de água, a tripulação do navio passou a combater o incêndio com mangueiras acionadas por bombas portáteis movidas a eletricidade e simples baldes de água. As escoltas Arrow e Yarmouth, logo que chegaram ao local, passaram a auxiliar no combate do fogo do lado de fora (com pouco efeito) posicionando-se a esquerda e a direita do Sheffield, respectivamente.

O ponto de impacto do Exocet no navio. (Foto: Blog Poder Naval)


A tripulação do Sheffield lutou por quase quatro horas para salvar o navio antes que o Capitão Salt tomasse a difícil decisão de abandonar o navio devido ao risco de os incêndios chegarem ao paiol ou aos mísseis do navio, como o grande Sea Dart, a perda da capacidade de combate do destróier e a exposição do Arrow e Yarmouth a um ataque aéreo inimigo. A maior parte da tripulação do Sheffield passou para a Arrow, alguns transferidos para a Yarmouth, enquanto os mortos e os feridos foram levados de helicóptero para o Hermes.

Nos seis dias seguintes, a partir de 4 de maio de 1982, enquanto o navio ainda flutuava, cinco inspeções foram feitas para ver se valia a pena salvar algum equipamento. Ordens foram emitidas para escorar o buraco no lado estibordo de Sheffield e rebocar o navio para a Geórgia do Sul. Antes que essas ordens fossem emitidas, o navio queimado estava sido rebocado pelo Yarmouth. O mar agitado por onde o navio foi rebocado causou uma inundação lenta pelo buraco onde o míssil entrou no costado do navio, causando uma inclinação para estibordo e que acabou fazendo o Sheffield capotar e afundar próximo a borda da Zona de Exclusão Total na posição 53º04’S 56º56’O no dia 10 de maio de 1982. Foi o primeiro navio da Royal Navy afundado em ação desde a Segunda Guerra Mundial.

Dos 281 membros da tripulação, 20 (principalmente em serviço na área da cozinha e na sala de informática) morreram no ataque e outros 26 ficaram feridos, principalmente por queimaduras, inalação de fumaça ou choque elétrico. Apenas um corpo foi recuperado. Os sobreviventes foram levados para a Ilha de Ascensão no navio-tanque RFA British Esk. O naufrágio é atualmente um túmulo de guerra e designado como local protegido ao abrigo da Lei de Proteção de Restos Militares de 1986.


Consequências

Um Conselho de Inquérito do Ministério da Defesa (MOD) foi convocado no HMS Nelson, no dia 7 de junho de 1982. Eles relataram suas descobertas em 28 de junho de 1982. O relatório do conselho criticou severamente o equipamento, o treinamento e os procedimentos de combate a incêndio do navio, identificando que os fatores críticos que levaram à perda de Sheffield foram, dentre outros, falta de preparo das equipes de defesa e sistemas eletrônicos do navio, falha do radar em detectar as aeronaves, ineficiência do sistema ECM (contramedidas eletrônicas), lenta resposta do radar de controle de fogo do Sea Dart a ameaça, deficiências no projeto do navio que dificultaram o combate do fogo, presença em excesso de material inflamável no navio e ausência de respiradores e outros equipamentos adequados para combater o fogo com eficácia.

As tentativas de salvar o navio foram infrutíferas. (Foto: Blog Poder Naval


O Capitão do navio, James Salt, foi isento de qualquer acusação, pois para o conselho, suas decisões após o impacto do míssil e de abandonar o navio foram corretas. Em 2006 ocorreu a liberação do relatório através da Lei de Liberdade de Informações do Reino, onde ocorreram acusações de negligência contra alguns dos tripulantes em comando do navio, que foi abafada pelo conselho em 1982. Em 2015, após uma revisão dos eventos ocorridos, foi descoberta que a ogiva do míssil Exocet realmente explodiu, com os resultados obtidos por modernos equipamentos de análise de danos, não disponíveis em 1982.

