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sábado, 27 de junho de 2020

PARA ATENDER NOSSAS NECESSIDADES NO SÉCULO XXI: A FORÇA AÉREA BRASILEIRA E O GRIPEN

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O Gripen está chegando! Para muitos entusiastas e fãs da aviação, é uma excelente notícia, após vivermos tempos difíceis por causa da Pandemia do Novo Coronavírus e seus efeitos para nossa sociedade. A primeira célula da Força Aérea Brasileira (FAB), o FAB 4100, chega ainda esse ano, mas sua entrada em serviço deverá ser apenas no ano que vem. Sua entrada em serviço transformará a FAB numa força aérea realmente capaz de cumprir com sua missão de proteger e defender o nosso espaço aéreo. Nesse artigo, vamos ver um pouco da História do Gripen e sua aquisição pelo Brasil.

DO “GRIPEN DEMO” AO “GRIPEN NG”

O F-39E/F Gripen é um significativo avanço do já conhecido caça JAS 39 Gripen, fabricado pela Saab da Suécia desde meados dos anos 90, operado inicialmente pela Força Aérea Sueca (nas versões JAS 39 A/B/C/D e futuramente a E/F) e posteriormente exportado para vários países, como a África do Sul, Hungria, República Tcheca e Tailândia (na versão JAS 39 C/D). O Reino Unido, através da sua Escola de Pilotos de Teste (ETPS, em inglês) operam o JAS 39D.

Em 2007, um avião de dois lugares, designado pela SAAB de “Gripen Demo”, foi construído englobando várias atualizações e melhorias para o Gripen. Essa nova aeronave, que seria inicialmente um demonstrador de tecnologia da empresa, estava alimentada pela mais poderosa turbina General Electric F414G, um desenvolvimento do motor do Boeing F/A-18E/F Super Hornet. O peso máximo de decolagem (PMD) do Gripen Demo foi aumentado de 14.000 para 16.000 kg, a capacidade interna de combustível foi aumentada em 40% ao reposicionar o trem de pouso, o que também permitiu a adição de mais dois pontos duros na parte inferior da fuselagem. Seu raio de combate era de 1.300 quilômetros (810 mi) quando carregava seis AAMs e tanques ejetáveis O radar PS-05/A foi substituído pelo novo radar ativo de varredura eletrônica (AESA) Raven ES-05, que é baseado na família de radar Vixen AESA da Selex ES (desde 2017 Leonardo SpA). O voo inaugural do Gripen Demo foi realizado no dia 27 de maio de 2008. Em 21 de janeiro de 2009, o Gripen Demo voou a Mach 1.2 sem uso do pós-combustor para testar sua capacidade de Supercruise (voo supersônico sem o uso de pós-combustor). O Gripen Demo serviu de base para o Gripen E/F, também chamado de Gripen NG.

O Gripen Demo (NG) em voo. Observe a capacidade bélica da aeronave, carregando duas bombas guiadas de manejo nos pilones centrais e mais mísseis AAM e tanques externos nas asas. (Foto: Poder Aéreo)

A SAAB estudou uma variante do Gripen capaz de operar a partir de porta-aviões nos anos 90. Em 2009, lançou o projeto "Sea Gripen" em resposta ao pedido da Índia de informações sobre uma aeronave capaz de operar em porta-aviões. O Brasil também demonstrou interesse nesse tipo de aeronave. Após uma reunião com funcionários do Ministério da Defesa inglês (MoD) em maio de 2011, a SAAB concordou em estabelecer um centro de desenvolvimento no Reino Unido para ampliar o conceito do Sea Gripen. Em 2013, executivos da SAAB afirmaram que o desenvolvimento de uma versão opcionalmente tripulada do Gripen E, capaz de operar operações não tripuladas, estava sendo explorado pela empresa; um maior desenvolvimento das versões opcionalmente tripuladas e transportadoras exigiria o compromisso de um cliente. Em setembro de 2015, foi anunciado pela SAAB que uma versão de guerra eletrônica (EW) do Gripen F de dois lugares estava em desenvolvimento.

