A
aeronave Israel Aircraft Industries (IAI) Nesher
(que significa em hebraico “abutre de grifo”, mas muitas vezes é mal traduzido para
“águia”) foi a versão israelense do caça com asa em delta multifunção francês
Dassault Mirage 5, que foi uma evolução do famoso Dassault Mirage III. O Nesher
foi uma aeronave que participou de dois grandes conflitos do século XX: a Guerra
do Yom Kippur, a serviço da Força Aérea Israelense (IAF) e a Guerra das
Malvinas/Falklands, a serviço da Força Aérea Argentina (FAA).
Sua
origem remonta à necessidade dos israelenses de reporem urgentemente as perdas
de diversas aeronaves durante a Guerra dos Seis Dias de 1967 e também durante a
Guerra de Atrito travada durante o final da década de 1960. Com tais perdas, a
Força Aérea Israelense (IAF) procurou obter uma variante melhorada e mais
adequada ao clima e as peculiaridades da região do bem-sucedido caça de combate
Dassault Mirage III.
Enquanto
uma parceria para produzir tal aeronave, a Mirage 5, foi formada entre a
fabricante francesa Dassault Aviation e a empresa israelense aeroespacial
Israel Aircraft Industries (IAI), em janeiro de 1969, em resposta à invasão
israelense de 1968 ao Líbano, o governo francês anunciou que iria impor um
embargo de armas a Israel. Em resposta ao embargo, Israel decidiu prosseguir
com o empreendimento, mas fabricar internamente as fuselagens.
Em
1969, a IAI iniciou o trabalho de fabricação do tipo. Segundo fontes oficiais,
Israel já havia obtido um conjunto completo de desenhos e informações
detalhadas do Mirage 5 francês antes da promulgação dos embargos. A estrutura
do Nesher era idêntica ao Mirage 5, mas foi reformada com aviônicos fabricados
em Israel, um assento ejetável zero-zero da Martin-Baker e provisões para uma
gama mais ampla de mísseis ar-ar, incluindo o primitivo míssil israelense.
Shafrir 1, de orientação infravermelha.
Em
setembro de 1969, o primeiro protótipo do Nesher realizou seu primeiro voo. Em
maio de 1971, o primeiro modelo de produção foi entregue a IAF. Em novembro de
1971, a aeronave foi oficialmente batizada como Nesher. O ponto alto da
carreira de Nesher na IAF foi durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. A
aeronave supostamente teve um bom desempenho durante o conflito, os pilotos da
IAF que voaram no tipo reivindicaram mais de cem abates aéreos contra os árabes
e seus aliados.
Em
1974, a produção do Nesher foi encerrada em favor de mais um derivado do Mirage
mais avançado, com turbina mais potente e aviônicos mais modernos, que havia
sido planejado juntamente com o Nesher, conhecido depois como IAI Kfir. A IAF retirou
o Nesher de serviço durante a década de 1970, estocando as células. As
aeronaves foram depois vendidas para a Força Aérea Argentina, onde foram
operadas sob o nome de Dagger (“Punhal”
ou “Adaga”, em tradução livre). As primeiras aeronaves chegaram ao país platino
em 1978.
No
mesmo ano, a Argentina enviou com urgência seus primeiros Daggers para a Patagônia
(sul do país) devido ao conflito de Beagle, uma disputa territorial que quase
provocou uma guerra entre a Argentina e o vizinho Chile. Os Daggers também
foram intensamente usados durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982 entre
a Argentina e o Reino Unido, realizando um total de 153 surtidas contra alvos
terrestres e navais durante os 45 dias de operações de combate. Durante seus
ataques antinavio, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários
navios, incluindo o HMS Antrim, o Brilliant, o Broadsword, o Ardent, o Arrow e
o Plymouth. No total, onze Daggers foram perdidos em combate com os britânicos.
O restante da aeronave foi posteriormente atualizado para o padrão Finger (“Dedo”, em tradução livre), o padrão
definitivo da aeronave.
Há
supostos relatos que a Força Aérea da África do Sul (SAAF) recebeu uma pequena
quantidade de células do Nesher, que serviram de base para o desenvolvimento da
aeronave localmente produzida Atlas Cheetah.
