O Irã manifestou disposição em reduzir as atividades nucleares mais sensíveis, num claro sinal de que poderá fazer concessões ao Ocidente em troca do alívio nas sanções econômicas impostas à República Islâmica, disseram diplomatas nesta quarta-feira.
Mas os detalhes da proposta iraniana, apresentados durante negociações com seis potências mundiais em Genebra, não foram divulgados ao público, e autoridades ocidentais foram cautelosas quanto à possibilidade de um acordo que encerre um impasse que já dura uma década.
Os EUA e aliados suspeitam que o Irã tente adquirir a capacidade para produzir armas nucleares, o que Teerã nega, insistindo no caráter pacífico do programa atômico.
Uma nova rodada de negociações do Irã com as seis potências EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha deve ser marcada para as próximas semanas.
As reuniões desta semana foram as primeiras desde que o moderado Hassan Rouhani tomou posse como presidente do Irã, prometendo uma atitude de menos confronto nas relações exteriores. Ambos os lados, no entanto, se esforçaram em mostrar que um acordo ainda não é iminente.
Após o primeiro dia de negociações em Genebra, o vice-chanceler iraniano, Abbas Araqchi, sugeriu que o Irã estaria disposto a se abrir mais às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Ele também disse à agência estatal de notícias Irna que a proposta iraniana aborda a questão do enriquecimento de urânio, atividade que mais preocupa o Ocidente, já que pode resultar em combustível para armas nucleares. Araqchi insinuou, porém, que o país não está disposto a fazer concessões rápidas.
"Nenhuma dessas questões estão dentro do primeiro passo (da proposta iraniana), mas formam parte dos nossos últimos passos", disse ele, sem entrar em detalhes.
A sequência de eventuais concessões iranianas e da suspensão parcial das sanções ocidentais pode representar um sério empecilho à conclusão do acordo. Autoridades ocidentais dizem repetidamente que antes da redução das sanções o Irã precisaria suspender o enriquecimento de urânio até a concentração físsil de 20 por cento.
"Já chegamos lá? Não, mas precisamos continuar conversando", disse um diplomata ocidental enquanto as discussões eram retomadas, no começo da tarde de quarta-feira (hora de Genebra).
Israel, arqui-inimigo do Irã, pediu às potências que sejam firmes nas negociações, exigindo uma interrupção completa das atividades de enriquecimento e descartando qualquer abrandamento imediato das sanções. Mas o Estado judeu desta vez não repetiu suas ameaças veladas de bombardear o Irã se considerar que a diplomacia não está tendo resultados.
Fonte: Reuters