Maquete do Sea Gripen apresentada durante a LAAD em 2015. (Foto: Poder Naval)
Em 2010, a Suécia concedeu à SAAB um contrato de quatro anos para melhorar o radar e outros equipamentos do Gripen, integrar novas armas e reduzir seus custos operacionais. Em junho de 2010, a Saab declarou que a Suécia planejava encomendar o Gripen NG, designado JAS 39E/F, e entraria em serviço em 2017 ou antes, dependendo das ordens de exportação. Em 25 de agosto de 2012, após a intenção da Suíça de comprar 22 das variantes E/F, a Suécia anunciou que planejava comprar 40-60 Gripen E/F. O governo sueco decidiu comprar 60 Gripen E em 17 de janeiro de 2013, abandonando a compra da versão F.

Em julho de 2013, a montagem começou na primeira aeronave de pré-produção. Originalmente, 60 JAS 39C da Força Aérea Sueca deveriam ser convertidos para o modelo E até 2023, mas isso foi modificado para a construção de aeronaves novas, com apenas poucas partes reutilizáveis das antigas. A primeira aeronave de produção será entregue em 2018. Em março de 2014, a Saab revelou o projeto detalhado e indicou que planejava receber a certificação de tipo militar no início de 2018. O primeiro Gripen E foi lançado em 18 de maio de 2016. A Saab adiou o primeiro voo de 2016 para 2017 para se concentrar na certificação do software, mas os testes de táxi de alta velocidade começaram em dezembro de 2016. Em 15 de junho de 2017, a SAAB completou o primeiro voo do Gripen E.

O PROGRAMA FX-2 E A COMPRA DO GRIPEN PELA FAB

Em outubro de 2008, o Brasil selecionou os três finalistas ("short list") para o seu programa de caça F-X2: o Dassault Rafale B/C, o Boeing F/A-18E/F Super Hornet e o JAS 39E/F Gripen NG (Next Generation – Próxima Geração). Inicialmente, a Força Aérea Brasileira planejava adquirir pelo menos 36 e possivelmente até 120 células posteriormente, para substituir suas aeronaves Northrop F‐5EM/FM e Dassault Mirage 2000B/C. Em fevereiro de 2009, a Saab apresentou uma licitação para 36 Gripen NGs. Em janeiro de 2010, relatos afirmaram que o relatório final de avaliação da Força Aérea Brasileira colocava o Gripen à frente de outros concorrentes; o fator decisivo foi o custo unitário e os custos operacionais menores. Em meio a atrasos devido a restrições financeiras, houve relatos em 2010 da seleção do Rafale e em 2011 da seleção do F/A-18 (segundo rumores, por razões políticas, e não técnicas). No dia 18 de dezembro de 2013, a então presidente Dilma Rousseff anunciou a seleção do Gripen NG.

Os principais fatores de decisão pela aeronave, que ainda estava sendo desenvolvida, foram as oportunidades domésticas de fabricação, participação no desenvolvimento do Gripen, ampla possibilidade de Transferência de Tecnologia (ToT, em inglês) para o Brasil e potenciais exportações para África, Ásia e América Latina; Argentina e Equador demonstraram interesse adquirir Gripens do ou através do Brasil, e o México. é considerado uma meta de exportação. Mesmo sendo um produto da indústria sueca, o Gripen não está imune à pressão externa: o Reino Unido pode usar sua porcentagem de 30% de componentes no Gripen para vetar uma venda para a Argentina devido à disputa nas Ilhas Falklands; assim, a Argentina desistiu do Gripen e hoje está considerando adquirir aeronaves russas, chinesas ou coreanas, como o KAI T-50 Golden Eagle. Até o início das entregas do Gripen E, o Brasil pretendia alugar várias aeronaves Gripen C, principalmente para apoiar os grandes eventos aqui sediados, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Posteriormente essa ideia acabou sendo abandonada.