ORIGENS
No
início de 1962, a Força Aérea de Israel (IAF) introduziu o primeiro dos seus
aviões de combate Dassault Mirage IIICJ. Nas próximas duas décadas, seria usado
como uma plataforma de supremacia aérea, protegendo os céus de aeronaves hostis
e alcançando um impressionante recorde de abates durante sua vida operacional.
O desempenho do Mirage IIICJ logo foi considerado altamente positivo (atraindo
a atenção de vários países, incluindo o Brasil, que futuramente iria adquirir
um lote de caças Mirage IIIEBR/DBR), levando o tipo a ser considerado como um
forte candidato a um maior e melhor desenvolvimento.
Durante
o final da década de 1960, a IAF foi obrigada a adquirir aeronaves adicionais
com a finalidade de substituir mais de sessenta aviões de combate que haviam sido
perdidos durante os vários conflitos entre Israel e seus hostis vizinhos,
incluindo a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra de Atrito que se seguiu
imediatamente e continuou até 1970. Além disso, uma grande corrida armamentista
estava surgindo entre Israel e vários de seus vizinhos, como a Síria e o Egito,
que estavam recebendo armamentos cada vez mais avançados da União Soviética
durante esse período.
Assim,
durante o mês de julho de 1970, Israel havia começado a trabalhar em um esforço
conjunto com a fabricante de aviões francesa Dassault Aviation para desenvolver
e produzir uma versão mais avançada de seu avião de combate Mirage III. O
produto deste programa tornou-se conhecido como o Mirage 5 (ou V) e seria
construído inicialmente pela França, mas também com a fabricação em Israel sob
licença, onde seria chamado de Ra’am
(“Trovão” em hebraico).
A
Dassault havia prosseguido o desenvolvimento do Mirage 5 a pedido dos
israelenses, que eram os principais clientes estrangeiros do Mirage III e davam
preferência a França como fornecedor militar nessa época. Os requisitos
específicos estabelecidos pelo IAF para a próxima versão do tipo eram para
diminuir a ênfase à capacidade para todos os climas da aeronave e excluir seu
principal sistema de radar em troca de maior capacidade e alcance de transporte
de artilharia; isso foi possível graças ao clima predominantemente claro e às
condições climáticas típicas presentes no Oriente Médio.
Mesmo
antes do voo inaugural do protótipo, Israel fez um pedido para um lote de 50
aeronaves, bem como um par de aeronaves de treinamento do tipo, que eram
destinadas à IAF. No entanto, o programa foi descontinuado durante janeiro de
1969, quando, em resposta à invasão israelense de 1968 no Líbano, o governo
francês anunciou que estaria impondo um embargo de armas a Israel e a outros
países do Oriente Médio.
A
promulgação do embargo impediu a entrega das primeiras 30 aeronaves Mirage 5,
que já tinham sido pagas por Israel, além das opções para mais 20 do tipo. Além
de impedir novas entregas, também cortou todo o apoio francês para operar a
frota de Mirage IIICJ existente da IAF. Estrategicamente, o embargo deu um
grande impulso a Israel para desenvolver as capacidades de sua própria
indústria doméstica de armas, a fim de atender às suas demandas.
Dassault Mirage 5F, do mesmo lote dos que foram embargados para Israel. (Reprodução Flickr) |
O embargo francês foi um grande revés para a IAF, que estava interessada em introduzir a nova variante Mirage 5 para compensar as perdas operacionais durante a Guerra dos Seis Dias e complementar a atuação do Mirage IIICJ, que com o embargo começou a sofrer com a falta de peças de reposição. Em resposta à decisão francesa, Israel decidiu fabricar localmente as fuselagens (conhecidas inicialmente como projeto Ra’am A e B); supostamente Israel já possuía as plantas e os ferramentais necessários para a fabricação da aeronave, embora Israel não tenha obtido oficialmente uma licença de produção da Dassault. De acordo com algumas fontes, especula-se que a agência de inteligência israelense Mossad tenha desempenhado um papel fundamental na obtenção de algumas informações de fabricação, enquanto outras fontes alegam que o próprio fundador da Dassault, Marcel Dassault, pode ter fornecido informações sobre o projeto.
