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domingo, 1 de dezembro de 2013

Após 3 anos de atraso, Brasil lança satélite na China

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Dia 9 de dezembro, 11h26 no horário de Pequim, 1h26 em Brasília. Enquanto a maioria dos brasileiros estiver dormindo, um seleto grupo de engenheiros, cientistas, empresários e autoridades estará atento a uma contagem regressiva no Centro de Lançamento de Taiyuan, na China, sonhando acordado com o futuro do programa espacial brasileiro.
 
Se tudo correr bem, e a meteorologia colaborar, um foguete de 45 metros, modelo Chang Zheng 4B, deverá subir aos céus no horário indicado, levando a bordo o novo Satélite Sino-brasileiro de Recursos Terrestres, conhecido como CBERS-3. Metade construído no Brasil, metade na China.
 
As expectativas são as maiores possíveis. Um fracasso na missão poderá significar um golpe quase que fatal para o já fragilizado programa espacial brasileiro, que luta para se manter vivo e relevante em meio a uma série de limitações financeiras, tecnológicas e estruturais.
 
O programa CBERS (pronuncia-se "sibers") é uma das poucas coisas que já deram certo para o Brasil na área espacial. Apesar do número 3 no sobrenome, este será o quarto satélite da série, depois dos CBERS-1, 2 e 2B - o último dos quais parou de funcionar em maio de 2010, o que significa que o País está há 3,5 anos cego no espaço, dependendo exclusivamente das imagens de satélites estrangeiros para observar seu próprio território.
 
O plano original acertado com a China era lançar o CBERS-3 até 2010, no máximo, mas uma série de problemas levou a sucessivos adiamentos. O último deles, de ordem tecnológica, envolveu a detecção de falhas nos conversores elétricos usados na metade brasileira do projeto, quando o satélite já estava quase pronto para ser lançado, no final de 2012.
 
As peças defeituosas foram retiradas e agora, após mais um ano de testes e revisões, o CBERS-3 parece estar finalmente pronto para entrar em órbita. Posicionado a 778 quilômetros de altitude, ele terá quatro câmeras para observar a superfície do planeta: duas construídas pelo Brasil e duas pela China, com diferentes resoluções e características espectrais.
 
"São câmeras extremamente sofisticadas, que representam um salto tecnológico significativo em relação aos satélites anteriores", disse ao Estado o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi. "É o projeto espacial mais sofisticado que já produzimos."
 
Uma das câmeras brasileiras, chamada MuxCam, vai observar uma faixa de terra de 120 quilômetros de largura, permitindo escanear toda a superfície do planeta a cada 26 dias, com 20 metros de resolução. A outra, chamada WFI, terá uma resolução menor (de 64 m), mas enxergará uma faixa muito maior (de 866 km), o que permitirá observar qualquer ponto da Terra repetidamente a cada cinco dias.
 
"É como se tivéssemos um supermercado de imagens", diz o coordenador do Segmento de Aplicações do Programa CBERS no Inpe, José Carlos Epiphanio. "Poderemos optar por uma câmera ou outra, dependendo do tipo de fenômeno que queremos observar, em maior ou menor grau de detalhe."
 
Apesar de trabalhar com satélites, Epiphanio é engenheiro agrônomo por formação, o que serve como um bom exemplo da variedade de empregos que se pode dar ao CBERS. A aplicação mais famosa é a de monitoramento de florestas, principalmente na Amazônia, mas há muitas outras, incluindo o monitoramento de atividades agrícolas e ocupações urbanas, processos de erosão, uso de recursos hídricos, desastres naturais e até vazamentos de petróleo.
 
As imagens produzidas pelo CBERS-2B, por exemplo, foram baixadas por mais de 50 mil usuários, de mais de 5 mil instituições, em mais de 50 países. "Não tem uma universidade, um órgão de governo no Brasil que não seja usuário do CBERS", destaca Epiphanio. Todas as imagens geradas pelo programa são distribuídas gratuitamente na internet pelo Inpe desde 2004.
 
Ainda que as imagens de satélites estrangeiros também estejam disponíveis gratuitamente, Epiphanio diz que o País não pode abrir mão de ter seu próprio equipamento no espaço. "Vale a pena investir em satélites? Sem dúvida nenhuma. O Brasil não pode ficar sem isso."
 
A fabricação do CBERS-3 custou cerca de US$ 125 milhões para cada país.
 
Fonte: Estadão
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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Embraer prevê 805 jatos executivos para China em 10 anos

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A fabricante brasileira de aviões Embraer informou nesta terça-feira que espera que o mercado de aviação executiva da China tenha uma demanda total para 805 jatos nos próximos 10 anos, informou a companhia em comunicado.
 
Desse total, 51 por cento seriam jatos executivos de grande porte, que representariam 78 por cento do valor total das entregas.
Segundo a Embraer, a previsão "favorável ... É baseada em estudos extensivos do cenário econômico do país".
 
"Além disso, o ambiente econômico requer o desenvolvimento da aviação executiva para poder atender à demanda para viagens diretas de negócios e de lazer, que vai além das limitações de destino e programação das empresas aéreas", informou a fabricante em comunicado.
 
A Embraer entregou o primeiro avião executivo na região em 2004, de acordo com a empresa, e já recebeu pedidos para 38 aeronaves.
 
A China tem sido destaque no setor de aviação, com as grandes fabricantes esperando fortes encomendas nos próximos anos. Na semana passada a gigante norte-americana Boeing disse esperar que a China precise de mais de 5.500 aviões nos próximos 20 anos.
Fonte: EXAME
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domingo, 8 de setembro de 2013

China avança na vizinhança brasileira

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A estratégia da China de aumentar presença em países do continente americano para compensar a desaceleração das economias mais centrais, resultou, nos últimos cinco anos, em maior participação relativa do país asiático nas importações dos países parceiros do Brasil no Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai), dos países integrantes da Aladi (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) e do Nafta (Canadá, Estados Unidos e México), mostra levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
 
Mais que isso, a pesquisa mostra que a China tem conseguido aproveitar melhor as oportunidades de mercado. Os chineses conseguiram elevar a sua fatia de mercado no embarque de produtos cuja demanda mais cresceu nas importações das três regiões. A parcela desses produtos com "oportunidade aproveitada", como define o estudo, avançou na exportação chinesa, saindo de 38% em 2008 para 45% em 2012. Essa participação também avançou na exportação brasileira para os três blocos, mas ela ainda é bem menos representativa, pois saiu de 17% em 2008 para 25% no ano passado.
 
Os três blocos - Mercosul, Aladi e Nafta - são considerados mercados tradicionais para a exportação brasileira. Em 2008, quando eclodiu a crise que fez a China olhar mais para esses mercados, a exportação brasileira para os três blocos representava 38,5% do total das vendas do Brasil ao exterior. No ano passado, a fatia caiu para 31,9%. Essa redução de fatia, indica o estudo do Iedi, resultou principalmente da baixa expansão das exportações brasileiras para os blocos selecionados - e não do crescimento para outras regiões.
 
Ao mesmo tempo, o ritmo dos embarques brasileiros para as três regiões ficou muito abaixo das vendas de produtos chineses aos mesmos destinos no mesmo período. A exportação da China para os três blocos avançou 47,6%, num ritmo até maior do que a alta de 42,8% do total dos embarques chineses para todo o mundo. As exportações brasileiras para os mesmo destinos cresceu apenas 1,9%, sendo que as vendas totais ao exterior avançaram 23,4%. As vendas de produtos brasileiros aos países do Nafta chegaram a cair 0,9% no período de cinco anos. O levantamento do Iedi utilizou dados do Comtrade, base de dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
 
O ritmo mais acelerado das exportações chinesas para os três blocos não é resultado de uma base relativamente baixa de comparação. No caso do Mercosul e da Aladi, o valor exportado pelo Brasil e pela China eram relativamente parecidos em 2008. Com o crescimento dos chineses, porém, em 2012, o país asiático passou a exportar o dobro do Brasil para essas duas regiões
 
O problema, diz Cristina Reis, economista do Iedi, é que as notícias também não são boas quando se analisa mais detalhadamente as exportações brasileiras e chinesas para as três regiões. Essa comparação, ressalta Cristina, mostra que a China conseguiu aproveitar melhor as oportunidades de mercado. Dentre os embarques chineses para os três blocos, os produtos que ganharam maior participação na pauta de exportação foram principalmente os que tiveram maior demanda de importação e nos quais a China também ganhou fatia de mercado. Esses produtos, que tiveram "oportunidade aproveitada", avançaram de 38% para 45% no total do valor exportado pela China às regiões estudadas. O Brasil também teve avanço importante nesse grupo de "oportunidades aproveitadas", mas a participação ainda é bem menor que a da China. Em 2008, esse grupo representava 17% da exportação brasileira para os três blocos. Em 2012, a fatia saltou para 25%.
 
O avanço do Brasil no grupo de oportunidades aproveitadas, de forma mais competitiva, aconteceu principalmente em bens com menor elaboração industrial, como alimentos e bebidas, ou em produtos que o país tem vantagem competitiva, como produtos do setor de refino de petróleo.
 
Na verdade, diz Cristina, um fator preocupante é que enquanto a China ganhou presença nesses mercados nos produtos com "oportunidades aproveitadas", as exportações brasileiras para a região avançaram muito no grupo denominado como "produtos em declínio". Ou seja, os produtos que estão perdendo participação de mercado nos três blocos. Essa fatia avançou de 28% para 33% das exportação brasileira para as regiões.
 
O estudo do Iedi também levantou a evolução das exportações de produtos para a categoria de "oportunidade perdida". Nesse grupo, o produto ganha participação relativa nas regiões, mas o país exportador perde participação nos embarques desse mesmo produto. Essa categoria ficou praticamente estável nas exportações chinesas para a região, saindo de 12% em 2008 para 13% em 2012. O Brasil conseguiu reduzir essa participação, embora o patamar ainda continue alto. A fatia caiu de 30% em 2008 para 25% no ano passado.
 
O estudo levantou o grau de ameaça da exportação chinesa em cada uma das categorias de produtos analisadas. A pesquisa considerou que há ameaça direta dos chineses quando há aumento de participação de mercado pela China num determinado país, ao mesmo tempo em que o Brasil perde mercado para o mesmo destino. A ameaça indireta acontece quando o Brasil ganha participação num país, mas a China ganha mais.
 
Segundo o levantamento, os embarques chineses são uma ameaça direta principalmente nos produtos em que o Brasil perdeu oportunidades de mercado. O estudo mostra que dentre as exportações brasileiras dessa categoria para as regiões estudadas, a fatia de ameaça direta em 2012 foi de 76,1%. Apesar de apresentar queda em relação a 2008 (78,7%), a fatia de ameaça direta continua alta, principalmente levando em consideração que os produtos com "oportunidade perdida" representam um quarto da exportação total brasileira para as regiões.
 
