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quinta-feira, 5 de março de 2020

Assinatura do Contrato – Programa Fragatas Classe Tamandaré

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A celebração do contrato é um marco importante para o Programa Classe Tamandaré, que resultará na construção, inicialmente, de quatro navios, no Brasil, com elevada densidade tecnológica, com previsão de entrega entre 2025 e 2028.

A definição de um meio naval moderno e capaz de contribuir, na brevidade possível e de forma efetiva, para a Soberania Nacional, requereu a adoção de processo específico e empregado em países mais desenvolvidos, com a inclusão de absorção de tecnologias e conhecimento, de forma gradativa e consistente, de modo a capacitar, no estado da arte, a indústria nacional e a Força Naval.

Esse processo, iniciado em 2017, teve a Marinha do Brasil como responsável pela definição dos requisitos dos navios, pela seleção da melhor oferta, assim como pela divulgação do consórcio vencedor. Em destaque nesse processo, temos a matriz de combinações entre os resultados das metodologias de “Análise Multicritério de Apoio à Decisão” e “Análise de Risco”.

A Análise Multicritério contemplou o estabelecimento de análises de alta complexidade, focada em mais de 200 critérios, como a habilitação jurídica, capacidade financeira, regularidade fiscal e trabalhista e qualificação técnica (plataforma, sistemas de armas, comunicações e tecnologia da informação, aeronaves, capacidade técnica dos estaleiros, ciclo de vida, transferência de tecnologia, acordo de compensação e conteúdo local).

A Análise de Risco, ferramenta moderna e de natureza permanente na administração pública federal, teve como base as seguintes áreas centrais de interesse: capacidade militar das plataformas e sistemas de combate; gestão do ciclo de vida e apoio logístico integrado; transferências de tecnologia e de conhecimento para a Marinha do Brasil e empresas beneficiárias; conteúdo local, entre outros.

Assim, constatamos que a navegação que nos trouxe até aqui, foi longa, porém segura. O processo de seleção da melhor oferta foi executado durante dois anos, com diversas fases, culminando com o período de negociações junto aos consórcios finalistas, de modo a aprimorarem as respectivas propostas finais.

Coube à Empresa Gerencial de Projetos Navais, a EMGEPRON, a negociação do contrato e a aquisição dos navios, contando com as equipes especializadas em construção naval, gerenciamento de projetos, finanças corporativas e governança, além de apoio de Diretorias Especializadas da Marinha e consultorias prestadas pela Fundação Getúlio Vargas.

Adicionalmente, cabe destacar que o Programa Classe Tamandaré tem como alguns de seus alicerces, a produção de navios com elevados índices de conteúdo local; a inserção da mentalidade de gestão do ciclo de vida; e um caráter de auto sustentabilidade, estando inserido no Programa Estratégico de “Construção do Núcleo do Poder Naval”.

Dentre os benefícios do Programa, é importante destacar a transferência de conhecimento e de tecnologia. A construção dos navios em território nacional contribuirá para o aprimoramento da manutenção de meios navais, fomentará a indústria nacional de defesa, gerando empregos diretos e indiretos para os brasileiros.

Após a incorporação dos navios ao setor operativo, a Marinha do Brasil contará com navios escoltas versáteis, dotados de equipamentos de alta tecnologia, elevado poder de combate e integrados às estruturas de apoio logístico.

Nos agradecimentos da Marinha do Brasil, devo ressaltar diretrizes e apoio recebidos da Presidência da República, Congresso Nacional e Ministério da Economia. Um especial agradecimento ao Ministério da Defesa que, desde o início do Programa, presta relevante apoio e seguras orientações.

A transparência e a governança de todo o processo, desde sua concepção, envolveram órgãos e entidades aptos em aspectos técnicos e legais. A Marinha do Brasil agradece à Advocacia-Geral da União; ao Tribunal de Contas da União, que, atendendo a solicitação da Marinha, acompanha o processo desde 2018, e executará um Plano de Auditoria enfocando o modelo de negócios e a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida dos navios; ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, pelo apoio técnico no estabelecimento e aferição do índice de conteúdo local; à Fundação Getúlio Vargas, pela assessoria no uso de inteligência de negócios, para definição do modelo de seleção.

Os cumprimentos pela navegação, ora iniciada, à EMGEPRON e ao Consórcio “Águas Azuis”, constituído pela Atech; Embraer Defesa e Segurança; e ThyssenKrupp Marine Systems, empresa dotada de mais de 175 anos de experiência na área de tecnologia e expertise em Engenharia Naval e com um portfólio que inclui a construção de 82 navios da Classe Meko, a mesma que será empregada no nosso Programa.

Nesse momento, início da retomada de uma nova era na construção naval brasileira, diante uma conjuntura que apresenta elevada amplitude de ameaças em complexas situações político-estratégicas, é oportuno relembrar o exemplo do nosso Patrono, o Marquês de Tamandaré, cuja vida foi marcada pela inconteste capacidade de suplantar o inimigo, além de sua habilidade em construir consenso e unidade, com rara visão de Estado. É sob a égide desse sentimento, que a nossa Invicta Força Naval continua firme no rumo de permanente prontidão para atuar onde e quando for necessário.

É, também, oportuno mencionar que a Marinha mantém esforço continuado de capacitação de pessoal, atualização de infraestrutura laboratorial e desenvolvimento de atividades visando atender às necessidades dos meios navais com equipamentos e sistemas no estado da arte. Para isso, atua em parceria com a academia e empresas, buscando suprir as deficiências e contribuir para o fortalecimento da Base Industrial de Defesa.

No tocante ao desenvolvimento da indústria nacional de defesa, as Fragatas da Classe Tamandaré viabilizarão, em tempo adequado, a absorção e o incremento cada vez maior de projetos tecnológicos, bem como a construção e manutenção de meios navais.

Dentre os projetos específicos, com grau de maturidade tecnológica adequado e que serão empregados, temos o Míssil Antinavio de Superfície e o MAGE MK3.

Ademais, o setor de Ciência e Tecnologia da Marinha está desenvolvendo outros projetos com potencial para aplicação em navios com maior complexidade, como o STERNA (modernização e repotencialização do Link Y e Yb) e o CISNE (projeto que caminha para atingir as características de um WECDIS – WarShip Electronic Chart Display and Information System). A aplicação desses projetos depende de adequada maturidade tecnológica e industrial, assim como da dinâmica das ameaças no entorno estratégico do Brasil.

No setor de construção naval, está sendo implantada ampla revitalização do Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro o que contempla a reestruturação da carreira e o aprimoramento da capacitação do Corpo de Engenheiros da Marinha e, devido ao envelhecimento dos quadros de pessoal sem possibilidade de substituição, a criação de quadro técnico industrial para praças.

Adicionalmente, estão sendo alocados recursos financeiros para a construção de dois navios da Classe Macaé e continuidade da capacidade de manutenção de submarinos da classe Tupi, Fragatas da Classe “Niterói”, Corvetas da Classe Inhaúma e Corveta Barroso, além de obras visando à modernização da infraestrutura do nosso Arsenal de Marinha.

Por fim, resgato do arcabouço histórico as palavras de Rui Barbosa quando dizia: “Esquadras não se improvisam”. Estejamos, pois, sempre prontos para defender os interesses nacionais, mantendo e operando meios modernos compatíveis com dimensão das nossas riquezas, contribuindo para que o Brasil ocupe o lugar de destaque, para o qual está predestinado, no concerto das nações.

Viva a Marinha!

Viva o Brasil!

Tudo Pela Pátria!



Por ILQUES BARBOSA JUNIOR - Almirante de Esquadra Comandante da Marinha

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Ministério da Defesa e BNDES assinam acordo para fomentar a Base Industrial de Defesa

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O Ministério da Defesa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinam, nesta quinta-feira (20), um protocolo de intenções, com o objetivo de promover estudos para apoiar o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID), com foco em suas empresas, incluindo, mas não se limitando a políticas adequadas de financiamento, ao sistema brasileiro de apoio público às exportações e ao desenvolvimento de programas de nacionalização progressiva de produtos e tecnologia de defesa.

