Mostrando postagens com marcador Artigos do Blog. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Artigos do Blog. Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de julho de 2020

Pequenas e letais - a revolução das 'mini PGM'

0 comentários

As primeiras PGM (munições guiadas de precisão, 'armas inteligentes') surgiram na Segunda Guerra Mundial, mas dificuldades técnicas impediram seu uso generalizado até a Guerra do Vietnã.

Entretanto, foi na Guerra do Golfo de 1991 que as PGM tiveram impacto realmente decisivo. Armas como a monstruosa Paveway GBU-28 de 5 mil libras (cerca de 2.260 kg) foram essenciais na destruição das forças iraquianas.
 A monstruosa GBU-28 é uma bomba de mais de 2 toneladas e 5,7 metros de comprimento; mesmo o grande F-111 só podia carregar duas dessas armas
As PGM cresceram tanto de importância, especialmente nas guerras modernas onde reduzir o dano colateral é cada vez mais importante, que em operações recentes as PGM foram usadas em quase 100% das missões. [1]

O IMPACTO DOS DRONES


Os 'drones' (VANT - Veículos Aéreos Não-Tripulados, ARP, RPA, UAV) surgiram mais ou menos na mesma época que as PGM, e foi também na Guerra do Vietnã que começaram a ter maior impacto, sendo que, atualmente, o uso maciço de drones é feito até por players como o Houthis.

No começo do Século 21, os EUA estudavam formas de usar os drones mais extensivamente, e um dos primeiros obstáculos encontrados foi justamente armar as pequenas aeronaves - de modo geral, os drones são menores e mais leves que as aeronaves táticas, o que impõe sérias restrições às cargas que podem levar.

A USAF se deparou com este problema ao fazer testes com o drone RQ-1 Predator - a menor PGM no seu inventário era a GBU-12, uma LGB (bomba guiada a laser) de 500 libras (cerca de 227 kg) da família Paveway (feitas pela Raytheon), que ainda assim era mais que o Predator podia carregar.

Uma rápida busca nos inventários dos demais ramos das FFAA (Forças Armadas) americanas apontou para o AGM-114 Hellfire, um ATGM (míssil guiado antitanque) já em uso pelo US Army (Exército dos EUA) e USMC (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA).
 Soldados do US Army carregando um Lockheed Martin AGM-114 Hellfire num AH-64 Apache; o AH-64 pode levar até 16 dos pequenos mísseis. Observe-se o pequeno tamanho (1,8 m de comprimento e 18 cm de diâmetro) e pequeno peso (cerca de 45 kg) do míssil
O Hellfire usa guiagem SAL (laser semi-ativo), como as Paveway, mas pesa apenas 100 libras (cerca de 45 kg), permitindo que o MQ-1 Predator (RQ-1 modificado para carregar armas) leve um Hellfire sob cada asa. O Hellfire tem um alcance de cerca de 8 km.
 General Atomics RQ-1 Predator com um míssil AGM-114 Hellfire sob cada asa. Esta combinação se provou bastante eficiente em lugares como Afeganistão e Iraque
A combinação Predator + Hellfire chegou bem a tempo de ser amplamente utilizada na GWOT (Guerra Mundial Contra o Terror) que se seguiu ao 11 de setembro (ataques terroristas de 2001). 

Mas isso era apenas o começo.


OUTRAS MINI PGM

Embora o Hellfire ainda seja importante como arma de drones, outras mini-PGM vem ganhando espaço, inclusive em aeronaves 'tradicionais'.
 Uma das vantagens das mini PGM é o aumento do poder de fogo - um Boeing F-15E, limitado a 5 GBU-31 de 2 mil libras (alto), pode levar pode levar 20 SDB + 2 drop tanks (baixo) permitindo que mais alvos sejam atacados na mesma missão
Algumas PGM muito avançadas foram introduzidas nas últimas décadas, e outras seguem em desenvolvimento.

Uma dessas é a Boeing GBU-39 SDB (bomba de pequeno diâmetro), uma pequena bomba de 1,8 m de comprimento, 18 cm de diâmetro (tal como o Hellfire) e peso de 250 libras (cerca de 113 kg), mas ainda tem um alcance superior a 70 km, graças a suas asas integradas. A SDB foi desenvolvida especificamente para uso a partir do pequeno paiol interno de armas do F-22, junto com um suporte quádruplo ('quad pack') BRU-61. A SDB foi desenvolvida para igualar a capacidade perfurante da BLU-109 de 2 mil libras (cerca de 907 kg) dos anos 1980.
Apesar de pequena, a SDB tem excelente capacidade perfurante
Um BRU-61 carregado com 4 SDB pesa 1460 libras (cerca de 670 kg), comparável às 1013 libras (cerca de 460 kg) da Boeing GBU-32, uma JDAM (munição conjunta de ataque direto) que usa o mesmo sistema de guiagem EGI (INS / sistema de navegação inercial combinado com GNSS / sistema de navegação global com satélites). A GBU-32 é a maior arma que pode ser levada no paiol de armas do F-22.
 GBU-39 SDB e o quad pack no suporte BRU-61
A 'irmã' da SDB é a Raytheon GBU-53 SDB2 Stormbreaker. Ela emprega uma configuração diferente da SDB - corpo e ogiva sem as mesmas capacidades perfurantes, mas ainda eficientes, e um sistema de guiagem que combina EGI com um sensor triplo - SAL, IIR (imagens infra vermelhas) e MMW (radar de onda milimétrica). É compatível com o BRU-61.
 Raytheon GBU-53 Stormbreaker
O Hellfire está sendo substituído pelo Lockheed Martin AGM-179 JAGM (míssil ar-solo conjunto), de dimensões e pesos semelhantes, mas que usa um sensor triplo como o do SDB2. O JAGM pode alcançar alvos a mais de 20 km.
 Maquete do Lockheed Martin AGM-179 JAGM
Não são só os EUA que desenvolvem mini PGM. O Reino Unido desenvolve o MBDA Brimstone, parecido com o JAGM, mas com guiagem apenas SAL e MMW.