Segundo o estudo, as exportações brasileiras de todos os produtos com "oportunidades perdidas" sofreram forte ameaça das exportações chinesas no período de cinco anos. O levantamento dá como exemplos os veículos de passageiros e veículos automotores de transporte de mercadorias, assim como compressores de equipamentos de refrigeração. Um dos aspectos preocupantes, observa Cristina, é que, olhando por região, verifica-se que a ameaça se agravou nas vendas para os países mais próximos. Levando em conta as exportações brasileiras sob ameaça direta para as três regiões, a parcela destinada ao Mercosul e à Aladi subiu de 52,6% em 2008 para 60,5% em 2012. No mesmo critério, a fatia sob ameaça indireta para os dois blocos cresceu de 61,8% para 70,4%.
 
Fonte: Valor Econômico
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quarta-feira, 27 de março de 2013

Brasil e China fecham acordo que possibilita trocas comerciais em moedas nacionais até R$ 60 bilhões em 3 anos

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O Banco Central do Brasil (BCB) e o People’s Bank of China (Banco Central da China) anunciaram, nesta terça-feira (26), o estabelecimento de um acordo para troca de moedas locais (reais por yuans). Segundo a autoridade monetária brasileira, o chamado acordo bilateral de swap de moeda local no montante de R$ 60 bilhões – soma equivalente a CNY 190 bilhões de yuans – é válido por três anos, com possibilidade de renovação.
“Esta linha tem como objetivo facilitar o comércio bilateral entre os dois países”, informou o Banco Central, por meio de nota. O acordo foi assinado no mesmo dia em que os mandatários das nações integrantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegaram à cidade sul-africana de Durban, onde se realiza a V Cúpula do bloco.
 
O banco informou ainda que o acordo sinaliza um maior nível de cooperação entre autoridades monetárias, “refletindo a importância estratégica do comércio bilateral entre os dois países”. A linha facilita o comércio em momentos de crise, quando há retração no crédito mundial, como ocorreu em 2008 e em 2011.
 
O Banco Central do Brasil afirmou que adotará as medidas regulamentares e operacionais necessárias para a implementação desta iniciativa, “observando-se os limites e condições estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional”.
 
Já o Ministério das Relações Exteriores lembrou que a iniciativa foi lançada no encontro dos líderes do Brics à margem da Cúpula do G-20, realizada em Los Cabos (México, 18/6/2012), e que também por ocasião do encontro entre a presidenta Dilma Rousseff e o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, à margem da Rio + 20 (Rio de Janeiro, 21/6/12), “foi anunciada a decisão de iniciar as negociações do acordo bilateral no valor máximo de R$ 60 bilhões/CNY 190 bilhões”.
 
Fonte: Portal Planalto
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sexta-feira, 25 de maio de 2012

China pode ser em 5 anos o maior sócio comercial da América Latina

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Em cinco anos, a China pode se converter no primeiro sócio comercial da América Latina graças ao aumento das exportações de países como Colômbia ou Argentina, assegurou nesta sexta-feira o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.

"O maior sócio comercial do Brasil é a China, o maior sócio comercial do Chile é há tempos a China, e, no ritmo que o comércio da China com países como Colômbia ou Argentina caminha, em cinco anos pode chegar a ser o primeiro sócio comercial" da região, disse Moreno em um fórum de políticas econômicas realizado em Paris.

O presidente do BID, o organismo que financia projetos de desenvolvimento econômico e social na região, explicou o aumento das exportações em direção ao país asiático por sua necessidade de produtos básicos.

"A China é hoje uma economia que pesa muito, sobretudo na América do Sul, porque tem uma grande demanda de produtos básicos que a América do Sul possui de forma abundante", explicou Moreno, embora tenha descartado que isto signifique uma dependência para as economias da região.

"O interessante na América Latina hoje é que diversificou muito seus fluxos comerciais. Há dez anos os Estados Unidos representavam 60% do comércio com a região, hoje são 38%. A Europa deve estar em torno dos 12% ou 13%", lembrou.

Segundo Moreno, uma das prioridades da América Latina tem que ser a integração e o desenvolvimento do comércio dentro da região, que atualmente representa 18% e que pode chegar a dobrar seu tamanho, segundo suas previsões.

O presidente do BID também evocou a crise da dívida financeira na Europa e assegurou que a experiência da América Latina pode fornecer algumas chaves para a situação atual no velho continente.

"A América Latina tem um PHD (doutorado) em crises financeiras. Em um espaço de 25 anos, tivemos algo como 31 crises financeiras. E a maneira de crescer e sair da crise foi para muitos países o caminho da exportação", lembrou.

"No balanço, o que a América Latina fez, alguns países melhor do que outros, foram reformas estruturais que apontavam para o crescimento. Mas os ajustes tiveram uma quantidade de consequências, os déficits em infraestruturas que atualmente temos se devem aos ajustes que foram feitos então", assegurou.

Luis Alberto Moreno participava junto a representantes de vários países latino-americanos de um fórum co-organizado pelo BID e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), no qual foram abordadas as estratégias regionais para enfrentar a crise dos países ricos.

Fonte AFP
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

China e Brasil buscam coordenar postura do Brics sobre Líbia

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O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou por telefone com o chanceler chinês, Yang Jiechi, para discutir a atual situação política na Líbia e coordenar uma postura comum do Brics, grupo das principais potências emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Segundo informou nesta quarta-feira a agência de notícias chinesa Xinhua, Yang afirmou que, diante dos últimos eventos que indicam uma mudança de Governo em favor dos rebeldes líbios, "a China pensa que a paz e a estabilidade devem ser restauradas o mais rápido possível para, assim, iniciar um processo político livre".

Quanto à posição da ONU no conflito, criticada há meses por Pequim, Yang destacou que o país asiático apoiará a organização no período pós-guerra na Líbia e pediu aos demais Brics que exerçam um "papel protagonista" no que diz respeito à cooperação humanitária com o país árabe.

Além disso, o ministro chinês pediu que o Brasil "seja o principal aliado da China na reconstrução da Líbia" e declarou que o primordial, diante das atuais circunstâncias, "será garantir a segurança dos estrangeiros e diplomatas", ponto em que, segundo a Xinhua, Patriota concordou plenamente.

Fonte: EFE

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China pode romper com Brasil se satélite não sair até 2012, diz AEB

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O Brasil assumiu nesta semana o compromisso de lançar em novembro de 2012 a nova versão do satélite que desenvolve em conjunto com a China e um atraso poderá "implodir" o relacionamento com o país asiático, afirmou o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Raupp.

"Temos de cumprir nosso cronograma porque estamos cinco anos atrasados", declarou Raupp, depois de reunião, em Pequim, do grupo bilateral responsável pela cooperação espacial.

Iniciado em 1988, o programa é o mais sólido pilar da relação Brasil-China e levou ao lançamento de três Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres, chamados de Cbers (sigla em inglês) e numerados como 1, 2 e 2-B. O quarto, o Cbers-3, deveria ter entrado em órbita em 2007, mas o Brasil não cumpriu os prazos de entrega de equipamentos previstos no acordo.


Nesta segunda-feira (22), os brasileiros ouviram dos chineses cobranças para definição de um cronograma detalhado que permita o lançamento do Cbers-3 em novembro de 2012 e do Cbers-4 em 2013.

Segundo o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, uma das razões para o atraso é a dificuldade da indústria nacional em desenvolver e produzir os equipamentos que deverão ser entregues pelo Brasil. Nos três primeiros satélites, a China era responsável por 70% dos componentes. Agora, a divisão é de 50% para cada país. "Aumentou a complexidade e a parcela que cabe ao Brasil", disse.

Agora, o principal desafio é de pessoal. A montagem do satélite começará em novembro e exigirá a contratação pelo Inpe de 60 funcionários para trabalharem na China pelo período de um ano, em esquema de rodízio.

Na última semana, Câmara anunciou que deixará o cargo em dezembro, dois anos antes do término de seu mandato. "Estou frustrado porque o Inpe não recebeu do Ministério os recursos humanos necessários para renovar sua equipe", disse. Segundo ele, um eventual novo atraso no cronograma colocará em xeque não só o programa, mas a capacidade do País de cumprir acordos internacionais.

Imagens

Os dados coletados pelo Cbers são utilizados na previsão de tempo do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), localizado em Cachoeira Paulista (SP), estudos sobre correntes oceânicas, marés, química da atmosfera, além de planejamento agrícola. Entre os serviços prestados de maior relevância está o monitoramento das bacias hidrográficas brasileiras.

Fonte: Portal G1

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

China lança ao mar seu primeiro porta-aviões e incomoda Americanos

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China lança ao mar seu primeiro porta-aviões e incomoda os EUA, que questionam silêncio. Com tecnologia própria, a máquina de guerra deve alterar o tabuleiro estratégico da Ásia

Os chineses usarão seu novíssimo e primeiro porta-aviões para defender os interesses do país mundo afora. A informação, publicada ontem pelo site das forças armadas da China, respondeu aos questionamentos dos Estados Unidos quanto ao uso dessa máquina de guerra. Na última quarta-feira, Washington expressou sua preocupação, enquanto a embarcação iniciava os primeiros testes em alto-mar. Para o governo de Barack Obama, a potência econômica global do Oriente começa a dar passos cada vez mais longos. O Império do Centro — nome que os chineses dão ao seu país em mandarim — segue caminho semelhante ao percorrido pelos EUA, no processo de afirmação de sua influência mundial. Pequim, assim, indica que aprendeu com o Tio Sam que "discussões" podem ser evitadas quando se tem um bom porrete à mão.

"Construímos um porta-aviões para defender, de forma mais eficaz, os direitos e os interesses da China. Estaremos mais seguros e mais determinados para defender nossa integridade territorial", escreveu Guo Jianyue, jornalista do Diário do Exército Popular de Libertação. De acordo com informações do site jz.chinamail.com.cn, Guo ainda questionou: "Por que construímos (o porta-aviões) se não temos o valor nem a vontade de utilizá-lo em caso de conflito territorial?".

Efetivamente, a China tem divergências com o Japão e com as Filipinas a respeito de seus domínios oceânicos. Além disso, se vê ameaçada pelas bases navais dos Estados Unidos no Japão e na Coreia do Sul. Também exige que a ilha de Taiwan deixe de ser independente. Mas a negativa dos taiuaneses encontra respaldo em alianças navais militares garantidas por Washington. Por isso, o texto de Guo e a construção do porta-aviões indicam que os chineses pretendem mexer significativamente no tabuleiro estratégico. Querem igualmente avisar a indianos e a tailandeses que estes deixaram de ser os únicos na região a contar com aquela arma.

Equivoca-se quem considera que o texto é de fonte não qualificada. Ainda que o jornalista não integre o Estado-Maior do presidente Hu Jintao, ele sabe o que escreve. As suas palavras nunca teriam sido conhecidas se não corroborassem o que pensam os generais chineses que comandam o maior exército do planeta, estimado em 2,3 milhões de soldados. O Pentágono também questionou o silêncio chinês quanto à construção do porta-aviões. "A China não é tão transparente como os Estados Unidos no que diz respeito a suas compras militares ou a seu orçamento militar", emendou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Segredo


De fato, o país asiático foi extremamente discreto no projeto que consumiu anos de esforços e investimentos, realizado quase totalmente com tecnologia chinesa. Tudo começou em 1985, quando os chineses compraram um obsoleto porta-aviões britânico. O Melbourne foi estudado e logo transformado em sucata porque a China concluiu que era muito defasado.

