No ano em que se completam 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil (MB) obteve dados inéditos sobre o naufrágio do Navio-Auxiliar (NA) "Vital de Oliveira", atacado em 1944 pelo submarino alemão U-861. O navio foi localizado a 35 milhas náuticas (cerca de 65 km) do litoral de Macaé (RJ), durante a comissão “Testes de Mar e Comissionamento” do atual Navio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHo) "Vital de Oliveira".
O levantamento do naufrágio contou com equipamentos de última geração, como o ecobatímetro multifeixe e o sonar de varredura lateral. O ecobatímetro permitiu mapear o relevo do fundo oceânico em alta precisão, gerando modelos tridimensionais da embarcação. Já o sonar de varredura lateral captou imagens acústicas detalhadas do casco e de suas estruturas remanescentes.
No total, foram realizadas 32 linhas de sondagem com o ecobatímetro multifeixe e nove varreduras laterais, cobrindo uma ampla área ao redor do local do naufrágio. Segundo o Capitão-Tenente (T) Caio Cezar Pereira Demilio, arqueólogo da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), “esses equipamentos foram fundamentais para analisar a posição, o estado de conservação e as características estruturais da embarcação”.
A localização inicial do naufrágio foi feita pelos mergulhadores José Luiz e Everaldo Pompermayer Meriguete, que atenderam ao chamado de um pescador cuja rede ficou presa no fundo. Com o auxílio do mergulhador Domingos Afonso Jório, eles identificaram que a rede estava presa a um canhão e informaram a Marinha.
Importância histórica e próximos passos
O NA "Vital de Oliveira", incorporado à MB em 1931, foi o único navio militar brasileiro afundado por forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. Torpedeado na noite de 19 de julho de 1944, o ataque resultou na morte de cerca de 100 tripulantes, entre os 270 a bordo. O navio atuava no transporte de militares e suprimentos ao longo da costa brasileira.
Agora, os dados coletados serão utilizados para gerar modelos tridimensionais detalhados do naufrágio. Também estão previstos mergulhos técnicos e o uso de veículos subaquáticos operados remotamente (ROV) para capturar imagens e analisar materiais e artefatos preservados no local.
O estudo será integrado ao projeto “Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da Costa do Brasil”, que busca catalogar e preservar embarcações afundadas ao longo do litoral brasileiro. Segundo o Capitão-Tenente (T) Demilio, “essa pesquisa permitirá correlacionar diferentes sítios arqueológicos submersos e ampliar nosso conhecimento sobre a história marítima do Brasil”.
Passado e presente unidos pelo mesmo nome
O simbolismo da operação se destaca pelo fato de os levantamentos terem sido conduzidos pelo atual NPqHo "Vital de Oliveira", navio que homenageia o mesmo Patrono da Hidrografia que batizou o antigo NA "Vital de Oliveira". O Capitão de Fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira foi morto em combate em 1867, durante a Guerra do Paraguai, quando comandava o Monitor Encouraçado "Silvado".
Enquanto o antigo "Vital de Oliveira" desempenhou papel estratégico na Segunda Guerra Mundial, seu sucessor tem função essencial na pesquisa científica e nos levantamentos hidroceanográficos da Marinha, como demonstrado na missão que revelou detalhes inéditos sobre um dos naufrágios mais importantes da história naval do Brasil.
A preservação do patrimônio subaquático brasileiro
A pesquisa sobre o NA "Vital de Oliveira" reforça o papel da Divisão de Arqueologia Subaquática da DPHDM na preservação do patrimônio histórico submerso. A divisão trabalha na identificação, documentação e análise de sítios arqueológicos submersos, mantendo parcerias com universidades e centros de pesquisa.
Além do trabalho científico, a DPHDM promove exposições e publicações educativas para ampliar a consciência marítima da população. A participação da sociedade é incentivada na comunicação de descobertas, como a do "Vital de Oliveira", ajudando a enriquecer o “Atlas dos Naufrágios”, disponível para consulta pública.
“A atuação da Marinha do Brasil na arqueologia subaquática assegura que registros valiosos da nossa história marítima sejam preservados e estudados com rigor científico”, conclui o Capitão-Tenente Demilio.
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Com Marinha do Brasil
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