A MBDA também desenvolve o SPEAR 3 (efeitos selecionados de precisão a longo alcance), combinando o sensor do Brimstone com um motor turbojato, permitindo-lhe atingir alvos a mais de 100 km. Uma versão EW (guerra eletrônica) está em desenvolvimento.
 O míssil de cruzeiro MBDA SPEAR 3 (alto) é parecido, externamente, com a GBU-53; uma variante de EW (baixo) está nos planos da MBDA
Mas mesmo armas como JAGM, Brimstone, Stormbreaker e SPEAR 3 são relativamente grandes para vários drones, o que levou ao desenvolvimento de PGM ainda menores.


PGM CADA VEZ MENORES

Quando a USAF procurou por armas ainda menores, tanto para armar drones como para aumentar o poder de fogo das plataformas atuais, voltou-se a programas como o Raytheon AGM-176 Griffin. O Griffin é um míssil bastante pequeno e compacto, pesando 15 kg e 1,10 m de comprimento. O Griffin é lançado a partir de um CLT (tubo comum de lançamento), que também pode ser usado para disparar outras armas. Seu alcance é comparável ao do JAGM [15]
 O Griffin é tão compacto que 4 deles podem ser facilmente lançados a partir de um Humvee
O CLT é compatível não apenas com o Griffin, mas com diversas outras armas. Uma delas, que está ganhando admiração pelas Forças Especiais dos EUA, é a Dynetics GBU-69 SGM (munição planadora compacta). Apesar de pesar cerca de metade do Hellfire, facilitando assim seu uso a partir de drones, a SGM tem alcance superior e ogiva maior, respectivamente 16 kg e 40 km.
 Dynetics GBU-69 SGM
Outra arma em desenvolvimento na Europa, e cuja foto já apareceu na abertura deste artigo, é a LMM (munição leve multifunção), que é desenvolvida pela Thales e Leonardo, e que conta com apoio americano da Textron. A versão com motor foguete é a Martlet, com dimensões semelhantes aos foguetes Hydra.
 O LMM é tão pequeno que até um drone leve como o Schiebel Camcopter S-100 pode levar um de cada lado
Uma versão do Martlet sem propulsão é oferecido pela Textron, o Fury, que é uma bomba planadora. 3 Fury podem ser instaladas num suporte para 1 Hellfire.
 Três bombas Textron Fury podem ser levadas num sporte triplo, ocupando o mesmo espaço e peso que um Hellfire
Mas a mini PGM que parece ter maior potencial é a Northrop Grumman Hatchet, ainda em desenvolvimento. Ela é tão pequena que é possível levar 3 Hatchet em um único CLT, ou 12 mesmo espaço de um Hellfire, ou 54 no mesmo espaço de uma GBU-12!

Northrop Grumman Hatchet

Maquetes da Northrop Grumman, mostrando como é possível carregar 54 Hatchet num pod rotativo com dimensões e pesos equivalentes a uma GBU-12 (esquerda) ou 12 num pod fixo com dimensões e pesos equivalentes a um Hellfire (direita)
Outra mini PGM já em uso é o BAE Systems APKWS (sistema letal avançado e preciso), que modifica os foguetes Hydra, os quais os EUA e aliados dispõem em grandes quantidades, com guiagem SAL, a um custo relativamente baixo. Um pod com 19 APKWS tem dimensões e pesos semelhantes a 4 Hellfire. [20]
 APKWS. 1) kit de guiagem com aletas estendidas; 2) ogiva; 3) detonador; 4) motor foguete com aletas estendidas; 5) conjunto completo com aletas dobradas
Outros países, além de EUA e Reino Unido também desenvolvem armas compactas. Um destes é Israel, do qual já destacamos algumas de suas PGM em outro artigo. 

Israel já opera, sabidamente, duas armas similares à APKWS, ambas da Elbit (GATR e STAR), uma semelhante à Stormbreaker (IMI SPICE 250), e outra semelhante às Paveway (Elbit Lizard).

Mas duas das armas israelenses, ambas feitas pela IMI, merecem destaque especial - a Delilah e a Fastlight
 A Fastlight tem um peso aproximado de 50 kg (quase o mesmo que o Hellfire), mas carrega uma ogiva de 35 kg!
 O Delilah é um míssil da mesma categoria do SPEAR 3; peso de 187 kg, ogiva de 30 kg e alcance de 250 km
A MBDA SmartGlider está sendo desenvolvida pela França. É uma arma da mesma categoria da Stormbreaker, e um suporte para 6 bombas, o Hexabomb Smart Launcher (HSL), também está sendo desenvolvido. O conjunto completo terá aproximadamente o mesmo peso e tamanho de uma bomba de 2 mil libras (cerca de 1 tonelada)
 Conjunto de 6 MBDA SmartGlider num HSL
A Turquia também fabrica diversas PGM, como os Cirit (foguetes guiados similares aos APKWS), UMTAS (similares aos Hellfire), e o MAM-L, um míssil equivalente ao Hellfire em alcance mas à SGM em dimensões e pesos.
 Concepção artística de um drone TAI Anka-S com 4 Rocketsan MAM-L
A Turquia, inclusive, tem usado seus drones e PGM com grande eficiência na Síria e na Líbia.

China, Rússia e Paquistão estão entre os países que também desenvolvem mini PGM e drones, muitos com características semelhantes às dos sistemas apresentados até o momento. Estes drones tem sido usados com grande eficiência na Líbia, Síria e outros lugares.


CONCLUSÃO

A 'revolução das mini PGM' está apenas no seu começo, e sem dúvidas ainda tem muito para crescer.