Depois, em 1988, adquiriram o russo Minsk. Este navio tampouco trouxe grandes informações e, atualmente, funciona como um cassino em Macau. Mas, quase na mesma época da negociação do barco da antiga União Soviética, os chineses compraram o Varyag. Era o casco de um porta-aviões projetado para o antigo rival dos Estados Unidos que não chegou a navegar. Treze anos após se dizer que viraria hotel, o Varyag foi recuperado e equipado com tecnologia "made in China". O recheio bélico é uma informação mantida a sete chaves. Mas pôde juntar a China aos outros nove países do planeta que têm essa fortaleza: Brasil, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Reino Unido, Itália, Tailândia e Rússia.

Brasil emprestou know-how


Uma fonte do Ministério da Defesa do Brasil confirmou ao Correio que os chineses receberam um pouco do conhecimento brasileiro em porta-aviões. Um oficial da Marinha viajou à China após o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinar um tratado de cooperação com aquele país, em novembro de 2009. Os chineses estavam interessados em entender como se administra o tráfego de aeronaves na pista dos porta-aviões, verdadeiros aeroportos flutuantes.

Fonte: Correio Braziliense

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Embraer quer ganhar mercado chinês com jatos Legacy

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Os jatos da família Legacy serão a grande aposta da Embraer para ganhar o mercado chinês. A empresa pretende produzir os modelos na fábrica de Harbin, na China, a mesma onde foram fabricados os modelos Embraer-145. A decisão depende da assinatura de um contrato com um parceiro chinês, afirmou o Marco Túlio Pellegrini, vice-presidente.

“Queremos iniciar a produção do Legacy na China o mais rápido possível”, afirmou o executivo. Ele não quis informar qual o prazo previsto pela Embraer para iniciar a atividade.

A estimativa da Embraer é que a China demande cerca de 500 jatos executivos até 2020. Essas encomendas devem somar US$ 14 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões), mais do que o dobro do previsto para o mercado brasileiro nesta década.

“A China demanda jatos maiores, com preços mais elevados. Por isso estamos apostando na produção do Legacy no país”, diz Breno Correa, diretor de vendas e marketing do braço de aviação executiva da Embraer.

A Embraer quer produzir na China o Legacy 500 e 600. A modelo 600 está em fase de desenvolvimento e a entrega da primeira unidade está prevista para o fim de 2012 ou início de 2013, de acordo com a Embraer.

Restrições na China

O mercado chinês é um dos mais promissores para as fabricantes de aeronaves. “A China tem uma demanda reprimida. Hoje existem barreiras, que em algum momento, devem deixar de existir”, diz Pellegrini.

O governo chinês está perto de lançar uma política de fomento aos fabricantes nacionais de aeronaves. É uma tentativa de transferir para a industrial local boa parte da demanda por aeronaves no País. O favorecimento de empresas nacionais pode ser um entrave para os negócios das fabricantes estrangeiras no País.

Fábrica desativada

A produção do jato Legacy na China é uma saída para evitar o fechamento da fábrica da Embraer no País. Criada em 2002 em parceria com a estatal Aviation Industry Corporation of China (Avic), a unidade de Harbin produziu o modelo Embraer 145, um jato com 50 lugares. A demanda pela aeronave caiu no mundo todo e a última entrega feita pela fábrica chinesa foi em abril deste ano.

A Embraer conseguiu um acordo com o governo chinês para produzir o Legacy no local. O anúncio foi feito durante a visita da presidenta Dilma Rousseff ao País, em abril deste ano. O modelo utiliza a mesma plataforma do 145, o que fará com que poucos ajustes na produção sejam necessários. “A decisão foi tomada porque o mercado da China é crescente. E nós temos uma base no instalada local e força de trabalho treinada”, diz Pellegrini.

O executivo diz que a fábrica não está parada. Segundo ele, os cerca de 200 funcionários estão em fase de treinamento para a produção do Legacy.

Fonte: Último Segundo

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Modelo chinês preocupa grande capital que olha para Brasil como alternativa

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Levará algum tempo a desalojar a China da sua posição dominante na captação global de capitais enquanto destino preferido para investimento, mas os receios destes mesmos capitais são cada vez mais patentes. Zizek tem razão e não tem: apesar de os regimes autoritários de punho de ferro terem servido os interesses do capital global durante as duas últimas décadas, no entender dos convidados empresariais da China, tais formas de governo produziram, também, fraturas profundas. A revista The Economist diz que "quando se trata de política social inteligente e de promover o consumo doméstico, o mundo em desenvolvimento tem muito mais a aprender do Brasil do que da China".

A China é hoje o estado capitalista ideal: liberdade para o capital, com o Estado fazendo o 'trabalho sujo' de controlar os trabalhadores”, escreve o proeminente filósofo esloveno Slavoj Zizek. “A China como potência emergente do século XXI... parece incorporar um novo tipo de capitalismo: menosprezo pelas consequências ecológicas, desprezo pelos direitos dos trabalhadores, tudo subordinado ao impulso impiedoso para desenvolver-se e tornar-se uma nova potência mundial.”

Mas o Capital é um amante caprichoso.

Recentemente, um número crescente de líderes empresariais está mudando de ideias sobre o “modelo chinês”, que tem sido tão central na globalização da produção e dos mercados, ao longo das últimas três décadas.

Trabalhadores levantam-se


O alívio nos círculos empresariais que saudaram a recuperação do Leste Asiático, alimentada pelo maciço programa de estímulo de 580 bilhões de dólares da China em 2009, foi substituído pela preocupação com o estouro da bolha imobiliária, com as poderosas pressões inflacionárias, e com a sobrecapacidade maciça provocada pelo investimento descontrolado. Há também a sensação de que a liderança da China está travando uma batalha perdida contra os interesses e as estruturas instaladas, quando pretende fazer a transição de uma estratégia de crescimento baseado nas exportações para uma outra baseada no mercado doméstico – uma mudança que muitos consideram urgente devido à perspectiva de estagnação a longo prazo das vendas de produtos chineses nos mercados dos Estados Unidos e da Europa.

Mas é o temor de que a principal fonte de lucratividade das empresas – o trabalho chinês – possa deixar de ser dócil e barato a curto prazo que preocupa principalmente os empresários estrangeiros estabelecidos no país, bem como a crescente classe capitalista. E muitos temem que a própria brutalidade de que fala Zizek – o punho de ferro que o Estado chinês impôs ao longo das últimas três décadas para atingir o imbatível "preço chinês" – se tenha tornado uma parte fulcral do problema.

O temor tornou-se palpável pela primeira vez no ano passado, quando os trabalhadores de várias empresas transnacionais instaladas no sudeste da China, como a Honda e a Toyota, entraram em greve e conseguiram conquistar aumentos salariais substanciais. Para surpresa dos investidores estrangeiros, o governo não se opôs às reivindicações dos trabalhadores por aumentos salariais, o que levou alguns a especular que o regime encarava as greves como um complemento ao seu esforço de reorientar a economia, passando de um crescimento impulsionado pelas exportações para um outro baseado no aumento do consumo interno.

A vaga de greves refluiu, mas uma segunda onda de protestos, a partir de maio deste ano – que, desta vez, assumiram a forma de choques violentos – preocupou tanto o governo quanto as elites capitalistas. A base de massas dos atuais protestos não é a dos trabalhadores das grandes subsidiárias japonesas, relativamente educados e mais bem pagos, mas sim a dos trabalhadores migrantes de baixa remuneração que trabalham para pequenas e médias empresas chinesas e vendem a sua produção a compradores estrangeiros. Zengcheng, um dos centros dos protestos, é a sede de centenas de empreiteiras especializadas em produção em massa de jeans que vão parar, sob diferentes marcas, a lojas como a Target e a Walmart nos Estados Unidos.

A província de Guangdong, onde ocorreu a maioria dos protestos, é responsável por cerca de um terço das exportações da China, o que levou as autoridades a responder com força. Mas a repressão policial não vai conseguir a estabilidade, diz um relatório de um think tank governamental, o Conselho Estatal do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento. "Os trabalhadores rurais migrantes são marginalizados nas cidades", diz, "tratados como mera mão-de-obra barata, não absorvidos pelas cidades, e mesmo negligenciados, discriminados e prejudicados." O relatório adverte: "Se não forem absorvidos pela sociedade urbana, e não gozarem dos direitos que lhes são devidos, muitos conflitos vão se acumular... Se mal gerida, esta situação irá criar uma grande ameaça de desestabilização. "

Mas o problema é fundamental, e não parece haver uma saída fácil. As reservas aparentemente inesgotáveis do trabalho rural vindo do interior da China mantiveram os salários baixos e a organização de trabalho mínimas ao longo das últimas três décadas. Agora, a oferta de trabalho às províncias costeiras orientadas para a exportação pode estar a secar, dando origem a um constante aumento de salários, a uma maior militância laboral e ao fim do “preço da China”.

Brasil descola?


"A cooperação Sul-Sul" estava na mente de muitos observadores quando, no final da sua viagem à China em abril, a nova presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, anunciou que a Foxconn International Holdings, maior fabricante mundial de produtos electrônicos, estava transferindo algumas das suas operações da China para o Brasil, e esperava gastar 12 bilhões de dólares na construção de fábricas no país. Mas havia, aparentemente, mais motivos para a mudança do que a simples solidariedade entre os BRIC. A Foxconn, fabricante de iPhones e iPads para a Apple, computadores para a Dell, e muitos outros dispositivos para bem-conhecidos clientes high-tech por todo o mundo, anunciou prejuízos em 2010 devido à elevação dos custos do trabalho na China.

Não se trata só de a Foxconn estar votando com os pés ao ir para o Brasil. A principal razão que está empurrando os investidores para o Brasil parece ser o fato de o país, sob Lula, não só se ter tornado simpático ao capital, tendo leis de investimento estrangeiro atraentes e seguindo políticas macroeconômicas conservadoras, como também por ter adotado políticas sociais que promoveram a estabilidade. Um dos mais entusiastas adeptos do Brasil, a The Economist, comparou o Brasil com a China e outros "mercados emergentes" para o investimento:

“Ao contrário da China, é uma democracia. Ao contrário da Índia, não tem insurreições, nem conflitos étnicos e religiosos, nem vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais do que petróleo e armas, e trata os investidores estrangeiros com respeito. Sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-líder sindical nascido na pobreza, o seu governo tomou medidas para reduzir as desigualdades que há muito tempo o desfiguravam. De fato, quando se trata de política social inteligente e de promover o consumo doméstico, o mundo em desenvolvimento tem muito mais a aprender do Brasil do que da China”.

Dando continuidade ao seu louvor ao Brasil de Lula, a revista diz: "O investimento estrangeiro está a acorrer, atraído por um mercado impulsionado pela queda da pobreza e por uma classe média baixa a crescer. O país tem estabelecido algumas instituições políticas fortes. Uma imprensa livre e vigorosa descobre a corrupção – embora haja muita, e na sua maioria fique impune." E conclui: “A sua descolagem é ainda mais admirável porque foi conseguida através de reformas e de uma construção democrática de consensos. Se a China pudesse dizer o mesmo..."