PRODUÇÃO
De
acordo com tais fontes, a Dassault forneceu discretamente os gabaritos, fixadores
e uma grande quantidade de componentes de aeronaves para Israel através de uma
triangulação industrial da empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft
Industries e da norte-americana North American Rockwell, na qual foi concedida
uma licença de fabricação em janeiro de 1968. Consequentemente, as primeiras fuselagens
limpas, sem armas, eletrônica, assento ejetável ou motor foram entregues
diretamente da Dassault na França e enviadas de navio para Israel. Ainda tais
fontes alegaram que informações detalhadas sobre a turbina Atar da aeronave
foram obtidas através do fabricante industrial suíço Sulzer, que havia
produzido o motor para os Mirages da Força Aérea Suíça; com a obtenção desses
projetos e possuindo vários motores Atar dos Mirages existentes da IAF para
engenharia reversa, Israel foi capaz de fabricar seus próprios motores de forma
independente.
Durante
1969, o IAI iniciou a fabricação do projeto. Oficialmente, Israel fabricou a
aeronave depois de ter obtido um conjunto completo de desenhos e ferramentais.
No entanto, algumas fontes afirmaram alternadamente que Israel recebeu 50
Mirage 5 desmontados e enviados em caixotes diretamente da Força Aérea Francesa
(AdlA), enquanto a AdlA passou a assumir as 50 aeronaves que foram
originalmente destinadas aos israelenses. Em setembro de 1969, o primeiro protótipo
Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi
entregue ao IAF. Em novembro de 1971, a aeronave mudou de nome e passou a ser
chamada de “Nesher”.
A
estrutura básica do Nesher era idêntica à do Mirage 5, mas seus aviônicos foram
desenvolvidos em Israel, juntamente com a adoção de um assento de ejeção
zero-zero da Martin-Baker, e capacidade para operar uma ampla gama de mísseis
ar-ar, incluindo o míssil israelense infravermelho Shafrir 1. No total, 51 caças
Nesher (Nesher S) e dez Nesher (Nesher T) foram construídos pela IAI. O Nesher
apresentava aviônicos mais simples do que o Mirage IIICJ da IAF, além de ser um
pouco menos manobrável. No entanto, ele possuía um longo raio de alcance de
combate e a capacidade de uma carga útil maior. A pouca manobrabilidade da
aeronave não a impediu de ter um bom desempenho em combate aéreo durante a
Guerra do Yom Kippur de 1973.
Em
1974, a produção do Nesher foi abandonada em favor de um derivado do Mirage
mais avançado que havia sido planejado em paralelo ao Nesher (o projeto Ra’am
B). A principal diferença dessa aeronave foi a substituição do motor Atar por
um motor General Electric J79, construído sob licença em Israel. O J79 era um
popular e confiável motor turbojato norte-americano para aviões de combate, já
tendo sido usado em caças como o Lockheed F-104 Starfighter e o McDonnell
Douglas F-4 Phantom II. A aeronave resultante recebeu o nome IAI Kfir.
USO OPERACIONAL
Israel
Linha de voo dos IAI Nesher da IAF durante os anos 70. (Reprodução Internet) |
Em
maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. A fabricação da aeronave
continuou até fevereiro de 1974. Um total de 51 caças monopostos Nesher S e 10 treinadores
Nesher T de dois lugares foram produzidos e entregues à IAF.
O
ponto alto da carreira do Nesher na IAF ocorreu durante a Guerra do Yom Kippur
de 1973, quando participou do conflito operado por quatro esquadrões da IAF, o
101 Squadron (“First Fighter”), o 117 Squadron (“First Jet”), o 113 Squadron (“Hornet”)
e o 144 Squadron (“Guardians of the Arava”). A aeronave supostamente teve bom
desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no modelo relataram
que acumularam mais de cem vitórias aéreas, com cerca de quatro perdas.