Após a celebração do acordo, as partes terão 30 dias para concluir um plano de trabalho, com detalhes sobre o escopo e prazos das ações. Também está definido que o protocolo terá vigência de dois anos, com a possibilidade de prorrogação até 60 meses.

O Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa (SEPROD/MD), Marcos Degaut, explica que o protocolo faz parte do planejamento estratégico da Secretaria e tem potencial para viabilizar um ecossistema ajustado ao desenvolvimento e sustentabilidade da BID, especialmente no que se refere ao aumento de sua competitividade regional e global, da sua capacidade de geração de empregos, renda, royalties, receitas diversas, exportações e divisas.

Ele também destaca que “este protocolo permitirá desenhar, de maneira inédita, uma política de fomento às exportações da BID, a qual colocará todos os atores relevantes intervenientes no processo de produção, exportação e financiamento de Produtos de Defesa dentro de uma mesma moldura estratégica, o que tornará as empresas mais competitivas nos mercados externos”.

Esse acordo é de suma importância para retomada do crescimento de nossa BID, bem como fundamental para absorção de novas tecnologias previstas nos acordos de aquisição de meios em andamento pelo Brasil, como é o caso do programa de obtenção das corvetas da Classe Tamandaré, que alcançará um índice superior aos 40% de nacionalização. 

Há muito tempo é notável a necessidade de apoio público para que a BID possa despontar no mercado internacional e se tornar competitiva, sem o devido suporte nossas indústrias se veem em desvantagem no cenário internacional, muitas vezes até mesmo no cenário interno, onde tem crescido a participação estrangeira nas concorrências do setor de segurança pública.


GBN Defense - A informação começa aqui
complementando texto do Ministério da Defesa
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sábado, 25 de janeiro de 2020

Formatura de Oficiais das Marinhas Amigas.

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Em solenidade presidida pelo Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, Diretor Geral do Pessoal da Marinha, oito militares das Marinhas de Cabo Verde, Paraguai, Timor Leste e Guiana, concluiram o Curso de Formação de Oficiais das Marinhas Amigas (CFOMA), no último dia 24 de janeiro de 2020. 

A solenidade contou com a presença do Diretor de Ensino da Marinha, Vice-Almirante Henrique Renato Baptista de Souza; Comandante do Centro de Instrução Almirante Alexandrino, Contra-Almirante Renato Garcia Arruda, e do Comandante do Centro de Instrução Almirante Wandenkolk, Contra-Almirante Ricardo Pereira da Silva. 

A SOAMAR-RIO, prestigiou o evento com a presença do Presidente José Antônio de Souza Batista e da Diretora Anete Gomide Pimenta. 

Na ocasião cada formando recebeu um placa comemorativa personalizada da SOAMAR-RIO, comemorativa ao evento.


Por José Antonio Batista - Presidente da SOAMAR-Rio


GBN Defense - A informação começa aqui
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domingo, 1 de dezembro de 2013

Após 3 anos de atraso, Brasil lança satélite na China

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Dia 9 de dezembro, 11h26 no horário de Pequim, 1h26 em Brasília. Enquanto a maioria dos brasileiros estiver dormindo, um seleto grupo de engenheiros, cientistas, empresários e autoridades estará atento a uma contagem regressiva no Centro de Lançamento de Taiyuan, na China, sonhando acordado com o futuro do programa espacial brasileiro.
 
Se tudo correr bem, e a meteorologia colaborar, um foguete de 45 metros, modelo Chang Zheng 4B, deverá subir aos céus no horário indicado, levando a bordo o novo Satélite Sino-brasileiro de Recursos Terrestres, conhecido como CBERS-3. Metade construído no Brasil, metade na China.
 
As expectativas são as maiores possíveis. Um fracasso na missão poderá significar um golpe quase que fatal para o já fragilizado programa espacial brasileiro, que luta para se manter vivo e relevante em meio a uma série de limitações financeiras, tecnológicas e estruturais.
 
O programa CBERS (pronuncia-se "sibers") é uma das poucas coisas que já deram certo para o Brasil na área espacial. Apesar do número 3 no sobrenome, este será o quarto satélite da série, depois dos CBERS-1, 2 e 2B - o último dos quais parou de funcionar em maio de 2010, o que significa que o País está há 3,5 anos cego no espaço, dependendo exclusivamente das imagens de satélites estrangeiros para observar seu próprio território.
 
O plano original acertado com a China era lançar o CBERS-3 até 2010, no máximo, mas uma série de problemas levou a sucessivos adiamentos. O último deles, de ordem tecnológica, envolveu a detecção de falhas nos conversores elétricos usados na metade brasileira do projeto, quando o satélite já estava quase pronto para ser lançado, no final de 2012.
 
As peças defeituosas foram retiradas e agora, após mais um ano de testes e revisões, o CBERS-3 parece estar finalmente pronto para entrar em órbita. Posicionado a 778 quilômetros de altitude, ele terá quatro câmeras para observar a superfície do planeta: duas construídas pelo Brasil e duas pela China, com diferentes resoluções e características espectrais.
 
"São câmeras extremamente sofisticadas, que representam um salto tecnológico significativo em relação aos satélites anteriores", disse ao Estado o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi. "É o projeto espacial mais sofisticado que já produzimos."
 
Uma das câmeras brasileiras, chamada MuxCam, vai observar uma faixa de terra de 120 quilômetros de largura, permitindo escanear toda a superfície do planeta a cada 26 dias, com 20 metros de resolução. A outra, chamada WFI, terá uma resolução menor (de 64 m), mas enxergará uma faixa muito maior (de 866 km), o que permitirá observar qualquer ponto da Terra repetidamente a cada cinco dias.
 
"É como se tivéssemos um supermercado de imagens", diz o coordenador do Segmento de Aplicações do Programa CBERS no Inpe, José Carlos Epiphanio. "Poderemos optar por uma câmera ou outra, dependendo do tipo de fenômeno que queremos observar, em maior ou menor grau de detalhe."
 
Apesar de trabalhar com satélites, Epiphanio é engenheiro agrônomo por formação, o que serve como um bom exemplo da variedade de empregos que se pode dar ao CBERS. A aplicação mais famosa é a de monitoramento de florestas, principalmente na Amazônia, mas há muitas outras, incluindo o monitoramento de atividades agrícolas e ocupações urbanas, processos de erosão, uso de recursos hídricos, desastres naturais e até vazamentos de petróleo.
 
As imagens produzidas pelo CBERS-2B, por exemplo, foram baixadas por mais de 50 mil usuários, de mais de 5 mil instituições, em mais de 50 países. "Não tem uma universidade, um órgão de governo no Brasil que não seja usuário do CBERS", destaca Epiphanio. Todas as imagens geradas pelo programa são distribuídas gratuitamente na internet pelo Inpe desde 2004.
 
Ainda que as imagens de satélites estrangeiros também estejam disponíveis gratuitamente, Epiphanio diz que o País não pode abrir mão de ter seu próprio equipamento no espaço. "Vale a pena investir em satélites? Sem dúvida nenhuma. O Brasil não pode ficar sem isso."
 
A fabricação do CBERS-3 custou cerca de US$ 125 milhões para cada país.
 
Fonte: Estadão
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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As empresas francesas querem trabalhar aqui

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No Brasil desde julho passado, o embaixador da França, Denis Pietton, tem ocupado postos importantes da diplomacia de seu país. Fluente em árabe, representou o governo francês em Jerusalém e Beirute. Antes de mudar-se para Brasília, chefiou o gabinete do ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius. Na entrevista a seguir, Pietton comenta o caso de espionagem do governo dos EUA revelado por Edward Sowden, a concorrência para vender os caças para o Brasil, a entrada da francesa Total no consórcio que levou o campo de Libra e a presença da China na economia global. “A França investe no Brasil, criamos empregos aqui, transferimos tecnologia, somos o quarto país em investimentos e o décimo parceiro comercial, ou seja, investimos muito mais em comparação com o comércio. A China, por sua vez, vende muito, mas no fim das contas investe pouco em outros países.”
 