Lula parece ter feito a quadratura do círculo. Será que é para valer? O analista progressista Perry Anderson acredita que sim. Num longo e esclarecedor artigo na London Review of Books, ele diz que a inovação de Lula foi combinar política macroeconómica conservadora e medidas favoráveis ao investimento estrangeiro com um programa anti-pobreza, o Bolsa Família, que custa relativamente pouco em termos de gastos do governo, mas que produziu impactos social e politicamente significativos. O Bolsa Família, um programa de distribuição de subsídios condicionado aos pais manterem os filhos na escola e de se submeterem a exames periódicos de saúde, contribuiu, segundo algumas estimativas, para a redução do número de pessoas pobres de 50 para 30 milhões – e fez Lula um dos poucos líderes políticos contemporâneos que terminou o mandato com mais popularidade do que tinha quando começou. Quanto ao trabalho organizado, que responde por 17 por cento da força de trabalho brasileira, tem seguido amplamente a liderança de Lula, que emergiu das suas fileiras para se tornar o principal líder sindical do país antes de se lançar na carreira política.

Será a vez da Indonésia?


Os comentários na imprensa econômica acerca da Indonésia refletem agora o mesmo gênero de afã desenvolvimentista. O Brasil e a Indonésia são relativamente comparáveis em termos de população e de amplitude geográfica. Por outro lado, o Brasil é a oitava economia do mundo e a Indonésia é a décima oitava. Ambos os países conseguiram passar (mais ou menos) ao lado da crise econômica global, uma vez que as suas economias, apesar de incluírem fortes sectores exportadores, são bastante orientadas para o mercado interno – ao contrário de outras economias, essas mais orientadas para a exportação. Foi por esta razão que a Indonésia conseguiu atingir uns impressionantes 4,6% de crescimento quando, em 2009, no pico da crise económica, os seus vizinhos do Sul da Ásia assistiram a uma grande contracção das suas economias orientadas para a exportação.

Nos últimos anos, de acordo com Mari Pangestu, ministro do Comércio, a Indonésia tem sido o país de destino de “muitas deslocalizações” de unidades antes estabelecidas na China, em virtude “da [valorização] do yuan, do aumento dos salários, da regulação apertada do trabalho e de todos os problemas que a China teve de enfrentar”. Com os salários médios, em muitos setores, como o das tecnologias da informação, agora mais baixos na Indonésia do que na China, o país começa a tornar-se um destino de eleição para a deslocalização de empresas apreensivas com os aumentos salariais de dois dígitos verificados naquele país e no Vietnã. O investimento estrangeiro, que em 2008 contabilizava-se, aproximadamente, em quinze mil milhões de dólares, caiu para dez bilhões no seguinte, tendo recuperado para doze bilhões e meio em 2010 e sendo esperado, em 2011, um investimento de catorze bilhões e meio.

Jacarta foi o local escolhido para receber o World Economic Forum for East Asia (Fórum Económico Mundial para o Leste Asiático, doravante WEF), que decorreu entre 12 e 13 de Junho deste ano, o que equivaleu ao reconhecimento caloroso por parte de uma das principais agências de promoção do capital global. O WEF, no seu relatório sobre a competitividade da Indonésia, afirmou: “entre os pontos fortes da Indonésia, destaca-se o quadro macroeconómico. Um crescimento vigoroso e uma gestão fiscal robusta permitiram ao país alcançar um forte equilíbrio fiscal. O peso da dívida foi drasticamente reduzido e a notação de crédito da Indonésia foi aumentada.” O relatório salienta, também, que a economia da Indonésia “sendo uma das vinte maiores economias do mundo, ostenta um número elevado de consumidores potenciais e uma classe média em rápido crescimento, atraindo assim um interesse crescente por parte de investidores locais e estrangeiros”. As infra-estruturas são ainda insuficientes, mas o que faz salivar o capital estrangeiro é precisamente a sua construção: o Wall Street Journal, num editorial em geral bastante laudatório, aconselhou o governo [local] com o aviso de que deve deixar à iniciativa privada e ao capital estrangeiro a provisão das mesmas.

No entanto, é a governança que torna a Indonésia mais atrativa para o capital estrangeiro. A corrupção é ainda um problema enraizado e alguns investidores estrangeiros queixam-se de uma legislação trabalhista que favorece mais os trabalhadores do que o capital, mas é sabido que o país atravessou, com sucesso, a queda de Suharto e o fim da sua ditadura, a crise asiática e o caótico período de experimentação democrática. Treze anos após o derrube do ditador, há quem considere que a vantagem principal que a Indonésia tem para oferecer ao capital estrangeiro é a “capacidade de crescimento rápido com estabilidade democrática”. Na ausência de um programa de apoio social como o Bolsa Família, no Brasil, as Nações Unidas e o Banco Mundial têm proclamado que a redução da pobreza no país é uma das mais impressionantes do mundo, sendo que as estimativas apontam para que a pobreza afecte treze por cento da população. Para este fenômeno terão contribuído, segundo a opinião de muitos, uma das poucas políticas benéficas que subsistem do legado de Suharto: as políticas de gestão demográfica.

O congênere de Lula na Indonésia é o presidente Susilo Bambang Yudhoyono, um antigo general de Suharto a quem se atribui a estabilização da economia e a consolidação da governação democrática, alcançadas durante o mandato que cumpriu entre 2004 e 2009. Tal como Lula, a popularidade de Yudhoyono foi granjeada tanto entre o capital global como entre a população: a sua candidatura a um segundo mandato conduziu-o a uma vitória folgada. E ainda à semelhança de Lula o qual, uma vez no poder, não se comportou como o representante do trabalho, Yudhoyono, ou, para a maioria dos indonésios, «SBY», não governou de um modo dirigista, como seria esperado de um antigo militar.

Porém, em ambos os países, para muitos daqueles e daquelas que são de esquerda, a situação social está longe de ser a ideal e a fórmula dos seus governantes – aproximação ao capital e mitigação da pobreza – não é a fórmula adequada para resolver os problemas massivos tanto do Brasil como da Indonésia. O seu ceticismo não é injustificado: de acordo com o Institute for Applied Economic Research (Instituto de Investigação em Economia Aplicada), as desigualdades sociais permanecem no mesmo patamar onde estavam há vinte e cinco anos. Metade dos rendimentos e proventos gerados em cada ano estão nas mãos dos endinheirados dez por cento, e metade da população brasileira só partilha de dez por cento da riqueza nacional. O ritmo de desflorestação registado na Indonésia é o décimo mais rápido do mundo como resultado da pilhagem permanente dos recursos florestais por parte de grupos madeireiros com amizades nos lugares-chave do poder, razão pela qual o país se tornou o terceiro maior emissor de gases de estufa do mundo. Por ora, no entanto, os inconformados constituem uma minoria subjugada.

O Capital Global Necessita de Regimes Mais Liberais?


Levará algum tempo a desalojar a China da sua posição dominante na captação global de capitais enquanto destino preferido para investimento, mas os receios destes mesmos capitais são cada vez mais patentes. Zizek tem razão e não tem: apesar de os regimes autoritários de punho de ferro terem servido os interesses do capital global durante as duas últimas décadas, no entender dos convidados empresariais da China, tais formas de governo produziram, também, fraturas profundas que por vezes se sentem. O seu maior receio, no que diz respeito à China, e à medida que o Partido Comunista chinês endurece a sua ação sobre os trabalhadores e se torna cada vez mais resistente a iniciativas democráticas, é o fato de este país se estar a transformar numa panela de pressão com poucas válvulas de escape.

Na perspectiva do capital, tudo indica que as condições para a reprodução estável das relações capitalistas, no estado atual de desenvolvimento da economia global, determinam como melhor aposta os sistemas políticos menos rígidos, aqueles que possibilitam a resolução de conflitos através de eleições e que têm regimes trabalhistas mais liberais.

A ironia, porém, reside no facto de as empresas chinesas poderem chegar à conclusão que os regimes sociais brasileiro e indonésio são mais favoráveis ao seu crescimento e estabilidade do que o regime político atual.

Por Walden Bello - membro da Câmara de Representantes das Filipinas, preside à Freedom from Debt Coalition e é analista da Focus on the Global South, sediada em Banguecoque. É autor de Food Wars (Verso, 2009).

Artigo publicado originalmente em ‘Foreign Policy In Focus’.

Fonte: Carta Maior
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Avião chinês será o terceiro mais vendido, diz Airbus

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A China, e não o Brasil com a Embraer, será o terceiro grande competidor internacional no mercado de jatos nos próximos dez a vinte anos, só atrás da europeia Airbus e da americana Boeing. Essa pelo menos é a avaliação da Airbus, que projeta demanda de 26 mil aparelhos nos próximos vinte anos, sendo quase 18 mil (68% do volume e 40% em valor) de corredor único e com 120 a 180 assentos.

É nessa categoria que a China começa a produzir seu primeiro jato de passageiros, o C919, que planeja colocar no mercado em 2016 para competir com jatos regionais da Embraer e da Bombardier, além do Boeing 737 e do Airbus 320.

"O maior potencial está na China para se tornar o terceiro grande produtor de aviões", afirmou o vice-presidente de comunicação da Airbus, Rainer Ohler, a um restrito grupo de jornalistas, na sede da companhia, em Toulouse. "A Embraer tem espaço, vemos seus bons aviões cada dia em todo lugar", disse.

O governo chinês vem usando centenas de milhões de dólares de subsídios para desenvolver sua indústria aeronáutica e reduzir a dependência em relação a produção estrangeira, para atender a crescente demanda de seu mercado. Pequim exerce poder para atrair tecnologia nas negociações de aquisições de novos aparelhos.

Três dos quatro maiores atuais grandes construtores aeronáuticos têm acordos com a China. A Embraer tem uma fábrica em Harbin para produzir jatos regionais e também executivos. A Bombardier produzirá fuselagem em Sheyang para alguns de seus aparelhos. E a Airbus já montou 50 aparelhos A-320 em Tianjin.

Todos trabalham em associação com fabricantes chineses, o que significa transferir tecnologia e preparar especialistas para a China, na tentativa de garantir acesso ao segundo maior mercado de avião do mundo, depois dos Estados Unidos.

A Boeing adotou outra estratégia, preferindo importar dezenas de componentes produzidos por firmas chinesas, o que lhe garante em troca uma boa fatia do mercado na concorrência com Airbus.

Para Airbus, o futuro está na Ásia-Pacífico. A região será líder na demanda de aviões nos próximos vinte anos. As companhias, incluindo da China e Índia, transportarão um terço do tráfego mundial de passageiros até 2029, fazendo da região a mais importante em volume, bem distante da Europa (25%) e América do Norte (20%).

Nesse cenário, a imprensa chinesa diz que Pequim investirá US$ 232 bilhões para quase dobrar sua frota de aviões para quase cinco mil jatos até 2015. Mas ao invés de só comprar, a China decidiu produzir o C919, que poderá fazer o primeiro voo desde fim de 2014, pelo projeto original. Pequim diz estar desenvolvendo também motor para aviões. A civil Aviation Management Institute of China treina mais de 13 mil estudantes anualmente para trabalhar no setor.

