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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Cano de alma lisa ou raiada_ Qual é a melhor opção_

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Nos dias de hoje, boa parte dos canos de artilharia são de alma raiada, enquanto que praticamente todos os canos que equipam a arma principal dos Carros de Combate, que neste artigo chamaremos 'tanques' por ser o termo mais conhecido, nos calibres 120mm e 125mm (respectivamente o padrão OTAN e russo) são lisos. A única exceção é o L11 britânico de 120 mm, que tem alma raiada.

Qual é a razão de tal diferença?

Primeiramente, deve-se entender a função do raiamento.

O raiamento força o projétil a girar em torno de seu próprio eixo, tipo de movimento conhecido como spin. O spin aumenta consideravelmente a precisão dos projéteis, o que explica sua presença quase que universal na artilharia e em armas leves (à exceção das espingardas, mas falaremos disso mais tarde).

Entretanto, o raiamento tem duas limitações importantes:

  • ·    A primeira é que aumenta a pressão do disparo. Ou seja, para a mesma MV (velocidade de boca), um cano de alma raiada precisa de maior pressão. Alternativamente, para a mesma pressão, um cano de alma lisa resulta em maior MV.

 

  • ·   A segunda limitação é o tamanho do projétil a ser estabilizado, mais especificamente a razão comprimento: diâmetro (L/d).

 

Projéteis com L/d maior que, aproximadamente, 6, não podem ser estabilizados por raiamento do cano. Voltaremos a estas limitações mais tarde.


Missões e munições

Um canhão de tanque, ou um obuseiro, tem como função atingir o inimigo com grandes projéteis. Mas a aplicação principal de cada um é diferente, o que leva a que diferentes qualidades sejam levadas em consideração.

No caso da artilharia, a ideia é saturar uma área com vários projéteis, geralmente HE (altamente explosivos), causando uma tempestade de fragmentos que vão causar muitas baixas nos soldados inimigos, e também dificultar muito a movimentação de veículos. Entretanto, a artilharia não é precisa o suficiente para ser utilizada contra tanques individuais, especialmente se o tanque estiver perto o bastante para retornar fogo.

Os tanques, inicialmente, eram pouco mais que fogo de apoio móvel de infantaria, e os projéteis HE eram bastante eficientes. Mas com a blitzkrieg alemã, os tanques também passaram a ser armas antitanque. Inicialmente, os tanques utilizavam os mesmos projéteis HE contra outros tanques, com bons resultados. Inclusive, o calibre dos canhões era o mesmo dos obuseiros leves, geralmente entre 20 e 37mm.

Panzer II Ausf C, a variante mais numerosa a serviço da Wehrmacht quando da invasão da Polônia. Seu canhão principal era um 2 cm KwK 30 L/55, e a arma coaxial era uma MG34, ambos com alma raiada

 

Evolução dos projéteis antitanque

Com a evolução das blindagens dos tanques, os canhões e os projéteis também tiveram que evoluir. Novos tipos de projéteis antitanque surgiram.

O HESH (explosivo de cabeça esmagável) foram um dos primeiros tipos especificamente desenhados como antitanque, com os HE relegados a usos gerais, embora ainda tivessem capacidade secundária como antitanque.

Por sua natureza, projéteis HESH são mais eficientes dentro de uma determinada velocidade, que é relativamente baixa. O uso de raiamento é essencial para garantir a precisão, e como projéteis HE e HESH funcionam muito bem com raiamento, os canhões dos tanques mudaram muito pouco, exceto pelo aumento de calibres; o Panzer IV Ausf. F2, por exemplo, usava um canhão de 75mm de cano longo, para enfrentar o temível T-34 russo.

Vista lateral de um Panzer IV Ausf. F2. Observe-se o longo cano do poderoso canhão 7.5 cm KwK 40 L/48 de alma raiada, capaz de abater os T-34 a distâncias relativamente seguras 


Com o tempo, projéteis HEAT (explosivo antitanque) ganharam espaço para combater outros tanques. Embora ogivas HEAT não funcionem bem com raiamento, a invenção do 'slip ring', que reduzia o spin induzido pelo raiamento, permitiu que os tanques seguissem usando canhões de alma raiada. Como as blindagens não paravam de evoluir, só os projéteis HEAT e o aumento de calibres era insuficiente.


Munições AP

Já a partir da Segunda Guerra Mundial, projéteis AP (perfurantes de blindagem) começaram a ganhar importância como projéteis antitanque. Inicialmente, os projéteis AP eram muito parecidos com os projéteis HE, mas com a carga explosiva e o detonador substituídos por aço extremamente duro.

Com o tempo, projéteis AP especializados foram desenvolvidos, com massa ('peso') menor que os HE, permitindo que a MV também fosse maior. Ao mesmo tempo, o material do núcleo perfurante foi substituído por substâncias como WC (carbeto de tungstênio), que são muito mais eficientes contra blindagens, mas também mais caros e difíceis de manusear. Tais projéteis eram do tipo APCR (AP de núcleo endurecido), também conhecido como APCBC (AP com cobertura balística) ou HVAP (AP de alta velocidade). A nomenclatura muda conforme o país e o tempo, mas as particularidades são basicamente as mesmas: um projétil com núcleo de WC mas com ocupando todo o calibre.

Enquanto o HEAT mantém sua eficiência independentemente da distância (pois sua energia provém dos explosivos), os projéteis AP perdiam eficiência com a distância, então era comum que os tanques carregassem os dois tipos de projéteis, em adição aos HE que ainda eram muito importantes no apoio à infantaria.

T-34-85, um dos melhores tanques da Segunda Guerra Mundial. Seu poderoso canhão de 85mm de alma raiada era bastante eficiente contra os tanques alemães, mesmo a distâncias consideráveis, e era bastante adequado para disparar projéteis AP


Em determinado momento, surgiu a ideia de fazer os projéteis AP totalmente em WC, obtendo assim a maior eficiência possível. Mas como o WC é extremamente duro, a vida útil dos canos era consumida em um número muito baixo de disparos.


Como resolver o problema?

'Sabots'

Ainda na época da Idade Média e séculos seguintes, era comum a utilização de sabots (sapatas) para selar o cano ao se disparar projéteis de subcalibre, ou seja, que por si só não preenchiam totalmente a alma do cano.

Os sabots geralmente eram de madeira, e como o uso de rochas como projéteis era muito comum, esta solução era muito comum, e funcionavam muito bem nos canos de alma lisa dos canhões e obuseiros primitivos.