CartaCapital: Como a França avalia as ações de espionagem do governo norte-americano?
 
Denis Pietton: Quando surgiram as informações sobre a espionagem norte-americana na Europa, na França, na Alemanha, em todo o mundo, tanto o presidente Hollande como o ministro das Relações Exteriores disseram que elas eram inaceitáveis e que a amplitude e a natureza dessa espionagem era um problema, tratando-se de países aliados. O ministro pediu que o embaixador norte-americano em Paris fosse convocado a ir ao ministério, e o assunto se impôs na agenda do Conselho Europeu que reúne os chefes de Estado e os ministros de Defesa. No conselho ficou decidido que a França e a Alemanha deveriam discutir a questão com os EUA, para chegarmos a novas práticas que sejam aceitáveis e respeitem a soberania dos demais países e das liberdades públicas. O tema também teve muito destaque no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff reagiu vivamente em sua fala na Organização das Nações Unidas. E existe este projeto apresentado pelo Brasil, Japão e Alemanha na ONU (para dar mais segurança à internet), que a França irá apoiar.
 
CC: Recentemente a presidenta Dilma Rousseff disse que ainda aguardava um pedido formal de desculpas por parte dos EUA. No caso francês, houve esse pedido?
 
DP: O secretário de Estado da França declarou recentemente que a espionagem norte-americana foi longe demais. As desculpas se referem sempre ao passado, mas o que nos interessa, e ao Brasil também, é mais voltado para o futuro. Pretendemos chegar a um tratado internacional que leve em conta as soberanias nacionais e o respeito às liberdades individuais, no contexto do monitoramento eletrônico digital, com um quadro bem definido com essas prioridades respeitadas. Mas o que passou, passou, e o que importa é o futuro, ainda que possamos esperar desculpas e o reconhecimento de terem ido longe demais. Mas o mais importante é que não aconteça novamente.
 
CC: Recentemente surgiu a informação de que um dos desdobramentos do caso Snowden teria sido a desistência do governo brasileiro de comprar os aviões dos EUA. A França considera que surgiu aí uma oportunidade para a venda dos caças da Rafale?
 
DP: Prefiro olhar para este assunto com uma abordagem diferente. O caso da espionagem levou a uma consequência, o adiamento da visita que a presidenta Dilma Rousseff faria aos EUA. Eu não soube que uma decisão foi tomada pelo Brasil na compra dos caças. O que nos importa é que a proposta francesa para a venda dos Rafale está na mesa ainda. Acreditamos que são aviões multifuncionais com várias vantagens e possibilidades de uso, mas ainda em fase de desenvolvimento. De qualquer forma, é um avião que existe e já foi usado em operações militares, por exemplo, no Afeganistão. Consideramos que a proposta francesa é interessante e corresponde aos interesses brasileiros. Mas sabemos que se trata de uma decisão que cabe à presidenta, que decidirá sobre o melhor momento para a compra do avião, se agora ou mais tarde, bem como quais os caças.
 
CC: Na construção do submarino nuclear, o Brasil e a França são parceiros. O fato de a França e os EUA serem aliados afeta a transferência da tecnologia do projeto para o Brasil?
 
DP: Existem duas frentes de cooperação, uma para a construção de um submarino convencional e outra para o de propulsão nuclear. Ambos avançam muito bem. Estive na base de Itaguaí, onde os projetos estão sendo desenvolvidos normalmente. São projetos muito complexos, por isso são muitos os problemas que surgem, praticamente todos os dias, mas tive a confirmação da Marinha brasileira de que o contrato está sendo cumprido de maneira satisfatória. Em relação aos EUA, uma característica da França é que quando decidimos exportar produtos com tecnologias sensíveis não temos obrigação de pedir autorização para ninguém. E isso porque a França é dos poucos países a dominar todo o conjunto dessas tecnologias, e isso vale para a construção dos submarinos, mas também para a construção aeronáutica. A palavra da França é suficiente para garantir o nosso compromisso integral, sem levar em conta quaisquer interferências.
 
CC: No leilão do campo de Libra, a francesa Total entrou no consórcio vencedor com a Petrobras. Aqui no Brasil houve muitas críticas em relação ao chamado regime de partilha, em que a participação estatal seria, segundo esses críticos, excessiva. Como o sr. avalia a participação da Total e essas críticas?
 
DP: Para nós, a participação da Total no consórcio é evidentemente uma boa notícia. A Total é uma das maiores empresas petrolíferas com presença internacional, com toda a tecnologia de exploração de petróleo. E recentemente ela adquiriu vários blocos para exploração petrolífera na região Norte do Brasil. E agora estamos mudando de dimensão. Existem indicações bem precisas segundo as quais há muito petróleo no pré-sal. Para a Total, será um grande investimento. A empresa terá de transferir para o Brasil nos próximos anos de 20 a 30 bilhões de dólares, trata-se de um investimento de longo prazo no Brasil. Como embaixador da França, só posso considerar essa uma boa notícia porque se trata de um elemento estrutural nas relações entre os dois países. O fato de a Total decidir aceitar essa participação mostra a plena confiança na PPSA, que será a operadora dos campos do pré-sal, e Petrobras. E o fato de existirem pessoas competentes do lado brasileiro foi decisiva para a Total se comprometer com esse investimento de uma maneira tão forte.
 
CC: As empresas francesas possuem vários investimentos na economia brasileira, notadamente no setor industrial, caso da indústria automobilística. Quais críticas o sr. faria ao ambiente de negócios no Brasil?
 
DP: Tenho constatado que as empresas francesas querem trabalhar aqui, de modo geral com a criação de subsidiárias no País. Mas nunca é fácil, há de modo geral muita demora para se instalar de fato, isso antes de começar a atuar no mercado brasileiro. Mas, uma vez instaladas no País, elas se tornam sociedades brasileiras e, de modo geral, estão muito satisfeitas em trabalhar no Brasil. É isso que explica o fato de o estoque de investimentos franceses no Brasil cresceu muito. Éramos o quinto país com mais investimentos aqui e, a partir do investimento em Libra, provavelmente somos agora o quarto colocado. As empresas francesas também estão satisfeitas porque o mercado brasileiro é enorme, além da posição que o Brasil ocupa na América do Sul.
 
CC: E como enfrentar a concorrência chinesa?
 
DP: A China é um concorrente comercial, mas é também uma grande parceira. É uma grande parceira para o Brasil e para a França também, particularmente no setor aeronáutico e nuclear. Em relação à China, não podemos fazer avaliações simplistas. No caso das relações com o Brasil, há uma diferença: a França investe no Brasil, criamos empregos aqui, transferimos tecnologia, somos o quarto em investimentos e o décimo parceiro comercial, ou seja, investimos muito mais em comparação com o comércio. A China, por sua vez, ela vende muito, mas no fim das contas ela investe pouco em outros países. E quando investe às vezes é complicado, por isso, para o Brasil, são relações muito diferentes.
 
Fonte: Carta Capital
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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Brasil e Rússia querem intensificar negócios em US$ 10 bilhões

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O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniram-se hoje (20) para discutir as relações bilaterais e aprofundar a "associação estratégica" entre os dois países.
 
"O Brasil é o nosso maior parceiro comercial na América Latina. Ambos, planejamos cumprir os acordos dos [nossos] presidentes para aumentar em um futuro próximo o volume de vendas até US$ 10 bilhões", disse Lavrov.
 