Já na Argentina as notícias de que o Sheffield fora atingido e posto fora de ação foram recebidas com muita satisfação pela Força-Tarefa 80, pela Força Aérea Sul (que gerenciava a Força Aérea Argentina na Guerra das Malvinas) e pelo povo argentino. Boatos de que no mesmo ataque foram atingidos outros navios e também o HMS Hermes ajudaram a levantar o moral das tropas nas ilhas, no continente e na população em geral. Mesmo assim o afundamento do HMS Sheffield mostrou que os argentinos não estavam mortos no conflito e ainda iriam dar muito trabalho aos ingleses.


Com informações retiradas da Wikipédia, Canal Militarizando, Revista Força Aérea e Blog Forças de Defesa.

*Foto de capa: Reprodução do momento em que os Dassault Super Étendard do COAN lançam seus mísseis antinavio Exocet contra o HMS Sheffield. (Fonte: Blog Poder Naval)

_____________________

Por: Luiz Reis - Editor-Chefe do Canal Militarizando, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Contato: [email protected]


GBN Defense e Canal Militarizando - Juntos pelo Brasil!

Continue Lendo...

domingo, 31 de maio de 2020

O SAS EM AÇÃO NO ATLÂNTICO SUL: O ATAQUE A ILHA PEBBLE

0 comentários

Durante os meses de abril e junho de 1982, ocorreu a improvável e imprevista Guerra das Falklands (ou Malvinas), conflito armado que envolveu a Argentina, que na época vivia uma sangrenta Ditadura Militar, liderada pelo Presidente general Leopoldo Galtieri, e a então terceira maior potência militar do mundo, a Inglaterra, liderada pela Primeira-Ministra Margareth Thatcher.

Foi um conflito que surpreendeu e chocou o mundo e a vitória inglesa mostrou a força, treinamento e a capacidade de mobilização de suas forças armadas, em especial a sua marinha, (a Royal Navy), que rapidamente formou uma grande e poderosa esquadra que percorreu rapidamente mais de 10 mil quilômetros, chegando em poucas semanas na zona de conflito praticamente pronta para o combate.

Durante a guerra, várias batalhas ocorreram, desde a luta pela supremacia aérea da região, entre as forças aéreas e aeronavais inglesas e argentinas, além de vários combates em terra entre os exércitos inglês e argentino, como o desembarque da Baía San Carlos, as batalhas do Monte Kent, Two Sisters e Wireless Rigde, além de vários ataques, como o ataque a Bluff Cove, a Darwin, a Top Malo House, entre outros.

Muitas dessas batalhas e ataques ocorreram sob condições adversas e grande probabilidade de fracasso, mas outras tiveram resultados que até superaram as expectativas. Esse texto vai tratar de um dos ataques mais impressionantes da Guerra das Falklands-Malvinas, o Ataque a Ilha Pebble entre os dias 14 e 15 de maio de 1982, cujos resultados foram decisivos para o curso da guerra e suas ações impressionam até os dias de hoje.

A ILHA PEBBLE

Mapa das Ilhas Falklands (Malvinas) onde podem ser vistas ao Norte a Ilha Pebble (Pebble Island) e a Baía de San Carlos (Port San Carlos)

A ilha (chamada de “Isla Borbón” pelos argentinos), a quinta maior do arquipélago das Falklands, se estende por 35 quilômetros e cerca de seis quilômetros em seu ponto mais largo, com uma área total de 103,36 km². Seus três pontos altos são Primeira Montanha (277 m), Montanha Média (214 m) e Montanha de Mármore (237 m), todos os quais se encontram na parte ocidental da ilha. A parte oriental da ilha tem lagos e terras úmidas, encontrando-se muito bem preservadas até os dias de hoje.

As duas metades são unidas por um pequeno istmo no qual se encontra a pequena vila de Pebble Island, onde os habitantes vivem (cerca de 50 pessoas em 1982). A ilha é uma fazenda de ovelhas desde 1846, fundada por John Markham Dean, um inglês que comprou Pebble e três ilhas vizinhas por 400 libras esterlinas, que introduziu a criação de ovelhas na ilha (hoje são criadas seis mil ovelhas) e também criam gado de corte.