No dia 24 de outubro de 2014, o Brasil e a Suécia assinaram um contrato de SEK 39,3 bilhões (US$ 5,44 bilhões, ou R$ 13 bilhões na cotação da época) para a compra de 28 aeronaves Gripen E e 8 Gripen F a serem entregues na época entre 2019 a 2024 e mantidas até 2050; o governo sueco fornecerá um empréstimo subsidiado de 25 anos e taxa de juros de 2,19% para a compra. Pelo menos 15 aeronaves serão montadas no Brasil, e as empresas brasileiras devem estar envolvidas na produção completa; a aeronave Gripen F, de dois assentos, deve ser entregue mais tarde (ela será exclusiva da FAB, não sendo produzida para os suecos). Um aumento de preço de quase US$ 1 bilhão desde a seleção deve-se a desenvolvimentos solicitados pelo Brasil, como o “Wide Area Display” (WAD), uma tela panorâmica de 19 por 8 polegadas com a tecnologia “touchscreen”, exclusivo para a FAB até o momento (os suecos hoje cogitam instalar o WAD em suas células). O pacote de compensação é estabelecido em US$ 9 bilhões, ou 1,7 vezes o valor do pedido. Dois pilotos brasileiros foram treinados na Suécia entre novembro de 2014 e abril de 2015. A Força Aérea Brasileira tem uma exigência para 108 Gripens, a serem entregues em três lotes. A Marinha do Brasil demonstrou interesse no Sea Gripen (uma versão navalizada do Gripen) para substituir seus caças aeronavais Douglas A-4KU Skyhawk (AF-1 Falcão), mas com a baixa do NAe São Paulo (A-12), essa ideia foi abandonada. Em 2015, o Brasil e a Suécia finalizaram o acordo para o desenvolvimento do Gripen F, que foi designado F-39 pelo Brasil. De acordo com executivos da SAAB, o primeiro F-39E será entregue no final de 2020 e o primeiro F-39F em meados de 2023 ou 2024.


Painel de instrumentos do Gripen E (F-39E) da FAB, com a presença do WAD. (Fonte: Pinterest)

AFINAL, POR QUE O GRIPEN PARA A FAB?

Como observamos, o Gripen da FAB é uma aeronave nova, com grande potencial de desenvolvimento e atualizações. O projeto do Gripen, apesar de ser dos anos 80, foi pensado visando o futuro, pois já estava no horizonte os cortes dos orçamentos militares pós-Guerra Fria e as limitações operacionais como consequência desses cortes. Algumas características da simplicidade operacional do Gripen e sua praticidade foram bastante apreciadas pelos militares da Força Aérea Brasileira, como por exemplo a capacidade de decolar em pistas curtas e a fácil manutenção.

Durante a Guerra Fria, as Forças Armadas da Suécia estavam prontas para se defender contra uma possível invasão. Isto exigiu que os aviões de combate se espalhassem para manter uma capacidade de defesa aérea. Assim, um dos principais objetivos durante o desenvolvimento do Gripen foi a capacidade do avião de decolar de pistas de pouso cobertas de neve em apenas oitocentos metros. Além disso, o tempo no qual uma equipe pode rearmar, reabastecer e realizar inspeções básicas e serviços gerais para o avião retornar ao voo é de dez minutos.

Durante o processo de desenvolvimento, outro objetivo foi fazer com que a aeronave tivesse uma manutenção simples e com poucos custos. As aeronaves estão equipadas com um sistema de monitoramento de uso e danos, que monitora o desempenho de vários sistemas e fornece informações aos técnicos para auxiliar na manutenção. O fabricante opera um programa de melhoria contínua do avião, utilizando as informações deste e de outros sistemas. De acordo com a SAAB, o Gripen fornece custos de operação 50% menores do que o seu principal concorrente (o F-16).

Um estudo de 2012 da “Jane's Aerospace and Defense Consulting” comparou os custos operacionais de uma série de aviões de combate, mostrando que o Gripen tem o custo mais baixo de operação por hora de voo, melhor eficiência em relação ao consumo de combustível, preparações e reparos antes do voo e manutenção programada para o aeroporto, com os custos de equipe. O Gripen tem um custo por hora de voo estimado de 4.700 dólares, enquanto seu concorrente direto, o Lockheed Martin F-16, tem um custo cerca de 49% maior, de 7 mil dólares.

Além da economia e da praticidade, o Gripen também é uma excelente aeronave de caça, no tocante à sua manobrabilidade e sobrevivência em combate aéreo. Seu peso máximo de decolagem (PMD) é cerca de 30% menor do que o do F-16 (um projeto dos anos 70, que está no limite do seu desenvolvimento, assim como o F/A-18), devido principalmente ao amplo uso de material composto. Por isso a versão NG da aeronave, com uma turbina bastante potente (o GE F414G) é capaz de Supercruise, enquanto o F-16, que é equipado com um motor da mesma categoria do Gripen, o F110-GE-129, não é capaz de Supercruise.