O chefe da diplomacia russa referia-se aos objetivos definidos pelo presidente russo, Vladimir Putin, e pela presidenta, Dilma Rousseff, durante uma reunião no Kremlin em dezembro do ano passado. As trocas comerciais entre 2005 e 2008 subiram, um crescimento que diminuiu com a crise, mas tornou a aumentar em 2011.
 
O ministro russo destacou o nível de colaboração entre os dois países em matérias como defesa, ciência, desporto e espaço. Ele informou que a Rússia e o Brasil assinaram uma declaração em que se comprometem "a não ser os primeiros a lançar armamento para o espaço".
 
Os ministros abordaram também o polêmico programa nuclear iraniano e o conflito na Síria. Lavrov destacou a contribuição do Brasil "na busca de caminhos para reduzir as tensões em torno dessa questão".
 
Figueiredo agradeceu a Lavrov pelo "seu papel na resolução do conflito sírio". Os ministros comentaram, também, o problema da espionagem americana, tema sensível para o Brasil que reagiu com indignação às notícias de que Washington teria feito escutas nos telefones e no correio eletrônico de Dilma Rousseff.
 
"A nossa tarefa é garantir a proteção dos direitos humanos fundamentais como o direito à intimidade", disse Figueiredo. O ministro russo, por sua vez, defendeu a aplicação de regras de "comportamento comum no ciberespaço" e recordou que Moscou propõe "aceitar obrigações de não interferir nas vidas privadas dos cidadãos".
 
Luiz Alberto Figueiredo exprimiu a sua satisfação pela decisão da Justiça russa de conceder a liberdade sob fiança à ativista da Greenpeace Ana Paula Maciel, detida com outros 30 ecologistas na Rússia.
 
"Estou muito contente com a coincidência de ter sabido da decisão do tribunal quando cheguei à Rússia", destacou o ministro brasileiro, numa referência à medida acordada ontem pelo Tribunal de São Petersburgo sobre o caso do Arctic Sunrise, o barco da Greenpeace envolvido em um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, no dia 19 de setembro.
 
Fonte: Agência Brasil
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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Brasil vai aprofundar cooperação em defesa com países da Europa Central

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Os países da Europa Central que compõem o chamado Grupo de Visegrád (Hungria, Polônia, República Checa e Eslováquia) manifestaram interesse em ampliar a cooperação com o Brasil na área militar. Os ministros da Defesa dos quatro países que compõem o fórum, também conhecido como V4, foram unânimes em reconhecer o Brasil como um parceiro relevante, com o qual pretendem desenvolver novas iniciativas e ampliar os projetos já existentes em campos como a fabricação de equipamentos e treinamento de pessoal.

A intenção de aprofundar relações na área de Defesa foi explicitada pelos representantes dos países do V4 durante o encontro dos ministros de Defesa realizado nesta terça-feira, em Bratislava, capital eslovaca.

Numa deferência concedida a poucas nações, o Brasil foi o primeiro país não europeu a ser convidado a participar do encontro, que ganhou o formato V4 + 1. Criado em 1991, o Grupo de Visegrád é uma aliança de ex-países comunistas da Europa Central de raízes comuns com o objetivo de firmar parcerias em diversos campos, entre eles o da Defesa. “A presença do Brasil é um exemplo da nossa vontade de cooperar fora da Europa”, disse o ministro da Defesa da Polônia, Tomas Siemoniak, durante a abertura do encontro.

A representação do Brasil no encontro ficou a cargo do ministro da Defesa, Celso Amorim. Ele aproveitou a viagem para realizar encontros bilaterais com os ministros da Defesa dos quatro países centro-europeus, além de audiências com autoridades do primeiro escalão do governo e do parlamento eslovaco.

Na avaliação de Amorim, os encontros bilaterais e a participação no fórum V4 abriram possibilidades concretas de cooperação em áreas de interesse do Brasil, tais como o desenvolvimento do avião cargueiro militar KC-390. A aeronave, que tem projeto da Força Aérea Brasileira (FAB) e está sendo desenvolvida pela Embraer, tem participação direta da República Checa.

Uma empresa desse país, a Aero Vodochody, produzirá peças do KC-390, como a fuselagem traseira e as portas da tripulação. A participação dessa companhia no projeto, como foi ressaltado durante as conversas realizadas em Bratislava, também significa o envolvimento indireto da Eslováquia na iniciativa, uma vez que parte dos acionistas da Aero são eslovacos.

A República Checa assinou com o Brasil, em 2010, um acordo de cooperação em defesa e uma declaração de intenção para desenvolvimento do avião KC-390. Na abertura do encontro do V4, o ministro da Defesa, Vlatimil Picek, reiterou a intenção de seu país em adquirir duas unidades do avião (KC-390) em 2020.

Defesa cibernética e formação militar

Durante os encontros realizados entre Amorim e seus contrapartes europeus também houve tratativas sobre a cooperação em setores como o de defesa cibernética, formação de militares e Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBN). “Acho que estamos abrindo um terreno novo”, afirmou Amorim na abertura do encontro. “É dessas parcerias aparentemente improváveis que nascem cooperações inovadoras”, completou. Segundo ele, o fato de os países do V4 pertencerem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não exclui a possibilidade de cooperação.


A partir de uma sugestão do ministro da República Checa, o Brasil deverá passar a integrar o grupo criado no âmbito do V4 para troca de experiências e informações sobre o avião espanhol de transporte militar Casa C-295 ( A FAB possui 12 unidades da aeronave). Com a Polônia, foi reiterada, entre outros aspectos, a disposição do Brasil de incrementar a já existente cooperação na formação de militares integrantes de unidades de elite, como as forças especiais.

Como decorrência das tratativas ocorridas, o ministro da Defesa da Eslováquia, Martin Glvác, anunciou a intenção de seu país de abrir uma adidância militar no Brasil. Anfitrião do encontro, o ministro eslovaco fez à Amorim e comitiva uma breve exposição sobre a defesa de seu país, que conjuntamente com os outros membros do Grupo de Visegrád realiza, atualmente, a modernização de suas forças armadas.

Amorim participou de audiência com Glvác na sede do Ministério da Defesa da Eslováquia, onde a comitiva brasileira foi recebida com honras militares. Ao final do encontro, houve visita a uma exposição montada em frente à sede do MD Eslovaco, com equipamentos militares produzidos por empresas do país, dentre os quais veículos blindados.

Na abertura do encontro do V4, Amorim convidou os ministros da Defesa dos países do Grupo a se reunirem novamente durante a Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD), que ocorrerá no Brasil em 2015. Ele também agradeceu o convite que, em sua avaliação, permitiu ao Brasil diversificar suas parcerias . “O convite foi uma ótima oportunidade de dialogar bilateralmente e multilateralmente com os componentes desse grupo”, disse.

A participação brasileira no encontro e nas reuniões bilaterais teve o apoio da embaixadora do Brasil na Eslováquia, Susan Kleebank, e equipe. A comitiva do Ministério da Defesa contou ainda com a participação de assessores civis e de oficiais das Forças Armadas, dentre os quais o almirante e chefe de Assuntos Estratégicos do MD, Carlos Augusto de Sousa, e o brigadeiro e chefe do Departamento de Produtos de Defesa do MD, José Euclides Gonçalves.

Fonte: Ministério da Defesa
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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Parceria entre Brasil e Ucrânia para lançar foguetes enfrenta atraso

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Dez anos depois, o projeto da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) ainda não decolou. Assinado em 21 de outubro de 2003, o acordo de cooperação a longo prazo entre Brasil e Ucrânia apresenta não apenas atraso no cronograma divulgado inicialmente, mas também elevação dos custos previstos e ceticismo quanto a seu modelo de ingresso no mercado internacional de lançamentos espaciais.
É difícil encontrar, no mundo, local melhor para uma base de lançamentos espaciais do que o município de Alcântara, no Maranhão. Como fica a apenas 2° ao sul da Linha do Equador – onde a velocidade de rotação da Terra é maior e, assim, o impulso natural para o voo do foguete também – oferece a possibilidade de realizar lançamentos para qualquer direção a partir de um único ponto. A economia de combustível é bastante significativa em comparação a outros centros de lançamento (com condições mais próximas há o de Kourou, na Guiana Francesa, 5° ao norte do Equador, utilizada pelas agências espaciais europeia e francesa, além da companhia Arianespace SA, da França).
 