O uso de sabots também era comum nos projéteis múltiplos, em que no mesmo disparo eram lançados vários projéteis de subcalibre, com o objetivo de atingir o máximo de inimigos com um único disparo.

As espingardas estão entre as armas mais antigas, e funcionam de forma parecida com os canhões antigos, daí a alma lisa.

Entretanto, com o surgimento dos projéteis HE com desenho ogival, os canos de alma raiada passaram a ser cada vez mais importantes, e os sabots foram abandonados em favor dos novos projetos.

Algum dos projetistas de munições acabou por se inspirar na história, e a versão moderna dos sabots acabou sendo usada nas munições APDS (AP com sabots descartáveis). Ao mesmo tempo, o calibre dos canhões aumentou ainda mais, chegando aos 90mm no final da Segunda Guerra Mundial e aos 105mm pouco tempo depois. Entretanto, como as blindagens dos tanques não parava de subir, uma nova família de projéteis era necessária.

T-55, que juntamente com seu ‘irmão’ T-54 foi o tanque mais produzido da História (provavelmente acima de 100 mil unidades!!). Seu poderoso canhão D-10T de alma raiada não só é bastante eficiente com munições AP como também pode disparar ATGM (mísseis guiados anti tanque) como o AT-10 Stabber. O cilindro na traseira do T-55 não é para armazenar combustível, mas para gerar fumaça. A doutrina soviética enfatiza bastante o uso de fumaça para cobrir o avanço dos seus blindados 


Alma lisa retorna triunfante

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, os projetistas de tanques da URSS perceberam que seus canhões eram incapazes de penetrar as blindagens dos modernos tanques da OTAN, e ao pesquisar formas de resolver o problema, se depararam com os projéteis pfeil (literalmente 'flecha') alemães que seriam usados nos obuseiros V3, que não chegaram a ser operacionais por chegarem tarde demais na Segunda Guerra Mundial.

Com a evolução das 'flechas' e das blindagens, chegou-se rapidamente ao ponto em que as 'flechas' utilizadas nas munições passassem do ponto em que a L/d = 6, com as 'flechas' modernas tendo L/d = 20, o que significa que não podem ser estabilizados por spin.

A solução foi estabilizar os projéteis por aletas, e quanto os pesquisadores soviéticos conseguiram combinar as 'flechas' de WC com aletas e sabots, surgiram os famosos e mortíferos projéteis APFSDS (AP, estabilizados por aletas, sabots descartáveis).

Concepção artística da 'flecha' se separando dos 'sabots', evento que acontece pouco depois da saída do cano

Logo se percebeu que os canos de alma lisa eram melhores para os projéteis estabilizados por aletas. Assim, gradativamente, os tanques abandonaram os canos de alma raiada em favor dos canos de alma lisa.

A desvantagem é que o uso de aletas em projéteis explosivos diminui sua carga (dado o mesmo peso). Por isso que a artilharia geralmente ainda usa canos de alma raiada - projéteis explosivos são os principais na artilharia.

Já em 1966, o T-64 soviético adotou o poderoso canhão 2A46, de 125mm e alma lisa, que foi o primeiro capaz de utilizar munições APFSDS. Embora as 13 mil unidades do T-64 tenham ficado longe das quantidades de T-54/T-55 por ser muito caro e avançado, seu derivado simplificado, o T-72, foi produzido na impressionante quantidade de 26 mil unidades.

T-64, cujo canhão 2A46 de alma lisa foi o primeiro a disparar munições APFSDS

Os ocidentais seguiram a tendência apenas em 1979, tanto com o M68A1E2 (uma evolução do britânico L7 de 105mm e que acabou usado nos tanques que já adotavam o L7 ou o M68 e nas versões iniciais do Abrams) como com o Rheinmetall L/44, adotado nos Leopard 2 e M1 Abrams de lotes posteriores. Ao longo do tempo, outros blindados ocidentais adotaram o calibre 120mm, que hoje é o padrão OTAN. Os EUA usam DU (urânio exaurido) como material das ‘flechas’, enquanto os demais países seguem com WC). Falaremos disso mais tarde.

O único canhão moderno de 120mm de alma raiada é o L11 britânico (usado no Chieftain e no Challenger 1) e seu derivado L30 (usado no Challenger 2). A doutrina britânica da época do desenvolvimento do canhão (1966, mais ou menos contemporâneo ao T-64) dava grande valor à munição HESH (tanto para uso geral como antitanque). Originalmente, o L11 disparava munições L-15 APDS e L31A7 HESH para uso misto (antitanque e geral). Após o desenvolvimento das munições APFSDS L23 (WC, entrou em serviço em 1985) e as mais moderna L26 (feita de DU) e L27 (também feita de DU, mas só pode ser usada a partir do canhão L30), as munições HESH perderam a função antitanque.


O polêmico DU

Praticamente todos os elementos químicos que ocorrem naturalmente são compostos por uma mistura de isótopos. Retomando um pouco das aulas do Ensino Médio, isótopos são átomos do mesmo elemento que apresentam diferentes números de nêutrons no núcleo. Via de regra, isótopos possuem propriedades químicas e físicas bastante semelhantes e, com a exceção de poucos usos na indústria nuclear, não é necessário separar os isótopos para usar os materiais.

Mas é justamente na indústria nuclear que as propriedades dos isótopos fazem toda a diferença. Um exemplo é o urânio. De modo geral, o urânio presente na natureza é composto de aproximadamente 99,27% urânio-238 (U238), 0,72% urânio-235 (U235) e traços dos demais isótopos. O U235 tem excelentes propriedades para geração de energia nuclear, mas o U238 não.

A separação do U235 é feita através de um processo conhecido como enriquecimento, em que uma fração é EU (urânio enriquecido; o grau de enriquecimento depende do uso, mas esse tópico está fora do escopo do presente artigo) e a outra fração é DU (urânio exaurido), em que a quantidade de U235 é inferior a 0,3%.

O DU tem excelentes propriedades mecânicas tanto para uso em blindagens (algumas versões do Abrams usam DU na blindagem) quanto em munições AP - oferece um aumento de até 30% na performance dos penetradores.

Além do uso em munições APFSDS do M1 Abrams, munições APCR, APDS e APFSDS com penetradores de DU são usadas em várias armas americanas, como o canhão 25mm Bushmaster dos M2 Bradley e o canhão 30mm Avenger dos A-10.