Conforme apontamos no artigo 'Qual será o substituto do A-10', drones e outras aeronaves leves com essas mini PGM terão aplicação crescente no campo de batalha.
Super Tucano lançando uma GBU-12 durante testes. A GBU-12 foi bastante eficiente contra diversos tipos de alvos na Guerra do Golfo e outras operações militares


Por: Renato Henrique Marçal de Oliveira - Químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

REFERÊNCIAS



GBN Defense - A informação começa aqui
Continue Lendo...

sábado, 31 de janeiro de 2015

Petrobrás - Entenda a crise que afetou nossa estatal

0 comentários

Nos últimos meses temos assistido uma serie de escândalos envolvendo uma das estatais de maior prestigio no Brasil, Petrobrás, empresa que por décadas foi orgulho nacional quer por seus vultosos investimentos e contribuição para o PIB nacional, quer pelo pioneirismo e competência na exploração de petróleo e gás em águas profundas.

desde que veio a tona o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, a estatal se vê mergulhada em uma serie de escândalos envolvendo corrupção nos mais variados escalões da companhia e do governo.

Como ponta do iceberg, a compra da refinaria texana de Pasadena em setembro de 2006, quando a Petrobras pagou US$ 360 milhões de dólares á Astra Oil Company por 50% da refinaria, quando um ano antes a empresa belga pagou apenas US$ 42,5 milhões de dólares pela refinaria, ou seja, a Petrobrás pagou cerca de oito vezes mais por apenas 50% do negócio. Mas o escândalo não para por ai, além da compra superfaturada, após a conclusão da aquisição a Astra Oil resolveu vender sua participação na refinaria, tendo a estatal brasileira assinado um acordo de opção de compra da mesma, se viu em um desentendimento com a belga, resultando em uma ação judicial contra a estatal brasileira, como sentença a Petrobrás foi condenada e fechou um acordo de pagamento da quantia de US$ 820 milhões de dólares para por fim ao litigio.

Tal "negócio da china" gerou um prejuízo estimado de US$1 bilhão de dólares á estatal e seus acionistas. O caso envolveu pessoas ligadas ao PT em diversos níveis de envolvimento.

O nocivo aparelhamento politico promovido nos últimos mandatos do PT, tem prejudicado diretamente a capacidade empresarial e decisória da estatal brasileira de petróleo e gás Petrobrás e suas ramificações, ainda atingindo outros setores estratégicos sob direção do governo federal. O que tem tornado tais negócios vulneráveis á corrupção, improbidade administrativa e conferindo uma visão míope e obtusa dos mercados, contaminando a administração com seu ideologismo ultrapassado e retrógrado, levando a Petrobrás e outras estatais a enfrentar uma grande dificuldade para alcançar seus objetivos e metas.

Após o escândalo de Pasadena, a estatal enfrentou outros escândalos, como o escândalo que ficou conhecido como a "Feira da Petrobrás",  Onde após enfrentar uma brusca desvalorização no mercado, onde caiu de um valor estimado em R$ 214,6 bilhões em dezembro de 2013, para um valor de R$ 175,6 bilhões em fevereiro de 2014, tal queda veio acompanhada em junho de um alerta emitido pelo MPF (Ministério Público Federal), que alertou o risco de falência caso a estatal não quitasse suas dividas. Para ilustrar o tamanho do endividamento alcançado pela nossa estatal, a agência de classificação de risco MOODY'S, rebaixou a nota da Petrobrás de "A3" para "Baa1".

Diante dos resultados decorrentes do escândalo de Pasadena e tentando uma saída para seu endividamento foi criado o departamento chamado de "Gerencia de Novos Negócios", mas que segundo denuncias realizadas em  março de 2013, transformou a empresa em uma verdadeira feira, dilapidando de forma criminosa o bilionário patrimônio da estatal brasileira. Tal ação resultou na venda de boa parte do patrimônio da estatal no exterior, onde foram vendidas refinarias, unidades e equipamentos de forma irresponsável e abaixo do preço real, esperando que tal ato desesperado capta-se US$ 10 bilhões de dólares.

Um dos exemplos de amadorismo e falta de capacidade da direção da estatal foi o emblemático caso da venda de 50%  da companhia PESA, a Petrobrás Argentina, por apenas US$ 900 milhões de dólares e o investimento de mais US$ 238 milhões de dólares pelo Grupo Indalo na aquisição de refinarias, distribuidoras e unidades petroquímicas operadas pela Petrobrás na Argentina. Esse aparente bom negócio na verdade resulta em um enorme prejuízo aos cofres brasileiros e aos acionistas da companhia brasileira. O investimento realizado nos últimos 12 anos pela estatal brasileira soma mais de US$ 6 bilhões de dólares, Ainda no âmbito desse negócio, a Petrobrás entregou por US$ 238 milhões de dólares um patrimônio avaliado em pelo menos US$ 400 Milhões de dólares, configurando um verdadeiro crime de lesa-pátria.

Não bastando isso, outro escândalo envolve um esquema de propina nas licitações da estatal. Onde Lobistas que participavam das negociações repassavam á funcionários e membros do PT e PMDB. Segundo denuncias realizadas por João Augusto Resende Henriques, confirmou em depoimento que todos os contratos internacionais da estatal que passavam por ele tinham inclusos a cobrança de um "pedágio" para que fosse vencida a licitação por seu cliente, onde um valor que oscilava entre 60% e 70% dessa "taxa" eram repassados ao PMDB, dinheiro esse que foi usado para financiar campanhas eleitorais, inclusive a campanha presidencial de Dilma Roussef em 2010. No olho do furacão ainda foi descoberto um esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht, gigante nacional, pega também no escândalo de corrupção que veio a ser revelado recentemente em licitações vencidas pela mesma. A Odebrecht que atua em diversos mercados, repassou US$ 8 milhões de dólares para a campanha da presidente Dilma.

Como exemplo do funcionamento desse esquema, vamos apresentar o caso envolvendo a compra de um Navio-Sonda que custou a estatal US$ 1,6 bilhões de dólares, nesse contrato o propinoduto recebeu US$ 14,5 milhões de dólares, dos quais US$ 10 milhões foram repassados ao PMDB.

