A Marinha do Brasil, sempre em busca de inovação para fortalecer a Defesa Nacional, tem investido pesadamente em tecnologias e inovação. Entre os projetos mais inovadores, destaca-se o desenvolvimento do Veículo de Superfície Não Tripulado (VSNT), um esforço coordenado pelo Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV) desde 2021. A iniciativa visa criar embarcações autônomas capazes de realizar operações de vigilância, contramedidas de minagem, e outras funções cruciais para a proteção da navegação e das águas brasileiras.
A primeira etapa do projeto consistiu na conversão experimental de uma embarcação semirrígida de sete metros em um veículo não tripulado. A ideia era utilizar o vasto conhecimento acumulado no CASNAV, especialmente no desenvolvimento do Simulador de Passadiço (SimPass), utilizado no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA). O sucesso desta fase inicial levou à formalização do projeto, que visava expandir as capacidades de operação das embarcações autônomas.
Em 2023, o projeto evoluiu com o desenvolvimento da lancha autônoma VSNT-LAB, financiada pela FINEP, a Financiadora de Estudos e Projetos. Essa lancha representa um avanço significativo na robótica e nos sistemas de controle naval. Com ela, a Marinha do Brasil deu um passo firme em direção à incorporação de tecnologias disruptivas no setor de defesa marítima, ampliando suas capacidades para monitorar as águas territoriais brasileiras e executar operações de guerra de minas.
Tecnologia e Aplicações Estratégicas
O principal objetivo do projeto VSNT é promover o avanço científico e técnico sobre veículos autônomos de superfície, criando uma plataforma para experimentos e testes em campo. Esse laboratório flutuante tem servido também como base para a aplicação de soluções tecnológicas inovadoras e tem sido amplamente utilizado em diversas pesquisas acadêmicas, com a colaboração de universidades públicas e escolas de formação da Marinha.
O VSNT-LAB é operado a partir da Estação de Comando e Controle montada no Navio-Patrulha Oceânico "Apa". Esse esforço busca aprimorar o poder naval, além de colaborar com órgãos de segurança pública, empresas do setor marítimo e universidades. De acordo com o Capitão de Fragata Rodrigo da Silva Vieira, gerente do projeto, "estamos investindo em tecnologias que elevam o Brasil a um novo patamar no domínio de veículos de superfície não tripulados, com benefícios para o Poder Naval e para toda a sociedade".
Uma das grandes inovações do projeto foi o desenvolvimento do VSNT-CMM, um Veículo de Superfície Não Tripulado para Contramedidas de Minagem. Esse sistema, projetado para lidar com minas marítimas, é capaz de operar com uma variedade de sensores avançados, como sonares de varredura lateral e infravermelho, câmeras de vigilância e sistemas de navegação autônomos. A flexibilidade operativa do VSNT-CMM, que pode ser controlado de forma remota, semiautônoma ou autônoma, tem se mostrado um grande trunfo em missões de contramedidas de minagem, garantindo eficiência e segurança.
O projeto do VSNT-CMM envolve parcerias com empresas como a DGS Defense, responsável pela construção dos cascos, e outras entidades da Marinha, como o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), que tem sido fundamental para a realização de operações de Guerra de Minas, identificando e neutralizando minas marítimas. Em exercícios como o MINEX-2023 e MINEX-2024, o VSNT demonstrou grande eficácia ao localizar e identificar minas navais, integrando-se com veículos submarinos autônomos para garantir a total segurança durante as operações.
Essa tecnologia também está sendo preparada para ser utilizada em futuras plataformas, como as Fragatas "Classe Tamandaré", ampliando suas aplicações em missões de reconhecimento, vigilância e proteção de infraestruturas críticas.
O Futuro do VSNT: Operações em "Enxame"
O projeto VSNT não se limita ao uso de um único veículo. Em 2025, a Marinha do Brasil planeja expandir as operações com dois novos sensores e atuadores, possibilitando a operação de múltiplos veículos de forma coordenada — um conceito conhecido como "operação em enxame". Essa abordagem inovadora permitirá que os veículos autônomos operem de maneira cooperativa, aumentando a eficiência e o alcance das missões navais.
O desenvolvimento do VSNT representa uma verdadeira revolução para a defesa naval brasileira, com impacto direto na segurança marítima e no fortalecimento das capacidades operacionais da Marinha. Com o avanço das tecnologias autônomas e o aprimoramento contínuo da infraestrutura de pesquisa, o Brasil se coloca na vanguarda da inovação no campo da defesa, demonstrando um compromisso claro com a Soberania Nacional e a proteção de suas águas territoriais.
A Marinha do Brasil, por meio de projetos como o VSNT, reafirma sua missão de proteger a Amazônia Azul e de investir em tecnologias que elevem o Brasil a um novo patamar de excelência na defesa e segurança marítima.
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