O plano chinês é de atender a demanda doméstica, mas também conquistar fatias no exterior, mas precisará convencer compradores sobre a qualidade de seu avião. Simbolicamente, a primeira companhia europeia a assinar memorando de intenção (não ainda encomenda) para comprar aparelhos chineses foi a irlandesa Ryanair, famosa por suas passagens baratas.

Construtores aeronáuticos tradicionais, embora sócios dos chineses, estão preocupados com a nova concorrência, não só da China, mas da Rússia com o SuperJet da Sukhoi e o Mitsubishi, do Japão

Embraer e Bombardier já tiveram uma briga feroz por causa de subsídios a exportação, o que levou a Organização Mundial do Comércio (OMC) a dar o direito de retaliação ao Brasil e ao Canadá em diferentes decisões

Atualmente, Boeing e Airbus têm um conflito que já dura sete anos na OMC sobre subsídios bilionários para pesquisa e desenvolvimento de novos aparelhos, prática amplamente usada também na China, Rússia e Japão.

Para Rainer Ohler, da Airbus, o fato é que os construtores aeronáuticos precisam de "suporte" do governo, ou seja, de subsídios. Mas admite que hoje é preciso procurar um entendimento global para limitar essas ajudas.

"Se eu fosse romântico, acreditaria num acordo (global), mas na situação atual não vejo como", afirmou o executivo da Airbus. Ohler acha que os EUA e a Europa tiveram a chance de estabelecer um acordo global sobre os subsídios, em 2005, mas a Boeing acabou recusando. Agora, há novos parceiros no jogo e a situação se complica.

Além de produtor, a China exercita sua influencia nas aquisições de aparelhos para frear o que lhe causa problemas. Ohler confirmou que Pequim suspendeu o anuncio de encomenda de aparelhos superjumbo A380 por causa da decisão da União Europeia de cobrar das companhias aéreas estrangeiras pela poluição que provocam quando voam para a Europa, a partir de 2012. O contrato era para compra de 10 A-380, valendo mais de US$ 3 bilhões pelo preço de catalogo.

"A China quis mandar uma mensagem para a UE e acabou punindo a Airbus", disse o executivo.

Fonte: Valor Econômico
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

China: Brasil não tem capacidade de liderar

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Documentos obtidos pelo Wikileaks e revelados pela agência A Pública mostram que, na avaliação do ex-embaixador chinês em Brasília, a China acredita que o Brasil não tem "capacidade e influência" para ser líder e que as ambições do país excedem seu verdadeiro peso no cenário internacional.

Telegramas de agosto de 2008 registram diálogo dos então embaixadores da China, Chen Duqing, e dos Estados Unidos, Clifford Sobel. O representante asiático considerou que o Brasil não possuía qualificação para pleitear assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e estava "interessado apenas em algumas áreas, e não em paz ou em segurança".


"Em outro telegrama, os Estados Unidos ponderavam que a principal relutância chinesa quanto à reforma no Conselho de Segurança dizia respeito à possível entrada do Japão no conselho. Para os diplomatas, se a China apoiasse o Brasil em seu antigo anseio por uma inserção mais profunda no principal organismo multilateral, estaria por tabela beneficiando os rivais asiáticos", conta a agência.

O embaixador chinês ainda classificou o porto de Santos como "o pior do mundo". E reclamou que a burocracia brasileira é muito confusa, com uma sobreposição de funções. Ainda observou que, por não ter consolidado suas bases para garantir desenvolvimento prolongado e mais crescimento econômico, fica comprometida a meta de reduzir a desigualdade social. Em várias correspondências, os diplomatas americanos consideram que o Brasil considera a China como um aliado fundamental, mas que não recebe o mesmo tratamento.

- O governo Lula considera a China um parceiro para contrabalancear a influência de nações mais ricas em instituições multilaterais - afirmou a embaixadora americana, Donna Hrinak, em despacho de 14 de maio de 2004 vazado pelo Wikileaks. - Para o Brasil, mesmo um casamento de conveniência é preferível a um eterno encontro.

De acordo com A Pública, o embaixador Thomas Shannon previu, em telegrama de 22 de abril de 2008:
- A China será uma forte concorrente, para os Estados Unidos e para o Brasil.

Fonte: Blog do Nassif
Sugestão: LucasU
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sábado, 11 de junho de 2011

Brasil deve elevar o tom no comércio com China; leia entrevista

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A dependência chinesa de commodities colocou o Brasil em uma situação forte de negociação. O país deve aproveitar a oportunidade para exigir mais abertura do mercado do gigante asiático para produtos de maior valor agregado.

É o que defende o economista-chefe global do grupo HSBC, o inglês Stephen King, em entrevista à Folha. Em um estudo intitulado "A Rota da Seda no Sul" (em tradução livre), ele prevê que o comércio entre os países da Ásia e hemisfério Sul vai crescer dez vezes em 30 anos a 40 anos. E o Brasil terá 80% de seu comércio com esses países.

Leia a entrevista:

FOLHA - Quais são os benefícios e riscos do desenvolvimento da China para o Brasil?

STEPHEN KING - A China atua como uma espécie de contrapeso em relação aos EUA em termos de influência crescente na economia global. Como a China investe em outras partes do mundo, esse investimento cria infraestrutura, o que significa que esses países não precisam fazer negócios apenas com a China, eles podem fazer mais negócios entre eles. Em função do seu estágio atual de desenvolvimento, a China precisa de uma quantidade enorme de commodities.

O Brasil naturalmente se encontra em uma posição melhor por causa do aumento nos preços das commodities. Isso obviamente levanta preocupações sobre desindustrialização e taxa de câmbio apreciada prejudicando outros setores. Mas, de forma geral, o futuro do Brasil tem sido moldado por essa crescente influência da China.

=>Então é uma situação positiva para o Brasil?

O Brasil, na verdade, está em uma posição relativamente forte de negociação para chegar para os chineses e dizer: se vocês quiserem ter acesso às nossas commodities, precisam abrir seu mercado doméstico para que nós também possamos vender alguns dos nossos produtos de maior valor agregado para vocês. Eu acho que o resultado das recentes conversas entre os governos do Brasil e da China mostram que os dois países estão começando a reconhecer que dependem um do outro.

=>O Brasil está condenado a ser exportador de commodities ou pode desenvolver outras vantagens comparativas?

Em termos de competitividade, o que importa são as vantagens comparativas em termos relativos e não absolutos. Mesmo que existam áreas nas quais vocês estejam perdendo competitividade, provavelmente estão ganhando competitividade em outros setores. Aeronaves, por exemplo. A indústria de aeronaves brasileira há 30, 40 anos não era forte como é hoje. Há um assunto importante aqui no Brasil em relação à taxa de câmbio, que tem estado muito forte nos últimos dois ou três anos. O yuan chinês tem se valorizado em relação ao dólar, mas se desvalorizado em relação ao real.

Pode ser que com o tempo, o yuan comece a desbancar, parcialmente, o dólar de sua posição de moeda reserva para o mundo. E isso significa que se valorizaria mais do que o ocorrido até agora. O que quer dizer que, em termos relativos, o yuan pode se valorizar em relação ao real, o que daria ao Brasil certa vantagem comparativa.

=>O Brasil deve assistir de forma passiva o desenvolvimento da China e outros emergentes ou desenvolver uma estratégia para se posicionar melhor?

Há vínculos políticos que podem ser desenvolvidos. A América Latina e a Ásia podem estabelecer alguma forma de acordo comercial, criando áreas de livre comércio mais amplas. Esse tipo de arranjo institucional ajuda a construir confiança que, por sua vez, permite que o aumento significativo do comércio.

Além disso, a ideia de fluxos de capital entre países também deveria ser e em parte já está sendo abraçada. A China investe no Brasil e vice-versa. Com isso, você cria plataformas de produção mutuamente apoiadas. E cria conexões que de outra forma não estariam presentes.

=>China e EUA já criaram esse vínculo?

Sim, já há uma forma de dependência mútua entre os dois países em consequência de investimentos desenvolvidos nos últimos anos. Isso ajudou a limitar o tipo de conflitos comerciais que poderiam ter surgido entre os dois países. Obviamente, ainda há um debate constante sobre o valor do yuan. Mas, em parte, a razão pela qual os americanos não puniram os chineses mais severamente por manipular sua taxa de câmbio é que muitas empresas americanas e seus acionistas dependem do sucesso da China. Portanto, por que correr o risco?

Acho que a questão para o Brasil é decidir se o melhor caminho é negociar sozinho ou com seus parceiros latino-americanos. Mas a China precisa desenvolver relações comerciais com a América Latina e isso coloca a região em uma posição de negociação relativamente forte.

=>O senhor acha que a América Latina e o Brasil estão aproveitando bem essa posição de negociação forte?

A China tem mantido um superavit em conta corrente muito grande por muitos anos, o que significa que sua taxa de poupança doméstica é mais alta que sua taxa de investimento doméstico. Portanto, o país precisa investir em algum outro lugar do mundo. Muitos desses investimentos até antes da crise eram direcionados para os EUA, para a compra de títulos do Tesouro americano.

Talvez, em alguns casos, esses não foram investimentos bem sucedidos. E, se os chineses reconhecem que com o tempo o yuan quase certamente vai se valorizar em relação ao dólar, todos esses investimentos que eles fazem nos EUA valerão menos quando convertidos em moeda chinesa.

Então faz sentido que os chineses se perguntem onde poderão estar investindo para apoiar seus próprios interesses estratégicos. E, como a China ainda está relativamente em um estágio ainda inicial do seu desenvolvimento, precisa de acesso a commodities e materiais básicos que são produzidos em outras partes do mundo. Faz muito sentido para a China construir relações com parte da América Latina e da África. Isso está começando a ocorrer. Não apenas em termos de comércio, mas também no desenvolvimento de projetos de infraestrutura. Além disso, a China está produzindo bens que quer vender em outras partes do mundo.

=>Alguns analistas e autoridades que veem um lado negativo em depender da China, além da discussão política de não ter um governo democrático. O senhor concorda?

A realidade é que todos os países do mundo, de forma crescente, querem fazer negócios com a China. Todos têm se perguntado como aumentar o comércio com a Ásia, que é a parte mais dinâmica do mundo, exibe as taxas mais altas de crescimento. Se um país não tira vantagem disso, vai ficar para trás. A realidade é que os países não têm alternativa, precisam reconhecer que a China se tornou um jogador dominante na economia global.

=>Pelas suas projeções, 80% do comércio brasileiro será com países do Sul até 2050. Não é um percentual muito alto?

Muitas oportunidades que o Brasil teria com os Estados Unidos e a Europa já se concretizaram. O jogo agora são as conexões do Sul. O Brasil tem o benefício de tanto a China quanto a Índia estarem crescendo muito rapidamente. Enquanto a China e a Índia têm a desvantagem de comercializarem com o Brasil que, na média, está crescendo mais devagar que eles.

=>Se a projeção de que o comércio Sul-Sul vai crescer 10 vezes em 30 ou 40 anos estiver certa, o que será do mundo desenvolvido?