IAI Nesher S em ação durante a Guerra do Yom Kippur. (Reprodução Wikipedia) |
Argentina
Após
a retirada do serviço na IAF, as aeronaves israelenses remanescentes foram
reformadas e exportadas para a Força Aérea Argentina (FAA) em dois lotes, 26
caças foram entregues em 1978 e mais 13 em 1980. No serviço argentino, a
aeronave inicialmente foi operada sob o nome de Dagger; no seu auge, a Argentina operava um total de 35 Dagger A de
um único assento e quatro Dagger B de dois lugares. Em 1978 a aeronave foi usada
para formar uma nova unidade aérea, a 6ª Brigada Aérea; esta unidade foi imediatamente
formada e estruturada com o apoio da 8ª Brigada Aéreo (que operava o Dassault
Mirage IIIEA) e da Força Aérea do Peru, que já era um usuário experimentado do
Mirage 5. A urgência de sua implantação inicial foi consequência do conflito de
Beagle, uma disputa territorial e uma crise diplomática entre a Argentina e o
vizinho Chile durante aquele ano.
Durante
a Guerra das Malvinas em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, os Daggers
foram posicionados na base aérea naval do sul de Río Grande, na Terra do Fogo,
e em um campo de pouso civil em Puerto San Julián. Apesar da falta de
capacidade de reabastecimento aéreo e da grande distância de seus alvos, sendo
as forças britânicas nas Malvinas/Falklands e as embarcações da Marinha Real, a
aeronave conseguiu realizar um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e
navais através dos 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio
usando bombas e seus canhões de 30 mm, eles foram supostamente responsáveis por
danificar vários navios, incluindo os HMS Antrim, Brilliant, Broadsword,
Ardent, Arrow e Plymouth. No total, 11 Daggers foram perdidos em combate, com a
morte de cinco pilotos; nove deles foram atribuídos a abates conseguidos via mísseis
ar-ar AIM-9L Sidewinders disparados dos Sea Harriers e dois por mísseis superfície-ar
(SAM), um Sea Wolf disparado pelo HMS Broadsword e um por SAM Rapier disparado
por tropas terrestres.
Como
parte do contrato de 1979 com a IAI, a Força Aérea Argentina estipulou que os Daggers
seriam equipados com novos sistemas aviônicos e visor de alerta ao nível da
cabeça – em inglês, Head Up Display (HUD), permitindo que eles se aproximassem
ao padrão da nova aeronave IAI Kfir C.2. O programa, que se chamava Finger, já estava em andamento em 1982,
quando eclodiu a Guerra das Malvinas. Embora o conflito tenha sido
relativamente breve, uma das consequências da guerra foi que, como alguns
desses sistemas foram feitos pela britânica Marconi Electronic Systems,
tornou-se necessário substituir os sistemas construídos pelos britânicos após o
embargo de armas imposto pelo governo do Reino Unido logo após o final da
guerra. O trabalho correspondente para substituir tais sistemas levou os aviões
a serem modificados para o padrão final “Finger IIIA” (Caça) e “Finger IIIB” (Treinamento).
Esses modelos diferiam principalmente do padrão original do Finger na
substituição de equipamentos de origem britânica por similares de fabricação
francesa, em grande parte da Thomson-CSF.
IAI Dagger da FAA em rota para as Ilhas Malvinas no dia 21 de maio de 1982. (Foto: Sr. Victor Hugo Martinón) |
Após
o final da guerra e da elevação de todos os Daggers sobreviventes para o padrão
Finger, as aeronaves participaram ativamente de diversos exercícios militares,
tanto da Força Aérea Argentina, quanto combinados com outras forças aéreas
amigas, como o exercício ÁGUILA junto com os caças Lockheed Martin A-4AR
Fightinghawk da Força Aérea Argentina e o Lockheed Martin F-16A/B Fighting
Falcon da Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos (ANG), a CRUZEX no Brasil, CEIBO,
na Argentina, dentre outras operações.
Finalmente,
no dia 29 de novembro de 2015, em uma cerimônia formal, os Finger foram aposentados,
juntamente com o restante das aeronaves da família Mirage ainda operacionais,
após trinta e sete anos de serviço ativo.
