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sexta-feira, 22 de março de 2013

Apostando no BRICS

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A quinta cúpula do BRICS, a realizar-se nos dias 26 e 27 de março, poderá, por todas as razões, dar início à articulação de um novo bloco internacional, no sentido exato do conceito. As próprias realidades urgem alteração do ordenamento político e econômico atual do mundo.
 
O fórum do BRICS, de que participarão líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, irá acontecer em Durban sul-africana. As delegações abordarão diversas variantes de reestruturação da economia e do sistema financeiro mundial. No entanto, espera-se que o foco dos debates vá centrar-se na questão de transformação eventual do clube das cinco maiores economias emergentes do mundo em genuíno organismo de caráter global .
 
A situação que ocorre no mundo atual, incluindo os mais recentes acontecimentos em torno de Chipre, patenteia que o sistema econômico-financeiro existente experimenta uma grave necessidade de reformulação, acredita Evgueni Astakhov, professor catedrático do departamento de diplomacia da Universidade das Relações Exteriores de Moscou e membro do comitê nacional russo para estudos do BRICS. Portanto, a Rússia desejaria que o BRICS de um espaço de diálogo e discussão se convertesse num verdadeiro organismo eficaz e eficiente, comenta o especialista para os ouvintes da Voz da Rússia:
 
"Sem esperar que os Grupos dos Sete, dos Oito ou dos Vinte aprovem essa ou aquela decisão necessária, é necessário, desde já, incentivar e acelerar o processo de formalização do BRICS. Agora estão falando de que no outono seriam institualizados um euro para a Europa do Norte e um outro euro para a Europa do Sul. Talvez, estes projetos não se tornem realidade, mas já se está falando nisso. Pois bem, acaso seguiríamos confiando na máquina de imprimir dinheiro dos Estados Unidos, os que a põem a funcionar excepcionalmente em seus próprios interesses? Nós precisamos, afinal de contas, começar a passar, pelo menos nesta etapa, a cálculos entre os países membros do BRICS usando suas divisas nacionais. Já é hora de passarmos das palavras às obras. É esta a quinta-essência da cúpula, não é por acaso que Putin irá participar dela."
 
Não obstante, cada um dos países, mesmo no âmbiro do BRICS, persegue seus próprios interesses. A Rússia, por exemplo, conta com que os parceiros do BRICS, segundo opina Evgueni Astakhov, ajudem-na a abrir novos horizontes para suas atividades econômicas exteriores e reforçar posições políticas no palco internacional. Pois todas as tentativas de Moscou para organizar uma cooperação eficaz com o Ocidente não dão rendimento real. A China, por sua vez, está apostando, segundo acreditam peritos, em ganhar liderança no quadro do BRICS, para competir mais insistentemente com os EUA no combate pela influência global. A Índia e o Brasil esperam, como mínimo, que a Rússia e a China lhes dêem seu apoio para obter o status de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
 
“Por enquanto é dificil dizer como será formalizado esse organismo, porque todos os países integrantes (do BRICS) já são membros de muitas organizações, inclusive alguns deles participam de associações comuns – salientou em entrevista à Voz da Rússia o analista do Instituto dos Estudos Internacionais da Universidade das Relações Exteriores, Leonid Gusev. – Assim, a Rússia, a Índia e a China são membros da Organização para Cooperação de Xangai. Ainda não está bem claro se vale a pena edificar mais um organismo com estrutura complexa ou não. Eu acho que, de todas formas, há-de esperar ainda mais para ver como vai evoluir tudo isso”.
 
Seja como for, mas a esfera de interesses comuns dos parceiros do BRICS é bastante ampla. Prevê-se instituir um Conselho Empresarial do BRICS, entre os bancos nacionais de fomento dos cinco países já está funcionando o convênio de interação financeira. Na ordem do dia fica a criação de um banco de fomento do BRICS e de um fundo comum de reservas monetárias. Além disso, está previsto instituir, no âmbito do BRICS, um foro científico e um conselho de centros analíticos. Este último terá como objetivo efetuar análises políticas e elaborar estratégias de longo prazo do BRICS.
 
No entanto, a tarefa de desenvolvimento do organograma do BRICS requer, em primeiro lugar, a criação de um órgão de coordenação permanente. Nesse sentido, é bastante promissora a proposta da Rússia para constituir uma espécie de secretaria virtual. No foro de Durban será apresentado um projeto do sistema informático global, o qual se pretende vertebrar a base de um cabo óptico transcontinental que ligará os centros econômicos dos países do BRICS.
 
Aliás, o mais importante, segundo parece, é que os participantes do fórum não se atolem em discussões sobre problemas bilaterais não resolvidos, perdendo o principal. E o principal consiste em que todos os cinco Estados apostam no BRICS e as apostas são altas.
 
Fonte: Voz da Rússia
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Vladimir Putin dá entrevista à agência ITAR-TASS

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O presidente Vladimir Putin acaba de dar uma entrevista à agência de notícias russa ITAR-TASS. Os temas principais foram o futuro do BRICS, as relações da Rússia com a China e com a África do Sul.
 
– O relativamente novo fenômeno do BRICS atrai elevada atenção global devido aos cenários otimistas de desenvolvimento de seus países, especialmente no contexto das tendências de crise global na economia mundial. Para a Rússia, qual o significado atual e futuro do BRICS? Será que esse formato das relações entre os cinco países é o apropriado?
 
– O sucesso do BRICS tem a ver com uma série de fatores de longo prazo. As economias do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul têm liderado o crescimento econômico mundial já faz duas décadas. Em 2012, a média dos ritmos de crescimento do produto interno bruto no grupo foi de 4%. Para os países do “G7” financeiro, essa média é de 0,7%. Ao mesmo tempo, o PIB dos países do BRICS, medido pela paridade do poder aquisitivo das moedas nacionais, supera 27% do PIB mundial, e esse índice vem aumentando.
 
O BRICS é um dos principais elementos do mundo multipolar que está se formando. Os participantes do bloco sempre reafirmam o compromisso com os princípios básicos do direito internacional, contribuem para fortalecer o papel central da ONU. Os nossos países não aceitam a política da pressão de força e violação da soberania de outros países. Compartilhamos as abordagens relativamente aos problemas internacionais relevantes, inclusive a crise na Síria, situação em torno do Irã, a solução da situação no Oriente Médio.
 
Um dos indicadores do prestígio e da influência do BRICS na arena mundial é a contribuição crescente do bloco para os esforços com vista a estimular o desenvolvimento global. O fórum dos líderes do BRICS e da África à margem da cúpula em Durban será dedicado a esse assunto importante.
 
Os participantes do BRICS defendem a criação do sistema mais justo e equilibrado das relações económicas mundiais. Os Estados com mercados em desenvolvimento estão interessados em garantir o crescimento sustentável e de longo prazo da economia global, em reformar a arquitetura econômico-financeira, em aumentar a sua eficácia. Pode servir de prova a decisão consolidada, tomada no ano passado, de participar do aumento, em 75 bilhões de dólares, dos recursos do FMI, o que levou à ampliação da quota das economias emergentes no capital regulamentar do Fundo.
 
A Rússia, como promotor da criação do BRICS e presidente da sua primeira cúpula (em Ekaterinburgo em 2009) considera a participação no bloco uma das prioridades da política externa. Este ano aprovei a concepção de participação da Rússia do BRICS, que determina as tarefas estratégicas que pretendemos cumprir desenvolvendo a interação com os nossos parceiros do Brasil, da Índia, da China e da África do Sul.
 
Tal interação nos negócios internacionais, no comércio, no intercâmbio de capitais, na esfera humanitária ajuda criar as condições externas mais favoráveis para garantir o futuro crescimento da economia russa, melhorar o clima de investimentos e aumentar o padrão de vida e bem-estar dos cidadãos do nosso país. A participação do bloco contribui para fortalecer as relações bilaterais privilegiadas com os países do BRICS, baseadas nos princípios de boa vizinhança e cooperação mutualmente vantajosa. Atribuimos um papel importante ao aumento da presença russa no que se refere à língua, cultura e informação nos Estados-parceiros do BRICS, bem como à ampliação de intercâmbios na áreas de educação e decontatos pessoais.
 
– Quais são os objetivos do BRICS para o futuro próximo? Existem pactos de referência estratégicos para o desenvolvimento econômico do grupo?
 
– O BRICS determina os seus trabalhos com base nos Planos de Ação adotados nas cúpulas anuais. O Plano de Ação da cúpula do ano passado – o de Nova Deli – definiu 17 rumos da interação. Entre eles – os encontros dos ministros das Relações Exteriores à margem da Assembleia-Geral da ONU, as reuniões conjuntas dos ministros das Finanças e dirigentes dos bancos centrais no quadro das reuniões do G20, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, contatos entre outras entidades.
 
Agora está sendo coordenado um novo plano, que será debatido durante o encontro em Durban. Tenho certeza de que ele contribuirá para o aprofundamento da nossa parceria. Esperamos conseguir coordenar de maneira ainda mais estreita as abordagens sobre as questões-chave da agenda da próxima cúpula do G20 em São Petersburgo, elevar o nível da cooperação no combate ao tráfico e produção de drogas, bem como às ameaças de caráter terrorista, criminal e militar no ciber-espaço.
 
A Rússia atribui grande importância ao desenvolvimento da interação comercial e de investimento com os parceiros do BRICS, ao lançamento de novos projetos de negócios multilaterais com a participação dos círculos empresariais dos nossos países. O Conselho Empresarial do BRICS, que pretendemos lançar oficialmente em Durban, deverá contribuir para essa causa. Também nas vésperas da cúpula será realizado o Fórum de Negócios do BRICS, que contará com a participação de mais de 900 representantes da comunidade empresarial dos nossos países.
 