Outro grande obstáculo enfrentado pela Petrobrás é a falta de critério técnico na indicação de cargos estratégicos e decisórios na estatal, tendo a empresa sido vitima de um irresponsável aparelhamento político promovido pelo governo do PT, onde pessoas sem qualquer capacidade técnica e decisória assumira cargos de grande importância estratégica dentro da companhia. Um exemplo disso se dá quando há uma decisão do governo sobre a instalação de uma nova unidade ou investimento em determinada área, não há uma analise técnica real e concisa, ao invés disso os técnicos e engenheiros se desdobram para cumprir as ordens e decisões políticas dadas á empresa.

A operação "Lava Jato", deflagrada pela Polícia Federal, também apontou irregularidades nos contratos para construção da refinaria " Abreu e Lima", onde constatou-se por provas o super faturamento dos contratos daquela obra, onde havia sido orçada originalmente em R$ 2 bilhões de reais, mas ate o momento a mesma já custou R$ 18 bilhões aos cofres públicos.

O principal protagonista desta crise é o governo, principalmente quando a presidente Dilma continua a ignorar que a estatal tem sido vítima do aparelhamento político, e insiste em buscar culpados externos para atual crise da estatal petrolífera brasileira.

No inicio deste ano a diretoria da Petrobrás fez o anúncio de que não irá recorrer aos financiamentos externos, porém isso não resulta de uma simples decisão da diretoria, pois o mercado encontra-se fechado para a estatal. Um grande erro da direção da companhia foi o congelamento de preços dos seus principais produtos, atendendo á uma decisão do governo federal, e que gerou perdas de capital á estatal.

Neste ano de 2015 a Petrobrás tem um grande desafio á sua frente, manter seu programa de investimentos e reduzir seu endividamento, mesmo diante da grande repercussão dos escândalos de corrupção que tem manchado a imagem da empresa e resultado na fuga de investimentos, causando um enorme impacto em suas receitas. Outro ponto preocupante é o atraso no anúncio dos resultados da estatal no terceiro trimestre de 2014, algo que tem gerado incertezas e insegurança nos investidores e credores da companhia, Segundo anunciado pela Petrobrás, tais resultados serão divulgados até o inicio de fevereiro.

A estatal representa uma significativa participação no PIB brasileiro, sendo líder em seu mercado, a Petrobrás precisa ser preservada como a empresa que sempre foi, marcada por décadas de pioneirismo e competência, não como um instrumento político-partidário que tem se tornado nos últimos anos.

Cabe á nós brasileiros descruzarmos os braços, deixarmos a inércia e exigirmos desse governo ações reais de combate á corrupção que vem atingido a Petrobrás, não apenas apurar os casos de corrupção e estancá-los, mas punir e prender os envolvidos nestes escândalos, restaurando assim o prestigio e a imagem pública de transparência, idônea e inovadora da nossa estatal, voltando assim a atrair investimentos e retomar o rumo de crescimento.

Nós do GBN - GeoPolítica Brasil, apesar de um breve período de ausência nas discussões, nos mantivemos acompanhando de perto os acontecimentos na esfera nacional e global. Hoje com este artigo rompemos nosso silêncio e voltamos á nossas atividades, mantendo nosso compromisso de levar até você leitor com transparência e coerência informações e conteúdos de alta qualidade, defendendo acima de tudo nossa pátria e seus interesses estratégicos.

Muito obrigado a todos, conto com vocês na retomada de nosso trabalho com sua opinião, participação e comentários.

Angelo D. Nicolaci
Editor / Fundador
GBN - GeoPolítica Brasil



Continue Lendo...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os 15 países com maior dívida externa bruta

0 comentários
Muito se fala sobre dívida externa, balança comercial e outros assuntos ligados a economia, onde temos as economias gigantes como EUA e UE com seus países membros saltando frente as demais nações do globo. Porém a outra face da moeda é por muitos desconhecida e quando explode uma crise financeira de grande vulto, muitos se perguntam: Como pode uma economia tão forte enfrentar uma crise dessas?
O GBN realizou uma pesquisa, onde de acordo com dados publicados recentemente vamos apresentar aos nossos leitores a lista com as 15 maiores dívidas externa do mundo hoje. Não pense que o Brasil esta nesta, pois nossa nação passa muito longe destas economias gigantes que vivem em meio a uma dívida absurda, mantendo-se de pé graças a especulação financeira, o jogo das bolsas de valores e uma robusta politica externa.
 
Isoladamente encabeçando a nossa lista vem os EUA, possuindo hoje uma dívida externa na ordem dos 15,98 trilhões de dólares, país que ainda enfrenta uma enorme crise financeira interna com o alto individamento público que recentemente quase quebrou a maior potência do mundo, tendo aumentado em carater de urgência o teto do individamente público e realizado uma série de cortes nos gastos do governo.
 
Ocupando a segunda colocação no ranking encontramos o Reino Unido, possuindo uma dívida externa de 9,34 trilhões de dólares. Nação que diferente dos EUA esta conseguindo controlar sua economia de modo que não corra o risco de uma crise em larga escala.
 
A terceira posição no ranking fica com a Alemanha, uma das líderes da UE e que possui uma divida de 5,56 trilhões de dólares, conseguindo se equilibrar diante da turbulenta crise financeira que abala toda a europa.
 
Colada na quarta posição encontramos um dos principais parceiros do Brasil na europa, a França possui hoje uma dívida externa de 5,4 trilhões de dólares, e luta contra a crise financeira que tem abalado o continente. Possuindo grandes negócios junto ao Brasil no campo de defesa, a França visa estreitar os laços com o Brasil e aumentar seus laços economicos e industriais com o maior país da América do Sul e uma das maiores economias emergentes. Além de acordos economicos que visam ampliar o fluxo economico entre os dois países, a França tenta se firmar como um dos mais importantes fornecedores de tecnologia ao Brasil, mantendo-se na disputa por importantes programas militares brasileiros que visam não apenas a aquisição de equipamentos, mas a obtenção de tecnologia diante de uma parceria para pesquisa e desenvolvimento entre as duas nações.
 