PERDAS DO IAI
DAGGER DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS
|
|||
NÚMERO
|
DATA
|
CAUSADOR
|
PILOTO/FATO
|
C-433
|
1º
de maio
|
Sea
Harrier XZ455 / “12”
|
Tenente
Ardiles / morto
|
C-428
|
21
de maio
|
Sea Wolf do HMS Broadsword
|
Tenente
Bean / morto
|
C-403
|
21
de maio
|
Sea
Harrier ZA190 / “009”
|
Capitão
Donadille / ejetou
|
C-404
|
21
de maio
|
Sea
Harrier ZA190 / “009”
|
Major
Piuma / ejetou
|
C-407
|
21
de maio
|
Sea Harrier ZA175 / “004”
|
Tenente
Senn / ejetou
|
C-409
|
21
de maio
|
Sea
Harrier XZ455 / “12”
|
Tenente
Luna / ejetou
|
C-437
|
23
de maio
|
Sea
Harrier ZA194 / “54”
|
Tenente
Volponi / morto
|
C-410
|
24
de maio
|
Sea
Harrier ZA193 / “93”
|
Tenente
Castillo / morto
|
C-419
|
24
de maio
|
Sea Harrier XZ457 / “14”
|
Major
Puga / ejetou
|
C-430
|
24
de maio
|
Sea
Harrier XZ457 / “14”
|
Capitão
Diaz / ejetou
|
C-436
|
29
de maio
|
SAM
Rapier de tropas em terra
|
Tenente
Bernhardt / morto
|
África do Sul
Atlas Cheetah E, da Força Aérea da África do Sul (SAAF). (Reprodução Wikipedia) |
O embargo de armas imposto pela Resolução 418 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciado em novembro de 1977 devido a política racista do governo sul-africano, chamado de Apartheid, impediu a África do Sul de comprar novas aeronaves (e outros equipamentos militares) de outros países, tornando assim a modernização das aeronaves existentes a única opção.
Na
época, a frota de jatos de alta performance da Força Aérea da África do Sul (SAAF)
era composta por uma boa quantidade de aeronaves Dassault Mirage III (EZ/CZ/BZ/DZ/D2Z/RZ/R2Z)
e Mirage F1 (AZ/CZ). Embora os Mirage F1 fossem os mais modernos da frota,
tendo sido entregues a partir de 1977 (pouco antes do início do embargo), eles
eram o elemento primário da frota de defesa aérea e de ataque da África do Sul
e retirá-los para uma atualização teria deixado uma lacuna inaceitável em sua
defesa aérea e capacidade de ataque.
Além
disso, os recursos poderiam ser integrados ao Mirage III de upgrades
pré-existentes relacionados a aeronaves relacionadas, como a família Mirage V/Nesher/Kfir
e o projeto Mirage 3NG (baseado no Mirage III). Consequentemente, a frota
Mirage III da SAAF foi escolhida como base para a atualização, a ser conhecida
inicialmente como “Projeto Cushion” (Almofada, em tradução livre)
Israel
já estava vendendo tecnologia militar para a África do Sul por meio do polêmico
Acordo Israel-África do Sul. Por exemplo, as peças de reposição dos Mirage III sul-africanos
foram compradas em Israel e os assessores militares israelenses foram incorporados
nas unidades da SAAF.
Devido
a tais fatores, algumas publicações de aviação suspeitam que a Israel Aircraft
Industries esteve diretamente envolvida em pelo menos nos estágios iniciais da
atualização do Projeto Cushion, e que alguns componentes foram adquiridos diretamente
de Israel. Cinco caças IAI Nesher podem ter sido adquiridos da Força Aérea de
Israel para os testes da aeronave, que posteriormente se tornou o Atlas Cheetah, e depois as peças
restantes foram absorvidas pela frota existente.
O
trabalho foi realizado pela Atlas Aviation (antiga Atlas Aircraft Corporation e
depois Denel Aviation). A Atlas também conseguiu adquirir técnicos qualificados
com conhecimento relevante de Israel, após o cancelamento do projeto avançado
de combate israelense, conhecido como IAI Lavi, nos anos 1980.
O Atlas Cheetah operou na SAAF até 2008 e depois foram transferidos para o Equador (10 aeronaves em 2010), para a operadora privada com sede nos Estados Unidos Draken International (12 aeronaves adquiridas em 2017) e duas aeronaves que são usadas pela Denel Aviation para testes.
MODELOS
Nesher S: Versão de caça de
um único assento para a Força Aérea Israelense.
Nesher T: Versão de
treinamento de dois lugares para a Força Aérea Israelense.
Dagger A: Versão de caça de
um único assento reformada para a Força Aérea Argentina.
Dagger B: Versão de
treinamento de dois lugares reformada para a Força Aérea Argentina.
Finger: Versão proposta
do Dagger modernizado com equipamentos ingleses, não construído.
Finger IIIA: Versão
modernizada com equipamentos franceses do Dagger A.
Finger IIIB: Versão
modernizada com equipamentos franceses do Dagger B.
OPERADORES
África do Sul
Força
Aérea da África do Sul (SAAF): 05 Nesher S na década de 1980, apenas para testes
(nunca operacionais).
Argentina
Força
Aérea Argentina
(FAA): 35 Nesher S e 04 Nesher T recebidos entre 1978 e 1981, convertidos para
o padrão Dagger A e B, os sobreviventes da Guerra das Malvinas/Falklands depois
foram convertidos para o padrão Finger IIIA/B todos retirados de serviço em 2015.
Israel
Força
Aérea de Israel
(IAF): 61 Nesher S e 10 Nesher T, operados entre 1971 e 1977.
ESPECIFICAÇÕES
(IAI FINGER IIIA/B)
Características
gerais
Tripulação:
1 × piloto em versões de um assento, 2 × pilotos em versões de dois assentos
Comprimento:
15,6 m (51 pés)
Envergadura:
8,2 m (27 pés)
Altura:
4,3 m (13,9 pés)
Superfície
Alar: 34,8 m² (374,6 pés²)
Peso
vazio: 6 570 kg (14 480,3 lb)
Peso
carregado: 10 770 kg (23 737,1 lb)
Peso
útil: 6 930 kg (15 273,7 lb)
Peso
máximo de decolagem: 13.500 kg (29 754 lb)
Motor:
1 × turbojato Snecma Atar 9C-5.
Empuxo
normal: 42 kN (4 283 kgf; 9 442 lbf) empuxo.
Empurre
com pós-combustor: 60,8 kN (6 200 kgf; 13 668 lbf) de empuxo.
Desempenho
Velocidade
máxima de operação: 2 350 km/h (1 460 MPH, 1 269 kt) a 12.000 m (39 370 pés) de
altitude
Velocidade
de cruzeiro: 956 km/h (594 MPH, 516 kt)
Alcance:
1.300 km (1186 km com 4.700 litros de combustível auxiliar em 2 tanques externos
mais 2 mísseis ar-ar e 2600 lb de bombas)
Teto
de serviço: 17.680 m (58.005 pés)
Regime
de subida: 83 m/s (16 338 pés/min)
Armamento
Canhões:
2 × DEFA 552 30 mm (1,1811 polegadas) com 125 munições cada
Pontos
de ancoragem: 7 (6 subalares e 1 sob a fuselagem) com uma capacidade de 4200 kg
(9 259,4 lb), para carregar uma combinação de:
Bombas:
4 × Bombas Mark 81 de uso geral de 113 kg (250 lb); 2 × Mark 82 de uso geral de
227 kg (500 lb) ou Mark 83 de 460 kg (1.000 lb)
Foguete:
2 × recipientes LAU-61/A com 19 × FFAR 70 mm (2,7 polegadas) cada
Mísseis:
2 × mísseis ar-ar Rafael Shafrir 2 ou AIM-9D Sidewinder
Outros:
até 3 × tanques de combustível externos
Aviônicos
Thompson CSF
head-up display
Radar
telemétrico Elta EL/M-2001B
FOTO DE CAPA: IAI Nesher T da Força Aérea de Israel durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973. (Reprodução Internet
Com informações retiradas da Wikipedia.
______________________________
Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]
GBN Defense – A informação começa aqui