Seu pacote de armamento também é muito diversificado: opera o canhão Mauser BK-27 de 27 mm (apenas a versão E) e uma gama de mísseis ar-ar, ar-terra e ar-mar. Pode ser integrado com qualquer equipamento ocidental e padrão OTAN, pois opera o mesmo barramento e está certificado adequadamente para o uso desses armamentos. A FAB vai utilizar no F-39E/F o A-Darter como míssil ar-ar de curto alcance (WVR) e o poderoso Meteor como míssil ar-ar de longo alcance (BVR). O Gripen também vai poder operar o poderoso míssil ar-mar Exocet AM-39 também sua futura versão nacionalizada, e além disso deve operar os mesmos sistemas de armas que a FAB já opera, como a bomba Lizard e seu sistema de navegação e orientação Litening, por exemplo, mas com capacidade de operar outros sistemas futuro, pois a aeronave está ainda em franco desenvolvimento, com grande capacidade de atualização.

O Gripen é uma aeronave monomotor, pois opera apenas uma turbina GE F414G, baseada na turbina do Super Hornet, como já foi colocado, O F414G é uma turbina altamente confiável, com uma grande capacidade de absorção de danos e de fácil manutenção. O Gripen pode trocar uma turbina em terra em poucas horas e por uma equipe simples, sendo isso também um dos fatores positivos da aeronave. A confiabilidade do Gripen é bastante alta, sendo em alguns casos até maior do que aeronaves bimotoras como o Eurofighter Typhoon e o Dassault Rafale (pois geralmente quando uma aeronave dessas perde um motor ela pode ficar bastante instável e muitas vezes difícil de pilotar, com o piloto optando por ejetar). O registro de acidentes e incidentes do Gripen, desde sua entrada em serviço nos anos 90, prova bem isso, pois o modelo sofreu apenas 11 acidentes, com dez perdas da aeronave, e apenas uma morte.

Muito se fala a respeito de nossos vizinhos na América do Sul, especialmente os “temidos” Sukhoi Su-30 MKV da Venezuela, os Mig-29 do Peru e os F-16 chilenos. No caso particular dos Su-30, que a Força Aérea Venezuelana (AMV) opera em razoável quantidade, podemos até admitir sua letalidade, mas devemos questionar que a mesma possa estar sofrendo restrições operacionais, pela crise que o país está passando, e a falta de um parque industrial que apoie essa aeronave, fator que afeta também os peruanos e chilenos. Para nossa realidade e contexto na América do Sul (e também na América Latina), a entrada em serviço do F-39 dará um salto operacional à FAB, tornando-a a mais letal do continente, devido principalmente ao suporte de nossa indústria e a aeronave vir adicionada do vasto pacote de armas que já foi citado.

Foi noticiado que ainda nesse ano a Saab enviará a primeira célula do F-39E produzida para a FAB ao Brasil, para testes de integração do sistema pela Embraer, coprodutora do Gripen. O cronograma financeiro-orçamentário estabelecido até o momento prevê a entrega de 4 aeronaves em 2021, 7 em 2022, 6 em 2023, 8 em 2024, 9 em 2025 e duas em 2026. Eventuais atrasos de pagamento ou problemas técnicos podem levar a uma replanejamento, porém, desde a assinatura do contrato o prazo inicial para o recebimento das aeronaves pela FAB era em 2021.

Em resumo, economia operacional, resistência, desempenho e custo-benefício foram os fatores da compra do F-39E/F pela FAB. Aguardamos ansiosamente sua entrada em serviço em 2021, no 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea) e no 1º/16º GAv (Grupo de Aviação), que será reativado, ambas unidades situadas na atual Ala 2, em Anápolis-GO. Será o nosso caça para a primeira metade do século XXI e para nossas necessidades, a realidade em que vivemos e a capacidade que o vetor demonstra, está de bom tamanho para o Brasil.


FOTO DE CAPA: Foto do primeiro voo do Gripen E da Força Aérea Brasileira, o FAB 4100. (Fonte: Saab)

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense e do Canal Militarizando no Youtube. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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quarta-feira, 25 de março de 2020

Chegam ao Brasil voos da FAB com brasileiros repatriados do Peru

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Duas aeronaves C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira decolaram, na manhã de terça-feira (24), partindo do Rio de Janeiro e de Belém, rumo a Cuzco (Peru), a fim de resgatar brasileiros que se encontram isolados naquela cidade. A operação, determinada pelo Presidente da República Jair Bolsonaro, é uma ação coordenada entre o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores. 

O primeiro "Hécules" da FAB, que decolou do Rio de Janeiro, realizando escala em Porto Velho antes de pousar em Cuzco. Já a segunda aeronave decolou de Belém para Porto Velho. Na manhã desta quarta-feira (25) as duas aeronaves seguiram para Cuzco.