A OCUPAÇÃO ARGENTINA DA ILHA

No dia 23 de abril de 1982, semanas após a invasão de Port Stanley pela Argentina (ocorrida no dia 2 de abril) a pacata vida dos habitantes da ilha é quebrada quando pousa uma aeronave (provavelmente um Shorts Skyvan da Prefeitura Naval Argentina) na pequena e rudimentar pista de pouso de grama da ilha (de cerca de 800 metros de extensão), supostamente para entregar correspondência. Um dos tripulantes pesquisou e fotografou a pista e logo após um helicóptero pousou com uma patrulha argentina. A patrulha marchou até a pequena vila e confiscou todos os rádios e transmissores dos habitantes, confinando-os em suas casas.

Os argentinos estabelecem uma base aérea na Ilha Pebble, chamada de “Estação Naval Calderón”, com cerca de 150 soldados e com aeronaves Beech T-34C-1 Turbo Mentor e FMA IA-58 Pucará. Esse esquadrão tinha como objetivo fazer voos de reconhecimento e ataque sobre a região norte das ilhas. Tal localização da base preocupou os ingleses, pois as aeronaves (e o radar instalado no campo de pouso) poderiam dificultar ou até mesmo frustrar um eventual ataque inglês nas praias da região, pois o litoral norte da ilha de West Falkland (ou Gran Malvina) era um dos prováveis locais para um desembarque inglês, além da ilha ser próxima da Baía de San Carlos, o real local da futura invasão inglesa do mês seguinte.

O SAS
Emblema do SAS.

O Special Air Service (SAS) foi criado durante a II Guerra Mundial, com o objetivo de ser uma tropa de elite do Exército Britânico, responsáveis por missões especiais, principalmente atrás das linhas inimigas e consideradas muito arriscadas. O SAS foi fundado como um regimento em 1941, depois, em 1950, foi reorganizado como um Corpo de Exército. No pós-guerra tornou-se uma força responsável por apagar os “pequenos incêndios” nas colônias, as quais enfrentavam o processo de descolonização, na Ásia e Oriente Médio nos anos 1950 e na África na década de 1960. Lutaram com grande bravura na Malásia, Omã, Iêmen e Gâmbia.

Na década de 1970 o SAS se especializou na luta contra o terrorismo, inicialmente assessorando (e segundo algumas fontes, participando) juntamente com o grupo antiterrorista GSG 9 da então Alemanha Ocidental, da missão de resgate aos reféns do voo 181 da Lufthansa em Mogadício, Somália. Depois participaram em missões contra o Exército Republicano Irlandês (IRA) na Irlanda do Norte e ganhou notoriedade em 1980 com o resgate dos reféns da Embaixada do Irã em Londres. Parecia que o SAS tinha se tornado um esquadrão antiterrorista, mas o surpreendente início da Guerra das Malvinas fez com que a unidade fosse convocada para o conflito e voltasse a ser uma unidade militar de elite.

O PLANEJAMENTO DO ATAQUE

Segundo os planejamentos, inicialmente era prevista uma inserção aérea (infiltração) de um esquadrão (Esquadrão D, 22º Regimento) a partir do porta-aviões HMS Hermes. A tropa de assalto destruiria as aeronaves do campo de pouso e o radar, além de eliminarem a tripulação das aeronaves, o pessoal de apoio e neutralizarem a guarnição de proteção inimiga antes da exfiltração de helicóptero, retornando ao convés do porta-aviões ainda antes do amanhecer.

O reconhecimento para o ataque foi conduzido por pessoal da Tropa de Barcos do Esquadrão D, conduzindo uma infiltração usando canoas Klepper. A patrulha descobriu que fortes ventos contrários na região aumentariam o tempo necessário para voar a partir do ponto de partida de Hermes, atrasando o tempo no alvo e reduzindo a janela ofensiva disponível para trinta minutos, em vez dos noventa planejados.

Devido a essa nova informação, o planejamento determinou então a importância de se destruírem as aeronaves em solo como prioridade, com a eliminação e do pessoal de apoio como uma prioridade secundária. A destruição do radar, que seria um dos alvos da missão a princípio, seria deixada de lado. A operação teria como codinome “Prelim”.