Além disso, Alcântara é privilegiada com um vasto oceano à sua frente, o que diminui o valor do seguro, já que não há risco de o nariz do foguete, ejetado antes de atingir o espaço, cair em regiões habitadas. “Outra vantagem é a possibilidade de voos todo ano, sem estações preferenciais. Alcântara oferece todas as condições para um lançamento seguro”, garante José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB).
 
A localização geográfica é, portanto, o que o Brasil oferece de mais valioso. Da parte ucraniana, a contribuição é a tecnologia da família Cyclone. Em Alcântara, deverá ser lançado o Cyclone-4, sucessor do Cyclone-3, um bem sucedido foguete que funcionou de 1977 a 2009. Apesar de ser elogiado pela sua eficiência, o foguete ucraniano foi aposentado nos lançamentos espaciais europeus por utilizar como combustível propelentes hipergólicos, de alto potencial tóxico. No Cyclone-4, os combustíveis são tetróxido de nitrogênio e dimetil hidrazina, classificados pela União Europeia como altamente tóxicos e perigosos ao meio ambiente.
 
Meio ambiente
 
O possível dano ambiental causado pelo foguete é um dos pontos que motivou a criação de um abaixo-assinado propondo mudanças no acordo ou o seu destrato. O criador, Duda Falcão, que mantém o blog Brazilian Space, sugere que, além da utilização de propelentes menos danosos ao meio ambiente, a ACS seja transformada em uma empresa de capital misto (público e privado), com poder de veto a ambos países; que o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e universidades parceiras participem no desenvolvimento do novo sistema de propulsão; que sejam criados mais convênios entre os dois países, com intercâmbios universitários e profissionais; e a ratificação de um acordo de salvaguardas tecnológicas com o governo norte-americano.
 
Retorno financeiro
 
André Mileski, editor do blog Panorama Espacial e editor-adjunto da revista Tecnologia & Defesa, é outro crítico do acordo nos moldes atuais. Ele defende a exploração comercial de Alcântara, mas sua opinião é de que o grande investimento do governo brasileiro na Alcântara Cyclone Space não terá o retorno desejado. “O problema é que a ACS, como foi criada, hoje acaba retirando recursos de outros projetos do Programa Espacial Brasileiro. Isto é, o orçamento está tendo que pagar uma iniciativa comercial que jamais vai se pagar”, opina.
 
Para ser competitivo em relação às demais alternativas, segundo Mileski, o preço de uma missão com o Cyclone-4 teria de ser incrivelmente baixo, o que não compensaria o dinheiro investido. Ele vê o foguete como grande demais para a maior parte dos satélites que integram o plano espacial brasileiro e pequeno demais para missões mais específicas. “Para compensar, a ACS diz que o foguete poderá lançar mais de um satélite em uma missão. Mas primeiro precisa encontrar outros passageiros, e para isso o preço tem que ser muito competitivo, algo muito abaixo de US$ 50 milhões, pois atualmente há opções mais confiáveis e baratas na China e Rússia.”
 
Conflito entre projetos
 
Monserrat, da AEB, não vê o Cyclone-4 como conflitante em relação a outros projetos como o Veículo Lançador de Satélites (VLS), projeto de desenvolvimento de um foguete brasileiro. “A base do projeto Cyclone não é cientifica nem de transferência de tecnologia, mas sim comercial. As duas partes chegaram à conclusão de que se você utilizar o Cyclone-4, que vem de uma família muito eficiente, a partir de uma base como Alcântara, essa é uma forma de entrar no mercado comercial de lançamentos de maneira segura, econômica e competitiva”, garante. Já o VLS engloba o desenvolvimento de toda a tecnologia exigida para um lançamento. “É fruto ainda do primeiro programa espacial brasileiro. Inclui o foguete VLS-1 e quatro satélites, dois por funcionamento remoto. É uma missão composta por todas as atividades necessárias para uma missão espacial”, conclui.
 
Nas duas primeiras tentativas de lançamento, em 1997 e 1999, falhas exigiram que o comando acionasse a autodestruição do VLS-1 logo após iniciar o voo. Na terceira tentativa, em 2003, uma ignição prematura fez com que o foguete explodisse dias antes do lançamento, matando 21 técnicos que estavam na plataforma. O projeto foi reestruturado, passando a contar com consultoria russa, e o próximo lançamento do foguete, na sua quarta versão, está previsto para meados de 2014, embora ainda não conte com os recursos necessários e sofra de sucessivos atrasos no cronograma .
 
Paralisações
 
De acordo com Sergiy Guchenkov, diretor comercial da Alcântara Cyclone Space, o projeto é desenvolvido em três frentes. De responsabilidade total da Ucrânia é o foguete Cyclone-4, o qual, segundo Guchenkov, está 78% pronto. De responsabilidade da empresa, está a construção do sítio de lançamento, cujas obras civis encontram-se 48% acabadas. Da parte do Brasil, está a infraestrutura geral do Centro de Lançamento de Alcântara.
 
Cronograma
 
Esses números não correspondem à previsão original. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente na época em que o acordo foi firmado, esperava ver o primeiro lançamento do Cyclone-4 ainda como chefe do executivo – o prazo inicial para o voo era até o final de 2010. Imprevistos e percalços orçamentários fizeram com que as obras paralisassem em alguns momentos. Entre 2008 e 2009, o impasse ficou por conta de uma disputa judicial entre a ACS, que pretendia transformar toda a península de Alcântara em um parque tecnológico, e comunidades quilombolas, representadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que reivindicaram parte da área. A empresa binacional teve de abrir mão desse território. “Houve também dificuldade para conseguir uma licença para iniciar as obras, porque a região faz parte da Amazônia Legal, com regras muito rígidas”, completa Guchenkov.
 
Mais recentemente, as paralisações ocorreram em decorrência de atraso no envio de recursos e em homologações. “Existe o compromisso dos dois países de fornecer recursos financeiros, e, devido a burocracias, às vezes o dinheiro atrasa. Tudo isso impactou de maneira bastante considerável”, explica o diretor comercial da ACS. Segundo ele, o prazo oficial de lançamento do foguete, para o final de 2014, é bastante otimista. “O prazo mais provável é que o Cyclone-4 seja lançado em 2015, já em caráter comercial. Temos dois contratos, com uma empresa japonesa e uma italiana, para esse primeiro voo. O foguete já tem uma história e deve levar ao espaço muitos satélites”, conta Guchenkov.
 
Investimento
 
Ainda segundo informações de Sergiy Guchenkov, cada país já investiu mais de US$ 200 milhões na ACS. Em meados deste ano, a assembleia geral da empresa resolveu aumentar o capital de US$ 487 milhões para US$ 918 milhões – injeção monetária que será dividida igualitariamente entre Brasil e Ucrânia. Motivo suficiente para deixar André Mileski ainda mais cético quanto ao retorno financeiro. “As margens de lucro de cada missão de lançamento são muito pequenas, na casa de um dígito, então você pode imaginar quantos lançamentos seriam necessários para ter algum retorno. Eu acompanho esse projeto há mais de dez anos e lembro-me bem que, no início da década de 2000, falava-se em um investimento de US$ 180 milhões”, recorda.
 