No final da tarde desta quarta-feira (25), as duas aeronaves regressaram à Porto Velho com 66 brasileiros que estavam retidos em Cuzco, no Peru. Após cumprir a escala técnica, onde não houve desembarque de passageiros, os dois "Hércules" da Força Aérea Brasileira seguiram rumo a São Paulo.

Determinada pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, a Operação é uma ação coordenada entre o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores.

O governo brasileiro, por meio da rede diplomática e consular do Itamaraty, segue acompanhando a situação dos viajantes brasileiros no exterior e está trabalhando para permitir a repatriação de todos. Vale ressaltar que também estão previstos voos comerciais partindo de Cuzco e de Lima. Os brasileiros interessados em embarcar nesses voos devem seguir as orientações da Embaixada, publicadas no perfil de Embaixada do Brasil no Facebook.


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com informe:
Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa
Departamento de Comunicação Social do Ministério das Relações Exteriores
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Embraer colabora com tecnologias e soluções para combate ao COVID-19

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A Embraer está se unindo a empresas e centros de pesquisas no país para colaborar com tecnologias que possam aumentar a disponibilidade de equipamentos e soluções para o combate ao COVID-19 no Brasil.
 
As ações, desenvolvidas em conjunto com a cadeia de fornecedores da Embraer, englobam a fabricação de peças para a indústria de ventiladores e respiradores, a substituição de componentes importados para ventiladores, o desenvolvimento de sistemas de filtros de alta eficiência para transformação de leitos regulares em tratamento intensivo, e estudos para o desenvolvimento de respiradores simples, robustos e portáteis visando a rápida implementação e disponibilidade. 

Um grupo de trabalho já tem conduzido iniciativas em apoio a uma fábrica nacional de respiradores, com previsão de início de produção de peças a partir da próxima semana, em atendimento ao aumento emergencial da demanda por esses equipamentos. A empresa, em cooperação com os parceiros, já concluiu as análises técnicas e de capacidade produtiva para o atendimento das necessidades identificadas.

Em parceria com o hospital Albert Einstein, a Embraer está propondo também o fornecimento de apoio técnico para o desenvolvimento de sistemas de exaustão para controle biológico, que pode converter leitos regulares em áreas de tratamento intensivo. Por meio da tecnologia de filtros de alta eficiência de absorção de partículas de ar, já existentes nos sistemas de ar condicionados das aeronaves, o objetivo é levar esta solução para os hospitais que precisam deste tipo de solução de forma imediata.

Outra frente de trabalho está dedicada à análise de fabricação de válvulas de controle e sensores de fluxo que permitam ampliar a capacidade de produção de outra indústria nacional de respiradores, além da adaptação de um modelo de respirador para uso no combate ao COVID-19.

As análises de soluções inovadoras e o potencial de outras ações que estão sendo apresentadas pelo mercado podem contribuir para a identificação de novas frentes de atuação onde a Embraer possa aplicar sua expertise nesse momento de colaboração global e de necessidade de resultado efetivo e de curto prazo, diante de um cenário sem precedente para o sistema de saúde brasileiro.
 
A Embraer vai continuar monitorando a situação para colocar a sua expertise de integração de sistemas complexos em prol da população brasileira nessa ampla cooperação de combate ao COVID-19.
 

GBN Defense - Com informações Embraer
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domingo, 22 de março de 2020

Brasil contra o Coronavírus - Dados atualizados: Fatos e Mitos

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DADOS COLHIDOS NO DIA 22/03 ÀS 18H -

Como é de conhecimento geral, o “Novo Coronavírus” (mais tecnicamente SARS-CoV-2) e a doença causada por ele, a COVID 19, que para efeitos de simplicidade vamos chamar de covid-19, estão afetando o mundo inteiro numa pandemia de proporções que lembram a gripe espanhola de um século atrás.

Assim como nos assuntos militares, aparece todo tipo de informações, com fatos e mitos se misturando e causando grande confusão e angústia nas pessoas, com cenas lamentáveis de pessoas se agredindo em mercados e farmácias.

Como prezamos pelos fatos, além de um artigo sobre cuidados com a doença (Coronavírus (COVID-19) chega ao Brasil - Confira como se prevenir), resolvemos fazer uma pequena análise matemática sobre a evolução dos casos no Brasil, comparando os dados com os da China (país de origem da doença e que, aparentemente, já superou o primeiro surto) e a Itália (que ganhou uma triste notoriedade com os elevados números de casos).