Luxemburgo ocupa a quinta colocação com uma dívida de 3,04 trilhões de dólares.
 
A sexta posição é ocupada pelo Japão, país asiático que vem se recuperando de uma recente crise financeira. Possui uma dívida externa de 2,5 trilhões de dólares
 
A Itália vem a ocupar a sétima colocação, sendo uma das economias que enfrentam mais incertezas diante da crise européia, com uma dívida externa de 2,49 trilhões.
 
A Holanda ocupa a oitava colocação com uma dívida externa na ordem de 2,4 trilhões de dólares.
 
A nona colocação esta com a Espanha, que deve hoje cerca de 2,24 trilhões de dólares.
 
A Irlanda vem em décimo lugar com a dívida de 2,14 trilhões de dólares.
 
Suíça em décimo primeiro com 1,53 trilhões de dólares.
 
A Bélgica com uma dívida de 1,3 trilhões de dólares ocupa a décima segunda posição.
 
Canadá vem logo em seguida na décima terceira posição com uma dívida de 1,3 trilhões de dólares.
 
A Austrália ocupa a décima quarta posição com 1,24 trilhões de dólares.
 
Encerrando nossa lista esta Singapura com uma dívida externa de 1,19 trilhões de dólares.
 
 
Se observarmos bem, a maioria dos países que ocupam esta lista figuram entre os protagonistas da crise financeira européia e mundial.
 
Fonte: GBN

Continue Lendo...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Uma resposta a ameaça dos mísseis balísticos.

0 comentários
A ameaça dos mísseis balísticos chamou a atenção mundial em 1991, quando o regime de Saddam Hussein bombardeou a Arábia Saudita e Israel com mísseis balísticos Al- Hussein, com base nos mísseis R-11/17 Scud soviéticos, em resposta a operação Desert Storm, resposta á sua invasão ao vizinho Kuwait.
Durante as últimas décadas, assistimos um aumento considerável no número de sistemas deste tipo e países a operá-los, principalmente sendo usados como armas estratégicas, possuindo um desempenho superior aos de gerações anteriores e apresentando a capacidade de ser armados com armas de destruição em massa.
Tal tecnologia hoje não mais de dominio restrito a grandes nações como á decadas passadas, hoje além dos EUA, Rússia e China, temos a Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Irã entre os principais desenvolvedores destes sistemas de armas, com um considerável arsenal possuindo alcance suficiente para aplicação estratégica.
A Coreia do Norte desenvolveu sua própria linha de mísseis balísticos, o Taepo –Dong, que possui variantes dentro da categoria IRBM (míssil balístico de alcance intermediário no inglês)  e ICBM ( míssil balístico intercontinental).  Sendo a Coréia do Norte o principal colaborador no desenvolvimento da tecnologia aplicada pelo Irã em seus mísseis balísticos próprios, com a criação da família de mísseis balísticos Shahab.
Os mísseis balísticos iranianos Shahab 3 e 4 estão enquadrados na categoria de IRBM’s, tendo muita similaridade com os IRBM’s norte-coreanos do tipo Nodong 1, enquanto a versão Shahab 5 é considerado por analistas um míssil ICBM, provavelmente derivado da colaboração norte-coreana, apresentando muitas similaridades com o Taepo -Dong 2.
Na Índia desenvolve sua própria família de IRBM’s e ICBM’s, o AGNI IV esta inserido na categoria de IRBM’s, enquanto a versão AGNI V esta classificado entre os ICBM’s.
Todos países citados acima, possuem programas de IRBM’s e ICBM’s em andamento, criando um desafio para as defesas em geral, pois a cada nova versão, novas capacidades são acrescentadas, transpondo as atuais defesas antimísseis. O resultado da proliferação de mísseis balísticos IRBM’s e ICBM’s  no mundo tem sido, ao longo das duas últimas décadas, o crescente desenvolvimento e implantação de investimentos em sistemas ABM ( Anti Ballistic Missile ) recursos em desenvolvimento por diversos países, mais notoriamente na Rússia.
Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética realizaram grandes investimentos no desenvolvimento de sistemas ABM,  sendo hoje a Rússia herdeira dos sistemas soviéticos continuando a operar uma capacidade significativa desde os anos 1970 e desenvolvendo sistemas avançados . Ambos os antagonistas da Guerra Fria implantaram sistemas de emprego dual  ABM / SAM ( Sistemas de mísseis antiáereos / antimísseis balísticos ), possuindo capacidades otimizadas para combater não só as ameaças dos mísseis balísticos, os sistemas S- 300 da Rússia e Patriot dos Estados Unido, este último amplamente utilizado em 1991 contra os IRBMs iraquianos . Uma importante característica em ambos os sistemas, são o desenvolvimento da capacidade de acompanhar e destruir aeronaves de elevado desempenho , bem como projéteis balísticos.
Atualmente temos observado o desenvolvimento em Israel e diversas nações de uma série de sistemas ABMs  e um aumento nas capacidades ABM’s do pós-Guerra Fria, tanto pelos EUA como pela Rússia.
A Rússia tem investido pesado no desenvolvimento não só de novos ICBM’S e IRBM’s, como os mísseis “Yars” e “Rubehz”, mas tem desenvolvido principalmente seus sistemas, como o S- 300PMU2, S-400 e o desenvolvimento do novo sistema S-500. A maioria desses sistemas possui capacidade de interceptar mísseis balísticos ainda na fase de reentrada da atmosfera. Sendo importante ressaltar que tais sistemas possuem grande mobilidade, sendo capazes de operar em cenários adversos.
Bem oportuno se encararmos o atual cenário geo-estratégico que é imposto á Rússia, com a China sendo detentora de um grande estoque de IRBMs, sendo os mísseis DF- 21C sua espinha dorsal, o que confere ao governo chinês uma cobertura significativa do território russo e representam um risco estratégico real de longo prazo para a Rússia, pesando muito nas relações diplomáicas entre China e Rússia.
Em certo ponto, a implantação de um grande número de IRBMs da China lembra o jogo imposto pela OTAN durante o período da Guerra Fria, onde ambos possuiam sistema de IRBM’s dispostos em áreas estratégicas, criando um cenário de equilibrio e tensão entre os dois eixos que dominavam o cenário político bipolar existente naquele período sombrio da humanidade. Essa capacidade proporciona um efeito estratégico significativo sem se apoiar no poder estratégico dos ICBM’s.
O problema estratégico enfrentado pela Rússia não se restringe ao enclave chinês, mas sua posição geográfica coloca a Rússia ao alcance de IRBMs e ICBMs lançados do Irã e da Coreia do Norte. Não que isso ofereça uma ameaça real e imediata á Rússia, pois esta possui boa relação tanto com o Irã, como a Coreia do Norte, e em relação a China possui um grande histórico de acordos políticos e comerciais que dão lastro a boa relação de estabilidade entre estas nações. Porém, em um cenário hipotético de um ataque contra a Rússia lançado por uma dessas três nações, é de extrema importancia estratégica o dominio da tecnologia e sistemas  ABM / SAM de última geração capazes de contrapor tais ameaças.
Tal fato exposto acima, dá a real dimensão das necessidades russas de manter um constante desenvolvimento de seus sistemas ICBM’s, IRBM’s e principalmente a concepção de uma variada gama de sistemas ABM/SAM de notável capacidade.
Neste momento, a Rússia iniciou a substituição progressiva de toda a sua rede de sistemas SAM oriundos da era soviética, buscando atualizar suas capacidades de defesa para as ameaças impostas pelos avanços tecnológicos do campo de batalha moderno. Tal processo esta previsto para ser completado na próxima década, fornecendo uma capacidade robusta para defender sua infraestrutura e pontos estratégicos das ameaças representadas pelos modernos aviões de combate, mísseis de cruzeiro e armas guiadas de precisão.
Tais desenvolvimentos também leva a Rússia ao título de principal fornecedor de sistemas ABM/SAM’s no mundo. Fornecendo seus complexos de defesa a diversas nações ao redor do mundo, possuindo sisntemas em camadas que oferecem proteção em diversos níveis, atendendo aos mais variados orçamentos de defesa.
Os sistemas ABM’s da Rússia tem representado um salto em relação ao sistemas similares em outras nações, sendo alvo de “clonagem” por parte de outras nações, como podemos exemplificar com o sistema HQ-9 desenvolvido pela China, que recentemente chamou a atenção da Turquia.
Dentre os novos desenvolvimentos no campo de ABM’s russos, podemos citar o
Almaz- Antey S-500 Triumf,  o sistema será similar ao SAM / ABM  S- 400, mas será otimizado , principalmente para a função de ABM . O S- 500 deverá ser implantado em paralelo com o sistema de S- 400, que se destina principalmente a substituir os atuais S- 300 em suas diversas variantes .