– O potencial dos países do BRICS coloca na agenda não só a coordenação da política econômica, mas também a interação estreita na área geopolítica. Qual o papel geopolítico, a missão dos países do BRICS no mundo contemporâneo? Limita-se só à agenda econômica, ou os cinco países podem e devem assumir cada vez mais responsabilidade pelos processos geopolíticos? Como eles constroem a sua política em relação ao mundo, inclusive relativamente a tais atores principais como os EUA, a UE, o Japão... Qual é o seu conceito de futuro?
 
– Os países BRICS aspiram, antes de tudo, a fazer com que a economia mundial cresça de maneira estável e autosustentável, bem como a reformar a arquitetura econômico-financeira internacional. O mais importante para nós é encontrar soluções capazes de acelerar o desenvolvimento global, incentivar o fluxo de capitais para o setor real da economia, elevar a taxa de emprego.
 
Isso é especialmente importante levando em conta a lenta dinâmica de desenvolvimento da economia mundial e a taxa inaceitávelmente alta de desemprego. Embora tais tendências sejam hoje típicas em primeiro lugar dos países do Ocidente, as consequências negativas afetam também os países do BRICS – os mercados de exportação vêm-se reduzindo, mantem-se a instabilidade nas finanças mundiais, caem os ritmos de crescimento das nossas próprias economias.
 
Ao mesmo tempo, propomos aos nossos parceiros transformar gradualmente o BRICS de um fórum de diálogo que coordena as posições sobre a lista limitada dos assuntos, num mecanismo pleno de interação estratégica. Um mecanismo que permita procurar em conjunto as soluções para os problemas-chaves da política mundial.
 
Os países de BRICS manifestam tradicionalmente posições semelhantes no que se refere à solução de todos os conflitos internacionais por meios político-diplomáticos. Estamos preparando para a cúpula em Durban uma declaração conjunta que estabelece em detalhe as nossas principais visões sobre tais questões relevantes da agenda internacional como a crise na Síria, os problemas do Afeganistão, Irã e Oriente Médio.
 
Não consideramos o BRICS como um concorrente geopolítico dos países ocidentais ou suas organizações – pelo contrário, estamos abertos ao diálogo com todos os interessados no âmbito do sistema multipolar.
 
– A Rússia e a China são importantes parceiros estratégicos e históricos. Qual é, na sua opinião, a importância de tal parceria, não só para os dois países, mas para todo o sistema atual de relações internacionais e economia mundial?
 
– A Rússia e a China são dois membros influentes da comunidade internacional, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, estão entre as maiores economias do mundo. Por isso as relações de parceria estratégica existentes entre os nossos países têm grande importância na dimensão tanto bilateral, como global.
 
Hoje em dia as relações russo-chinesas estão no auge e vivem o melhor período em toda a sua história de vários séculos. Destacam-se pelo alto grau de confiança mútua, respeito pelos interesses das partes, apoio nas questões de importância vital, caráter genuinamente universal de parceria.
 
Nesses dias está sendo realizada a visita de estado do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, à Rússia. O fato de a primeira visita estrangeira do novo dirigente chinês ser ao nosso país confirma o caráter especial da parceria estratégica entre a Rússia e a China.
 
Apenas nos últimos 5 anos, o volume do comércio bilateral mais que duplicou. A China ocupa solidamente o primeiro lugar na lista de nossos parceiros comerciais. Em 2012, o intercâmbio russo-chinês aumentou 5,2%, ascendendo a 87,5 bilhões de dólares (em 2007 foi de 40 bilhões de dólares).
 
Um fator estabilizador da política mundial é a convergência das nossas abordagens quanto às questões fundamentais da ordem mundial e aos problemas-chave internacionais. No âmbito da ONU, G20, BRICS, OCX (Organização para Cooperação de Xangai), APEC e outros formatos multilaterais, trabalhamos juntos, contribuindo para formação de uma nova ordem mundial mais justa, manutenção da paz e segurança, defesa dos princípios básicos do Direito Internacional. É a nossa contribuição conjunta para o fortalecimento do desenvolvimento global sustentável.
 
A Rússia e a China dão exemplo de uma abordagem ponderada e pragmática na solução das questões mais urgentes, tais como a situação no Oriente Médio e na África do Norte, problemática nuclear da Península Coreana, situação em torno do programa nuclear iraniano.
 
– Antes da próxima cúpula do BRICS, o senhor deverá efetuar uma visita de trabalho à África do Sul. Quais são as suas expetativas quanto às próximas negociações com a parte sul-africana? Será que essa visita poderá impulsionar o desenvolvimento das relações bilaterais?
 
– A Rússia e a África do Sul estão, já há muito tempo, ligadas por laços de amizade e respeito mútuo. Vem se desenvolvendo um cooperação multifacetada entre os nossos países, está se realizando um diálogo político construtivo ao mais alto nível, bem como entre os Governos, ministérios e entidades. Vão aumentando sucessivamente os contatos interparlamentares, interregionais, humanitários e de negócios.
 
Durante a visita à África do Sul, sem dúvida, esperamos atribuir um novo impulso aos laços bilaterais. Está sendo preparada para ser assinada a Declaração da Parceria Estratégica entre a Rússia e a África do Sul, que consolidará o novo patamar das nossas relações, determinará os rumos-chave do futuro trabalho conjunto. Planejamos assinar em Durban uma série de documentos importantes, intergovernamentais e interministeriais, – a declaração de parceria estratégica, acordos sobre cooperação nas áreas de energia, agricultura, etc.
 
Uma atenção prioritária durante as negociações será prestada à cooperação econômica e comercial. No ano passado, o comércio russo-sul-africano aumentou 66% e atingiu o valor de 964 milhões de US dólares (em 2011 este índice foi de 580 milhões de dólares). Grandes empresas russas – inclusive tais companhias como a Renova, Norilskiy Nickel, Evraz Group, Bazoviy Element, Severstal, Renessans Capital, Vnesheconombank – trabalham ativamente no mercado da África do Sul, têm interesse em continuar ampliando a sua presença no país.
 
A Rússia e a África do Sul são capazes de aumentar consideravelmente o volume do comércio e investimentos bilaterais, o número de projetos mutuamente vantajosos na indústria mineira, energia, inclusive atômica, exploração do Espaço, esfera técnico-militar.
 
Consideramos importante desenvolver a cooperação nas áreas de educação e cultura – mediante o fortalecimento de laços diretos entre universidades, expansão de ensino da língua russa nos estabelecimentos de ensino da África do Sul, organização de festivais de cinema e tournées dos principais grupos artísticos, intercâmbio de exposições.
 
É sobre os passos práticos com fins a alcançar esses objetivos que nós vamos falar com o presidente Jacob Zuma.
 
Fonte: Voz da Rússia
 
Nota do GBN: A importancia hoje do BRICS na economia mundial é um fato inegável, onde o grupo exibe um conjunto economico forte e que consolida a cada dia como um dos principais blocos economicos do mercado mundial.
 
Seria muito interessante ver o avanço do grupo além do cenário econômico, onde uma atuação mais forte no campo geopolítico internacional seria de grande importancia para equilibrar o tabuleiro geopolitico mundial, servindo como um contra-peso ás organizações européias e mesmo aos EUA. Algo que daria ao Brasil maior peso em suas relações externas e força para conquistar uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU
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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Decepção com quinta geração de caças

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No evento participaram peritos militares e industriais russos bem conhecidos. No processo de melhoria do equipamento técnico da Força Aérea Russa e de criação de novos tipos de aeronaves, os especialistas russos analisam de perto a experiência mundial nesta área. O tema das principais tendências na indústria aeronáutica mundial foi discutido por Ivan Kudishin, editor da revista semanal Equipamento de Aviação e Mísseis.

Na última década, o ramo de veículos aéreos não tripulados (VANT) desenvolveu-se enormemente. Se no início de 2000 se falava somente de veículos de reconhecimento e vigilância (de todas as classes – desde muito leves a pesados), hoje em dia a ênfase está mudando em favor de VANTs de reconhecimento e ataque. Um exemplo notável é o concurso UCLASS da Marinha dos EUA para a construção de um VANT bombardeiro de ataque para porta-aviões. Os participantes do concurso são Northrop Grumman, a Boeing, a General Atomics e a Lockheed Martin. A criação de um VANT de convés é uma tarefa extremamente difícil: ele tem que pousar em um porta-aviões em movimento.

A criação de VANTs descartáveis e reutilizáveis para uso com uma variedade de plataformas móveis, incluindo submarinos e aviões de patrulha, é hoje uma área chave no desenvolvimento deste tipo de equipamento.
Atualmente, foi reiniciado o desenvolvimento de uma plataforma de bombardeio e reconhecimento de nova geração, que irá substituir o material obsoleto (B-1B e B-52H), a partir de aproximadamente 2025. O avião deverá ser quase impercetível, subsônico, e, opcionalmente, tripulado. Isto significa que ele pode ser usado seja como VANT, seja como avião tripulado. O aparelho será equipado com uma vasta gama de armamentos de precisão e de baixa visibilidade.
Quanto aos aviões de quinta-geração, pode se dizer que a experiência de seu desenvolvimento nos EUA falhou. Um bom avião com grandes perspetivas de modernização e de expansão de suas capacidades militares, o Lockheed Martin F-22, foi construído em uma série muito pequena de 187 aviões, dos quais 2 se perderam em acidentes e um – em um desastre causado pela imperfeição do sistema de suporte de vida do piloto. Em serviço estão cerca de 160 aviões, dos quais apenas 55-65% estão prontos para combate.
O novo avião F-35, que está passando testes, sofre logo de duas doenças incuráveis: da excessiva universalidade e do crescimento descontrolado do custo. Apesar de sua aviônica avançada e de baixa visibilidade para os radares, o avião não possui velocidade de cruzeiro supersônica, tem capacidade de manobra e características dinâmicas limitadas, bem como uma modesta capacidade de carga. Os programas das modificações de convés, F-35C e F-35B, estão sob ameaça de encerramento. O custo de um avião F-35A para exportação é hoje de 122,8 milhões de dólares (apesar de o avião ter sido inicialmente posicionado como um aparelho de produção em massa e de custo inferior a 60-70 milhões de dólares), e o custo do F-35B atinge 190 milhões de dólares.