Os dados serão apresentados em forma de gráficos, e as conclusões vão logo em seguida.

Mas, para diminuir a ansiedade, informamos desde já que o avanço da epidemia no Brasil não segue a tendência italiana, ou seja, é improvável termos aqui o caos que se abateu sobre a querida Itália.

Ademais, a própria China, com quase 7 vezes a população do Brasil, teve menos de 90 mil pessoas infectadas até o momento, e é improvável que tenhamos tantos casos por aqui.

Ou seja, nada de pânico, e nada de achar que teremos milhões de casos por aqui!


METODOLOGIA

Como os três países são obviamente diferentes em quase tudo, resolvemos fazer a comparação igualando várias coisas.

A primeira é o tempo - nos três países, avaliaremos os primeiros 30 dias com dados disponíveis, que apresentem mínima variação entre fontes. Como em qualquer doença nova, é neste período que apresentam-se as maiores variações, inclusive de metodologias dos serviços de saúde em relação a diagnóstico e tratamento, o que explica os vários ‘altos e baixos’ dos gráficos. Falaremos disso com mais detalhes depois.

O segundo ponto é a normalização dos dados. Os números de casos foram divididos pelas populações dos países, depois multiplicados por 100 mil. Com isso, a diferença de população entre os países é eliminada. Isso é feito porque, por exemplo, mil casos em São Paulo tem um impacto muito menor do que mil casos em uma cidade do interior.

O terceiro ponto é a escala dos dados é logarítmica, outra forma de corrigir as distorções. O caso da Itália é tão grave que seus dados normalizados ficam numa escala muito alta, fazendo os dados de Brasil e China quase desaparecerem. Com a escala logarítmica, a distorção italiana diminui muito de importância, e é mais fácil visualizar os dados

Outro ponto importante é que o Brasil apresentou a doença muito depois daqueles países, e foi mais rápido (em termos de casos absolutos) ao implementar medidas de quarentena - China começou em 23/01 (2 meses, 830 casos, 25 mortes - com ressalvas que serão discutidas mais adiante), Brasil começou já  em 12/03 (11 dias, 77 casos, nenhuma morte; a primeira morte foi em 17/03), e a Itália somente em 09/03 (19 dias, 9.172 casos, 463 mortes). Embora a quarentena brasileira seja, até o momento, mais branda que a italiana e muito mais branda que a chinesa, Estados e Municípios já adotaram medidas mais assertivas, inclusive com o cancelamento de aulas.

Os efeitos das quarentenas chinesa e italiana começaram a aparecer, timidamente, 5 dias depois do começo. Isso se deve ao fato que o vírus leva, em média, em torno de 14 dias para manifestar os sintomas, mas já aos 7 dias é transmissível. Espera-se que, após 20 dias, os efeitos da quarentena já sejam mais perceptíveis.

Uma última observação - há divergências de dados entre as várias fontes, às vezes até mesmo dentro do mesmo país. Os dados usados para nossa análise foram retirados do site https://www.worldometers.info/coronavirus/. É um site excelente e muito interativo, mas está todo em inglês, o que pode ser um impedimento para muitas pessoas.

GRÁFICO



Gráfico 1: novos casos de covid-19 no Brasil (círculos azuis), China (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Percebe-se que o Brasil está muito mais próximo da China que da Itália neste sentido.


Nesse gráfico, a China implementou medidas de quarentena no 8º dia, e percebe-se uma tendência de queda até o 25º dia, com um novo salto entre o 25º e o 26º dia; falaremos disso mais adiante.

Brasil e Itália apresentam menos pontos de dados porque a doença está no 31º dia na Itália e no 21º dia no Brasil.

Um lembrete - cada unidade na escala vertical, devido à escala logarítmica, representa um aumento de 10 vezes; como exemplo, no dia 11 o valor aproximado é de 0,01 no Brasil, 0,05 na China (4 vezes maior) e 0,94 na Itália (94 vezes maior).


Gráfico 2: total de casos de covid-19 no Brasil (círculos azuis), China (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Percebe-se que o Brasil está muito mais próximo da China que da Itália neste sentido.