Olhando para outras áreas do globo, vemos na América do Sul a busca por novos sistemas SAM, onde não se contempla a ameaça direta representada por IRBM’s e ICBM’s, devido a não proliferação destes tipos de armamento neste continente, mas países como a Venezuela investiram em sistemas de uso dual ABM/SAM, com a aquisição de um sistema S-300 junto a Rússia, enquanto isso o Brasil estuda a aquisição de um sistema similar após a aquisição dos sistemas Gepard e Pantsir S1 para dotar suas forças armadas de capacidade de defesa antiáerea moderna.
Por Angelo Nicolaci - GBN GeoPolítica Brasil
Continue Lendo...

sábado, 5 de outubro de 2013

A ameça subversiva no cenário geopolítico

0 comentários

O inicio deste novo século continua nos apresentando um cenário complexo e de muitas incertezas, quer no campo internacional, quer nas políticas internas dos estados soberanos. Seja pelo fim das ameaças identificadas e definidas, como foi o caso das guerras mundiais e guerra fria, quer seja pelas ameaças internas nos estados promovidas por grupos separatistas identificados.  Passamos a acompanhar o surgimento de novas fontes de atrito e ameaças a estabilidade mundial, antes comprimida pela mão de ferro do estado soberano, que hoje diante do fim dos conflitos interestatais que levavam a humanidade ao temor de uma guerra nuclear, o fim da relativa estabilidade econômica mundial, a crise de governança dentro de diversos estados soberanos e o surgimento do fenômeno mundial dos movimentos radicais revolucionários, de cunho religioso ou político, somando-se a estes a ameaça do terrorismo transnacional.

 

A “globalização” levou á uma crise relativa ao papel do Estado Soberano diante das questões sócio-econômicas, com as políticas mais flexíveis em relação a abertura de fronteiras e o aumento do transito de pessoas e bens de um estado a outro, tem levado a uma crise em relação a identidade nacional e a crise econômica em diversos países, gerando movimentos internos xenófobos e protecionistas, bem como servindo aos interesses de movimentos subversivos de diversas vertentes.

 

O novo cenário com o qual nos deparamos no mundo hoje é preocupante, quer pelo seu alcance, quer pela sua complexidade e violência. Assistimos a uma crise de poder, onde os Estados tem se deparado com agentes subversivos apoiados por interesses escusos ou políticos internacionais. Gerando conflitos violentos que não seguem as regras típicas da concepção clausewitziana da guerra. Originando um cenário assimétrico de extrema violência, sem origem clara e que se torna um ponto de incertezas.

 

Hoje no mundo há diversos conflitos neste molde em andamento, o mais nítido destes esta ocorrendo hoje na Síria e já vem há dois anos, sem perspectiva de uma solução final sobre a questão, e que tem envolvido e muito a comunidade internacional diante do flagelo causado pelo conflito, tendo sido utilizado ate mesmo armas químicas, onde a autoria ainda não esta identificada, havendo acusações de ambos os lados sobre a autoria do uso destas armas.