O Reino Unido, aliado tradicional dos EUA, usa o DU nas munições APFSDS L26 e L27 usadas pelos seus MBT, especialmente o Challenger 2.

Entretanto, o DU também é altamente tóxico, tanto por ser um metal pesado como por ser radioativo. Embora a radioatividade do DU seja menor que do urânio natural e muito menor que do EU, ela não é zero, e aumenta ainda mais os perigos advindos do envenenamento por DU. Essa toxicidade tem levado os EUA e o Reino Unido a buscarem alternativas ao DU, principalmente na forma de WC, mas ainda não substituíram a perigosa substância.



Por: Renato Marçal


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sábado, 28 de setembro de 2019

Conexão Itália-Brasil: Conheça a história da Beretta, uma das mais antigas fabricas de armas do mundo

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A fabrica mais antiga e de maior prestigio do mundo, que possui uma história de mais de 300 anos! Estamos falando da consagrada fabrica italiana Beretta. Mas se formos contar a posição de primeiro fabricante de canos, a Beretta já atuava no século XV e comercializava com Veneza. 

A história desse ícone da indústria de defesa, teve início em 1526, quando o mestre armeiro Bartolomeo Beretta da cidade de Gardone Val Trompia foi pago pelo Arsenal de Veneza para que produzisse 185 barris de arcabuz. A empresa inclusive chegou a fornecer armas ao exército de Napoleão durante sua invasão à Itália em 1797.

Ao longo dos anos a Beretta se transformou de um fabrica familiar a um modelo de fabrica capitalista, no sentido moderno do termo, sob a direção de Giuseppe Antonio Beretta. Em seguida, se modificaram os métodos de produção, foram inseridos na fábrica todas as fases de produção, sendo ocupada por um considerável número de operários. Os lucros foram aplicados em investimentos para renovação das maquinas e melhoria da qualidade dos manufaturados. 

No período relacionado a fotografia (ano 1885), cerca de 200 operários produziram anualmente aproximadamente uma media de 7.000 a 8000 fuzis de caça. Além de pistolas e canos para armas de caça que a eram finalizados e imediatamente distribuídos aos armeiros externos, totalizando um capital de giro de 350.000 liras. A dimensão da fábrica também aumentou em 1880 em uma extensa superfície de 1000 m². A crise dos século XVIII, provocou uma grande queda a nível ocupacional e produtivo que esfacelou os setores e gerou uma onda de desemprego, mas não representou um risco para sólida fábrica gardonese. 

Beretta M1915, uma verdadeira inovação italiana
Superadas as dificuldades , Giuseppe Antonio veio a falecer, deixando o comando da empresa ao seu filho Pietro em 1903, naquele momento a empresa estava financeiramente estável, produtiva e possuía uma linha de produção extremamente diversificada. Sob a administração de Pietro Beretta, a fábrica de arma alcançou um notável desenvolvimento, principalmente com lançamento da pistola semi-automática M1915, que se tornou um grande sucesso, equipando as forças armadas italianas. Sendo assim o estabelecimento passou dos 1000 m² em 1903 para 35.650 m² em 1957.

No dia 1 de maio de 1957 a Beretta perde seu genial administrador, Pietro Beretta, mas seguindo a tradição familiar da Beretta, os irmãos Giuseppe e Carlo Beretta assumiram a gestão da histórica fábrica de armas italiana, dando continuidade ao projeto de fortalecimento e empreendedorismo, os irmãos Beretta investiram em novos mercados, tornando a fábrica uma multinacional, firmando uma posição no mercado exterior, em particular nos EUA no setor de defesa, obtendo importantes contratos para fornecer a pistola padrão das forças armadas norte-americanas.

Ugo Gussalli Beretta sentado ao centro
Hoje a Beretta continua sob comando da família Beretta, ocupando a presidência Ugo Gussalli Beretta, tomando parte na gestão seus filhos Pietro e Franco Beretta, entre outros nomes que participam do conselho administrativo. A Beretta continua consolidada, com o grande patrimônio familiar deixado pelos antecessores da família, garantido pela elevada e especifica tecnologia na mecânica de precisão. A fabrica de Armas Beretta é atualmente detentora de mais de 180 patentes/licenças, com um total de mais de 400 projetos e patentes registrados ao longo da historia. 

Toda a parte de pesquisa, desenvolvimento, métodos de processamento, tecnologias de produção e controle de qualidade, são gerenciados internamente pela empresa e estão na vanguarda, não apenas no que diz respeito ao setor de armas, mas também no que se refere ao panorama industrial mundial. A Beretta mantém parcerias com universidades, empresas internacionais nos setores aeroespacial, automotivo, naval, têxtil e de nanotecnologia. 

A fábrica hoje se mantém localizada numa ampla área verde, na cidade histórica de Gardone Val Trompia, onde é possível visitar a fascinante Vila Beretta e o Museu das Armas.






Por Sandra Bandeira Nolli - Jornalista, pedagoga, mediadora cultural, colunista no jornal italiano "Val Trompia di Brescia" assessora de imprensa, colaboradora e correspondente do GBN Defense News na Itália, onde desenvolve um trabalho cultural de grande relevância no Projeto Conexão Itália-Brasil.







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sábado, 7 de setembro de 2019

Qual a diferença entre os calibres 5,56x45 OTAN e o .223Rem?

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Há nos debates de defesa e sobre armamentos, um grande equívoco quando se fala sobre dois calibres especificamente, onde muitos insistem em dizer que os calibres 5,56x45mm OTAN e o .223 Remington são iguais. Tal afirmativa é comum no meio de pessoas que jamais tiveram em suas mãos armas destes calibres, e que tão pouco tiveram a oportunidade de disparar ou mesmo estudar um pouco sobre as características balísticas destes calibres. Preocupado com este grande equívoco que repetidamente vejo nos grupos de discussão dos quais participo, resolvi desmistificar tal fato, com isso derrubando alguns mitos e apresentando algumas verdades ocultas por trás destes dois calibres distintos.
Alguns insistem em afirmar que ambos são capazes de ser empregados nos mesmos armamentos, será isso verdade realmente? Ou será esse o motivo de vários vídeos apresentando falhas de operação com fuzis modernos como os IA2 da IMBEL?
Pessoal um fato que nós aqui do GBN Defense News gostamos de destacar, é que conhecimento é o ponto focal, assim buscamos trazer um material de qualidade ímpar, através e uma série de pesquisas e conversas com vários especialistas, especialmente de indústrias que produzem tais sistemas e materiais de defesa, bem como seus operadores, como resultado temos um conteúdo claro e embasado, transmitindo ao nosso público o conhecimento técnico e doutrinário de maneira simples e de fácil compreensão. Seguindo essa linha de trabalho vamos a seguir desvendar alguns mitos sobre os calibres 5,56x45mm OTAN e .223 Rem
O primeiro ponto que devo destacar, é que de forma ou maneira alguma, você deverá municiar um fuzil ou rifle com munição diferente daquela especificada, especialmente quando se tratar de um fuzil de assalto 5,56x45mm, tal ato pode levar a algumas situações perigosas ao empregar estes armamentos. Agora deve estar se perguntando: Porque não, se são “idênticos”?
Apesar de terem uma aparência “idêntica” se comparando levianamente os dois cartuchos com um simples olhar, existem sim diferenças que tornam estes calibres muito diferentes, com isso os tornando impossíveis de ser intercambiáveis entre suas armas.
As munições 5,56x45mm e .223Rem de acordo, respectivamente, com as especificações das normas militares (US MIL ou NATO) e civil (SAAMI), possuem estojos exatamente com as mesmas dimensões externas, já a espoleta iniciadora destas munições, apresentam diferentes espessuras. Assim, de acordo com as especificações de sensibilidade de espoleta de referidas normas, para o calibre .223Rem é comumente utilizada espoleta 5½, enquanto que para munições calibre 5,56x45mm se utiliza espoletas 7½.
Outra grande diferença entre os dois calibres elencados é a pressão proporcionada, geralmente medida em P.S.I, a qual é determinada por vários fatores, os quais nos limitaremos a citar o tipo de carga propelente. Fugindo um pouco dos termos e dados técnicos, tendo em vista no objetivo de informar da maneira mais clara possível, tal diferença entre ambos é claramente exposta pelo fato do pico máximo de pressão do 5,56x45mm atingir 60,000 P.S.I, sendo este um calibre de emprego militar, enquanto o .223 Rem atinge um pico máximo de 55,000 P.S.I. Essa é uma das diferenças e a qual apresento aqui a grosso modo.

Outra diferença que temos de elencar aqui neste artigo, é o espaço entre o início do raiamento no cano e o fim da câmara, conhecido como “Leade”. Esta característica no raiamento dos armamentos que empregam o 5,56x45mm é de 0,162″, enquanto nas armas que empregam o .223 Rem é de apenas 0,085, metade do encontrado nos armamentos que “calçam” 5,56x45mm OTAN, somando a essa diferença, temos ainda o ângulo do “Leade”. Essas informações levantam a questão: O que isso altera de significativo? Sendo diretos, essa diferença no “leade” e no seu ângulo, representa um aumento, tanto da pressão em geral no armamento, quanto os picos de pressão. Sendo este um dos fatores que levam, por exemplo, aos casos de “falha” do armamento.

Continuando nesse ponto, o que acontece se empregarmos munição 5,56x45mm OTAN em armamento .223 Rem?  Vale lembrar que o projétil .223 Rem tem contato quase que completo com o raiamento do cano, e os mesmos possuem "leade" curto e angulação diferente do projetado para o 5,56x45mm OTAN, criando uma situação perigosa ao se realizar disparos com munições 5,56x45mm OTAN. Como resultado o armamento pode literalmente “explodir” (desmontar) nas mãos do operador devido ao grande aumento da pressão interna gerada pelo emprego da munição errada, um grande risco ao operador. Quão perigoso e sério é disparar munições 5,56x45mm OTAN em armas .223 Rem? Perigoso o suficiente para que a SAAMI (Sporting Arms and Ammunition Manufacturers’ Institute), na seção de “Combinação de Armas e Munições não seguras” do livro “SAAMI Technical Correspondent’s Handbook“.

Agora, o que acontece ao disparar munições .223 Remington em um armamento 5,56x45mm OTAN? Vamos mais uma vez lembrar que o "leade" como já explicamos anteriormente, é uma característica importante do armamento, e no caso do 5,56x45mm OTAN o “leade” é longo, não é tão perigoso, o que pode vir a acontecer ao empregar a munição .223 Rem, dado que o mesmo sofrerá a perda de velocidade e de precisão nos disparos, mas como nos vídeos do IA2 que circulam as redes sociais, que durante testes empregaram erroneamente o .223 Rem ao invés do 5,56x45mm previsto, assistimos a “telha” saltando, ou seja, o problema não é o fuzil, mas sim a utilização de munição inapropriada, a qual não possui a mesma pressão e características.

Mas há armamentos que podem empregar determinadas munições .223 sendo eles originalmente 5,56x45mm OTAN. Agora com certeza vão perguntar, mas não disse acima que não se pode intercambiar as munições? Sim eu disse, mas há determinadas munições especiais no calibre .223 que podem ser empregados em determinados armamentos 5,56x45mm OTAN, nesse caso posso citar  o Fuzil de Assalto T-4 produzido pela brasileira Taurus. O qual permite o emprego de munição especial .223 da CBC específico para esse tipo de armamento, deixando claro que o armamento não pode disparar qualquer munição .223 Rem comum, apenas o .223 Rem CBC, a qual desde 2013, produz todos os tipos de munições no calibre .223Rem para comercialização no mercado brasileiro, carregadas utilizando espoleta 7½ padrão militar, ou seja, a mesma espoleta utilizada no carregamento das munições calibre 5,56x45mm. Apesar destas características, o mesmo não é recomendado para emprego nos fuzis IA2 da IMBEL.



Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança

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sábado, 11 de maio de 2019

Novo Decreto sobre armas é plenamente constitucional

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Diante da polêmica levantada diante do Decreto que modifica as regulamentações sobre o porte de armas e a alteração na determinação de armas restritas no Brasil, o GBN News resolveu tirar algumas dúvidas que surgiram diante de tantas informações desencontradas e a já conhecida industria de fake news que tenta de forma vil manipular nossa sociedade. 

Assim buscamos duas pessoas nas quais temos credibilidade para comentar a questão. A primeira delas é um grande amigo nosso, praticante de tiro desportivo e CAC, membro de um renomado clube de tiro fluminense, o qual procuramos e nos escreveu um breve comentário sobre o decreto. O segundo nome, trata-se do Advogado criminalista e Professor de Direito Penal na pós-graduação lato sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Felipe Drumond Coutinho de Souza, que nos autorizou reproduzir sua analise sobre o assunto.

Nas últimas horas muito está se falando sobre o novo decreto da "facilitação" do porte de armas. Na verdade esse decreto deu ao cidadão de bem o direito de defesa que antes era negado pela PF.

A grande mídia faz entender que o presidente Bolsonaro reinventou a roda e por falta de conhecimento ou alguma outra justificativa passam essa inverdade. Estamos vivendo uma epidemia de violência causada pela falência dos valores morais da sociedade e dos governos anteriores.

O R 105 foi um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas que discricionou os calibres das armas onde vigorou até o dia 8 de maio desse ano, o R 105 foi feito sem parâmetros nenhum que justificasse o porquê de calibres permitidos e restritos.

Em 2003 tivemos um plebiscito onde a maioria disse sim para compra de armas e munições, porém o desgoverno optou por lei 10 826/03, a qual não negava propriamente dito o acesso a armas, mas ficava a cargo da PF conceder ou não e na sua grande maioria era indeferido.

No início desse ano tivemos um avanço a favor da compra de armas para posse. Muitas categorias que necessitam de porte para defesa pessoal tais como: oficiais de justiça, advogados, vigilantes , caminhoneiros, CAcs, etc... Os quais lidam ou são alvos desse mal, a violência epidemiológica que afeta quase toda sociedade,( ficando de fora quem pode pagar um SPP ou usa agente públicos para o mesmo ), ficaram sem o devido direito de defesa da sua vida e dos seus.

Vale ressaltar que a "facilitação" é um não a proibição incondicional e mesmo assim ainda temos vários requisitos para serem preenchidos entre eles:

- um laudo psicológico;
- um laudo que comprove que está apto ao uso da arma;
- sem antecedência criminal
- residência fixa dentre outras exigências

Que fique bem claro que o cidadão de bem que busca uma arma é para ter no mínimo chances de se defender, pois a epidemia da violência está palpável e assustadora e o governo vem combatendo e não alcançando êxito e para piorar tira o seu maior aliado que muitas das vezes não faz uma denúncia por conta de sofrer represálias .

Como bom cristão que sou sigo o conselho do bom mestre .

Lucas 22:36 diz: "...e,se não tem espada , vedam a sua capa e comprem uma ". Segundo nosso primeiro analista ouvido, Junior Fiuza.




Novo Decreto sobre armas é plenamente constitucional, instrumentaliza a legitima defesa e não beneficia a caça.

No dia 08 de maio de 2019 entrou em vigor o Decreto nº 9.785/2019, que regulamenta a Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ao dispor sobre aquisição, registro, posse, porte, comercialização e importação de armas de fogo e munições. Apesar de recente, o ato normativo já tem sido objeto de fortes críticas daqueles que o consideram inconstitucional por, supostamente, ter exorbitado a sua função regulamentadora nas inovações trazidas, que alteraram significativamente a normatização sobre armas no Brasil. Isso, no entanto, não significa que qualquer inconstitucionalidade tenha sido praticada.

Com o decreto, o regramento geral de armas no país sofreu significativo avanço, deixando para trás amarras burocráticas absolutamente desnecessárias, pois em nada tornavam a sociedade mais segura e protegida de armas nas mãos de pessoas com intenção criminosa. Dentre as mudanças mais criticadas estão a modificação de calibres permitidos e restritos, de modo que revólveres até o calibre .44 magnum e pistolas de todos os calibres conhecidos (9mm Luger, .40SW, .45ACP e etc) passaram a ser considerados permitidos, a alteração do número máximo de munições que podem ser adquiridas por ano, tendo sido fixado o limite de cinco mil para armas de calibre permitido e mil para armas de calibre restrito e a definição de critérios objetivos para a obtenção do porte de armas.

Apesar das críticas, as mudanças são absolutamente constitucionais e regulares. A Lei jamais estabeleceu a definição dos calibres restritos ou permitidos, nem, tampouco, qualquer limite quantitativo de munições que podem ser anualmente adquiridas, tendo delegado essa função à regulamentação por Decreto, sendo certo que não há qualquer restrição a esse ato do presidente da República no que se relaciona a tais alterações.

No que diz respeito à obtenção de porte de arma, também não há qualquer irregularidade. A Lei determina que, para a sua concessão, é necessário, além dos requisitos exigidos para a aquisição de arma, a comprovação de efetiva necessidade, sem estabelecer qualquer critério objetivo. Diante disso, o decreto apenas enumera algumas profissões e atividades cujo exercício passou a ser considerado como suficiente à presunção da existência da efetiva necessidade para a concessão do porte. Decretos presidenciais têm função de regulamentar dispositivos legais, especialmente os de redação abstrata e genérica, de modo a fixar regras mais precisas para a aplicação da Lei. Foi exatamente o que fora implementado para tornar o processo menos subjetivo, desigual e dependente das preferências pessoais de cada autoridade.

Por fim, importante salientar que o decreto não viabiliza, sob nenhum aspecto, a caça. 

Há apenas a previsão de que caçadores já registrados têm presumida a necessidade para o porte de arma curta exclusiva para defesa pessoal, sem autorização para abate de animais.

Apesar de ser devido o respeito a quem se opõe às escolhas políticas do decreto, isso não pode tornar inconstitucionais atos perfeitamente lícitos em prol da legítima defesa.


Por:  Felipe Drumond Coutinho de Souza - Advogado criminalista e Professor de Direito Penal na pós-graduação lato sensu da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).


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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O protótipo russo dos tanques de guerra

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O protótipo russo dos tanques de guerraO dia 15 de setembro de 1916 ficou assinalado na história como o primeiro dia em que se usou um tanque de guerra em uma batalha. Muita gente terá, seguramente, curiosidade em saber como eram esses primeiros tanques e por quem eles foram criados. O primeiro tanque da história, ou melhor, o seu protótipo, foi criado por Aleksandr Aleksandrovitch Porokhovschikov (1893 - 1942).
 
A blindagem criada por Porokhovschikov para a viatura estava à frente de seu tempo. Convém notar que os tanques com blindagem de camadas múltiplas apareceram apenas na segunda metade do século passado.
 
Desde criança, Porokhovschikov demonstrou interesse pelas invenções e poucas pessoas sabem que, além da sua mais conhecida criação, ele foi o autor de várias invenções ligadas à aviação, sendo que um dos modelos do seu monoplano apresentado em 1909 mereceu elogios por parte de N.E. Jukóvski. Além disso, em 1914, ele inventou, construiu e testou uma aeronave de fuselagem dupla –o avião de reconhecimento Bi-Kok; em 1917, construiu o avião F-4 de dois lugares e no período entre 1920 e 1923 criou o P-4 bis, o P-4 2 bis, o P-5 e o P-5 bis, todos eles posteriormente fabricados em série. Muitos dos ases da aviação soviética, heróis da 2a Guerra Mundial, fizeram a sua instrução precisamente nestes aviões.
 
O tanque
 
Em agosto de 1914, Porokhovschikov apresenta o projeto de sua nova invenção à Comissão Especial na sede do Quartel-General do Comando Supremo e, logo em janeiro do ano seguinte, fornece os esquemas detalhados da máquina. No dia 15 de janeiro, recebe permissão para construir um protótipo. São colocados à sua disposição os meios e equipamento necessários, 25 artesãos do exército e mais de 20 operários qualificados. No dia 1º de fevereiro ele inicia o fabrico do protótipo. O encarregado de monitorar o progresso dos trabalhos foi o coronel e engenheiro militar Poklévskii-Kozello.
 
Tal como concebido pelo inventor, o design do tanque era muito incomum. O corpo da máquina era aerodinâmico e estava planejado para ser hermético, de modo a permitir se deslocar dentro da água, com um nicho frontal para a entrada do ar. Era composto de duas camadas de aço, uma das quais estava cimentada, e a junta entre elas tinha enchimento de prensado de ervas marinhas. Deste modo, a blindagem criada por Porokhovschikov para a viatura também estava à frente de seu tempo. Convém notar que os tanques com blindagem de camadas múltiplas apareceram apenas na segunda metade do século passado.
 
Disparando a uma distância de 50 metros, este carro de combate mantinha a precisão do alvo como se estivesse disparando de um fuzil ou metralhadora.
 
O seu corpo inteiramente soldado se apoiava em um rotor de uma única lagarta que se mantinha esticada com a ajuda de quatro cilindros.

A tração era dada pelo cilindro traseiro, o qual, por sua vez, era impulsionado através do eixo cardã e da caixa de transmissão por um potente motor de 10 cavalos. O peso do carro de combate era de quatro toneladas. Para evitar desvios da lagarta foram feitos sulcos nos tambores. No entanto, o problema do deslizamento longitudinal acabou por não ficar completamente resolvido. A rotação da máquina era feita por meio de duas rodas colocadas nas laterais da viatura.
 
Em terreno sólido o carro se deslocava com o tambor traseiro e com as rodas laterais e em terreno irregular deveria assentar por completo na larga banda da lagarta. Para virar em terreno irregular, as rodas de rotação, segundo a ideia do inventor, deveriam funcionar como os lemes existentes nas asas de aviões, mas, na prática, elas só atrapalhavam o movimento, já que em terra, as leis do deslocamento dos objetos no ar, que Porokhovschikov tão bem conhecia, não funcionavam. Por isso, a tentativa de mudar de direção em terreno irregular foi um verdadeiro fracasso.
 
No dia 18 de maio, o tanque foi levado para fora dos portões da oficina para ser testado em terra firme. Durante os testes, a máquina mostrou boa velocidade para a época, com a rotação das lagartas a 25 quilômetros por hora, sendo que a transição para a circulação com as rodas acabou não sendo feita. Naquela altura a torre giratória ainda não tinha sido instalada, mas, pelo projeto do criador, o carro deveria vir equipado com uma metralhadora Maxim de 7,62 mm. A demonstração oficial foi marcada para o dia 20 de julho e ocorreu no pátio do regimento, local onde a viatura já mostrou uma velocidade maior, mas, infelizmente, este foi o único ponto positivo do dia. O carro de combate não correspondeu às expectativas de Porokhovschikov e foi enviado de volta para aperfeiçoamento e trabalhos complementares, que, não obstante, não conseguiram corrigir todas as deficiências identificadas. Os últimos testes foram realizados no dia 26 de dezembro de 1916.
 
As desvantagens e deficiências do protótipo apresentado não eram o único problema. A principal desvantagem era o mecanismo de rotação e a sua má funcionalidade, que obrigava o condutor a ter que virar o carro manualmente com a ajuda de uma barra. A construção do chassi foi considerada insatisfatória e suas particularidades de construção não permitiram tornar o carro hermético. O Gabinete de Guerra obrigou Porokhovchikov a devolver o dinheiro disponibilizado para a concretização do projeto. Quanto ao protótipo, ordenou que o enviasse para Direção Geral de Engenharia Militar.
 
Mesmo não tendo obtido o resultado pretendido, foi ele que lançou as bases da indústria de construção de tanques russos e soviéticos, do mesmo modo que Pedro, o Grande, lançou as bases para a criação da poderosa frota russa.
 
Fonte: Gazeta Russa
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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Forças Armadas recebem segunda brigada de sistemas de mísseis Iskander

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A cada ano, duas brigadas de sistemas Iskander-M, composta cada uma por 12 lançadores autopropulsados e uma frota de veículos de apoio, devem ser entregues ao Exército.  
 
As Forças Armadas russas receberam a segunda brigada de sistemas de mísseis táticos Iskander-M, que será estacionada na região de Krasnodar, no sul do país. A primeira brigada entregue às Forças Armadas no último verão foi instalada em Birobidjan, no Extremo Oriente. Embora os detalhes não tenham sido divulgados, sabe-se que o programa federal de armamentos até 2020 prevê a criação de 10 brigadas de sistemas Iskander-M. A cada ano, duas brigadas destes sistemas, composta cada uma por 12 lançadores autopropulsados e uma frota de veículos de apoio, devem ser entregues ao Exército.
 
Os Comandos Militares do Centro e do Oeste contam com batalhões especiais de Iskander-M, mas as brigadas de Iskander-M só estão, por enquanto, em serviço nos Comandos Militares do Sul e do Leste.
 
Além da Rússia, nenhum país do mundo possui o Iskander-M, concebido para ser entregue a um país do Oriente Médio, possivelmente à Síria. Seu apelido, Iskander, significa Alexandre Magno em árabe. O sistema, no entanto, não chegou a ser entregue a seu destinatário devido à retomada das relações diplomáticas entre a Rússia e Israel no início dos anos 1990 e ao pedido do governo israelense para não entregá-lo ao Oriente Médio.
 
Mesmo assim, a versão de exportação do Iskander-M existe, a Iskander-E. Seus mísseis têm alcance máximo de 300 km. Conforme as normas fixadas por acordos internacionais, os mísseis destinados à exportação não podem ter um alcance superior a 300 km. Além do Iskander-E, a Rússia possui os sistemas Iskander-M e Iskander-K.
 
O Iskander-M leva mísseis balísticos com um alcance máximo de 500 km. Um alcance maior é proibido pelo Tratado INF (Tratado de Eliminação dos Mísseis de Médio e Curto Alcance entre a Rússia e os EUA). O Iskander-K conta com dois mísseis de cruzeiro supersônicos, que são extremamente difíceis de detectar por sistemas de defesa antiaérea e antimíssil.
 
Todavia, a principal vantagem dos mísseis Iskander é que eles voam em uma trajetória irregular e imprevisível. O míssil lançado pelo Iskander-M segue uma trajetória de míssil balístico depois voa como míssil de cruzeiro e, em seguida, retoma a trajetória balística para se aproximar do alvo a uma velocidade supersônica. O mesmo acontece com os mísseis de cruzeiro. Os mísseis dos sistemas Iskander podem ser equipados com ogivas explosivas, de fragmentação e nucleares.
 
As ogivas nucleares são armazenadas nos depósitos do Ministério da Defesa. Mas se a proposta da Rússia de retirar todas as armas nucleares para os territórios nacionais dos países detentores endereçada sobretudo aos EUA, que mantêm na Europa cerca de duzentas bombas atômicas B61, não for aceita, não podemos descartar que as ogivas nucleares passem a ser armazenadas perto dos locais de estacionamento dos Iskander.
 
Um aspecto deve ser assinalado. As brigadas de sistemas Iskander não possuem equipamento de reconhecimento. Sua função é cumprir missões de combate fixadas pelo comando de um exército ou de um Comando Militar de área. Portanto, recebem as coordenadas de alvos dos comandantes superiores, que, por sua vez, recebem informações de satélites, aviões de reconhecimento aéreo, aeronaves não tripuladas e outras fontes. Nesse nível, é elaborado um termo de informação e compatibilidade tecnológica único, que inclui uma nomenclatura, formato e o algoritmo uniformes de recepção e transmissão de informações para os sistemas de combate de todos os ramos das Forças Armadas do país.
 
Segundo o comandante das tropas de mísseis e de artilharia do Exército, general Mikhail Matvéevski, suas unidades utilizam não só os meios de reconhecimento tradicionais, mas também aeronaves não tripuladas, que permitem identificar alvos inimigos em tempo real.
 
Fonte: Gazeta Russa
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Índia testa com sucesso BrahMos

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O exército indiano na última segunda-feira (18) testou com sucesso uma versão avançada do míssil de cruzeiro supersônico BrahMos , que destruiu um alvo fortificado com alta precisão, informou o jornal The Hindu .
O míssil , projetado em conjunto entre a Rússia e Índia , foi disparado de um lançador móvel no campo de tiro Pokhran , no noroeste da Índia.
" O BrahMos Block III com capacidade de penetração profunda é equipado com um novo sistema de orientação, o lançamento pelo exército validou com sucesso a capacidade de penetração profunda do sistema de míssil de cruzeiro supersônico contra alvos fortificados " citaram funcionários da joint venture russo indiana BrahMos Aerospace Ltd.
O míssil BrahMos tem um alcance de 290 quilômetros (180 milhas) e pode transportar uma ogiva convencional de até 300 kg (660 libras ). Ele efetivamente pode atingir alvos a uma altitude tão baixa quanto 10 metros (30 pés ) e tem uma velocidade máxima de Mach 2,8 , o que é cerca de três vezes mais rápido do que os mísseis de cruzeiro ​​subsônico americanos Tomahawk .

As versões lançadas por mar e terra foram testadas e postas em serviço com o exército e a marinha indianos com sucesso.
Se espera que os testes de voo da versão aérea comece em um futuro próximo. A Força Aérea da Índia está planejando armar 40 caças Su- 30MKI Flanker com mísseis BrahMos .
Rússia e a Índia também concordaram em desenvolver um míssil supersônico BrahMos 2 capaz de voar a uma velocidade de Mach 5 e Mach 7.
 
Fonte: GBN com agências de notícias
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domingo, 13 de outubro de 2013

China está criando armas antissatélite

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Os EUA acreditam que três satélites chineses, lançados no verão e que desde agosto vêm realizando estranhas manobras em órbita, fazem parte do programa de desenvolvimento de armas antissatélite, relatou a publicação online Washington Free Beacon. Os três satélites – SY-7, CX-3 e SJ-15 – efetuaram manobras de aproximação, e um deles, dotado de manipulador, capturou com a mão mecânica um outro satélite.
As autoridades chinesas anunciaram oficialmente que os satélites SY-7, CX-3 e SJ-15 iriam cumprir missões de pesquisa científica relacionadas com a manutenção de engenhos espaciais. Os testes da mão do manipulador responde plenamente a tal objetivo. Uma ferramenta similar havia, em particular, a bordo das espaçonaves americanas Space Shuttle.
Contudo, a tecnologia de aproximação em si pode ter aplicação militar. A União Soviética desenvolvia outrora satélites interceptadores destinados a se aproximarem de aparelhos espaciais do opositor para os explodir. Para além dos sistemas antissatélite já bem experimentados, que usam mísseis DF-21 e, possivelmente, DF-31 lançados a partir de bases em terra, a República Popular da China pode dispor também de satélites-assassinos ao jeito dos soviéticos. Colocados em órbita num período de crescente tensão bélica, tais satélites podem permanecer ali durante tempo prolongado esperando a ordem de ativação.
No entanto, o fato de aniquilação do satélite por uso de armas antissatélite pode ser provado com facilidade e, do ponto de vista jurídico, é um ato de guerra. A China, talvez, está procurando formas mais flexíveis para reduzir a eficiência dos satélites inimigos através de desarranjar seu funcionamento sem os destruir. As tecnologias que permitem capturar os satélites inimigos mediante o manipulador, alterar sua orientação ou estragar algumas partes, assim como as de geração de interferências podem ser muito mais convenientes. Em certos casos, o opositor inclusive não será capaz de detectar que seu satélite sofreu uma intromissão.
A China vê as armas antissatélite como uma das alternativas para contra-arrestar a supremacia tecnológica americana. A doutrina militar chinesa prevê a implementação simultânea de métodos de guerra radioeletrônica, ataques aos sistemas de comunicação, reconhecimento e comando, bem como realização de ataques nas redes informáticas. Nesse contexto, uma especial atenção aos métodos de supressão radioeletrônica dos satélites do adversário é natural e inevitável. Como resultado, a China já no presente momento tem um programa de criação de armas antissatélite mais sofisticado do mundo.
Fonte: Voz da Rússia
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Italiana Beretta negocia Joint Venture com a russa Kalashnikov

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A Kalashnikov da Rússia está em negociações com Beretta da Itália sobre o estabelecimento de joint ventures na Rússia, segundo informou um alto funcionário do governo nesta quinta-feira (10).
A Beretta , que também é dona das marcas Benelli e Tikka, está em negociações com a Kalashnikov sobre a criação de uma joint venture para a fabricação de armas de caça e desportos , disse o vice-premiê Dmitry Rogozin , que supervisiona a indústria de defesa.
Se as negociações derem frutos, poderia conduzir a uma cooperação de armas leves para aplicações militares em um próximo passo , disse Rogozin durante uma feira internacional de armas de caça que ocorre em Moscou.
"Se tudo correr bem ... devemos esperar que a co-produção de armas táticas , ou seja, armas de combate ", disse ele .
A Rússia também está " interessada em tecnologia óptica, incluindo óptica simples, sistemas de visão noturna e sistemas de TV , para usos civis e também para as forças de defesa", disse ele.
A Rússia recebe os fabricantes de armas estrangeiras com grande interesse, especialmente se estas levarem à cooperação com os fabricantes locais e expandir o mercado, Rogozin disse .
Várias empresas de armas russas, incluindo a Izhmash , fabricante do lendário fuzil de assalto Kalashnikov, e Izhmekh, foram integrados numa nova holding renomeada Kalashnikov Corporation, em meados de agosto.
O governo disse que o objetivo da fusão foi a criação de uma corporação voltada a produção de armas, exercendo uma posição de liderança nos moldes do que foi criado no setor aeroespacial militar russo.
Ambas empresas Izhmash e Izhmekh recentemente enfrentaram dificuldades financeiras e uma queda acentuada na produção , embora a Izhmash tenha relatado fortes vendas de suas armas esportivos na Europa e nos Estados Unidos no ano passado.
 
Fonte: GBN com Ria Novosti
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Tecnologia como artigo de exportação

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Know-how militar e espacial russo enviado ao exterior ajuda países a fabricarem as suas próprias soluções.  
 
Recentemente, os motores de fabricação russa RD-180 para foguetes de porte médio foram motivo de uma ampla investigação da agência antimonopólio dos EUA. A suspeita é de que os fundadores da United Launch Alliance (ULA) teriam limitado o acesso dos concorrentes a componentes vitais do contratante RD Amross – uma joint-venture da russa Energomach com a empresa americana Pratt & Whitney Rocketdyne. Enquanto a primeira produz os motores RD-180, a segunda fornece-os à ULA para os seus foguetes Atlas.
 
A disputa entre empresas aeroespaciais dos EUA pelo acesso à tecnologia espacial russa indica o potencial de exportação do conhecimento científico da Rússia. “A ciência e indústria russas estão vivendo em um sistema global único”, diz o professor da Academia de Ciências Militares, Vadim Koziulin. “Por isso é bobagem inventar a roda quando é mais fácil comprá-la já feita, copiar e, com base nela, criar algo novo. A mesma China, depois de comprar a nossa tecnologia de produção dos caças Su-27, avançou sua indústria de aviação em 25 anos. Atualmente, Pequim já possui caças da 5ª geração.”
 
Há exemplos de adoção da tecnologia russa também na indústria da aviação. Já faz 15 anos que Moscou e Kiev não conseguem decidir o destino do projeto conjunto da aeronave de transporte militar An-70. O seu aspecto singular está nos motores turbo propfan D- 27 com hélices coaxiais. Graças a elas, a aeronave pode decolar e pousar em pistas curtas. Essa tecnologia russo-ucraniana, que acabou não sendo concretizada como os planos, foi, no final dos anos 1980, a base do programa europeu do avião de transporte do futuro, o FLA , que mais tarde se transformou no avião A-400M, absolutamente idêntico ao An-70.
 
Uma história semelhante tem o novo avião militar de treino M-346 Master, da empresa Alenia Aeromacchi. Os italianos receberam a sua documentação no início dos anos 1990 como pagamento da dívida da empresa aeroespacial russa KB Yakovlev. Agora existem no mundo duas máquinas iguais: o avião de treinamento russo Yak-130 e seu clone completamente europeu M-346 Master.
 
À frente dos EUA
 
A França também se interessou pela tecnologia de mísseis da Rússia. Os franceses foram uns dos primeiros a encomendarem à russa KB Fakel o sistema de lançamento vertical para o seu complexo marítimo antimíssil Crotale Naval. O know-how russo está no fato de o sistema de mísseis S-300/400, na base do qual assenta o sistema francês, ser lançado para cima, a partir de um contêiner colocado verticalmente, e só quando está no ar é que o míssil é então sintonizado via rádio para rumar na direcção do alvo.
 
Esses fatores reduzem drasticamente o tempo de resposta a uma eventual ameaça – quase seis vezes, se compararmos com os seus homólogos ocidentais, que precisam primeiro direcionar o canhão de lançamento para o lado do alvo. Além disso, com a tecnologia russa se eliminam completamente as chamadas “áreas mortas” da defesa, através das quais podem passar os mísseis inimigos.
 
Nem o sistema de mísseis norte-americano PAC-3 Patriot nem a promissora instalação do sistema de defesa antimíssil THAAD possuem essas capacidades. Os EUA estão criando apenas agora, em parceria com a Itália e a Alemanha, um míssil de alta-tecnologia de médio alcance semelhante ao russo, batizado de MEADS (Medium Extended Air Defense Missile Systems). Em compensação, a Coreia do Sul apelou diretamente à Rússia e já criou o seu próprio sistema de mísseis antiaéreo Cheongung M- SAM com sistema de lançamento vertical.
 
Fonte: Gazeta Russa
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