Como a China foi o primeiro país com a doença, já estão numa fase de equilíbrio epidemiológico, ou seja, a doença já faz parte do normal do país, não mais um surto, e o número de casos praticamente não aumentou, o que é consequência da queda contínua de novos casos, conforme o Gráfico 1. Embora sutil, há uma variação no gráfico chinês, também entre os dias 25 e 26. Falaremos disso mais adiante.

Percebe-se, novamente, que o Brasil está mais próximo da China que da Itália. Vale novamente o lembrete da escala logarítmica. Por exemplo, aos 20 dias, Brasil apresenta um valor normalizado de 0,56, China de 1,70 (3 vezes maior) e Itália de 16,83 (30 vezes maior).

RESSALVAS

A primeira ressalva é que a covid-19 apresenta um grande número de portadores assintomáticos, ou seja, pessoas infectadas mas que não apresentam sintomas. Dessa forma, só é possível saber com um nível razoável de certeza se a pessoa está infectada com exames laboratoriais. Como é impossível testar toda a população, e várias vezes ao longo do tempo para complicar ainda mais, em todos os lugares do mundo há uma subnotificação, ou seja, o número real de casos é maior do que os relatados. O Brasil, por exemplo, só faz os testes confirmatórios em casos moderados a graves, enquanto que a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) é que todos os casos suspeitos sejam testados, o que tem sido impossível devido à pouca disponibilidade de kits para testes.

A disponibilidade de kits pode levar a protocolos diferentes protocolos de exames, e o Brasil tinha poucos kits no início da epidemia, realizando testes apenas nos casos mais graves. Entretanto, como o Brasil adquiriu uma grande quantidade de kits em 21/03, e espera-se que estejam distribuídos até 29/03. Isso deve mudar os dados brasileiros.

A segunda ressalva é que os protocolos podem mudar ao longo do tempo, seja pela disponibilidade de kits, seja porque os serviços de saúde mudam os protocolos de teste ao longo do tempo, com diferenças potencialmente grandes nos resultados. A China fez isso, e comentaremos mais adiante.

A terceira ressalva se aplica principalmente à China. Há relatos de que o surto de covid-19, na verdade, começou em novembro, mas o regime chinês só divulgou a situação a partir de janeiro. Ainda assim, os dados divulgados pelo governo central parecem não ter sido os reais, e a mudança de protocolo de teste entre os dias 25 e 26 da análise acima (9 e 10/02/2020) levou a um aumento enorme dos casos relatados (40.171 casos no dia 9 para 48.315 no dia 10), um aumento de 20% nos casos, depois de o aumento dos casos estar em queda. O aumento já tinha atingido um patamar de aumento na ordem de 8-11%.

SITUAÇÃO BRASILEIRA

A mídia relata, incessantemente, a situação ao redor do mundo, e percebe-se um grande nível de incertezas, e de acertos e erros pelos países. Em relação ao Brasil, é inegável que houve muitos acertos, mas também que houve muitos erros.

O primeiro erro do Brasil é a ausência de um plano de contingência para tais casos, o que já foi observado no derramamento de óleo no litoral brasileiro em 2019. Sem um plano unificado de contingência, há uma discrepância nas ações tomadas nos Estados e Municípios, o que pode complicar o combate à epidemia. Isso se estende também à postura pública dos governantes, que muitas vezes apresentam falas e atitudes contraditórias.

O segundo erro do Brasil, e isso é mais questionável, foi a demora em implementar medidas restritivas em relação a viagens internacionais e fronteiras. Seja devido a questões legais, seja por outros motivos, o Brasil demorou muito para implementar medidas de maior vigilância nas viagens e fronteiras. Como a doença se originou na China, e depois se espalhou para outros países, restrições a viagens internacionais poderiam ter tido um impacto significativo na contenção da doença. Vale ressaltar, porém, que há divergências entre os especialistas no impacto de tais medidas.

O terceiro erro no Brasil é a demora na implementação de medidas mais severas de quarentena e distanciamento social. Tais medidas, aparentemente, tem um impacto bastante pronunciado na disseminação da doença, mas também há divergências entre os especialistas em relação aos resultados.

Mas não são só observações negativas.

O repatriamento de brasileiros que estavam presos na China quando do início da quarentena naquele país, Operação "Regresso à Pátria Amada Brasil", foi muito bem planejada e executada. O assunto foi explorado no GBN: Operação "Regresso à Pátria Amada Brasil" retorna com brasileiros oriundos da China e inicia nova fase com apoio das equipes NBQR da Marinha do Brasil.