Fonte: Terra
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Cooperação da Rússia com Brasil e Peru: material bélico e intercâmbio de tecnologias

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Foi concluída a visita do ministro da defesa da Federação Russa Serguei Shoigu ao Peru e ao Brasil. Ao fazer o seu balanço, o ministro ressaltou que as propostas russas, formuladas no Peru e no Brasil, na pior das hipóteses nada devem a propostas dos outros países.
Então: "Por que a Rússia deve ficar à margem? O ritmo de desenvolvimento da nossa indústria é bastante enérgico e se anteriormente dizíamos que utilizávamos a tal de "margem de antecipação" do passado, hoje podemos constatar que utilizamos não somente isso". Serguei Shoigu completou esta declaração dizendo: "Prosseguimos com os colegas brasileiros naquilo que tinha sido iniciado pelo chefe do Estado russo e pelo presidente do nosso governo, ou seja, a ampliação da cooperação técnico-militar. E aí existe um espectro muito amplo: desde os sistemas de defesa antiaérea até aviões da quinta geração, com a utilização das realizações que os dois países já possuem". Como se sabe, o ministro Shoigu propôs aos colegas brasileiros também a cooperação nas questões de criação conjunta de satélites e no desenvolvimento de um programa cósmico especial de comunicação e de sondagem da superfície terrestre.
As propostas russas aos parceiros peruanos a respeito do fornecimento de blindados também podem ser considerados no plano de aperfeiçoamento da capacidade de defesa dos Estados latino-americanos. Atualmente o exército peruano possui cerca de trezentos tanques T-55 de fabricação russa. Mas ainda na primavera, depois da realização da exposição de armas na Rússia, foi apresentado para testes no Peru um exemplar do tanque T-90S, que despertou um grande interesse dos nossos parceiros de Lima. Falando a propósito, em breve os peruanos irão visitar a Rússia a convite do ministro da defesa Serguei Shoigu a fim de tomar conhecimento dos parâmetros deste novo tanque num dos polígonos russos. Eis a opinião do nosso perito Viktor Litovkin, redator-chefe do jornal Boletim Militar Independente.
"Além dos tanques, a Rússia pode fornecer também os mais modernos veículos blindados de transporte do pessoal BTR-80 A, que o Exército Russo já começou a receber. Além disso, já fornecemos ao Peru quase duas dezenas de helicópteros. Além do fornecimento de alguns tipos de armamento, podemos criar no território do Peru complexos da sua manutenção técnica."
É muito importante que a Rússia propõe passar do fornecimento de alguns modelos concretos para a criação de sistemas inteiros de perfil tecnológico e de empresas conjuntas de modernização do material de guerra, o que permitirá ampliar a cooperação mutuamente vantajosa na região. Por exemplo, em setembro os militares brasileiros concluíram o processo de concatenação por diversas entidades da questão de aquisição à Rússia de complexos Pantsir-S1 – uma combinação de míssil e de canhão automotriz de defesa antiaérea. Este será um importante passo rumo à assinatura do contrato, que de acordo com os dados da mídia brasileira é avaliado em cerca de um bilhão de dólares americanos.
O sistema Pantsir-S1 é destinado a proteger tanto objetos militares, como civis. Pode atingir alvos aéreos, com dimensões de até 2-3 centímetros e velocidades de até mil metros por segundo, que se encontram à distância de até 20 quilômetros e estão à altura de até 15 mil metros. Este sistema pode atingir com o máximo de precisão os mais diversos objetos, como, por exemplo, helicópteros, aviões, drones, mísseis alados e, inclusive, bombas aéreas. Os militares brasileiros revelam um interesse especial em relação a Pantsir pois a seu cargo estará a defesa antiaérea do Campeonato Mundial de Futebol, a realizar-se no próximo ano, e das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
 
O chefe do Ministério da Defesa da Federação Russa apontou: "Estamos chegando ao acordo com o Brasil a respeito dos Pantsir. Mas a preparação do documento final requer certo tempo". Na opinião do perito russo em sistemas de defesa antiaérea Said Aminov, "os países da América Latina estão prontos a cooperar estreitamente com a Rússia". Ele disse a seguir:
"Estes contratos planejados com o Brasil e com o Peru são excepcionalmente importantes no plano de consolidação das posições da Rússia no mercado mundial de armamentos. Eles são também importantes e interessantes para todas as partes no plano de realização do material técnico de guerra russo e das tecnologias russas. Especialmente quando se trata dos sistemas modernos como Pantsir-S1, complexos portáteis Igla-S e tanques T-90S. Precisamente estes blindados serão apresentados aos peruanos nos testes. Este é um importante momento na consolidação da interação técnico-militar com os países da América Latina."
Depois das visitas ao Peru e ao Brasil, o chefe do Ministério da defesa da Federação Russa Serguei Shoigu ressaltou que esta cooperação adquire um sentido especial não somente para o aperfeiçoamento dos sistemas de segurança de cada país, mas também para o desenvolvimento das suas economias.
Fonte: Voz da Rússia
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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Brasil compra R$ 2 bi em armas da Rússia e agora negocia caça

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País poderia receber jatos Sukhoi-35 para substituir seus Mirage-2000 e participar da produção do novo modelo T-50. Contrato para aquisição de baterias antiaéreas Pantsir-S1 e lançadores Igla-S, contudo, só deve ser assinado em 2014.
O Brasil aprofundou sua cooperação militar com a Rússia ao fechar a compra de R$ 2 bilhões em baterias antiaéreas e admitiu participar da produção do caça de próxima geração que está sendo desenvolvido por Moscou.
 
Segundo o ministro Celso Amorim (Defesa), nada impede a participação brasileira no projeto do Sukhoi T-50, caça que tem cinco protótipos voando e que servirá de base para um modelo a ser produzido em conjunto com a Índia.
 
Amorim fez o comentário após reunião com seu colega Sergei Shoigu. Reafirmou que o processo para comprar caças de geração atual, o F-X2, segue com três concorrentes: o americano F/A-18, o francês Rafale e o sueco Gripen NG.

Os russos não fizeram ofertas formais de seu modelo atual, que ficou de fora do F-X2, o Sukhoi-35. Segundo a Folha apurou, contudo, a Força Aérea recebeu uma consulta informal para receber uma espécie de "combo".
 
Pela oferta, o Brasil receberia Sukhoi-35 para substituir seus Mirage-2000 que serão aposentados neste ano enquanto o T-50 não atingir estágio operacional, o que deve ocorrer só após 2016. O novo caça só deverá ter produção comercial no fim da década.
 
No encontro com Amorim, Shoigu falou genericamente que poderia fazer leasing de equipamento militar russo. Isso foi lido com uma senha para a solução intermediária.
 
A compra dos caças se arrasta desde 2001. O F/A-18 tinha superado o Rafale no favoritismo, mas o escândalo da espionagem americana travou o negócio politicamente. A ampliação da cooperação com a Rússia ocorre no momento em que a relação Brasil-EUA está abalada.

O T-50 é o projeto de caça de quinta geração em estágio mais avançado no mundo. Só os EUA têm um avião deste tipo hoje, o F-22. A denominação é genérica e indica a adoção de itens como alto índice de informatização e capacidade de voo furtivo, o chamado "invisível ao radar". Sua grande vantagem é a abertura da Rússia a cooperações --os EUA não vendem o F-22.
 
Para que a negociação ande, os russos deverão melhorar seu pós-venda. Segundo a Folha apurou, a delegação de Shoigu recebeu reclamações sobre peças de reposição e manutenção dos helicópteros de ataque Mi-35 que estão sendo fornecidos à FAB.
 
O fato de ter sido sacramentado o próximo passo para a compra de baterias antiaéreas Pantsir-S1, um produto de alta tecnologia, indica que o Brasil deu um voto de confiança a Moscou.
 
Amorim ressaltou que a ideia não é a compra em si, mas a capacitação tecnológica. A previsão é de que uma empresa brasileira, que poderá ser a Odebrecht Defesa, venha a produzir a arma. O contrato deverá ser assinado em meados de 2014. Prevê a compra de três baterias mais duas de lançadores Igla-S.
 
Governos dos dois países criam grupo antiespionagem
 
Na esteira das denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos, Brasil e Rússia decidiram ontem formar um grupo de trabalho para sugerir soluções em defesa cibernética. A forma como isso será feito não está definida.
 
Não deixa de ser curioso que o Brasil, país cuja presidente cancelou uma visita de Estado a Washington por causa das denúncias que estaria sendo monitorada, esteja procurando parceria no setor justamente com a nação que abriga o denunciante do caso da espionagem.
 
O analista Edward Snowden, que vazou documentos mostrando a ação de espionagem da Agência de Segurança Nacional americana, está asilado temporariamente na Rússia.
 
Outro acordo assinado entre os dois países prevê uma maior cooperação na área de tecnologia espacial.
 
Fonte: Folha
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Brasil pode comprar complexo russo de defesa aérea

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No início da próxima semana uma delegação militar, chefiada pelo ministro da Defesa da Rússia Serguei Shoigu, deve visitar o Brasil e o Peru para manter nesses países uma série de negociações sobre o desenvolvimento da cooperação técnico-militar. Nas negociações no Brasil, provavelmente, será discutida a questão de aquisição de sistemas de defesa aérea Pantsir-S1. No Peru, as negociações incidirão sobre o tema de blindados. Anteriormente, os peruanos já manifestaram sua prontidão de comprar um grande lote de tanques T-90S e dos mais recentes veículos blindados russos.
O ministro da Defesa da Rússia planeja voar para o Brasil em 14 de outubro. Primeiro, deverá ser realizada uma reunião da delegação russa com o ministro da Defesa do Brasil Celso Amorim, o Chefe de Estado-Maior general José Carlos De Nardi, e, possivelmente, com a presidente Dilma Rousseff.
Em termos de cooperação técnico-militar, a América Latina sempre foi secundária para a Rússia em comparação, por exemplo, com a Ásia. Agora é hora de recuperar o tempo perdido, sublinhou em entrevista à Voz da Rússia o chefe do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias Ruslan Pukhov:
"Outro aspecto está relacionado com que agora tanto o Peru planeja comprar armamentos em quantias bastante significants, como o Brasil tem um ambicioso programa de rearmamento. Por isso a Rússia está envolvida lá e ela tem boas chances. Se trata da área de equipamentos terrestres, no Peru, e no Brasil, de sistemas de defesa aérea. Obviamente, o ministro da Defesa Serguei Shoigu fará todos os esforços para promover as propostas russas. Então, a indústria russa de defesa vai conseguir dinheiro, o qual tão pouco será redundante no contexto de uma possível redução do orçamento militar. Outro momento ainda é que o Brasil, juntamente com a Índia, China, Rússia e África do Sul é um membro dos BRICS. É necessário reforçar os laços com esta associação. O Peru é também um jogador regional bastante grande que está ligado à rússia por laços de cooperação desde a era soviética."
O Brasil mostrou um interesse especial no complexo Pantsir-S1. Este é o mais recente sistema de defesa aérea de curto alcance. Inicialmente, o complexo foi projetado por encomenda dos Emirados Árabes Unidos e destinado para exportação, nota Ruslan Pukhov:
"O segundo país que quis comprar este complexo foi a Síria, e o terceiro foi a Argélia. O exército russo foi o quarto usuário. Atualmente, estão sendo mantidas com vários países, incluindo o Brasil, negociações sobre o complexo que estão em fase de conclusão. O Brasil necessita deste sistema, inclusive a fim de proteger seu céu pacífico de possíveis incidentes, de ataques terroristas no âmbito da Copa do Mundo e da Olimpíada num futuro previsível. Eu acho que as chances de compra do complexo são altas, embora isso não signifique que tudo será assinado agora, durante a visita. Mas será feito mais um passo nessa direção."
Quanto ao fornecimento ao Peru de um grande lote de tanques T-90S, as chances são bastante grandes. Recentemente foi realizada uma demonstração dessa máquina de combate à liderança militar do Peru. Ela incluiu tiros prático contra vários alvos. O T-90S fez uma grande impressão, nota o editor do jornal Revista Militar Independente Viktor Litovkin:
"Além dos fornecimentos, nós podemos criar no Peru um sistema de manutenção e atualização destes tanques, empresas conjuntas que depois permitirão expandir os nossos negócios nesse país. Além de tanques, a Rússia pode também fornecer os mais recentes veículos blindados BTR-80A, que estão agora sendo fornecidos ao Exército russo. Já foram entregues ao Peru cerca de duas dezenas de helicópteros. Assim que os peruanos têm um grande respeito ao equipamento militar russo."

Se o acordo de fornecimento de 110 tanques T-90S e um lote igual de veículos blindados será finalizado, seu custo será de pelo menos 700 milhões de dólares. O acordo de fornecimento de sistemas de defesa aérea ao Brasil é estimado em um bilhão de dólares.

Fonte: Voz da Rússia
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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Após dez anos, o acordo entre Brasil e Ucrânia na área espacial avança.

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As vésperas de completar dez anos, o acordo entre o Brasil e a Ucrânia para desenvolver, construir e lançar foguetes entrou na reta final. Com a injeção extra de 420 milhões de dólares na Alcântara Cyclone Space, os dois países esperam que a empresa binacional, enfim, termine sua missão e conclua, depois de muito atraso, o foguete lançador na base de Alcântara, no Maranhão. Diante das revelações da intensa espionagem cibernética dos Estados Unidos, parece salutar qualquer passo em áreas relacionadas à soberania e à defesa nacionais.
 
A ACS nunca foi, porém, uma ideia bem recebida por pesquisadores e pela Aeronáutica, e o recente impulso financeiro dado pelo governo ao projeto reacendeu a polemica. A atual onda de queixas repisa uma visão antiga existente entre entidades participantes do programa espacial brasileiro. O governo investiria demais em uma iniciativa sem resultados e que só alimentaria o conhecimento e os negócios no exterior, pois o foguete é fabricado na Ucrânia com tecnologia daquele país. Esse caminho prejudicaria as pesquisas empreendidas por brasileiros com o apoio de empresas locais. Entre 2006, quando a ACS saiu do papel, e 2012, o Brasil gastou 1,2 bilhão de reais no programa espacial. O empreendimento binacional recebeu cerca de 450 milhões de reais, quase um terço do total.
 
"O projeto ACS está vagarosíssimo e não tem nada a ver com defesa nacional ou desenvolvimento da indústria, ele é puramente comercial. E, mesmo quanto à sua rentabilidade, somos céticos", diz o presidente da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), Aydano Barreto Carleial. "A ACS divide esforços e recursos. Por isso, o programa espacial brasileiro não decola", afirma o vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Ciência e Tecnologia, Fernando Morais.
 
Sem a ACS no páreo por fatias do orçamento federal, o plano de um foguete 100% nacional poderia estar mais avançado ou até finalizado, apesar da necessidade de submeter o projeto a uma "revisão profunda" na avaliação de Carleial. O chamado VLS é um protótipo em desenvolvimento pela Aeronáutica desde a década de 80. Já passou por três testes, todos fracassados. A última tentativa completou dez anos em agosto e terminou em tragédia, com a morte de 21 trabalhadores. A próxima está programada para 2015.
 
Um funcionário civil embrenhado no dia a dia do projeto VLS conta nunca ter visto os militares da Força Aérea tão irritados quanto agora. Enquanto o governo reitera sua prioridade à ACS com a injeção de capital, o Instituto Aeronáutico e Espacial, condutor do VLS, sofre com um déficit de pessoal estimado em 600 funcionários. E o tipo de reclamação que os militares fazem apenas nos bastidores e de forma anônima.
 