O ATAQUE

Mapa da "Operação Prelim", o Ataque do SAS a Ilha Pebble, 14/15 de maio de 1982. (Foto ProSIM)

No dia 14 de maio à noite, dois helicópteros Westland Sea King HC4 do Esquadrão Naval Nº 846, parte do Commando Helicopter Force da Royal Navy, partiram com 45 membros do Esquadrão D a bordo. A zona de pouso ficava a seis quilômetros da pista de pouso de Pebble Island. A equipe principal de ataque (vinte membros da Tropa de Montanha do Esquadrão D, comandados pelo Capitão John Hamilton) foi encarregada da destruição dos aviões argentinos, enquanto o restante do pessoal atuou como uma força de proteção, garantindo a aproximação do grupo principal à pista de pouso e formando uma reserva operacional.

Representação de um Operador do SAS que atuou no ataque a Ilha Pebble

O grupo de ataque descarregou mais de 100 morteiros L16 de 81mm, cargas explosivas e foguetes de 66mm Light Anti-tank Weapons (LAW) L1A1, com cada homem no grupo de ataque carregando pelo menos duas bombas de morteiro. Como armas leves, foram usados rifles M16A1, alguns com lançadores de granadas M203. Os operadores também levaram granadas de fósforo branco e pistolas 9 mm. Nas mochilas eram levados binóculos de visão noturna, munição, roupas secas e rações para três dias. A navegação de aproximação foi conduzida por um membro da Tropa de Barcos que realizou o reconhecimento antes da ação.

Quando o grupo de ataque se aproximou do alvo, avistaram um soldado argentino, mas não foram vistos, permitindo que eles entrassem no alvo e colocassem cargas explosivas em sete aeronaves. Uma vez que todas as aeronaves foram preparadas, a equipe de ataque abriu fogo contra a aeronave com armas pequenas e foguetes L1A1. Todas as aeronaves foram danificadas, com algumas tendo suas munições instaladas detonadas.

O destroier HMS Glamorgan (D19), que apoiava a missão, também começaram a bombardear as posições argentinas no campo de pouso usando seu canhão de 4,5 polegadas e disparando balas de alto explosivo, atingindo o depósito de munição e as reservas de combustível. Os argentinos não conseguiram se agrupar para tentar uma contra-ofensiva até o momento do início da saída dos ingleses para a exfiltração.

Assim que os argentinos se agruparam, partiram para perseguir os ingleses. Um operador britânico foi atingido e ferido pelos argentinos. enquanto o grupo de ataque revidou atirando com armas pequenas e lançadores de granadas M203, resultando na morte do oficial comandante argentino (de acordo com avaliações britânicas) e na supressão de qualquer esforço defensivo.

Fotografia aérea da pista de grama da Ilha Pebble logo após o ataque do SAS, onde se veem aeronaves argentinas destruídas. 

A versão argentina afirma que seus soldados permaneceram em abrigos durante o bombardeio do Glamorgan, por isso não puderam enfrentar o SAS em combate. Os feridos britânicos foram o resultado de estilhaços de cargas explosivas instaladas pelos argentinos sob a pista para negar seu uso ao inimigo. As explosões foram desencadeadas na crença de que a operação era um ataque em grande escala para tomar a base aérea.


Um IA-58 Pucará da Força Aérea Argentina (Acima) e um T-34 Mentor da Armada Argentina (Embaixo) destruídos durante o ataque do SAS a Ilha Pebble em 1982. (Reprodução Internet)

Todos os operadores foram para a área determinada para extração e voltaram a salvo para o HMS Hermes. O ataque foi um sucesso e ao todo o SAS destruiu seis IA-58 Pucarás do Grupo de Aviação Nº 3, quatro T-34 Turbo Mentor do Esquadrão Nº 4 da Aviação Naval Argentina e um transporte Shorts Skyvan da Guarda Costeira, além de uma grande quantidade de munição e combustível antes de se retirar. Supostamente o comandante da guarnição argentina foi morto e um operador do SAS foi ferido. Até os dias de hoje alguns destroços dessas aeronaves destruídas permanecem na ilha.