Como alternativa, as empresas Boeing e Lockheed Martin oferecem profundas modificações de aeronaves existentes F-15, F-16 e F/A-18E/F, que possuem uma visibilidade significativamente baixa e capacidades de combate avançadas.

Atualmente continua a produção de aviões médios de transporte militar estratégico Boeing C-17. A linha de montagem não será reduzida ou fechada, portanto as perspetivas de fornecimentos para a Força Aérea dos EUA se mantêm.

Continua a produção em série do avião C-130J Super Hercules, que ainda tem um bom potencial de exportação. Mas já muito em breve ele terá que competir com o avião de transporte Embraer KC-390. A Força Aérea do Brasil deverá receber estes aviões em 2014. O custo do C-130 é de 67 milhões de dólares, o valor declarado do KC-390 é de 50 milhões de dólares.

Fonte: Voz da Rússia

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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

BRICS bloqueiam EUA no Oriente Médio

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Comunicado divulgado após reunião de vice-ministros de Relações Exteriores anuncia posição conjunta dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) sobre situação no Oriente Médio e norte da África. Foco deve ser diálogo nacional pacífico, contra qualquer tipo de intervenção estrangeira; papel central nas decisões compete ao Conselho de Segurança da ONU. Interferência externa na Síria é rejeitada, assim como ameaça de uso da força contra o Irã.

A reunião dos vice-ministros de Relações Exteriores dos países BRICS em Moscou, quinta-feira (24), sobre a situação no Oriente Médio e Norte da África é um evento de grande importância, como se vê pelo Comunicado Conjunto. Os principais elementos do Comunicado são:

a) Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) assumiram posição comum sobre o que hoje se conhece como “Primavera Árabe”. Identificaram-se os princípios básicos dessa posição: o foco deve ser diálogo nacional pacífico; nada justifica qualquer tipo de intervenção estrangeira; o papel central nas decisões compete ao Conselho de Segurança da ONU.

b) Os BRICS adotaram posição comum sobre a Síria. A frase chave do Comunicado é “fica excluída qualquer tipo de interferência externa nos assuntos da Síria, que não esteja conforme o que determina a Carta das Nações Unidas.”

c) Os BRICS exigiram “revisão completa” para avaliar a adequação [orig. appropriateness] da intervenção da OTAN na Líbia; e sugeriram que se crie missão especial da ONU em Trípoli para conduzir o processo de transição em curso; dessa comissão deve participar, especificadamente, a União Africana.

d) Os BRICS rejeitaram a ameaça de força contra o Irã e exigiram negociações e diálogo continuados. Muito importante, os BRICS criticaram as ações de EUA e União Europeia de impor novas sanções ao Irã, chamando-as de medidas “contraproducentes” que só “exacerbarão” a situação.

e) Os BRICS saudaram a iniciativa do Conselho de Cooperação do Golfo, que encontrou saída negociada para o Iêmen, como exemplo a ser seguido.

É momento sumamente importante para os BRICS – e também para a diplomacia russa. Cresceu consideravelmente a credibilidade dos BRICS como voz influente no sistema internacional. Espera-se que, a partir da posição comum agora construída sobre as questões do Oriente Médio, os BRICS passem a construir posições comuns também em outras questões regionais e internacionais.

Parece evidente que a Rússia tomou a iniciativa para o encontro da quimnta-feira e o Comunicado Conjunto mais ou menos adota a posição que a Rússia já declarou sobre a Primavera Árabe. É vitória da diplomacia da Rússia, que ganha diplomaticamente, ter obtido o endosso dos países BRICS também no que diz respeito às graves preocupações russas quanto à situação síria, ante ao risco, cada dia maior, de o Irã sofrer ataque de intervenção ocidental semelhante ao que ao que a Líbia sofreu.

Recentemente, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, manifestou vigorosamente as crescentes preocupações russas. Moscou mostrou-se frustrada com o ocidente e a Turquia, que têm interferido claramente no caso sírio, não só contrabandeando armas para o país e incitando confrontos que, cada vez mais, empurram o país para uma guerra civil, mas, também, sabotando ativamente todas as tentativas para iniciar um diálogo nacional entre o regime sírio e a oposição.

A posição dos BRICS também será bem recebida em Damasco e em Teerã. Mas, ao contrário, implica dificuldades para os EUA e seus aliados, que investem muito em fazer crescer a tensão contra a Síria e o Irã. A Índia ter participado da reunião em Moscou, e ter assinado o Comunicado conjunto também é notícia particularmente importante. Washington registrará. A Rússia, na prática, conseguiu que os BRICS assinassem um clara censura às políticas intervencionistas dos EUA no Oriente Médio.

Muito claramente, não há caminho aberto, agora, para que os EUA consigam arrancar autorização do Conselho de Segurança da ONU para qualquer tipo de intervenção na Síria. A Turquia, em relação à Síria, pode ter dado passo maior que as pernas. E Israel também recebeu uma reprimenda.

A formulação que se lê no Comunicado conjunto dos BRICS – “segurança igualitária e confiável” para os países do Golfo Pérsico, a partir de um “sistema de relações” – pode ser vista, sim, como repúdio ao advento da OTAN como provedor de segurança para a região. O Comunicado Conjunto dos países BRICS pode ser lido na página do Itamaraty.
Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Brics estão prontos para ajudar zona do euro via FMI, diz Rússia

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As grandes economias emergentes estão prontas para fornecer ajuda financeira para a zona do euro por meio do FMI (Fundo Monetário Internacional), mas em troca querem compromissos de reforma, disse o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, nesta segunda-feira.

Os Brics (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) "estão prontos para participar de esforços conjuntos, incluindo a provisão de créditos, sob aquelas regras e canais que existem no FMI", disse Lavrov em entrevista coletiva em Moscou.

Os comentários de Lavrov reforçaram a posição conjunta sobre a gestão da crise da dívida soberana da zona euro adotada pelo grupo de economias emergentes adotada na cúpula do G20 na semana passada.

As declarações reforçaram também a aversão da Rússia, detentora da terceira maior reserva internacional do mundo, em apoiar diretamente o fundo de resgate da zona do euro EFSF (sigla em inglês para Fundo Europeu de Estabilidade Financeira).

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, deve se reunir nesta segunda-feira com o presidente russo, Dmitry Medvedev, em Moscou para conversas que devem se concentrar em como as economias emergentes podem apoiar a luta da Europa para conter a crise da dívida soberana.

Ainda hoje, os ministros dos 17 países da zona do euro e uma representação do FMI se reúnem para discutir a concretização dos acordos alcançados em outubro para dar auxílio à Grécia e a outras nações do bloco que enfrentam problemas com suas finanças.

Entre os pontos a serem esclarecidos, estão a forma como ocorrerá o desconto de 50% da dívida grega, o fortalecimento do EFSF e a recapitalização do sistema bancário europeu.

Fonte: Reuters
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Real têm potencial para internacionalização, diz FMI

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O uso das moedas de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul (países conhecidos como Brics) em operações internacionais cresceu nos últimos anos e pode aumentar ainda mais daqui para frente, visto que todas essas economias possuem importância significativa em termos regionais e até mesmo globais - caso dos chineses -, de acordo com um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
De acordo com o órgão, o uso de reais em operações com derivativos internacionais aumentou cerca de 50% entre 2004 e 2010, enquanto a utilização da rupia indiana e do rublo russo mais que dobrou. O uso do yuan aumentou cerca de 12 vezes durante o período.
 
"No longo prazo, as moedas emergentes demonstram potencial para atingir um uso internacional mais amplo, como o de economias avançadas. Por exemplo, moedas de exportadores de commodities (o rublo russo e o real) podem desempenhar papéis regionais mais amplos e se tornar parte de reservas de ativos de forma similar ao que ocorre com os dólares da Austrália e do Canadá. O yuan poderia chegar ao uso global por causa do tamanho da economia chinesa" e do fato de ela estar no centro do comércio internacional, segundo o estudo do FMI.
 
Em 2010, a China respondeu por quase 9% do comércio mundial, mais do que o Japão, que ficou com uma fatia de 4,5%. Além disso, o fluxo comercial chinês deve superar o dos EUA nos próximos cinco anos. Os demais Brics estão conquistando espaço no comércio mundial ou mantendo suas posições - caso do Brasil e da África do Sul, mas todos estão bastante atrás da China e encontram-se a uma distância significativa de países desenvolvidos, algo que não deve mudar nos próximos anos. Em termos de comércio regional, no entanto, o Brasil teve um crescimento considerável nos últimos dez anos, superando seus parceiros de BRICS, com exceção da China.
 