A própria AAB teve momentos de timidez. Em 2010, elaborou um documento sobre o programa espacial de cuja versão final foram excluídas referências contundentes à ACS. A época, o setor alimentava a expectativa de que, na passagem do governo Lula, responsável por selar a sociedade com a Ucrânia, para a administração Dilma, pudesse haver alteração das prioridades. O grupo político à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia e de seus órgãos vinculados realmente mudou em 2011. Saiu o PSB, entrou o PT. Mas a postura perante a ACS, não.
 
À reafirmação do compromisso do governo com o projeto ocorreu depois de uma viagem do então presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp, à Ucrânia em julho de 2011. Historicamente crítico da ACS, Raupp foi conferir a construção do foguete Cyclone 4. Ficou satisfeito com o que viu e com as possibilidades de absorção de conhecimento por técnicos brasileiros. Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) desde janeiro de 2012, virou um defensor do projeto entre os países.
 
Se no Brasil a troca de poder não interferiu nos rumos da empreitada, não se pode dizer o mesmo em relação às mudanças ocorridas na Ucrânia. De 2005 a 2010, o país teve um governo de oposição àquele que assinara anteriormente o acordo com Brasília em outubro de 2003. Esse fato e uma crise econômica interna levaram a modificações nos rumos e no orçamento do projeto. Os repasses à ACS minguaram e o desenvolvimento do foguete foi afetado.
 
No cargo desde fevereiro de 2010, o atual presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, pertence ao mesmo grupo político responsável pelo acordo com o Brasil. Dias depois da posse da presidenta Dilma Rousseff, ele telefonou e disse que se empenharia para retomar os investimentos. E reiterou o compromisso, desta vez publicamente, em uma visita oficial a Brasília em outubro de 2011.
 
Com a normalização do financiamento ucraniano, em 2013 os dois países praticamente igualaram suas cotas na empreitada, cerca de 250 milhões de dólares cada um. Por isso, e diante da necessidade de reforçar o caixa para finalizar o projeto, os sócios decidiram em maio fazer uma capitalização de 420 milhões de dólares na empresa. Cada lado entra com metade. No fim de agosto, um decreto do governo federal liberou uma primeira parcela brasileira, de 33 milhões de reais. Dias depois, o Parlamento ucraniano incluiu o foguete no seu programa espacial 2013-2017 e abriu o orçamento para transferir recursos à empresa.
 
Com o fôlego financeiro proporcionado pela capitalização, a construção do centro de lançamento em Alcântara será retomada. A obra começou em 2010, mas está parada desde março, por falta de pagamentos à empreiteira. A paralisação custou o emprego de 2 mil operários. A expectativa oficial é de que a obra fique pronta em 2015. E quando o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, estima que o foguete vá decolar. "O Cylone 4 está muito avançado. E não prejudica outros programas em curso", diz, em referência ao VLS.
 
O foguete permitirá à ACS colocar em órbita satélites de médio porte do Brasil, da Ucrânia ou de estrangeiros dispostos a pagar pelo serviço, a ser prestado a partir da base com a melhor localização do planeta. Com mais e maiores satélites, um país pode, entre outras estratégias, refinar a previsão do tempo e o controle do desmatamento, com ganhos para a agricultura e o meio ambiente. Ou aprimorar suas comunicações e a vigilância de suas fronteiras, tornando-se um pouco mais preparado para encarar a espionagem planetária dos EUA.
 
Responsável pela assinatura brasileira no tratado firmado com a Ucrânia e primeiro presidente da ACS, Roberto Amaral, ex-ministro da Ciência e Tecnologia, não vê a hora de o foguete decolar. A empresa, diz ele, levou o Brasil a "pular etapas" no programa espacial.
 
O País teria conseguido, com rapidez, uma tecnologia disponível, de eficácia comprovada e capaz de atender às necessidades brasileiras. Segundo Amaral, o VLS da Aeronáutica pode até ser 100% nacional, mas não gerou resultados em 30 anos e está apto a carregar somente satélites pequenos. "O programa espacial brasileiro só tem uma alternativa, a ACS. O VLS não é viável."
 
Essa "alternativa" única tem ido adiante, apesar do boicote dos Estados Unidos. Washington é contra a ideia de o Brasil manter um programa espacial, foguetes e tecnologia fornecida pela Ucrânia, herdeira de conhecimento da antiga União Soviética, Documentos divulgados pelo WikiLeaks em 2011 mostram que os americanos enviaram telegramas à embaixada do país no Brasil para tentar forçar o fim da parceria.
 
A revelação não surpreendeu as autoridades brasileiras. Antes do WikiLeaks, Brasília tinha recebido do governo ucraniano a cópia de uma carta escrita por Washington com o mesmo teor. A sabotagem americana remonta às primeiras negociações para se criar uma parceria na área, nos anos 90. A Itália, que também seria sócia na empresa, desistiu. Motivo: ameaças dos EUA, que invocaram um tratado internacional de controle de tecnologia de mísseis do qual os italianos eram signatários.
 
Por causa da resistência dos EUA à conquista de conhecimento espacial pelo Brasil, o tratado de 2003 com a Ucrânia não cita a transferência de tecnologia para brasileiros, uma omissão frequentemente apontada por críticas do acordo. Essa transferência ocorre, porém, de uma forma até certo ponto clandestina, por meio do contato entre técnicos dos dois países e pelo envio à Ucrânia de estudantes brasileiros de cursos de mestrado.
 
O mesmo tipo de solução deverá ser usado em uma parceria com a França na área de satélites. Até o fim de setembro, o governo vai assinar um contrato de 650 milhões de dólares com os franceses. O satélite ficará encarregado das comunicações das Forças Armadas e das principais redes federais, e também da expansão da internet de banda larga. Entrará em órbita entre 2015 e 2016. O Brasil deixará assim de se expor à bisbilhotice alheia, pois hoje aluga equipamento de terceiros. "Nossas comunicações passarão a ser totalmente controladas pelo governo e serão invioláveis" diz o presidente da Telebrás, Caio Cezar Bonilha.
 
O contrato principal será acompanhado de um segundo. O objetivo do documento adicional será permitir ao Brasil absorver a tecnologia francesa e, depois do um tempo, produzir um equipamento do mesmo porte no País. O documento terá de ser redigido de um modo que contorne as restrições que os EUA, a partir de tratados internacionais, certamente tentarão impor.
 
Fonte: Carta Capital
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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Nova estação do Glonass será instalada no Brasil até o final do ano

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Brasil já possui uma estação de ajuste de dados, a primeira no hemisfério sul. De acordo com Serguêi Saveliev, vice-presidente da Roscosmos (Agência Espacial Russa), um contrato para instalar outra estação no país foi assinado em fevereiro passado.  
 
Uma nova estação de ajuste de dados do sistema de localização por satélite russo Glonass, a Sajem-TM, será instalada no Brasil até o final deste ano, disse à imprensa o vice-presidente da Roscosmos (Agência Espacial Russa), Serguêi Saveliev, durante a nona edição da LAAD-2013 (Feira Internacional de Defesa e Segurança), que se encerra nesta sexta-feira (12) no Rio de Janeiro.
 
O Brasil já possui uma estação de ajuste de dados, a primeira no hemisfério sul. De acordo com Saveliev, um contrato para instalar outra estação no país foi assinado em fevereiro passado.
 
"Essa é uma estação terrestre quantum-ótica destinada a fazer ajustes na posição de satélites e no campo de navegação em tempo real", disse o responsável.
 
"O contrato já está assinado. Até o final deste ano, a estação será colocada em operação", completou.
Saveliev também disse que a Roscosmos tem acordos com uma série de países sobre a instalação de estações em seus territórios nacionais.
 
"Temos acordos com África do Sul, Nicarágua e Cuba. A seqüência de colocação de estações vai depender das datas de assinatura das respectivas documentações", disse Saveliev.
 
O segmento civil do sistema Glonass foi concebido para definir com precisão as coordenadas e velocidade de locomoção de objetos equipados com receptores dos sinais emitidos pelo sistema.

Fonte: RIA Nóvosti via Gazeta Russa
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