APÓS O ATAQUE

A missão foi um grande sucesso, pois após ela não havia mais nenhuma aeronave argentina na Ilha de Pebble para interferir nos desembarques britânicos na Baía de San Carlos e o ataque fez o moral do inimigo baixar ainda mais. Os ingleses, animados pelo sucesso da missão, chegaram a planejar um ataque visando destruir aeronaves argentinas no continente, a “Operação Mikado”, mas devido ao alto risco, a missão foi cancelada.

Capitão Gavin Hamilton

O ataque realizado pelo SAS lembrou as primeiras missões realizadas pelo esquadrão na Campanha do Norte da África na Segunda Guerra Mundial. Um dos líderes da missão, o Capitão Gavin Hamilton, foi posteriormente morto em outra ação do SAS, já no final da guerra. As forças argentinas continuaram ocupando a ilha até que foram evacuadas no dia 1º de junho de 1982 por dois helicópteros da Marinha argentina.

Após o final da guerra, o SAS continuou operacional e participou de operações na Guerra do Golfo em 1991, em Serra Leoa em 2000, na Invasão do Iraque em 2003 e no Afeganistão desde 2001. Também mais recentemente, participou de operações na Líbia em 2011 e na Síria desde 2014, contra principalmente o recém-derrotado Estado Islâmico. O SAS é uma verdadeira tropa de elite e seus operadores tem a consciência e a honra de servirem a uma das tropas mais experientes e preparadas do mundo.


FOTO DE CAPA: Reprodução do SAS atacando as aeronaves argentinas na Ilha Pebble. (Reprodução Facebook)

Com informações retiradas da Wikipedia.


______________________________


Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


GBN Defense – A informação começa aqui
Continue Lendo...

UMA MISSÃO SUICIDA: A OPERAÇÃO MIKADO

0 comentários

A “Operação Mikado” foi o codinome de um ambicioso plano militar do Reino Unido para usar as tropas do Serviço Aéreo Especial (SAS) para atacar a base onde estavam situados os cinco (quatro operacionais e um usado como fonte de peças de reposição) caças Super Étendard da Aviação Naval da Argentina situadas em Río Grande, Terra do Fogo, durante a Guerra das Falklands/Malvinas em 1982. O homem encarregado do planejamento foi o brigadeiro Peter de la Billière, então comandante do SAS.

O então brigadeiro Peter de la Billière, comandante do SAS. (Reprodução Wikipedia)

O objetivo da operação era destruir os três mísseis antinavio Exocet remanescentes que a Argentina ainda possuía (um já havia sido usado no ataque que resultou no afundamento do HMS Sheffield) e as aeronaves que os transportavam, e matar os pilotos em seus alojamentos. Para conseguir isso, o brigadeiro Peter de la Billière propôs uma operação semelhante à “Operação Thunderbolt” (o famoso resgate israelense dos reféns em Entebbe, Uganda), que consistia em pousar aproximadamente 55 soldados da SAS em duas aeronaves Lockheed C-130 Hercules da Royal Air Force (RAF) diretamente na pista da base aérea de Río Grande.
A movimentada BAM Río Grande durante a Guerra das Malvinas. (Reprodução Internet)

De acordo com o plano, os Hercules seriam mantidos na pista com os motores funcionando enquanto os 55 homens da Esquadrão B do SAS realizavam sua missão. Se os Hercules não fossem danificados, então eles iriam voar até a base aérea chilena em Punta Arenas. Caso contrário, os membros sobreviventes do Esquadrão SAS e da tripulação se deslocariam até a fronteira chilena, a cerca de 80 quilômetros de distância, uma tarefa quase impossível de ser realizada.

PREPARATIVOS DA MISSÃO E RECONHECIMENTO PRELIMINAR

Localização da Terra do Fogo, Argentina, onde ficava a BAM Río Grande durante a Guerra das Malvinas. (Reprodução Internet)

Uma missão preliminar de reconhecimento em Río Grande, codinome “Operação Plum Duff”, foi lançada do HMS Invincible na noite de 17/18 de maio, como um prelúdio para o ataque. A operação consistia em transportar uma pequena equipe do SAS para o lado argentino da Terra do Fogo em um helicóptero Westland Sea King HC.4 da Royal Navy. A equipe então marcharia até a base aérea de Río Grande e montaria um posto de observação para coletar informações sobre as defesas da base.