Não é que o comércio com esses países vai zerar. Mas Estados Unidos e Europa não crescem mais tão rápido. As oportunidades de comércio já foram exploradas. As relações Sul-Sul é que ainda não foram. Os emergentes crescem muito rápido e têm uma demanda cada vez maior, com recursos limitados, em especial de commodities. Nesses países, um grande número de pessoas entra no mercado de trabalho global, o que detona uma relativa mudança de preços. Você pode ver que nos Estados Unidos e Europa temos uma combinação de aumento dos preços das commodities e uma pressão para baixo dos salários. As empresas preferem investir no Brasil, China e Índia ou em outros mercados emergentes porque a mão de obra é mais barata e frequentemente mais trabalhadora.

=>Qual a consequência para os países desenvolvidos?

Eles enfrentam altos preços de commodities, baixos salários e alto nível de dívida. Então pagar a dívida se torna mais difícil. Por isso, há um longo período de relativa estagnação, de relativo declínio econômico nesses países. Isso é reflexo de que o capital agora pode viajar pelas fronteiras mais facilmente. O perigo é que se o Ocidente achar que não consegue viver com isso, irá detonar uma nova onda de protecionismo nos próximos anos.

=>Não é uma visão muito pessimista?

Não para o Brasil e para o Sul. As coisas poderiam estar muito piores. Poderíamos ter uma Grande Depressão, o que seria extremamente pessimista. O Ocidente passou por uma era de ouro de crescimento nos últimos 50 ou 60 anos. Países como Brasil, China e Índia ainda têm muito a alcançar. Se o mesmo [crescimento do ocidente] se repetir entre os países asiáticos nos próximos 50 anos, poderemos potencialmente ver o mesmo desenvolvimento, com níveis mais altos de qualidade de vida. Isso vai acontecer sem depender dos países europeus. Os países do Sul se tornarão dependentes entre si.

=>Quanto os países desenvolvidos poderão crescer nesta primeira metade de século?

Vamos tomar o exemplo dos EUA. Nos anos 80 e 90, o crescimento foi de 3% ao ano. No final dos 90, pico do boom econômico, foi de 3,5% ou 4%. Agora sabemos que no último ciclo, de 2000 a 2007, o crescimento foi de 2,5%, muito menor que o período anterior e só foi conseguido como consequência do boom imobiliário. Tirando essas coisas, talvez tenhamos crescimento de 2,25% ou 2%. Tem um elemento de Japão na história americana, não tão ruim como no Japão que tem um problema demográfico, mas no sentido de que perdeu a capacidade de crescer como nos 20 anos anteriores.

=>O senhor disse que autoridades estavam muito preocupadas com inflação e agora perceberam que a recuperação econômica é frágil. Qual a saída?

Quando eu falo do problema de crescimento [baixo] e inflação, é no mundo desenvolvido. Os emergentes não estão com esse problema, apesar de terem inflação. No sentido amplo, a dívida nos emergentes não é muito alta, então a pressão para desalavancar não é muito grande. No mundo desenvolvido, a pressão por desalavancagem é extremamente alta. A economia global tem níveis bem baixos de juros e a sensibilidade para taxas de juros é bem maior entre os emergentes [que têm juros mais altos]. Emergentes têm uma demanda forte que adiciona pressão sobre a inflação. No mundo desenvolvido, a inflação é um risco, mas como os salários não seguiram na mesma direção, os ganhos das pessoas foram amassados.

Formuladores de política acreditam corretamente que poderiam evitar uma Grande Depressão, mas acreditaram erroneamente que poderiam evitar uma estagnação ao estilo japonês. Uma Grande Depressão é quando o PIB cai 30% e desemprego sobe para 25%. Felizmente não tivemos isso. Tivemos desempenhos ruins, mas nada comparado a isso. O benefício dos estímulos monetários dos últimos dois ou três anos foi evitar o pior cenário, um derretimento financeiro. Nesse sentido, formuladores de política tiveram sucesso. O problema é que chega um ponto que você não consegue mais crescer porque você cresceu demais anteriormente. Você se endividou demais. Nesse momento, as políticas perdem seu efeito, como no Japão. A lição do Japão é que você não pode chegar nesse ponto.

=>O estímulo monetário nos países desenvolvidos deveria ser retirado agora?

Eu não acho que vai ser retirado. Nos EUA, a ênfase será mais no risco de recessão do que de inflação. Mas por quanto mais tempo os americanos mantiverem soltas as condições de mercado, maior será o crescimento dos emergentes. E mais alto será o preço das commodities, o que come os ganhos [e salários] nos EUA e torna a recuperação econômica mais difícil. Essas políticas não convencionais são como um míssil sem rumo. Não se sabe que parte do mundo irá atingir. Os emergentes estão se beneficiando desse estímulo, o que equivale a impor uma espécie de taxa [ônus] ao crescimento europeu e americano.

Fonte: Folha
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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Brasil estuda aquisição de radares da China

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O Brasil precisa criar uma nova e moderna estrutura de Defesa antiaérea para atender à necessidade da segurança da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, e pode comprar esse equipamento na China.

No dia 12 de abril, em Pequim, durante visita da presidente Dilma Rousseff, o assunto foi tratado entre representantes da China National Precision Machinery Import and Export Corporation (CPMIEC), a agência estatal responsável pelos equipamentos eletrônicos de Defesa e autoridades brasileiras. Em 2008, os chineses já haviam submetido uma proposta preliminar ao Comando do Exército.

Essa, todavia, não é a única possibilidade: os especialistas da Força terrestre estão pesquisando equipamentos junto a fornecedores da Inglaterra, França e Rússia. Itália e Rússia também estão na lista. Qualquer negócio só será tratado em 2012.

O Exército quer adquirir um sistema antiaéreo tridimensional digital, de modo variável de detecção. Chávez tem. A Venezuela contratou nove conjuntos JYL-1, chineses, com alcance de 450km. Cada unidade é operada por oito militares e é acompanhada por um centro de controle. Pode alimentar redes de coleta de informações e fornecer dados para a artilharia baseada em mísseis e canhões de disparo rápido.

O custo da encomenda de Hugo Chávez é estimado em US$ 150 milhões. Os radares da China oferecidos ao Brasil são mais avançados. O tipo SLC-2, por exemplo, localiza granadas de obuses, foguetes e mísseis táticos em pleno voo, no limite de 50km, permitindo fogo de interceptação com armas de saturação. Há tipos leves, de porte individual, que são capazes de identificar o movimento de veículos a 5km e de pessoal, a 2km. Os pesados, de transporte por carretas 6x6, atuam além de 400km.

A seleção e encomenda do novo sistema antiaéreo é prioridade no reaparelhamento do Exército brasileiro. Segundo uma fonte do Ministério da Defesa ouvida pelo Estado, a aquisição depende da liberação de recursos. Este ano as despesas militares foram drasticamente cortadas pelo governo e as discussões para o próximo ano nem sequer começaram.

O Exército emprega um equipamento nacional, o EDT-Fila, da Avibrás Aeroespacial agregado a canhões Bofors L-70 e Oerlikon de alta cadência - com tecnologia com cerca de 30 anos. Na década de 80, eram listadas baterias de mísseis franceses. O equipamento foi desativado.

No setor, o que o Exército tem de mais moderno são os mísseis de porte pessoal russos Igla-18, com sistema de guiagem infra. Mais de 100 unidades com cerca de 50 tubos lançadores foram compradas. Os testes não foram animadores: o índice de acerto ficou na faixa de 20%. O custo é de cerca de US$ 60 mil dólares.

Fonte: Estadão
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terça-feira, 19 de abril de 2011

Para Dilma, viagem à China foi salto na relação entre países

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De volta de uma viagem de quase uma semana à China, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que a visita foi um "salto de qualidade" na relação entre os dois países.
Dilma disse estar confiante na cooperação entre as duas nações e "muito satisfeita" com a viagem, na qual foram fechados diversos acordos com o país asiático.

"Acho que foi um salto de qualidade nas nossas relações. Mas ainda queremos mais", afirmou no programa de rádio Café com a Presidenta, destacando que pretende ampliar a venda de produtos mais elaborados à China, e não apenas matérias-primas.

Uma das maiores demandas do setor industrial brasileiro é a diversificação do comércio com a China para evitar a inundação do mercado no Brasil de manufaturados chineses.

Dilma participou, na última semana, de uma série de encontros no país asiático, que se comprometeu, em comunicado conjunto, a incentivar a importação de produtos brasileiros com mais valor agregado. Os dois países também fecharam acordos na área de ciência e tecnologia, petróleo e na área comercial.

Durante a viagem da presidente, a estatal chinesa da área de comunicação ZTE informou que pretende abrir uma fábrica no interior de São Paulo, um investimento de mais de 350 milhões de reais, segundo Dilma.

"A viagem foi bastante proveitosa. Eu diria que foi muito bem sucedida, porque nós alcançamos os nossos principais objetivos: o de abrir as portas para que mais produtos brasileiros, produtos mais elaborados, entrassem na China."

A presidente também afirmou, no programa, que o Brasil deve lançar em parceira com a China mais dois satélites para monitorar a agricultura e a Amazônia.

Dilma participou de mais dois encontros, o dos BRICs e do fórum econômico na cidade chinesa de Boao, que reuniu empresários e líderes de países asiáticos.

De acordo com a presidente, os cinco países dos Brics discutiram o controle da especulação financeira e mais equilíbrio no comércio internacional, além do combate à pobreza.

Fonte: Reuters
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sábado, 16 de abril de 2011

Dilma visita 'oitava maravilha do mundo' e elogia 'capacidade do povo chinês'

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A presidente Dilma Rousseff encerrou neste sábado sua visita de seis dias à China com um passeio pelo parque dos Guerreiros de Terracota na cidade de Xian, na parte central do país, construídos no século 3 durante a dinastia do primeiro imperador chinês, Qin Shi Huang.

No livro de visitas do local, a " oitava maravilha do mundo", nas palavras da presidente, Dilma Rousseff escreveu que o ex ército de terracota demonstra a imensa capacidade do povo chinês ao longo dos séculos.

Na visita, que por cerca de uma hora fechou o parque para o público, Dilma Rousseff viu de perto o local descoberto em 1974 por moradores que cavavam um poço de água.

A presidente ficou impressionada com o complexo mecanismo de um eixo usado em carruagens da época.

"Maravilha, perfeito", disse. "E funciona?", perguntou, ao que a guia respondeu que sim. A presidente fazia perguntas constantemente e queria entender, em detalhes, como tudo funcionava.
"N ão é à toa que eles são tão bons em novos materiais e nanotecnologia ", disse o ministro da Ci ência e Tecnologia, Aloízio Mercadante.

Em Xian, no dia anterior, a presidente visitou a ZTE, uma empresa que fabrica equipamentos de telecomunicações e que vai investir US$ 200 milhões na construção de uma fábrica em Hortolândia, São Paulo.

A agenda prevê que Dilma Rousseff retorne ao Brasil no domingo.

Saldo

A visita terminou com um saldo de investimentos concretos, promessas de diversificação comercial, acordo para permanência da fábrica da Embraer no país, encomenda de novos aviões, a abertura parcial do mercado chinês para importação de carne suína e uma série de acordos de cooperação em diversas áreas, entre elas Ciência e Tecnologia.