Além do repatriamento, as Forças Armadas também estão participando do combate à epidemia, conforme noticiado no GBN: Centro de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa é ativado para ações de combate ao COVID-19.

O trabalho do Ministério da Saúde, no sentido de orientar a população, tem sido muito elogiado. A produção de medicamentos usados no tratamento experimental da covid-19 e importação de kits de testes para o diagnóstico foram feitos em um espaço de tempo bastante curto. Isso deve ajudar tanto no monitoramento da doença como na redução de impactos da epidemia.

POR QUÊ A SITUAÇÃO ITALIANA É TÃO GRAVE?

A Itália se encontra na Europa, em que assuntos como controle de imigração e restrição de viagens de determinados países são tabus ou até mesmo crimes.

Isso levou o país a tomar medidas no mínimo controversas, como a iniciativa “Abrace um chinês”, em que as pessoas, sem máscaras, abraçavam os chineses com quem se encontravam na rua.

Tais medidas, junto com a demora italiana em implementar restrições à entrada de imigrantes e de impor medidas de controle de imigração e de viagens internacionais, levou a um aumento explosivo no número de casos na Itália.

Uma situação parecida, embora menos drástica, pode ser observada em outros países europeus, como Alemanha e Espanha. Os motivos são os mesmos - tais países são refratários a medidas mais austeras de controle de imigração e viagens internacionais.


Gráfico 3: novos casos de covid-19 na Espanha (círculos azuis), Espanha (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Observe-se que os três gráficos são assustadoramente próximos. Valores relativos do dia 25: Espanha (4,03), Alemanha (3,37) e Itália (5,95).


Gráfico 4: total de casos de covid-19 na Espanha (círculos azuis), Espanha (quadrados vermelhos) e Itália (triângulos amarelos); dados normalizados para 100 mil habitantes e em escala logarítmica. Observe-se que, novamente, os três gráficos são assustadoramente próximos. Valores relativos do dia 25: Espanha (25,31), Alemanha (13,23) e Itália (41,03).

CONCLUSÃO

Este é um momento que exige de todos cooperação, cautela e colaboração com as orientações das autoridades. Entretanto, queremos confortar os leitores com a informação de que a situação brasileira, embora ainda inspire cuidados, não é nem de longe catastrófica como alguns querem fazer parecer. Mesmo na Itália, onde a situação é, proporcionalmente, uma das mais críticas, a situação está começando a se estabilizar, e em poucos dias o pior já terá sido superado, tanto lá como aqui.

Sugerimos aos leitores que busquem informações em sites confiáveis, como do Ministério da Saúde (https://coronavirus.saude.gov.br/).

Nunca é demais lembrar os cuidados básicos:

  • Siga as instruções das autoridades, e lembre-se que quarentena não são férias; evite sair de casa!

  • Lave as mãos com frequência, com água e sabão mesmo, e caso disponível, sanitizantes como álcool gel

  • Evite contato com mucosas (boca, olhos e nariz), mesmo com as mãos limpas

  • Cubra a boca ao tossir com o braço; evite usar as mãos pra isso

  • Não recorra à automedicação

  • Isolamento social absoluto, ou seja, fique em casa o máximo possível e interaja com o menor número possível de pessoas

  • Faça compras através de serviços delivery tanto quanto possível, evitando fazer compras pessoalmente

  • Evite aglomerações

  • Evite contato com pessoas sabidamente doentes

  • Procure o serviço de saúde se tiver os seguintes sintomas:


    • Tosse seca

    • Febre

    • Fadiga

    • Dificuldade para respirar (se estiver com dificuldade para respirar, procure imediatamente auxílio médico)

    • Outros sintomas menos comuns: nariz entupido ou escorrendo, dor de garganta, diarreia, dores pelo corpo

  • Mesmo se não estiver sabidamente doente nem com sintomas, evite contato com pessoas dos grupos de risco


    • Idosos

    • Diabéticos

    • Hipertensos

    • Quem tem insuficiência renal crônica

    • Quem tem doença respiratória crônica

    • Quem tem doença cardiovascular

    • Pessoas com a imunidade comprometida (quimioterapia, leucemia, AIDS, etc)


E o principal: não entre em pânico! A humanidade já sobreviveu a outras pandemias, como peste negra e gripe espanhola, em tempos com muito menos recursos; venceremos mais esse desafio!

Por Renato Marçal

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