A missão exigia que o helicóptero Sea King viajasse a uma distância além do seu raio operacional, então essa seria uma missão sem a possibilidade do retorno da aeronave ao porta-aviões. Portanto, as ordens da tripulação consistiam em deixar a equipe do SAS na Argentina, indo depois para o Chile e descartar a aeronave afundando-a em águas profundas.

A fracassada "Operação Plum Duff", que inviabilizou a Operação Mikado. (Reprodução Internet)

A aeronave, com três tripulantes e oito operadores da equipe SAS, decolou da Invencible às 00:15h de 18 de maio. Devido a um inesperado encontro com uma sonda de perfuração em um campo de gás offshore argentino, ela foi forçada a desviar, acrescentando mais vinte minutos ao translado. Ao aproximar-se da costa argentina após quatro horas de voo, a neblina reduziu a visibilidade a menos de um quilômetro. Ao se aproximarem de doze milhas do ponto de desembarque planejado do SAS, a visibilidade foi reduzida a tal ponto que o piloto foi forçado a pousar. O piloto e o comandante da patrulha da SAS discordaram sobre sua posição exata, enquanto o comandante do SAS também tinha certeza de que haviam sido vistos por uma patrulha argentina: ele pediu para ser deixado na fronteira entre a Argentina e o Chile. Os pilotos foram forçados a voar usando instrumentos para o Chile neutro. A equipe do SAS foi deixada na costa sul da Bahia Inútil, na Terra do Fogo, onde eles tentariam alcançar a fronteira a pé. A tripulação do helicóptero voou para uma praia mais próxima de Punta Arenas, onde aterrissaram. Um dos dois pilotos e a tripulação desembarcaram na praia. Eles fizeram buracos no helicóptero para permitir que ele afundasse uma vez que seria descartado. O outro piloto, em seguida, voou sobre a água, mas foi incapaz de afundá-lo. Ele voou de volta para a praia, a fim de fazer mais buracos, mas estava cego em seus óculos de visão noturna por uma luz piscando “Low Fuel” e aterrou bruscamente na praia, danificando a aeronave. A tripulação ateou fogo ao helicóptero e detonou cargas explosivas antes de deixar o local. Eles caminharam ao longo de várias noites até a cidade de Punta Arenas, onde tentaram fazer contato com a embaixada britânica. Eles foram descobertos e recolhidos pelo exército chileno enquanto se deslocavam pela cidade e foram entregues a funcionários britânicos, que os enviaram de volta a Inglaterra, juntamente com os operadores SAS que haviam cruzado a fronteira chilena.

Um Sea King HC4 Commando, semelhante ao usado durante a "Operação Plum Duff". (Reprodução Internet)

Segundo fontes argentinas, na noite de 17/18 de maio, o helicóptero foi rastreado pelo radar do destroier ARA Bouchard, que enviou uma mensagem a seu navio irmão, o ARA Piedrabuena patrulhando ao norte, e depois para a base de Río Grande. Membros do 24º Regimento de Infantaria da Argentina afirmaram em 2007 que atingiram o helicóptero inglês com armas de fogo leves em meio a névoa espessa ao sul de Río Gallegos. A missão de reconhecimento da SAS acabou sendo abortada.

CANCELAMENTO DA MISSÃO

A falta de ter havido uma missão de reconhecimento no local significava que as forças britânicas não tinham uma ideia clara de como Río Grande era defendida, nem quaisquer garantias de que os Super Étendards ou os Exocets estariam lá quando a operação ocorresse. As forças britânicas também não tinham informações sobre como a base estava organizada, e não sabiam onde os Exocets estavam armazenados ou até mesmo onde ficavam os alojamentos dos pilotos.