Segundo o FMI, além do comércio, também contribuem para a internacionalização das moedas emergentes a profundidade dos mercados financeiros domésticos e a liquidez dos mercados externos, a abertura financeira de cada economia e as políticas de cada país para estimular o uso global de sua divisa.
 
"Os países emergentes progrediram em termos de aprofundamento dos mercados financeiros, sendo China e Brasil destaques pela expansão de seu mercado interno de bônus. A Rússia e o Brasil também registraram o avanço mais significativo na liberalização de suas contas de capital, mas o potencial (para o uso de suas moedas) em transações comerciais pode ser limitado por suas respectivas estruturas comerciais e pela dependência das exportações de commodities."
 
O documento afirma que o interesse em moedas emergentes começou a crescer depois que a crise financeira mundial e as preocupações com o caráter de reserva de valor das principais moedas mundiais vieram à tona. A maior procura foi "motivada pelos fortes fundamentos (dessas divisas) e também reflete o desejo de maior diversificação e menos ativos correlatos".

O FMI ressaltou também que a concentração de várias funções do sistema monetário internacional em duas moedas, o dólar e o euro, embora seja eficiente, pode aumentar a vulnerabilidade sistêmica aos choques e às políticas dos emissores dessas divisas.

Fonte: Agência Estado
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BRICS – Porto seguro para o mundo

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O século XXI será do grupo BRICS, que já representa 13% do investimento mundial.

Capacidade financeira, redução dos níveis de riscos de investimentos e falta de definição dos futuros movimentos da crise econômica internacional dão novos tons aos cenários e perspectivas internacionais.

Neste ponto, todos os países e investidores se perguntam: qual o novo “porto seguro”? Onde podemos investir com segurança? Onde podemos desenvolver estratégias financeiras de interpenetração de capitais com o menor risco possível? Para estas perguntas, uma das hipóteses mais fortes tem um único nome – BRICS.

No último relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o BRICS apresentou os melhores desempenhos de recebimento de capitais estrangeiros de forma direta. Isso significa investimentos diretos em produção industrial, investimentos em novas aquisições e fusões, ampliação da plataforma tecnológica e ampliações dos polos e plantas industriais já instaladas nos países.

E é importante o destaque para o Brasil e a Rússia, sendo eles segundo e terceiro lugares, com mais de US$ 55,9 bilhões de investimentos estrangeiros diretos recebidos (IED), seguindo o grande líder de investimentos, a China.

Mas, considerando a perspectiva de crescimento de Brasil e Rússia, os investimentos são importantes do ponto de vista de desenvolvimento, organização, formação e principalmente desenvolvimento da cadeia energética em todos os sentidos, produção e exploração das novas bases, e neste ponto, para o Brasil, o Pré-Sal.

A trajetória dos países é crescente, considerando que os investimentos utilizam plataformas e novas agendas de desenvolvimento de médio prazo, e principalmente em infraestrutura.

Para os países da Europa e os Estados Unidos, os investimentos em BRICS é uma nova vertente de segurança de capital, e ao mesmo tempo a ampliação de suas bases de investimentos históricos, independente do que os novos negócios ou processos atuais possam gerar de novos resultados.

Em comparação ao volume do IED no mundo, o BRICS representa 13% do investimento mundial, e se analisarmos os processos de desenvolvimento e crescimento, o século 21 será do BRICS, pois as bases de condicionantes de política externa estão concentradas nos países do bloco, sem contar o desenvolvimento político e social dos mesmos.

Os investimentos diretos são importantes, em função das diferenças em relação ao capital especulativo, e também em projetos de médio e longo prazo, além de fomentar novas perspectivas de desenvolvimento e crescimento de cada região onde o capital é instalado. As novas perspectivas de IED hoje no BRICS são de fundamental análise para entender que as novas direções do sistema financeiro internacional estarão mais para a solução da crise internacional, e também em explorar as novas potências ao primeiro mundo, sem dependência direta dos Estados Unidos.

Fonte: Diário da Rússia
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Brasil é segundo país dos Brics em investimentos estrangeiros, diz ONU

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O Brasil atraiu US$ 32,5 bilhões (R$ 56,5 bilhões) em investimentos estrangeiros diretos (IED) no primeiro semestre de 2011, ficando apenas atrás da China entre os países do Brics, grupo que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul, segundo um relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgado nesta terça-feira.

A China continua captando o maior volume de investimentos estrangeiros destinados aos países emergentes. Foram US$ 61 bilhões nos primeiros seis meses de 2011, quase o dobro do Brasil.

O IED da Rússia foi de US$ 23,4 bilhões nesse período e, o da Índia, US$ 17,8 bilhões. Já a África do Sul está bem atrás, com apenas US$ 2,5 bilhões.

O índice mede o os valores investidos em produção, como a construção de fábricas, em fusões e aquisições de empresas e empréstimos entre matrizes e filiais.

MINERAÇÃO E TELEFONIA

No acumulado deste ano até setembro, as fusões e aquisições realizadas por companhias estrangeiras no Brasil já somam US$ 14 bilhões.

Esse montante já é superior ao total obtido em 2010, de US$ 8,8 bilhões, disse à BBC Brasil Astrit Sulstarova, economista da Unctad. As principais aquisições foram na área de mineração e de telefononia.

O fluxo de IED para o Brasil no primeiro semestre deste ano quase triplicou em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 12 bilhões). Mas a comparação é relativa, já que no segundo semestre de 2010 os investimentos estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 36 bilhões.

Como a Unctad leva em conta o semestre anterior para analisar a evolução, no caso do Brasil o IED teve queda de quase 10% entre os seis primeiros meses deste ano e o último semestre de 2010, que contabilizou um grande número de fusões e aquisições importantes.

Mas a tendência do Brasil, ressalta Nicole Moussa, especialista em América Latina da Unctad, é de alta anual constante do fluxo de IED.

"O Brasil deu um salto e está em uma trajetória ascedente. Antes, os aumentos dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil eram pontuais. Nos últimos quatro anos, temos observado que o crescimento anual é contínuo", diz Moussa.

"Isso mostra uma tendência. Há quatro anos, o IED no Brasil estava próximo ao nível do México. Nesse período, o Brasil ultrapassou o México."

AMÉRICA LATINA

Moussa diz que devido às incertezas em relação à economia global, talvez possa haver menos entusiasmo por parte dos investidores internacionais neste segundo semestre em todo o planeta.

Apesar disso, ela acredita que a América Latina poderá ser menos afetada por uma possível retração dos investimentos.

O Brasil também representou sozinho mais de um terço do fluxo de investimentos estrangeiros diretos na América Latina no primeiro semestre do ano.

O IED do continente totalizou US$ 94,2 bilhões, com de crescimento de 5,1% em relação ao segundo semestre de 2010, diz o relatório "Global Investment Trends Monitor" da Unctad.
Crise financeira

O fluxo de IED no mundo, que atingiu US$ 720,2 bilhões no primeiro semestre, cresceu apenas 2% na comparação com os seis últimos meses de 2010, segundo a Unctad.

Os emergentes, como em 2010, atraíram mais da metade do fluxo de IED neste ano. Nos países avançados, houve queda de quase 4% no primeiro semestre de 2011.

Em razão da crise financeira nos países ricos, que já começa afetar os emergentes, a Unctad alerta que os dados preliminares do terceiro trimestre indicam uma desaceleração no crescimento do fluxo de investimentos diretos estrangeiros.

Fonte: BBC Brasil
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sábado, 8 de outubro de 2011

Países emergentes ou BRICS forte?

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Com a crise internacional, os países tido como emergentes foram os que conseguiram sustentações mais efetivas. A economia nunca será uma ciência exata. As últimas crises internacionais mostraram de formas racional e irracional o quanto os mercados têm direções distintas, e, o mais interessante, com problemas individuais mas que ao mesmo tempo geram problemas globais.

O conceito de emergente para países do chamado Segundo Mundo, por exemplo, e o BRICS é um conceito piegas demais para mostrar o caminho real de crescimento, mas com suas ressalvas sobre os conceitos de sustentabilidade econômica e produtiva, e também a perenidade deste crescimento, em prol do mundo, e não somente de uma parte do mundo, considerando as realidades econômicas de outros blocos, e até mesmo da Europa.

Os países do BRICS não são emergentes, são países fortes, mas com problemas internos também fortes. Emergente parece algo que ainda está em um processo de se manter, e com a crise internacional os países tido como emergentes foram os que conseguiram sustentações mais efetivas.

Por exemplo, o maior problema para a China não pode ser avaliado sob a ótica da crise na Europa, ou até mesmo nos Estados Unidos, mas sim o contexto de sua inflação. O Brasil pode sofrer com o recuo de exportações de commodities para os países mais desenvolvidos, mas a sua economia interna precisa ser mais bem regulada, considerando o grande ponto de crescimento da mesma. A Rússia amplia sua participação integrada de força e oferta de energia em um contexto multipolar, considerando sua presença em dois continentes. A Índia amplia sua participação no processo de inovação e tecnologia, sem contar uma alta demanda de consumo de commodities. E a África do Sul aparece como o novo ser de integração fora do eixo Europa-EUA, e um novo ponto de reflexão e visão sobre o continente africano.

E o mais interessante, mesmo com a crise, o BRICS demonstra que emergente está bem longe de sua realidade, pois o comércio será a principal agenda, considerando o aumento de demanda sobre commodities, tecnologia e conhecimento. E no bloco isso tudo é matéria-prima essencial. E, o principal, além de fornecedor o bloco é consumidor, assim a relação de equilíbrio é contínua, mas, claro, dependerá de como a intensidade de relações entre os países que formam o bloco sejam trabalhadas, ou até mesmo positivadas.

Em tempos de crise é fácil provocar e aceitar que os países que mais crescem neste mundo sofrerão as consequências dos problemas dos EUA e da Europa.

Hoje nós temos um BRICS forte, eles serão as soluções do século XXI, considerando inclusive todo potencial de comércio e relações internacionais. Mas devemos ter ciência que o bloco e o mundo devem atender: aumentar as demandas de conhecimento e formação; aumentar as relações diplomáticas entre os países do bloco, e principalmente entre China, Rússia e Brasil; aproximar as culturas do BRICS; ampliar o dialogo entre as potências.

Com certeza teremos uma nova visão sobre países fortes e outros países que não estão no BRICS.

Fonte: Diário da Rússia
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Brics não estão a fim de briga, diz chanceler da Rússia

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A Rússia e os demais países emergentes conhecidos pela sigla "Brics", criticados por potências ocidentais por estarem supostamente obstruindo ações a respeito da Síria e de outras questões, não estão a fim de briga, disse o chanceler russo na terça-feira.

Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) resistem às tentativas do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para impor sanções à Síria devido à repressão contra os protestos pró-democracia nos últimos seis meses.

Mas, no discurso anual da Rússia à 66ª Assembleia Geral da ONU, o chanceler Sergei Lavrov negou que os cinco grandes emergentes estejam querendo armar confusão.

"Os Brics não visam o confronto com ninguém", disse ele. "Sua meta é melhorar a colaboração multilateral produtiva a fim de tratar dos problemas urgentes do mundo contemporâneo."

Por coincidência, os cinco Brics ocupam atualmente vagas no Conselho de Segurança, onde conseguem resistir às iniciativas dos EUA e da Europa para impor sanções à Síria. Dos cinco, só a Rússia e a China têm poder de veto.

Alguns diplomatas ocidentais se queixam de que os Brics têm cada vez mais favorecido políticas não intervencionistas em crises como as da Líbia, da Síria e de outros países.

Esses países, por exemplo, acusaram a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de extrapolar o limite do mandato da ONU na Líbia, embora a África do Sul inicialmente tenha votado a favor da resolução do Conselho de Segurança, em março, que autorizou operações da Otan para proteger civis na Líbia.

Lavrov repetiu as críticas dos Brics no seu discurso. "As tentativas de ir além do mandato do CS-ONU (Conselho de Segurança) são inaceitáveis, já que abalam sua autoridade e multiplicam o sofrimento de civis inocentes", afirmou.

"Quanto à Síria", prosseguiu, "é inadmissível boicotar propostas de diálogo nacional, alimentar o confronto e provocar a violência, mas negligenciando as reformas --embora tardias, ainda alcançáveis-- propostas pelo presidente Bashar al Assad".

Potências ocidentais pretendem apresentar em breve ao Conselho uma proposta de resolução condenando Damasco e ameaçando a Síria com futuras ações caso a repressão não pare. Segundo diplomatas europeus, há a expectativa de que essa resolução seria mais palatável aos Brics.

Fonte: Reuters
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terça-feira, 20 de setembro de 2011

O centro do mundo mudou de lugar

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Onde está o centro do mundo? Em Paris, Washington, Londres, Brasília ou Pequim? Até alguns anos atrás a resposta era inequívoca: as três capitais ocidentais eram os núcleos do poder mundial. Hoje já não são. O século XXI marca o fim da dominação ocidental sobre o resto do mundo e abre uma nova fase histórica que o economista francês Alexander Kateb define como “a segunda globalização dominada pelos países do sul”. Brasil e China tem um papel central na reconfiguração econômica e moral dos centros de poder.

Em um ensaio brilhante sobre o grupo BRICS composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Alexander Kateb analisa a maneira pela qual o centro de gravidade se deslocou para outras zonas do mundo e destaca o fracasso do modelo neoliberal e das ideologias neocolonialistas com as quais o Ocidente se apropriou do planeta. “Acabou-se a era em que as grandes potências ocidentais podiam decidir sozinhas o futuro do planeta”.

A crise financeira, o colapso da zona euro e a intervenção do BRICS para salvar a Europa demonstram a pertinência da análise do economista francês. Seu livro “As novas potências mundiais, por que os BRICS mudam o mundo”, destaca a “vingança” daqueles que antes eram considerados “os párias do mundo” sobre as chamadas democracias exemplares que hoje sucumbem aos excessos do sistema financeiro, à corrupção e à dívida.

Professor na Universidade de Ciências Políticas de Paris, diretor do gabinete de conselho e análise da Competente Finance, Kateb é um dos primeiros ensaístas do Ocidente a observar a profundidade e a dimensão da mudança de rumo que o mundo tomou sem que a imprensa ocidental tenha consciência disso.

O mundo virou de ponta a cabeça. Os emergentes estão ajudando as potências ocidentais, os que eram pobres começam a ser ricos, a dívida da famosa década perdida se transportou para o Ocidente. É como se o santo passasse a ajudar o diabo.

A crise financeira de 2008 acelerou um movimento de fundo que data dos anos 80. Estamos assistindo ao fim de um modelo econômico dominado pelos Estados Unidos e pelos países ocidentais e ao surgimento de um mundo muito mais diverso, muito mais aberto, com vários polos de potência. É um mundo os as nações não ocidentais pesam cada vez mais e amanhã pesarão de forma muito mais preponderante. A China será a primeira economia mundial dentro de dez anos e, em cinco, superará os Estados Unidos na paridade do poder aquisitivo.

Há uma mudança profunda nos hábitos mentais e nos padrões que conhecemos nos últimos dois séculos. Eu chamo isso de “grande convergência”. Os países emergentes, que se industrializaram mais tarde que o Ocidente, absorvem seu atraso e buscam influenciar os grandes temas do governo mundial, a economia, as finanças, o meio ambiente, a geopolítica e a segurança. Isso pode ser explicado muito bem mediante a teoria econômica: quando um país se industrializa tende a equiparar-se com os outros países. Há então uma convergência. Esta convergência esteve bloqueada durante muitos anos por um sistema de dominação política como é o colonialismo. Na medida em que estes países tiveram os meios para resolver os problemas internos, em parte graças ao fato de que o Estado desempenhou um papel muito forte – tanto na China, na Índia, na Rússia e no Brasil – as dinâmicas começaram a funcionar. A China é hoje a locomotiva de toda a economia mundial.

Você ressalta algo muito forte quando diz que a situação atual põe fim a dois séculos de dominação ocidental.

Durante dois séculos, o Ocidente acreditou que dominava o mundo. No princípio foi a Inglaterra, país onde nasceu a Revolução Industrial. Depois vieram os Estados Unidos que substituíram a Grã Bretanha após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Finalmente, hoje nos damos conta de que foi só um momento na escala da história. O momento ocidental está terminando graças ao avanço da China. É preciso lembrar que, até o século XVIII, a China foi a primeira economia mundial. Podemos dizer que se produz um giro muito grande e também, se localizamos o fenômeno atual no contexto de uma extensão histórica mais longa, um retorno à situação de dois séculos atrás.

A influência e o peso dos países emergentes ultrapassam em muito o âmbito econômico. Você observa que essa influência se estende a todos os campos.

Sim. Ocorre que a economia é o pilar, se não há uma economia poderosa não é possível desenvolver a independência e a influência. Mas o peso demográfico e territorial desses países, seu impacto no meio ambiente mundial, nos recursos naturais, os torna indispensáveis no jogo da economia mundial e isso dá a eles legitimidade para atuar em outros campos. Esses países projetam sua potência tanto em nível regional como mundial. Observe a particularidade do Brasil. Durante dois séculos, o Brasil viveu fechado em si mesmo, mas a partir dos anos 70 e, sobretudo, com o retorno da democracia, o país tem a vontade de apresentar-se como modelo de desenvolvimento do sul.

Você adianta uma ideia nova quando escreve que entramos na fase 2 da globalização e que esta fase corresponde uma globalização dominada pelo Sul.

Esta globalização 2 é distinta da primeira porque os países do Sul não têm a mesma história que os países do Norte, não viveram os mesmo traumatismos. Os países do Sul aprenderam a lição. Por isso, hoje, a sensibilidade desses países sobre questões mundiais como o meio ambiente, o comércio e outros temas estratégicos, leva-os a analisar as coisas de uma forma muito distinta. Os países do Sul têm outra sensibilidade e com ela transformam as regras do jogo. Isso é o que o Brasil quis fazer em 2003 durante a Conferência de Cancún sobre o meio ambiente, e isso é o que a China está fazendo agora quando propõe a saída do dólar e a criação de uma moeda internacional.

São sinais e mais sinais de que estes países querem mudar a natureza profunda dos intercâmbios mundiais. Trata-se de uma visão que procurar aliar os interesses do desenvolvimento com os interesses comerciais. Trata-se de uma lógica muito distinta daquela que constatamos durante esses anos de neoliberalismo triunfante que surgiu com o Consenso de Washington. A última manifestação desta visão neoliberal é a OMC (Organização Mundial do Comércio). A OMC liquidou todas as preferências para os países em vias de desenvolvimento que ingressaram no organismo e terminaram caindo na armadilha da OMC. A Organização Mundial do Comércio foi a última tentativa do Ocidente para ficar com as chaves da ordem mundial.

Como se explica a ajuda que os países do BRICS pretendem fornecer a Europa?

Os países do BRICS estão em posição de força, começando pelo plano simbólico: esses países têm uma saúde econômica muito mais importante que a dos Estados Unidos ou Europa. São estes países que hoje dão uma lição quando, há alguns anos, eram considerados párias da economia mundial. Eles têm, então, uma grande legitimidade. Se o grupo BRICS se dispõe a ajudar a Europa é também por que isso ajuda o grupo. Ajudando a Europa apoiam suas economias. Ainda não são suficientemente fortes para viver sem os países ocidentais. Os países do BRICS estão preparando seu lugar na nova ordem mundial que está se configurando.

Há uma profunda ironia em tudo isso. Excetuando a China, os países do BRICS foram os mais endividados e agora são eles que aparecem como salva-vidas de um sistema universal que antes os asfixiava.

É verdade, há nisso uma grande ironia da história, ao mesmo tempo em que reflete um vício de funcionamento fundador na ação do Fundo Monetário Internacional. A filosofia inicial do FMI consistiu em ajudar os países a corrigir sua balança de pagamentos e a recuperar a estabilidade sem transtornar, com isso, sua estrutura econômica. Mas, nos anos 80, o FMI mudou e se converteu no grande Gendarme que conhecemos, salvo, é claro, para os grandes países como os Estados Unidos que acumularam déficit sem que o FMI movesse um dedo. Mas foi graças às crises que os países emergentes conseguiram se distanciar do FMI e assumir uma postura de independência, ao mesmo tempo em que os países ocidentais continuavam afundando.

O presidente argentino Néstor Kirchner teve um gesto muito forte quando reembolsou o FMI. Na mesma época, o presidente russo Vladimir Putin pagou adiantado ao FMI e os demais países emergentes fizeram o mesmo para se livrar das garras do fundo. A decisão de Kirchner foi tão mais corajosa na medida em que, durante anos, o FMI manteve a Argentina em suas mãos e isso apenas acabou levando o país a um caminho sem saída.

A saída em um helicóptero do presidente argentino Fernando de la Rúa não foi só o símbolo do fracasso de um país, mas também o de um sistema de pensamento. Kirchner teve a audácia de marcar simbolicamente a ruptura com a antiga ideologia. Todos os países que se distanciaram do FMI conheceram logo depois um sólido período de crescimento.

Kirchner na Argentina, Lula no Brasil, houve uma convergência regional histórica.

Lula esteve em todas as lutas da esquerda brasileira contra a ditadura e quando foi presidente atuou de maneira muito responsável: não rompeu com todos os acordos internacionais, pagou a dívida com o FMI e, ao mesmo tempo, conservou os benefícios do período de estabilização. Lula entendeu que se o Brasil quisesse se projetar no futuro não deveria cometer os erros do passado, ou seja, a crise da dívida provocada pela ditadura e toda a dependência do FMI que se seguiu a ela. A década perdida. Lula é o milagre do desenvolvimento e da democracia. Lula provou que era possível conciliar desenvolvimento econômico e democracia.

Fonte: Carta Maior
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

As três esferas dos BRICS

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“Os BRICS se tornará realmente um instrumento de influência sobre a política mundial nas mãos dos países em desenvolvimento”, afirma Serguei Vassiliev, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia.

Tudo indica que Jim O’Neill, do grupo Goldman Sachs, repetirá o caminho dos grandes visionários do passado, cujas ideias acabavam virando realidade. Os BRIC (BRICS após a adesão da África do Sul), uma sigla artificial criada por ele para facilitar a leitura de seus textos analíticos, vem se tornando um mecanismo genuíno e funcional de influência do mundo em desenvolvimento no sistema econômico mundial.

“A crise de 2008 e 2009 se tornou um divisor de águas tanto dentro do grupo como nas suas relações com o mundo exterior”, afirma o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia Serguei Vassiliev, um dos participantes da reunião de cúpula dos BRICS realizada no ano passado na China. “Durante a crise, verificou-se que esses países se mantiveram muito estáveis ao longo da crise. Os países do G7 deixaram de ser o motor da economia mundial. Os membros dos BRICS, em particular, e o mundo em desenvolvimento, no âmbito geral, tomaram para si essa função”, completa.

A recente adesão da África do Sul tornou o grupo realmente global: agora, nele estão representados todos os continentes do planeta. “Por se tratar de uma união mundial, a diferença de interesses não é fundamental. Pelo contrário, pois talvez a vantagem seja exatamente o fato de que cada um dos países enxerga o mundo por seu próprio ponto de vista. E essa troca de opiniões pode ser bastante útil”, avalia Vassiliev.

No período da crise, o membro dos BRICS mais prejudicado foi a Rússia, que sofreu uma das quedas mais sensíveis da última década em seu PIB. O especialista, porém, considera que, desde o início do século, o país obtém um ritmo bastante estável de crescimento econômico. Além disso, está à frente das demais nações nesse quesito. “A Rússia representa 3% do PIB mundial. Mesmo em seus melhores dias, a União Soviética possuía 8%, sendo que a maior parte dos países em desenvolvimento era simplesmente miserável na época”, declarou o entrevistado.

Vassiliev considera que os BRICS se tornou autossuficiente e, de suas políticas, dependerá a situação mundial em pelo menos três esferas: finanças mundiais, consumo de energia e mercado de alimentos. “Ele surgiu em um cenário de tendências extremamente negativas no sistema financeiro mundial e de enfraquecimento das posições de todos os centros monetários mundiais: EUA, a Europa e o Japão. Na realidade, o grupo está diante de um dilema: insistir na reforma do sistema financeiro mundial – e na tentativa de aumentar a participação de suas moedas na balança do FMI – ou criar seu próprio mecanismo, alternativo ao do Fundo Monetário Internacional”, garante.

Na opinião dele, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul possuem os recursos financeiros necessários para escolher a segunda alternativa. “A dúvida não tem a ver com dinheiro, mas sim com praticidade: um fundo próprio significaria a criação de um órgão supranacional de controle, o que seria um enorme desafio”, ressalta.

Vassiliev afirma ainda que, independentemente da escolha dos BRICS, o sistema financeiro internacional deverá passar por uma transformação, com o aumento da importância do ouro. “O dólar não será substituído num futuro próximo, embora as perspectivas da moeda americana sejam incertas. Assim, é muito provável que o ouro novamente terá o seu espaço. A China ainda não é um país forte o suficiente para que o yuan se torne a moeda internacional e dificilmente isso acontecerá nos próximos dez anos. Isso não significa que o mundo voltará ao antigo padrão ouro, que existia até 1973. Mas é inevitável que seu papel se torne mais importante”, explica.

Quanto à influência dos BRICS sobre o consumo de energia, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia admite que a disposição da China e da Índia de utilizar mais ativamente tecnologias e fontes alternativas vai depender da balança energética do planeta.

Segundo ele, o perigo reside atualmente no fato de que os dois países se encontram em uma etapa primária de industrialização, na qual não apenas a economia cresce, mas também o uso de eletricidade. E a balança energética planetária anda bastante tensa. O crescimento econômico da China, de 10% ao ano na última década, resultará em um inevitável aumento nos preços desses recursos. É ainda necessário lembrar que a Índia, a Rússia, a China e o Brasil são as maiores potências continentais, de cujos recursos ambientais todo o mundo depende.

No que se refere à agricultura, Vassiliev destaca que 42% da população mundial vive nos países dos BRICS, que ocupam 26% da superfície do planeta. A forma pela qual se dará a dinâmica de produção e utilização de produtos agrícolas nos países do grupo dependerá fundamentalmente do mercado internacional de alimentos. Para o analista, os principais fatores de tensão são a rápida urbanização de China e Índia e o aumento abrupto dos padrões de consumo, que deverá provocar um crescimento acelerado da demanda por artigos do gênero nos próximos cinco a dez anos.

Fonte: Gazeta Russa

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

China e Brasil buscam coordenar postura do Brics sobre Líbia

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O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou por telefone com o chanceler chinês, Yang Jiechi, para discutir a atual situação política na Líbia e coordenar uma postura comum do Brics, grupo das principais potências emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Segundo informou nesta quarta-feira a agência de notícias chinesa Xinhua, Yang afirmou que, diante dos últimos eventos que indicam uma mudança de Governo em favor dos rebeldes líbios, "a China pensa que a paz e a estabilidade devem ser restauradas o mais rápido possível para, assim, iniciar um processo político livre".

Quanto à posição da ONU no conflito, criticada há meses por Pequim, Yang destacou que o país asiático apoiará a organização no período pós-guerra na Líbia e pediu aos demais Brics que exerçam um "papel protagonista" no que diz respeito à cooperação humanitária com o país árabe.

Além disso, o ministro chinês pediu que o Brasil "seja o principal aliado da China na reconstrução da Líbia" e declarou que o primordial, diante das atuais circunstâncias, "será garantir a segurança dos estrangeiros e diplomatas", ponto em que, segundo a Xinhua, Patriota concordou plenamente.

Fonte: EFE

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Missão de Índia, Brasil e África do Sul tem reunião em Damasco

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Uma missão de Brasil, Índia e África do Sul, que formam o grupo Ibas, chega a Damasco nesta terça-feira e deve se reunir hoje com o governo sírio para tentar pôr fim à repressão sangrenta do regime e estimular o diálogo com os opositores, anunciou a chancelaria brasileira.

"Trata-se de uma iniciativa dos países do Ibas. O representante brasileiro já está em Damasco, onde deve se reunir com seus homólogos. A reunião com o governo sírio deve ser realizada na quarta-feira", disse à agência France Presse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

A mensagem que a missão leva ao governo da Síria é "a necessidade de diálogo entre o governo e a população, a necessidade de que acabe a violência e de que haja respeito aos direitos humanos", disse a fonte.

A missão também tem por objetivo "fazer um reconhecimento da situação na Síria e a disposição do governo ao diálogo", completou.

O representante brasileiro é o vice-secretário para a África e o Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Cordeiro. Não se informou quem representará o governo sírio.

Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU, que Brasil, Índia e África do Sul integram como membros não permanentes, adotou uma declaração na qual "condena as violações generalizadas dos direitos humanos e o uso da força contra os civis por parte das autoridades sírias".

O regime do presidente sírio, Bashar Assad, tem usado a força para sufocar as manifestações, matando mais de 1.600 civis e detendo outros milhares, segundo militantes de direitos humanos.

O Ibas é um grupo informal que surgiu com o governo do ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), que pretendia impulsionar as relações e uma diplomacia entre países do hemisfério sul.

Fonte: Folha

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Brasil, África do Sul e Índia negociam envio de missão a Damasco

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O Brasil, Índia e a África do Sul querem enviar, dentro de no máximo duas semanas, uma missão a Damasco para tratar da violência que assola o país e consultar sobre as reformas prometidas pelo regime de Bashar Assad.

A intenção do Itamaraty é que o grupo parta para a Síria ainda esta semana e o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, deve integrar a missão. O Brasil avalia que essa pode ser a última tentativa de evitar uma resolução da ONU impondo sanções efetivas contra Síria, o que isolaria ainda mais Assad.


Em Genebra, a missão da África do Sul para a ONU confirmou ao Estado que está em negociações com Brasil e Índia para formar a missão que irá a Damasco.

Em meados da semana passada, o embaixador sul-africano em Nova York, Baso Sangqu, havia indicado que pretende integrar o grupo para dialogar com Damasco. “A meta é de ir à Síria, entender em que pé estão e ver como podemos ajudar para superar as dificuldades”, disse.

Rússia e China se opõem a uma condenação, linha também adotada por Brasil, África do Sul e Índia, que apostam no diálogo. Consultados pelo Estado, diplomatas próximos à Catherine Ashton, comissária de Relações Exteriores da UE, acreditam que se Brasil e Índia forem convencidos de apoiar a resolução, Moscou e Pequim devem mudar de opinião.

Uma das reações mais duras ao massacre denunciado pela oposição síria na cidade de Hama partiu do governo da Turquia, que até março vinha apostando em uma reaproximação com o regime de Assad. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Ancara afirmou estar “profundamente desapontado” e “triste” com as notícias do suposto banho de sangue na cidade síria.

“Ao lado do restante do mundo islâmico, a Turquia está profundamente desapontada e triste com os acontecimentos na véspera do mês sagrado do Ramadã, quando se espera um trabalho por uma atmosfera de paz e tranquilidade”, dizia a nota. Ainda segundo a diplomacia turca, os moradores de Hama têm evitado a violência e estão buscando o diálogo.

A repressão no norte da Síria fez com que milhares de refugiados cruzassem a fronteira com a Turquia nos últimos meses. Eles permanecem acampados em território turco.

Anistia criticou governo Dilma

A posição brasileira em relação à crise na Síria foi classificada como “vergonhosa” pela Anistia Internacional. A organização lançou uma campanha contra o bloqueio que o País ajudou a impor a uma resolução sobre a questão no Conselho de Segurança da ONU. África do Sul e Índia também se posicionam contra a elaboração do documento. Segundo o coordenador da campanha, Christoph Koettl, uma resolução envolvendo o Tribunal Penal Internacional (TPI) é urgente.

Fonte: Estadão
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Modelo chinês preocupa grande capital que olha para Brasil como alternativa

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Levará algum tempo a desalojar a China da sua posição dominante na captação global de capitais enquanto destino preferido para investimento, mas os receios destes mesmos capitais são cada vez mais patentes. Zizek tem razão e não tem: apesar de os regimes autoritários de punho de ferro terem servido os interesses do capital global durante as duas últimas décadas, no entender dos convidados empresariais da China, tais formas de governo produziram, também, fraturas profundas. A revista The Economist diz que "quando se trata de política social inteligente e de promover o consumo doméstico, o mundo em desenvolvimento tem muito mais a aprender do Brasil do que da China".

A China é hoje o estado capitalista ideal: liberdade para o capital, com o Estado fazendo o 'trabalho sujo' de controlar os trabalhadores”, escreve o proeminente filósofo esloveno Slavoj Zizek. “A China como potência emergente do século XXI... parece incorporar um novo tipo de capitalismo: menosprezo pelas consequências ecológicas, desprezo pelos direitos dos trabalhadores, tudo subordinado ao impulso impiedoso para desenvolver-se e tornar-se uma nova potência mundial.”

Mas o Capital é um amante caprichoso.

Recentemente, um número crescente de líderes empresariais está mudando de ideias sobre o “modelo chinês”, que tem sido tão central na globalização da produção e dos mercados, ao longo das últimas três décadas.

Trabalhadores levantam-se


O alívio nos círculos empresariais que saudaram a recuperação do Leste Asiático, alimentada pelo maciço programa de estímulo de 580 bilhões de dólares da China em 2009, foi substituído pela preocupação com o estouro da bolha imobiliária, com as poderosas pressões inflacionárias, e com a sobrecapacidade maciça provocada pelo investimento descontrolado. Há também a sensação de que a liderança da China está travando uma batalha perdida contra os interesses e as estruturas instaladas, quando pretende fazer a transição de uma estratégia de crescimento baseado nas exportações para uma outra baseada no mercado doméstico – uma mudança que muitos consideram urgente devido à perspectiva de estagnação a longo prazo das vendas de produtos chineses nos mercados dos Estados Unidos e da Europa.

Mas é o temor de que a principal fonte de lucratividade das empresas – o trabalho chinês – possa deixar de ser dócil e barato a curto prazo que preocupa principalmente os empresários estrangeiros estabelecidos no país, bem como a crescente classe capitalista. E muitos temem que a própria brutalidade de que fala Zizek – o punho de ferro que o Estado chinês impôs ao longo das últimas três décadas para atingir o imbatível "preço chinês" – se tenha tornado uma parte fulcral do problema.

O temor tornou-se palpável pela primeira vez no ano passado, quando os trabalhadores de várias empresas transnacionais instaladas no sudeste da China, como a Honda e a Toyota, entraram em greve e conseguiram conquistar aumentos salariais substanciais. Para surpresa dos investidores estrangeiros, o governo não se opôs às reivindicações dos trabalhadores por aumentos salariais, o que levou alguns a especular que o regime encarava as greves como um complemento ao seu esforço de reorientar a economia, passando de um crescimento impulsionado pelas exportações para um outro baseado no aumento do consumo interno.

A vaga de greves refluiu, mas uma segunda onda de protestos, a partir de maio deste ano – que, desta vez, assumiram a forma de choques violentos – preocupou tanto o governo quanto as elites capitalistas. A base de massas dos atuais protestos não é a dos trabalhadores das grandes subsidiárias japonesas, relativamente educados e mais bem pagos, mas sim a dos trabalhadores migrantes de baixa remuneração que trabalham para pequenas e médias empresas chinesas e vendem a sua produção a compradores estrangeiros. Zengcheng, um dos centros dos protestos, é a sede de centenas de empreiteiras especializadas em produção em massa de jeans que vão parar, sob diferentes marcas, a lojas como a Target e a Walmart nos Estados Unidos.

A província de Guangdong, onde ocorreu a maioria dos protestos, é responsável por cerca de um terço das exportações da China, o que levou as autoridades a responder com força. Mas a repressão policial não vai conseguir a estabilidade, diz um relatório de um think tank governamental, o Conselho Estatal do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento. "Os trabalhadores rurais migrantes são marginalizados nas cidades", diz, "tratados como mera mão-de-obra barata, não absorvidos pelas cidades, e mesmo negligenciados, discriminados e prejudicados." O relatório adverte: "Se não forem absorvidos pela sociedade urbana, e não gozarem dos direitos que lhes são devidos, muitos conflitos vão se acumular... Se mal gerida, esta situação irá criar uma grande ameaça de desestabilização. "

Mas o problema é fundamental, e não parece haver uma saída fácil. As reservas aparentemente inesgotáveis do trabalho rural vindo do interior da China mantiveram os salários baixos e a organização de trabalho mínimas ao longo das últimas três décadas. Agora, a oferta de trabalho às províncias costeiras orientadas para a exportação pode estar a secar, dando origem a um constante aumento de salários, a uma maior militância laboral e ao fim do “preço da China”.

Brasil descola?


"A cooperação Sul-Sul" estava na mente de muitos observadores quando, no final da sua viagem à China em abril, a nova presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, anunciou que a Foxconn International Holdings, maior fabricante mundial de produtos electrônicos, estava transferindo algumas das suas operações da China para o Brasil, e esperava gastar 12 bilhões de dólares na construção de fábricas no país. Mas havia, aparentemente, mais motivos para a mudança do que a simples solidariedade entre os BRIC. A Foxconn, fabricante de iPhones e iPads para a Apple, computadores para a Dell, e muitos outros dispositivos para bem-conhecidos clientes high-tech por todo o mundo, anunciou prejuízos em 2010 devido à elevação dos custos do trabalho na China.

Não se trata só de a Foxconn estar votando com os pés ao ir para o Brasil. A principal razão que está empurrando os investidores para o Brasil parece ser o fato de o país, sob Lula, não só se ter tornado simpático ao capital, tendo leis de investimento estrangeiro atraentes e seguindo políticas macroeconômicas conservadoras, como também por ter adotado políticas sociais que promoveram a estabilidade. Um dos mais entusiastas adeptos do Brasil, a The Economist, comparou o Brasil com a China e outros "mercados emergentes" para o investimento:

“Ao contrário da China, é uma democracia. Ao contrário da Índia, não tem insurreições, nem conflitos étnicos e religiosos, nem vizinhos hostis. Ao contrário da Rússia, exporta mais do que petróleo e armas, e trata os investidores estrangeiros com respeito. Sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-líder sindical nascido na pobreza, o seu governo tomou medidas para reduzir as desigualdades que há muito tempo o desfiguravam. De fato, quando se trata de política social inteligente e de promover o consumo doméstico, o mundo em desenvolvimento tem muito mais a aprender do Brasil do que da China”.

Dando continuidade ao seu louvor ao Brasil de Lula, a revista diz: "O investimento estrangeiro está a acorrer, atraído por um mercado impulsionado pela queda da pobreza e por uma classe média baixa a crescer. O país tem estabelecido algumas instituições políticas fortes. Uma imprensa livre e vigorosa descobre a corrupção – embora haja muita, e na sua maioria fique impune." E conclui: “A sua descolagem é ainda mais admirável porque foi conseguida através de reformas e de uma construção democrática de consensos. Se a China pudesse dizer o mesmo..."

Lula parece ter feito a quadratura do círculo. Será que é para valer? O analista progressista Perry Anderson acredita que sim. Num longo e esclarecedor artigo na London Review of Books, ele diz que a inovação de Lula foi combinar política macroeconómica conservadora e medidas favoráveis ao investimento estrangeiro com um programa anti-pobreza, o Bolsa Família, que custa relativamente pouco em termos de gastos do governo, mas que produziu impactos social e politicamente significativos. O Bolsa Família, um programa de distribuição de subsídios condicionado aos pais manterem os filhos na escola e de se submeterem a exames periódicos de saúde, contribuiu, segundo algumas estimativas, para a redução do número de pessoas pobres de 50 para 30 milhões – e fez Lula um dos poucos líderes políticos contemporâneos que terminou o mandato com mais popularidade do que tinha quando começou. Quanto ao trabalho organizado, que responde por 17 por cento da força de trabalho brasileira, tem seguido amplamente a liderança de Lula, que emergiu das suas fileiras para se tornar o principal líder sindical do país antes de se lançar na carreira política.

Será a vez da Indonésia?


Os comentários na imprensa econômica acerca da Indonésia refletem agora o mesmo gênero de afã desenvolvimentista. O Brasil e a Indonésia são relativamente comparáveis em termos de população e de amplitude geográfica. Por outro lado, o Brasil é a oitava economia do mundo e a Indonésia é a décima oitava. Ambos os países conseguiram passar (mais ou menos) ao lado da crise econômica global, uma vez que as suas economias, apesar de incluírem fortes sectores exportadores, são bastante orientadas para o mercado interno – ao contrário de outras economias, essas mais orientadas para a exportação. Foi por esta razão que a Indonésia conseguiu atingir uns impressionantes 4,6% de crescimento quando, em 2009, no pico da crise económica, os seus vizinhos do Sul da Ásia assistiram a uma grande contracção das suas economias orientadas para a exportação.

Nos últimos anos, de acordo com Mari Pangestu, ministro do Comércio, a Indonésia tem sido o país de destino de “muitas deslocalizações” de unidades antes estabelecidas na China, em virtude “da [valorização] do yuan, do aumento dos salários, da regulação apertada do trabalho e de todos os problemas que a China teve de enfrentar”. Com os salários médios, em muitos setores, como o das tecnologias da informação, agora mais baixos na Indonésia do que na China, o país começa a tornar-se um destino de eleição para a deslocalização de empresas apreensivas com os aumentos salariais de dois dígitos verificados naquele país e no Vietnã. O investimento estrangeiro, que em 2008 contabilizava-se, aproximadamente, em quinze mil milhões de dólares, caiu para dez bilhões no seguinte, tendo recuperado para doze bilhões e meio em 2010 e sendo esperado, em 2011, um investimento de catorze bilhões e meio.

Jacarta foi o local escolhido para receber o World Economic Forum for East Asia (Fórum Económico Mundial para o Leste Asiático, doravante WEF), que decorreu entre 12 e 13 de Junho deste ano, o que equivaleu ao reconhecimento caloroso por parte de uma das principais agências de promoção do capital global. O WEF, no seu relatório sobre a competitividade da Indonésia, afirmou: “entre os pontos fortes da Indonésia, destaca-se o quadro macroeconómico. Um crescimento vigoroso e uma gestão fiscal robusta permitiram ao país alcançar um forte equilíbrio fiscal. O peso da dívida foi drasticamente reduzido e a notação de crédito da Indonésia foi aumentada.” O relatório salienta, também, que a economia da Indonésia “sendo uma das vinte maiores economias do mundo, ostenta um número elevado de consumidores potenciais e uma classe média em rápido crescimento, atraindo assim um interesse crescente por parte de investidores locais e estrangeiros”. As infra-estruturas são ainda insuficientes, mas o que faz salivar o capital estrangeiro é precisamente a sua construção: o Wall Street Journal, num editorial em geral bastante laudatório, aconselhou o governo [local] com o aviso de que deve deixar à iniciativa privada e ao capital estrangeiro a provisão das mesmas.

No entanto, é a governança que torna a Indonésia mais atrativa para o capital estrangeiro. A corrupção é ainda um problema enraizado e alguns investidores estrangeiros queixam-se de uma legislação trabalhista que favorece mais os trabalhadores do que o capital, mas é sabido que o país atravessou, com sucesso, a queda de Suharto e o fim da sua ditadura, a crise asiática e o caótico período de experimentação democrática. Treze anos após o derrube do ditador, há quem considere que a vantagem principal que a Indonésia tem para oferecer ao capital estrangeiro é a “capacidade de crescimento rápido com estabilidade democrática”. Na ausência de um programa de apoio social como o Bolsa Família, no Brasil, as Nações Unidas e o Banco Mundial têm proclamado que a redução da pobreza no país é uma das mais impressionantes do mundo, sendo que as estimativas apontam para que a pobreza afecte treze por cento da população. Para este fenômeno terão contribuído, segundo a opinião de muitos, uma das poucas políticas benéficas que subsistem do legado de Suharto: as políticas de gestão demográfica.

O congênere de Lula na Indonésia é o presidente Susilo Bambang Yudhoyono, um antigo general de Suharto a quem se atribui a estabilização da economia e a consolidação da governação democrática, alcançadas durante o mandato que cumpriu entre 2004 e 2009. Tal como Lula, a popularidade de Yudhoyono foi granjeada tanto entre o capital global como entre a população: a sua candidatura a um segundo mandato conduziu-o a uma vitória folgada. E ainda à semelhança de Lula o qual, uma vez no poder, não se comportou como o representante do trabalho, Yudhoyono, ou, para a maioria dos indonésios, «SBY», não governou de um modo dirigista, como seria esperado de um antigo militar.

Porém, em ambos os países, para muitos daqueles e daquelas que são de esquerda, a situação social está longe de ser a ideal e a fórmula dos seus governantes – aproximação ao capital e mitigação da pobreza – não é a fórmula adequada para resolver os problemas massivos tanto do Brasil como da Indonésia. O seu ceticismo não é injustificado: de acordo com o Institute for Applied Economic Research (Instituto de Investigação em Economia Aplicada), as desigualdades sociais permanecem no mesmo patamar onde estavam há vinte e cinco anos. Metade dos rendimentos e proventos gerados em cada ano estão nas mãos dos endinheirados dez por cento, e metade da população brasileira só partilha de dez por cento da riqueza nacional. O ritmo de desflorestação registado na Indonésia é o décimo mais rápido do mundo como resultado da pilhagem permanente dos recursos florestais por parte de grupos madeireiros com amizades nos lugares-chave do poder, razão pela qual o país se tornou o terceiro maior emissor de gases de estufa do mundo. Por ora, no entanto, os inconformados constituem uma minoria subjugada.

O Capital Global Necessita de Regimes Mais Liberais?


Levará algum tempo a desalojar a China da sua posição dominante na captação global de capitais enquanto destino preferido para investimento, mas os receios destes mesmos capitais são cada vez mais patentes. Zizek tem razão e não tem: apesar de os regimes autoritários de punho de ferro terem servido os interesses do capital global durante as duas últimas décadas, no entender dos convidados empresariais da China, tais formas de governo produziram, também, fraturas profundas que por vezes se sentem. O seu maior receio, no que diz respeito à China, e à medida que o Partido Comunista chinês endurece a sua ação sobre os trabalhadores e se torna cada vez mais resistente a iniciativas democráticas, é o fato de este país se estar a transformar numa panela de pressão com poucas válvulas de escape.

Na perspectiva do capital, tudo indica que as condições para a reprodução estável das relações capitalistas, no estado atual de desenvolvimento da economia global, determinam como melhor aposta os sistemas políticos menos rígidos, aqueles que possibilitam a resolução de conflitos através de eleições e que têm regimes trabalhistas mais liberais.

A ironia, porém, reside no facto de as empresas chinesas poderem chegar à conclusão que os regimes sociais brasileiro e indonésio são mais favoráveis ao seu crescimento e estabilidade do que o regime político atual.

Por Walden Bello - membro da Câmara de Representantes das Filipinas, preside à Freedom from Debt Coalition e é analista da Focus on the Global South, sediada em Banguecoque. É autor de Food Wars (Verso, 2009).

Artigo publicado originalmente em ‘Foreign Policy In Focus’.

Fonte: Carta Maior
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