Outra conquista anunciada pelo governo, porém recebida com muito ceticismo no Brasil, foi uma promessa de investimento da Foxconn no Brasil de US$ 12 bilhões.


A empresa construiria uma cidade do futuro em local ainda a ser divulgado e instalaria ali uma fábrica para a construção de telas de cristal líquido usadas na produção de iPads e celulares de terceira geração.

O governo comemorou a promessa, resultado de uma negociação de três meses com a empresa sediada em Taiwan.

O entendimento foi apontado como avanço na tentativa de atrair para o Brasil investimentos chineses em setores de alta tecnologia, que agreguem valor à cadeia produtiva.

Cerca de 85% dos investimentos chineses no Brasil são em setores como o petróleo e a mineração.

A Foxconn fatura US$ 100 bilhões por ano e é responsável por 5% das exportações chinesas.

Fonte: BBC Brasil
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terça-feira, 12 de abril de 2011

Na China, Dilma aposta em maior parceria em ciência, tecnologia e inovação

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A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, inaugurou nesta terça-feira em Pequim o Diálogo de Alto Nível Brasil-China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação, em seu segundo dia de viagem à China e antes de reunir-se com o presidente do gigante asiático, Hu Jintao, no Grande Palácio do Povo.

Dilma, cuja passagem pela China está marcada pelo objetivo de exportar mais produtos elaborados ao país asiático e não apenas matérias-primas, reuniu-se antes da cerimônia oficial de boas-vindas com o presidente da Foxconn, Terry Gou.

O maior produtor mundial de componentes eletrônicos foi fundado em Taiwan em 1974, instalou-se na cidade industrial de Shenzhen em 1988, conta com 900 mil funcionários em todo o mundo e é fornecedora dos principais clientes do setor de TI.

A primeira visita bilateral de Dilma à China, onde participará da cúpula dos Brics (Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul), tem a meta de fortalecer as relações comerciais e econômicas, já que os vínculos políticos com a China atravessam um bom momento.

A cooperação internacional do Brasil em ciência, tecnologia e inovação à qual se refere o diálogo aberto nesta terça-feira, é parte de sua "diplomacia científica" para diminuir o vão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e identificar processos de inovação produtiva.

Diplomatas brasileiros disseram à agência Efe que ciência, tecnologia e inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento, a criação de empregos e a busca de oportunidades, e que Pequim reconheceu em seu Plano Quinquenal a necessidade de mudar o modelo de crescimento, inovar e produzir qualidade para seu mercado interno e exportação.

Também na integração latino-americana, disseram, a difusão do conhecimento científico e tecnológico mediante associações de benefício mútuo contribuiu para elevar o desenvolvimento e ampliar a capacidade em inovação produtiva.

Na China, o presidente Hu Jintao defendeu a pesquisa e a inovação rumo ao que chamou de "crescimento científico sustentável" para reduzir a dependência tecnológica do exterior.

Após a reunião de Dilma e Hu, está prevista para hoje a assinatura de cerca de 20 convênios em diversas áreas, como saúde, energia, esportes, defesa e agricultura, assim como um contrato para a venda de aviões da brasileira Embraer à China.

Segundo as fontes brasileiras, além da cooperação em satélites de comunicações, a associação mais significativa no setor nos últimos anos foi a criação do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras em Energia na Universidade Tsinghua de Pequim, que é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O centro também permite o desenvolvimento de projetos bilaterais em energia eólica e biodiesel com a Academia de Ciências da China.

Embora Pequim dê preferência aos países na vanguarda da produção tecnológica, o país reconhece que o Brasil possui a maior capacidade científico-tecnológica e de inovação da América Latina e busca setores específicos complementares, acrescentaram as fontes.

A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e grande investidor no país sul-americano (US$ 30 bilhões em 2010), principalmente em minerais, petróleo, soja e telecomunicações.

Em 2010 a empresa estatal chinesa Wuhan Iron Steel (Wisco) se associou ao Grupo EBX para instalar uma siderúrgica no norte do Rio de Janeiro por US$ 3,5 bilhões, comprou os direitos de prospecção de ferro em Morro de Santana (MG) por US$ 5 bilhões, e adquiriu por US$ 400 milhões o direito de explorar 50% do ferro de Serra Azul (MG).

Segundo o porta-voz da Presidência do Brasil, Rodrigo Baena, a primeira viagem de Dilma à China tem caráter econômico, "pois queremos reciprocidade nas exportações e a abertura do mercado chinês a nossos produtos". As matérias-primas são majoritárias no comércio bilateral de US$ 56 bilhões.

O Brasil é um dos principais celeiros do mundo e líder na exportação de soja (US$ 17,115 bilhões à China em 2010), café e carne, cujo mercado o país deseja abrir na China o mais rápido possível, enquanto Pequim já aprovou nove frigoríficos brasileiros.

Segundo dados oficiais, quase 8% do investimento chinês no Brasil em 2010 foram destinados à compra de terras agrícolas, sobretudo de grãos e cereais para exportar ao gigante asiático.

Em 2009, gigantes energéticos chineses investiram US$ 10 bilhões no promissor horizonte de hidrocarbonetos descoberto pelo Brasil no pré-sal do oceano Atlântico, e em 2010 a Sinopec adquiriu 40% das ações da Repsol Brasil por US$ 7,1 bilhões.

Fonte: EFE
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Presidente Dilma Rousseff chega hoje ao país para estreitar laços e buscar maior equilíbrio comercial

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Em sua mais importante viagem internacional desde a posse, a presidente Dilma Rousseff desembarca hoje na China disposta a estreitar os laços com a segunda maior potência do mundo, mas também cobrar relações econômicas mais justas. O comércio bilateral deu um salto em dez anos, de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 56 bilhões no ano passado, com um superavit de US$ 5,2 bilhões a favor do Brasil. Até por isso, Dilma será acompanhada de cerca de 250 empresários brasileiros. Mas há dois problemas.

O primeiro é que cerca de 90% das exportações ao país são de minério de ferro, soja, petróleo e celulose. Equivale a afirmar que o Brasil vende matéria-prima ao país e compra manufaturados dos EUA. O segundo problema é que o Brasil tem perdido mercado nos países ou regiões onde a China entra agressivamente. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que o Brasil corre o risco de sofrer da "doença holandesa" caso não haja investimentos na sua área. O termo vem do efeito negativo do aumento da exploração dos recursos naturais na produção manufatureira. Mercadante foi o primeiro integrante do alto escalão da comitiva brasileira a chegar à China. Ele anunciou acordos nas áreas de nanotecnologia e de "tecnologia do bambu" -usado em produtos como invólucros para laptops.

Apesar de reconhecer a China como "economia de mercado" ainda no primeiro governo Lula, em 2004, o Brasil até hoje não oficializou essa posição, alegando dificuldades burocráticas. A demora, porém, se deve a pressões da iniciativa privada. O Brasil está otimista em fechar uma grande venda de aviões da Embraer para a China e obter autorização para exportar carne de porco ao maior mercado consumidor desse produto no mundo. Além disso, Brasília e Washington têm discutido uma crítica comum ao câmbio artificialmente baixo da moeda chinesa, o yuan, que potencializa as vantagens do país.

Além da agenda bilateral com o dirigente máximo chinês, Hu Jintao, que começa amanhã, Dilma participará da Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), marcada para quinta-feira. A cúpula é saudada pelo Planalto e pelo Itamaraty como mais um passo da China para fugir de um "G-2" -com os EUA- e tentar fortalecer posições com emergentes.

DIREITOS HUMANOS

Há, porém, um ponto da agenda que ainda não está definido: como Dilma, ex-presa política torturada pela ditadura militar (1964-1985), vai tratar a prisão do prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo e o desaparecimento do artista e ativista Ai Weiwei. Ambos são dissidentes do regime. O Itamaraty orientou Dilma a ignorar o tema, que cabe em fóruns multilaterais, não em visitas bilaterais. Mas não descarta a hipótese de Dilma conduzir a questão ao seu jeito, já que o Brasil tem feito inflexão importante na área de direitos humanos.

Fonte: Folha
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Brasil foi principal destino de investimento chinês em 2010

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Um levantamento da entidade americana Heritage Foundation indica que o Brasil se tornou o principal destino de investimentos diretos chineses em 2010.

No levantamento, intitulado China Global Investment Tracker, a entidade lista o equivalente a cerca de US$ 13,7 bilhões investidos por chineses no Brasil em 2010. O número exclui títulos públicos e investimentos de menos de U$ 100 milhões.

Para efeitos comparativos, Nigéria e Argentina receberam em torno de US$ 8 bilhões cada um da China em 2010; e EUA e Canadá, por volta de US$ 6 bilhões cada, de acordo com os números do levantamento.

"O Brasil foi o grande destaque de 2010. E o perfil dos investimentos segue o padrão que vem se mostrando recorrente no resto do mundo: chineses em busca de acesso a recursos naturais. O investimento chinês é definitivamente liderado pela busca por commodities", disse à BBC Brasil Derek Scissors, pesquisador do Centro de Estudos Asiáticos da entidade, com sede em Washington.

Um dos desafios da presidente Dilma Rousseff é criar bases, em sua visita à China, para investimentos chineses em setores considerados estratégicos para o Brasil e que tenham mais alto valor agregado.

Com o salto em 2010, o Brasil passa a terceiro destino de investimentos diretos chineses quando se considera o valor acumulado nos cinco anos entre 2006 e 2010. Austrália e Estados Unidos continuam sendo os principais alvos dos recursos da China nessa contagem mais ampla.

ONDA DE INVESTIMENTOS

Segundo o levantamento, o Brasil faz parte de uma onda recente de investimentos que atinge a América do Sul. Segundo Scissors, isso pode ser explicado pelo fato de que há comunicação entre as empresas estatais chinesas, o que acaba criando bases para uma estratégia comum.

"Essas ondas acabam gerando uma forte reação contrária em alguns países, mas não necessariamente serão duradouras", acrescentou o pesquisador.

Para tentar formar o quebra-cabeças do destino dos investimentos diretos chineses, o especialista em China acompanha anúncios de empresas, relatórios de instituições multilaterais, informações de governos locais e informações da própria imprensa.

"Há uma série de dificuldades para se conseguir esses dados por país, já que o Ministério do Comércio chinês considera Hong Kong destino final quando, na maioria das vezes, é apenas uma ponte para os recursos. Por essa metodologia oficial, Hong Kong aparece como destino de 65% dos investimentos chineses, o que distorce qualquer conclusão sobre destino final", disse Scissors. "A cada seis meses, revisamos todos os dados para expurgar investimentos que não se concretizaram", acrescentou.

Os investimentos chineses no exterior vêm aumentando nos últimos anos. De 2006 até 2010, passaram de US$ 21,2 bilhões para US$ 59 bilhões, segundo o Ministério do Comércio (Mofcom).

Nesse período de cinco anos, a Austrália recebeu o maior volume, cerca de US$ 34 bilhões, segundo a contagem da Heritage Foundation. Os Estados Unidos foram o segundo destino, com US$ 28,1 bilhões.

Nigéria, Irã e Brasil aparecem em terceiro, com praticamente o mesmo volume acumulado, cerca de US$ 15 milhões. Cazaquistão, Canadá, Indonésia, Argélia e Venezuela, são os próximos da lista.

A China tem hoje um total de 215 bilhões investidos no exterior, segundo a contagem da entidade conservadora americana.

Deste total, US$ 102,2 bilhões foram investidos em energia e US$ 60,8 em mineração.

"A reação americana à expansão do investimento chinês tem sido se desesperar, e a corrida para a América do Sul vai gerar ainda mais tensão. Os Estados Unidos, no entanto, têm como se beneficiar do investimento chinês e neutralizar qualquer tipo de impacto negativo na política externa", escreve o autor no relatório.

Segundo o pesquiador, os Estados Unidos não têm como determinar que empresas americanas invistam em determinados países, como pode fazer o governo chinês, mas podem criar um ambiente mais favorável aos investimentos por meio, por exemplo, de acordos de livre comércio com países da região.

Brasil deve tentar aproveitar melhor investimentos da China, diz acadêmico

O pesquisador e secretário-geral do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhou Zhiwei, disse em entrevista à BBC Brasil, em Pequim, que o Brasil deve buscar desenvolver sua competitividade e tentar aproveitar melhor os investimentos chineses.

"Falta um plano organizado, falta um papel para direcionar estes investimentos para os setores que precisam de mais investimentos", disse.

Segundo Zhou Zhiwei, as relações do Brasil com a China devem se intensificar e, com isso, mais tensões devem surgir como em um namoro que evolui para um casamento.

Leia abaixo a entrevista da BBC Brasil com o pesquisador chinês.

BBC Brasil - A importância da China para o Brasil é clara. É o principal parceiro comercial e principal investidor do Brasil. E qual a importância do Brasil para a China?

Zhou - A importância do Brasil para a China é cada vez maior. Em termos econômicos, o Brasil é agora um dos maiores parceiros comerciais da China, o nono maior parceiro. Isso é importante para os dois lados. Eu acho também que a relação entre o Brasil e a China já superou a esfera bilateral como disse o vice-presidente Xi Jinping, quando visitou o Brasil em 2009. Essa relação tem agora um significado estratégico mundial.

BBC Brasil -A relação entre os dois países já tem um grau de tensão e alguns analistas acreditam que essa tensão vá aumentar. Você compartilha dessa opinião?

Zhou - Concordo. Na verdade, eu acho que as tensões vão crescer à medida que a relação entre os países se intensifica. É como a relação entre namorados. Para eles, o mundo é bonito, sem conflitos. Quando se casam, começam a surgir mais problemas e dificuldades para resolverem. O comércio entre Brasil e China cresceu muito nos últimos anos, então, claramente, vai existir competição, concorrência. Mas acho que é um processo natural.

BBC Brasil - Mas as exportações brasileiras não incomodam a China, o problema é a via oposta? Só um lado parece se incomodar.

Zhou -Eu acho que existe uma diferença entre setores. O setor agrícola brasileiro tem uma situação muito favorável. Por outro lado, existe claramente concorrência entre os setores industriais no mercado brasileiro e em terceiros mercados. Esse problema é muito natural, mas o mais importante é que o setor industrial brasileiro deve promover a sua competitividade.

BBC Brasil - Como?

Zhou - Tributos, infraestrutura e também desenvolvimento tecnológico para maior eficiência.

BBC Brasil - E o que o senhor acha de medidas como anti-dumping e salvaguardas contra produtos chineses industrializados? É a ferramenta correta?

Zhou - Para o Brasil, pode ser a ferramenta correta. Se você acha que isso não é bom, pode aplicar medidas para defender seu setor de acordo com as regras da OMC. Mas eu acho que medidas anti-dumping não resolvem este problema. O mais importante para o Brasil é aumentar a competitividade. É o ponto-chave.

BBC Brasil - E o reconhecimetno da China na OMC, prometido no governo Lula, mas não ratificado? Como os chineses veem a postura do governo brasileiro?

Zhou - O primeiro-ministro chinês, Web Jiabao, disse que é lamentável que o Brasil ainda não tenha aprovado o status da China na OMC. Então, acho que, durante a visita da presidente Dilma Rousseff, os dois governos vão discutir esse assunto. Eu acho que o governo brasileiro tem suas próprias condições, por exemplo, a questão da licença para a produção de um novo modelo pela Embraer. Eu acho que essa questão da Embraer será resolvida. Se isso for resolvido, eu acho que a atitude do governo brasileiro vai mudar.

BBC Brasil - Mas com o reconhecimento do status da OMC, o Brasil perde uma arma que alguns setores consideram fundamental, que é a possibilidade de aplicar medidas anti-dumping, usando no cálculo o preço de terceiros mercados.

Zhou - Fechar a porta para os produtos chineses não é uma boa solução. Na minha opinião, o mais importante para outros países é aumentar a competitividade. O status da China não é uma questão muito difícil, é apenas um processo.

BBC Brasil -Pelo cálculo de uma entidade americana, o Brasil foi o principal destino dos investimentos chineses em 2010. Qual a perspectiva nessa área para o Brasil?

Zhou - O investimento da China em 2010 é só o início desta tendência porque o Brasil tem muitas oportunidades e vantagens em termos de recursos naturais e é receptivo ao investimento chinês. As empresas chinesas estão traçando uma estratégia de internacionalização e o Brasil é um país emergente com muitas oportunidades para as empresas chinesas aproveitarem. Como a maior economia da região, o Brasil deve desempenhar também um papel de ponte entre a China e a América do Sul. O Brasil representa claramente uma oportunidade imensa para ser aproveitada.
Já recebi e-mails de empresas chinesas perguntando sobre como fazer negócio no Brasil. Algumas fabricam, por exemplo, material para estádios. Sabem que haverá a Copa do Mundo, Olimpíadas.

BBC Brasil - E o que dificulta que isso se concretize?

Zhou - Existem alguns obstáculos para trazer mais investimentos. Por exemplo, deficiência de infraestrutura, mas essa também é uma boa oportunidade para os chineses.

BBC Brasil - Apesar de haver oportunidades em algumas áreas, o investimento chinês tem sido criticado por se concentrar demais na busca por matérias-primas. Como o senhor vê essas críticas?

Zhou - É engraçado. Antes, lembravam que durante a visita de Hu Jintao, em 2004, os chineses prometeram investimentos e não os concretizaram. Em 2010, chega um monte de investimento, mas muitas pessoas se preocupam porque cresceu demais. Claramente, o investimento chinês representa um certo choque para alguns setores e empresas brasileiras, mas, para aproveitar melhor estes investimentos chineses, o governo brasileiro deve redirecionar os investimentos para os setores que precisam de mais investimentos.

BBC Brasil - O senhor acha, então, que o Brasil não deve aceitar investimento em qualquer área?

Zhou - Falta um plano organizado, falta um papel para direcionar estes investimentos para os setores que precisam de mais investimentos.

BBC Brasil - Mas que poder o governo pode ter sobre isso? Se uma empresa privada quer vender suas operações para a China, o que o governo pode fazer?

Zhou - Sim, mas a relação também tem de ser entre dois governos, entre dois países. O governo tem de desempenhar um papel importante para promover esta relação.

BBC Brasil - O interesse chinês é por commodities, algo que preocupa alguns setores. O senhor vê motivo para preocupação?

Zhou - Os recursos naturais correspondem a 85% de todos os investimentos da China no Brasil. A China precisa desses recursos. Isso representa um desafio para o Brasil. Para resolver esse problema, o governo brasileiro tem de fazer seu dever. Claro que os recursos naturais são as vantagens do Brasil. É o que a China quer para sustentar o crescimento. É uma relação complementar. O Brasil deve se planejar para aproveitar melhor os investimentos chineses. É uma relação que envolve os governos.
Se conseguir apoio dos governos, fica mais fácil para as empresas chinesas investirem em outros países.

BBC Brasil - Então o senhor acha que existe potencial para o Brasil usar os recursos naturais na barganha por investimentos de mais valor agregado?

Zhou - Eu acho que o apetite da China claramente é recurso natural. Se o Brasil quiser mais investimento em outros setores, o que vai oferece para atrair as empresas chinesas? É nisso que o Brasil tem de pensar. O que vai fazer? Muitos países também querem investimentos da China. No Brasil, existem obstáculos para fazer negócios: altos tributos, o custo para as empresas é alto, as regras trabalhistas são rígidas, a segurança pública não é boa. Então, esses são desafios se o Brasil quer mais investimento em infraestrutura e outros setores.

BBC Brasil - Como o senhor vê a reação no mundo à ascensão da China?

Zhou - A China virou a segunda economia do mundo, mas o PIB per capita é muito baixo. Ainda é a metade do PIB per capita no Brasil. O status da China ainda é de um país em desenvolvimento. A China também quer desempenhar um maior papel nos assuntos internacionais, mas o maior desafio agora é o desenvolvimento sustentável. Existem questões sociais, como uma disparidade de renda muito grande. A tarefa para os governos chineses é promover um equilíbrio entre crescimento e desenvolvimento social.

BBC Brasil - Então, a China vai continuar olhando mais para dentro?

Zhou - Há um pensamento corrente que diz que a política externa da China é fazer seu próprio dever da melhor maneira possível, pensando o mínimo nas questões internacionais. Essa é uma diferença entre Brasil e China. A atitude do Brasil na área de política interna é mais ativa e altiva, como diz Celso Amorim. Mas, para o governo chinês, a humildade é mais importante. O Brasil está sempre pensando em ser uma potência mundial. Durante a Segunda Guerra, surgiu uma oportunidade de ser memebro permanente da ONU. E, nas últimas décadas, o Brasil tenta fazer o possível para realizar o sonho de potência mundial. São características dos povos. Os brasileiros são mais otimistas, os chineses, mais reservados.

BBC Brasil - O senhor falou em humildade, mas há um grande número de observadores que têm visto uma maior assertividade ou até agressividade por parte da China principalmente após a crise, quando o país saiu quase ileso e enxergou as rachaduras no modelo americano.

Zhou - De fato, existe uma mudança nos assuntos internacionais no que diz respeito a atitude do governo chinês. O governo começa a pensar que pode desempenhar um papel correspondente ao status econômico. Claramente, a economia chinesa cresceu e a China está desempenhando um papel mais importante. Por isso, veem uma maior agressividade. Mas, considerando a importância que a China ganhou, ainda acho que a postura do governo continua sendo de humildade.

BBC Brasil - Mas com a ampliação dos interesses chineses do mundo, será que a China não vai ser forçada, no futuro, a assumir um papel de liderança, para defender seus crescentes interesses econômicos de forma mais ativa? Será que a política da não-interferência sobrevive por muito tempo?

Zhou - Acho que é uma tendência possível. As empresas chinesas estão elaborando estratégias de internacionalização não só na América do Sul, mas também na África, nos Estados Unidos, na Austrália. Com isso, o governo chinês tem de pensar mais do que antes no resto do mundo para aproveitar a oportunidade de transformação mundial de agora e não só proteger seus interesses, mas também proteger os interesses dos países em desenvolvimento. Acho que esse é um ponto de cooperação entre Brasil e China.

Fonte: BBC Brasil
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