Destroços do Sea King encontrados pelos chilenos próximo a Punta Arenas. (Reprodução: The Times)

A essa altura, a Operação Mikado, que já era vista por experientes membros do SAS como uma missão suicida, era considerada impossível de ser realizada, devido à perda do elemento surpresa (principalmente pela notícia da descoberta dos destroços do Sea King inglês em Punta Arenas) e a inteligência britânica descobrindo que os argentinos desfrutavam de uma melhor e mais eficiente cobertura de radar do que inicialmente esperado. Como consequência, o plano de assalto aerotransportado atraiu considerável hostilidade de alguns membros do SAS, o que levou a um princípio de motim por parte de alguns operadores (prontamente enviados de volta para a Inglaterra) e para o próprio comandante do Esquadrão B ser demitido e substituído pelo segundo em comando.

Em última análise, o governo britânico reconheceu que havia uma forte probabilidade de que a operação teria falhado. Ao contrário dos rumores, não foi planejado nenhum plano para infiltrar operadores SAS na Argentina com a ajuda do submarino da Marinha Real Britânica HMS Onyx. A Marinha argentina alega que o Bouchard tinha bombardeado um submarino e vários barcos infláveis durante uma patrulha a duas milhas de distância do Río Grande, na posição 53° 43′38.04″ S 67° 42′0″ W, na noite de 16 de maio de 1982.

A área de Río Grande era defendida por quatro batalhões de infantaria do Corpo de Fuzileiros da Marinha da Argentina, além de vários experientes comandos e mergulhadores de combate, alguns dos quais tinham sido treinados no Reino Unido pelo Special Boat Service (SBS) anos antes.

AVALIAÇÃO E CONCLUSÕES

Depois da guerra, os comandantes da marinha argentina admitiram que esperavam algum tipo de ataque das forças da SAS, principalmente depois do ataque a Ilha Pebble, mas nunca esperavam que aeronaves C-130 Hercules pousassem diretamente na pista da base aérea, embora eles provavelmente teriam perseguido as forças britânicas até mesmo em território chileno em caso de ataque. O fracasso da operação teria sido um desastre de propaganda para as forças britânicas e, inversamente, um impulso moral para a Argentina.

Pilotos argentinos de Super Étendard da Aviação Naval Argentina; eles também seriam alvos da Operação Mikado. (Foto site Tropas e Armas)

A Operação Mikado, devido aos problemas enfrentados, seria um grande fracasso para a Inglaterra, pois dificilmente eles não conseguiriam atingir seus objetivos, devido aos problemas já relatados no texto. Mesmo assim, forçou os argentinos a montarem um forte esquema de vigilância de suas aeronaves de caça e ataque, tanto da Marinha quanto da Força Aérea, retendo no continente experientes tropas, armas, equipamentos e valiosos suprimentos que poderiam ser utilizadas no conflito nas ilhas.

Além disso, com as missões de bombardeio de longa distância dos Avro Vulcan nas ilhas realizados pela RAF (a “Operação Black Buck”) sendo realizadas, havia o medo dessas aeronaves também atacarem o continente, principalmente a capital Buenos Aires, e mais ainda, de serem ataques nucleares, pois o Vulcan também poderia realizar esse tipo de bombardeio, mas bombas nucleares nunca foram sequer cogitadas, nem pela Primeira-ministra Margaret Thatcher nem pelo Ministério da Defesa britânico, para serem usadas nesse conflito, devido as terríveis consequências de seu uso. Devido a esses ataques, as bases argentinas eram fortemente defendidas com mísseis e canhões antiaéreos direcionados por radar.

Podemos então afirmar que a Operação Mikado seria realmente uma missão suicida, tanto que muitos operadores SAS, que eram bastante experientes e preparados para o combate, se recusaram a realizá-la. O bom senso das autoridades inglesas imperou e se evitou um grande desperdício de homens e equipamentos a troco de um resultado incerto e provavelmente insatisfatório e adverso.



FOTO DE CAPA: Os alvos da "Operação Mikado", o Dassault Super Étendard e o missil antinavio Aerospatiale Exocet. (Foto: Site Cristandad y Patria)

Com informações retiradas da Wikipedia.


______________________________


Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


GBN Defense – A informação começa aqui
Continue Lendo...
 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger