O AMX é uma
aeronave de ataque ao solo que foi produzida pelo consórcio internacional AMX
International, uma joint venture formada no início dos anos 1980 entre as empresas aeronáuticas italianas
Alenia (46,5%) e Aermacchi (23,8%), juntamente com a empresa aeronáutica
brasileira Embraer (29,7%). Cerca de 200 unidades foram construídas e parte
delas ainda equipam tanto a Força Aérea Italiana (Aeronautica Militare Italiana
– AMI) quanto a Força Aérea Brasileira (FAB), desde o final da década de 1980,
com a expectativa de serem desativadas no início da década de 2020 (caso da
Itália) ou no início da década de 2030 (caso do Brasil).
Enquanto
que a versão brasileira (também chamada de A-1 “Centauro” – nome pouco usado) participou
de diversos exercícios e operações simuladas de combate, como a “Red Flag”, nos
Estados Unidos, e a CRUZEX, no Brasil, por exemplo, a versão italiana (chamada
de A-11 “Ghibli” – nome de um forte vento existente na África do Norte) – que
possui diferenças em relação à versão brasileira em armamentos e sensores – já
participou de algumas operações reais, com resultados bastante expressivos, demonstrando
a capacidade operacional dessa aeronave, que às vezes é subestimada pelos céticos
e desinformados, mais pelo fato dela não ter a capacidade de atingir
velocidades supersônicas.
O
primeiro esquadrão operacional da AMI, o 103° Gruppo do 51° Stormo, foi formado
em novembro de 1989. Em fevereiro de 1992 tanto os AMX italianos e brasileiros
foram “groudeados” (aterrados ou mantidos em solo), após o acidente de um AMX
italiano devido a falha do motor, o turbofan Rolls Royce Spey 807 (provavelmente
um estol do compressor). As operações foram autorizadas a reiniciar em maio
daquele ano, após a inspeção e as devidas modificações dos motores.
A Itália enviou
seis AMX do 103° Gruppo para cumprirem operações na Bósnia em 1995, como parte
da “Operação Deny Flight”, seguida por um deslocamento semelhante em apoio às
forças de manutenção de paz da IFOR na Bósnia. Esse deslocamento foi
interrompido por outro aterramento, novamente devido a outro acidente devido a falha
do motor, entre janeiro e março de 1996, após o qual as aeronaves cumpriram sua
missão e retornaram a Itália no final do mesmo ano.
As
aeronaves AMX italianas foram usadas mais uma vez em 1999 na guerra do Kosovo (“Operação
Allied Force”), onde cumpriram mais de 250 missões. Em vez de usar bombas mais
tradicionais, a Força Aérea Italiana usou dezenas de bombas Mk 82 equipadas com
kits de orientação israelenses Opher, da Elbit, convertendo efetivamente as
bombas “burras” em uma bomba guiada por infravermelho. Bombas guiadas a laser
GBU-13 também foram utilizadas no conflito.
Em 2005,
a Força Aérea Italiana lançou um programa de atualização (ACOL Aggionamento
Capacità Operative e Logistiche – Upgrade de Capacidade Operacional e Logística)
para 55 de seus AMX, adicionando um novo sistema INS a laser, novos displays no
cockpit e permitindo que a aeronave lançasse bombas orientadas por GPS, como a
GBU-31 JDAM, por exemplo. Tais modificações ampliaram a capacidade operacional
da aeronave, sendo a mesma considerada um “Mini-Tornado” pelos italianos, que
operam a versão Panavia Tornado IDS.
Um AMX sendo reabastecido em algum lugar do Afeganistão, em 2009. |
Em 2011,
aeronaves AMX italianas foram empregadas durante a intervenção militar de 2011
na Líbia. Aviões militares italianos usaram 710 bombas guiadas e mísseis durante
missões: os Tornados e os AMX da AMI usaram 550 bombas e mísseis, enquanto as
aeronaves V/STOL McDonnell Douglas AV-8B Harrier II da Marinha Italiana usaram
160 bombas guiadas. O conflito viu o primeiro uso pelas aeronaves AMX do pod
Rafael Litening III usados no lançamento de bombas guiadas Paveway e JDAM. No
início de 2016, devido à instabilidade da Líbia, a Itália optou por estacionar
aeronaves de alerta, em caso de necessidade, incluindo quatro caças AMX, na
Base Aérea de Bassi, na Sicília.
Hoje a AMI
opera apenas 35 A-11B (originalmente AMX ACOL) e 5 TA-11B (originalmente AMX-T
ACOL), de quatro protótipos, 110 monoplaces (depois chamados de A-11A) e 26 biplaces
(depois chamados de TA-11A) entregues. O 101º Gruppo do 51º Stormo e o 103º
Gruppo do 51º Stormo foram dissolvidos e a única unidade ainda a operar o AMX é
o 132º Gruppo do 51º Stormo (Esquadrão de Reconhecimento e Ataque ao Solo, com
os A-11B capacitados a operar o pod Rafael RecceLite).
A AMI
pretende desativar todos os AMX até o final de 2020-21 e o seu substituto será
o Lockheed Martin F-35A Lightning II. Rumores apontam que os italianos podem
vender para outros países as células desativadas (dependendo do aval dos Estados
Unidos, pois muitos componentes da aeronave são de origem norte-americana). Depois
de mais de três décadas a serviço italiano, o “Ghibli” logo encerrará o seu honroso
serviço na Itália, mas com o seu irmão brasileiro ainda servindo a FAB por mais
alguns anos.
Três vistas do AMX International A-11B "Ghibli" da AMI. |
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Por Luiz Reis,
Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da
Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e
Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em
Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e no Blog Velho General
e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo
parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre Aviação. Contato: [email protected]
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