 

A agora generalizadamente chamada subversão e guerra subversiva, são fenômenos cuja origem se perde na História, tendo sido teorizados desde a Antiguidade por pensadores como T´ai Kung e Sun Tzu, surgindo as primeiras análises sistemáticas apenas na segunda metade do século XVIII, com Jean de Folard e Augustin Grandmaison, no século XIX, com Le Mière de Corvey, Carl Von Clausewitz, Marechal Lyautey e, no século XX, com Lettow-Vorbeck, Thomas Edward Lawrence, Mao Tse Tung, Nguyen Giap e Amílcar Cabral, entre tantos outros.

 

São inúmeros os conceitos que podemos encontrar para a definição de subversão, todos eles referindo uma intenção de alteração da ordem e do Poder vigentes, ou mesmo a sua conquista. Nós podemos definir como uma técnica de “assalto” ou de corrosão dos poderes formais, para cercear a capacidade de reação, diminuir e/ou desgastar e pôr em causa o Poder em exercício, mas nem sempre visando a tomada do mesmo”.

 

Existe uma confusão frequente entre o conceito de subversão e o de guerra subversiva. A subversão, como aqui a defini, nem sempre conduz à guerra subversiva, mas temos por certo que a antecede ou que a acompanha. Esta é a mais hábil e sofisticada forma de conflito e consiste numa luta conduzida no interior de um dado território, por uma parte dos seus habitantes, ajudados e reforçados ou não por um poder externo, contra as autoridades de direito ou de fato estabelecidas, com a finalidade de lhes retirar o controle desse território ou paralisar a sua ação.

 

A guerra subversiva, que se inicia antes de se evidenciarem as suas manifestações violentas, subordina-se, em regra, a uma ideologia política de um grupo organizado, que atua conscientemente, com planejamento, preparação e conduta na atuação contra o Poder estabelecido (legítimo ou de ocupação), não sendo uma ação espontânea e descoordenada da população. Os meios (violentos ou não, legais ou não) para a levarem a cabo são avaliados pela eficácia, levando em consideração a população e o seu centro de gravidade.

 

Na diferente literatura especializada é freqüente o uso de expressões que podem ser confundidos com os conceitos de subversão e guerra subversiva ao qual abordo aqui neste artigo. Podemos relacionar as seguintes expressões: guerra revolucionária, guerra insurrecional e guerrilha.

 

Segundo Franco Pinheiro, a guerra revolucionária, incorpora alguns conceitos da guerra subversiva, caracteriza-se por ser conduzida nos pressupostos do marxismo-leninismo e pretender, em última análise, a implantação do comunismo, utilizando uma amplitude de meios e processos que vão da guerra convencional à guerra subversiva. Podendo ainda se valer do uso de estratégias de agitação/propaganda. A guerra revolucionária significa igualmente a transformação da luta em revolução, já que uma vez destruída a sociedade velha, através de um sistema de educação revolucionária, emergirá uma “nova nação”.

 

A guerra insurrecional confunde-se com o conceito de guerra interna, sendo “uma luta armada com caráter político, levada a efeito num dado país, contra o poder político constituído”. De acordo com esta definição, diferencia-se da guerra subversiva por não ser conduzida obrigatoriamente pela população civil, mas em geral por forças para-militares e milícias.

 

O conceito de guerrilha corresponde a uma tática de levar a cabo a subversão armada que emprega determinado tipo de meios e processos restritos, na realização de operações militares. A guerra subversiva trava-se, em regra, no plano militar, sob a forma de guerrilhas.

 

É bem oportuno esclarecer que inserir a subversão num conceito mais amplo e abrangente, integrando diversos conceitos, razão pela qual vou me referir indistintamente aos conceitos de guerra subversiva, guerra revolucionária e guerra insurrecional, devido ao fato de ambos conceitos se desenvolverem em um ambiente subversivo, empregando técnicas comuns para obter o controle político do Estado ou simplesmente levando ao desgaste o Poder instituído.

 

As guerras subversivas combinam diversas formas de emprego da violência (seja ela militar, seja valendo-se de movimentos populares, passando pela pressão econômica e pela pressão imposta pela sociedade manobrada por propagandismo), trata-se do conceito apresentado de guerra política expressa por Paul Smith, ou, mesmo seguindo a linha clausewitziana dando continuidade política por outros meios, uma vez que através de uma estratégia complexa, pretende em última análise a implantação de um novo sistema político ou o desgaste do Poder constituído, levando a uma guerra prolongada e de esgotamento da ordem constituída. Isto significa que recorrem a outros meios, para além dos políticos, para alcançarem os objetivos políticos pretendidos.

 

Os fenômenos da subversão e contra-subversão obedecem a estratégias de atuação globais ou regionais, que visam sempre o Poder, carecendo assim, para a sua análise, de uma abordagem holística. Diante de tudo que apresentado até aqui, podemos afirmar que a subversão é um fenômeno político intemporal que atenta contra a soberania dos Estados, mesmo que esta modifique seu caráter operacional e se adapta a cada caso, assumindo hoje formas qualitativamente novas em conseqüência de diversos fatores que caracterizam o sistema internacional e as sociedades políticas, bem como as suas inter-relações e os meios de propagação desta, hoje valendo-se muito da facilidade do trafego de informações através das redes sociais.

 

Nesta ordem de idéias, a subversão na atualidade, pode ser classificada em três grandes tipologias, oportunista, popular e/ou global, manifesta-se devido a fenômenos como: a aglomeração, o recrudescimento dos nacionalismos, as mudanças civilizacionais em diversas sociedades ou no confronto entre elas, o crime organizado, o terrorismo transnacional, a forma clássica da luta de libertação e ideológica, ou através da tradicional resistência à ocupação territorial. Estas motivações podem ser alternativas ou cumulativas, encontrando a sua expressão mais violenta nas designadas guerras de quarta geração. Estas guerras são todas irregulares, sem regras, sem princípios, sem frente ou retaguarda, onde os objetivos são fluidos, no entendimento de que a única legitimidade é o exercício, tendo como maiores vítimas as populações.

 

Partindo do princípio de que qualquer resposta contra-subversiva deve ser contextualizada no espaço e tempo próprios e ser equacionada para fazer face à tipologia subversiva identificada, idealizamos um modelo de análise que tem por base os principais atores do fenômeno subversivo (a população, as forças de subversão, as forças de contra-subversão e a comunidade internacional), todos eles relacionam-se e se condicionam de uma forma dinâmica. Sobre os mesmos aplicamos diversos processos e técnicas, cuja combinação, integração e coordenação formam a manobra contra-subversiva, que assenta numa estratégia total, ao nível interno e externo, direta e indireta, carecendo de uma coordenação muito estreita de cinco manobras: político-diplomática; sócio-econômica; psicológica; informações e militar; todas, visando a conquista da adesão das populações.

 

Da atuação política esperam-se reformulações de caráter dinâmico, tomada de decisões a nível administrativo, a adoção de medidas no âmbito legislativo, regulamentar, organizativo e no reforço da autoridade do Estado; a nível externo, a ação diplomática deve angariar apoios para a contra-subversão e a redução dos movimentos de subversão, levando este a seu descrédito. Ao nível sócio-econômico, a manobra assentará na promoção das condições de vida e no controle da população e dos recursos econômicos. Da manobra militar espera-se a neutralização e destruição da estrutura subversiva, bem como a preservação e obtenção da adesão popular, criando interna e externamente condições que desfavoreçam a eclosão da subversão. Estas manobras pressupõem ainda uma intensa e integrada atuação psicológica sobre as populações, criando um eixo de manobra da opinião pública. Para poderem conduzir ações concretas e eficientes, todas estas ações pressupõem Informações oportunas, precisas e relevantes e que os diversos órgãos funcionem em sintonia com um sistema de informação contra-informação, para saber como, onde e quando se deve atuar.

 

A manobra contra-subversiva, com o seu ritmo próprio, deve ter em conta o fator tempo, mas nem sempre ser dotada de uma atuação ética, procurando alcançar uma paz sustentada, de preferência com a remoção das causas que estavam dando origem ao conflito.

 

A estratégia da resposta contra-subversiva depende muito da eficácia da organização global do poder instituído, e as iniciativas desencadeadas exigem uma ação de cooperação e de coordenação muito estreita entre as autoridades civis, autoridades militares e as lideranças populares, ou seja, as formas de articulação da contra-subversão que visam a conquista da adesão das populações, apesar das alterações qualitativas face a novos processos e técnicas, são as de sempre, desempenhando a presença militar um papel distintivo, pois, mesmo que este tipo de guerra não se ganhe pela sua ação, perde-se pela falta de uma ação militar.

 

As análises históricas são fundamentais para ajudar a compreender a natureza e as linhas de continuidade e mudança do fenômeno subversivo ao longo do tempo, porém, as novas realidades estratégicas não devem ser esquecidas, sendo certo que o futuro reserva novas incertezas, novos desafios e novas lições, devemos operacionalizar lições aprendidas na História que evitem a repetição dos mesmos erros.

 

Manobra político-diplomática:

 

A política de cooperação, nomeadamente através da cooperação técnico-militar e policial, desempenha um papel primordial na reestruturação do Setor de Segurança em situações pós-conflito.

 

O fortalecimento da Autoridade do Estado e das Organizações Internacionais, com a adoção de medidas legislativas adequadas, com um caráter dissuasório e preventivo, de forma a reduzir suas vulnerabilidades;

 

Colaboração na democratização das sociedades.

 

Manobra sócio-econômica;

 

Colaboração no desenvolvimento e na promoção da condição de vida das populações;

 

Manobra psicológica:

 

Promoção de ações de informação pública, isentas e esclarecidas;

 

Manobra de informações:

 

Manutenção de um eficiente sistema de Informações;

 

Partilha de Informações com os restantes países e organizações;

 

Manobra militar:

 

Disponibilização de forças (diferenciadas pelas características e capacidades) meios para a adoção de medidas preventivas e de combate, com ações tácticas de destruição das capacidades subversivas e dos seus colaboradores, em qualquer localização geográfica;

 

Disponibilização de serviços e inteligência valendo-se das técnicas de informação e contra-informação

 

De uma forma transversal:

 

Sustentação e divulgação dos conhecimentos, nas escolas e meios de formação de opinião;

 

Investigação e produção de doutrina que permita lidar com as diferentes tipologias subversivas;

 

Promoção de ações assistencialismo do estado;

 

Colaboração na definição e implementação de medidas de gestão das consequências, ou controle de danos, de forma a minimizar os efeitos de uma atuação subversiva.

 

O interessante neste tipo de conflito é sua diferença, cada caso é um caso, apesar de haver pontos comuns, reforçando o fato que na globalização dos atos subversivos, podemos concluir que: o fator surpresa é permanente, como também são o seu desenrolar e a diversidade dos cenários que pode ser inserida e seus efeitos sobre a população.

 

Vale lembrarmos que há a possibilidade de tais ações subversivas serem lançadas por agentes do próprio Estado com fins de manutenir seu poder coercitivo e eliminar possíveis ameaças oposicionistas no plano político, ou mesmo usar tal movimento como eixo de manobra para desviar o foco da população de determinado assunto político ou mesmo impelir a população contra seu direito de se manifestar contra atuação do estado em determinada causa, ou ainda impelir a população a não aderir a manifestações em busca de seus próprios direitos cívicos. Usando tais manobras para conferir legitimidade na aprovação de novas leis e decretos que beneficiem o poder estatal contrariando direitos cívicos constituídos.

 

Neste primeiro artigo de uma série que pretendo aprofundar em específico o uso da subversão no cenário geopolítico brasileiro, quero lançar aqui as bases para que possamos ter uma linha de raciocínio onde pautar o desenvolvimento deste estudo tão oportuno no atual cenário interno brasileiro, onde nos deparamos recentemente com muitos movimentos populares de insatisfação com o Poder vigente e suas políticas.

Por Angelo Nicolaci - GBN GeoPolítica Brasil
Continue Lendo...
 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger