segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Aumento nas Importações de Drones no Brasil e as Oportunidades para o Mercado Nacional

Nos primeiros cinco meses de 2024, o Brasil registrou um crescimento significativo nas importações de drones, que totalizaram US$16 milhões, representando um aumento de 24,1% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse crescimento foi ainda mais expressivo em termos de unidades, com um aumento de 115%. Segundo Bruno Cunha, diretor executivo e CEO da ADTECH SD, diversos fatores contribuíram diretamente para essa expansão, entre eles o aprimoramento da tecnologia, a maior compreensão das aplicações dos drones em diversos setores e a expansão do mercado.

"O mercado de drones no Brasil tem evoluído, e o país ainda enfrenta o desafio da falta de produção nacional em escala suficiente para atender à demanda crescente. Isso se deve, em parte, à grande competitividade dos preços dos drones fabricados na Ásia Oriental. Mesmo com custos adicionais de taxas e logística, os drones importados acabam sendo mais atraentes financeiramente, especialmente devido à complexidade e ao custo das certificações exigidas no Brasil", explica Bruno Cunha.

O "Harpia" é um exemplo de drone de emprego dual

De acordo com o Sistema de Solicitação de Acesso de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARPAS), administrado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Brasil conta atualmente com 150 mil pilotos remotos cadastrados e 100 mil drones associados a 13 mil instituições. Em 2024, foram registradas 405.178 solicitações de voo, superando números de anos anteriores.

O uso de drones no Brasil tem se diversificado, indo além das tradicionais filmagens e mapeamentos de solo. Hoje, essas tecnologias são utilizadas em setores como o agrícola, onde drones de pulverização e mapeamento de grandes áreas já substituem métodos tradicionais de forma eficiente e mais econômica. 

"Antes os drones eram usados para filmagens curtas ou mapeamento de solo, por exemplo, mas não substituíam ferramentas tradicionais como as máquinas de pulverização para o setor agrícola, ou aviões para o mapeamento de grandes áreas. Agora isso já é possível de forma eficiente e mais barata com os drones”, explica Bruno Cunha, pontuando que uma vantagem dessa produção em massa é que os drones importados muitas vezes possuem limitações técnicas que criam oportunidades para o mercado interno. “Temos no Brasil diversas empresas que fabricam drones específicos para aplicações, por exemplo drones de carga, monitoramento e agrícola”, relata.

Além do agronegócio, os drones têm se destacado também em outros setores, como segurança pública. Equipados com câmeras de alta definição e sensores térmicos, esses dispositivos oferecem benefícios significativos em patrulhamento policial, monitoramento de fronteiras, busca e salvamento, e prevenção de crimes. Sua agilidade e custo-benefício, especialmente quando comparados a aeronaves tripuladas como helicópteros, têm tornado os drones uma solução cada vez mais utilizada para segurança e vigilância.

Inovação Brasileira: O Drone Harpia

A ADTECH, empresa de tecnologia de São José dos Campos, se destaca na produção de drones nacionais, com a criação do drone 'Harpia'. Este modelo, exclusivo no mercado brasileiro, não só possui equipamentos convencionais de imagem e vídeo, mas também incorpora tecnologias especiais, como radar de abertura sintética e equipamento de guerra eletrônica. O Harpia é o único drone na sua classe certificado pelo Ministério da Defesa como 'Produto Estratégico de Defesa'. Além disso, é o SARP nacional de maior alcance e altitude de voo já certificado pela ANAC, e conta com homologação pela ANATEL.

O Harpia não é apenas um exemplo de sucesso no setor de segurança e defesa, mas também oferece potencial para o agronegócio, como ferramenta para levantamento georreferenciado e agricultura de precisão.

Oportunidade para o Desenvolvimento Nacional

É fundamental que o Brasil incentive o desenvolvimento de soluções nacionais no mercado de drones, proporcionando apoio às indústrias brasileiras para que possam competir de maneira mais eficaz neste mercado crescente e estratégico. Segundo nosso editor, Angelo Nicolaci, especialista em geopolítica e defesa: "É crucial que o país adote políticas de incentivo fiscal e uma preferência por aquisições de sistemas nacionais pelas instituições brasileiras. Isso não só impulsionaria a inovação no setor, mas também fortaleceria a segurança nacional e a autonomia tecnológica do Brasil."

"Além disso, é essencial que o Brasil invista na indústria nacional, especialmente nas empresas estratégicas de defesa (EED), que desempenham um papel crucial não só no atendimento às demandas do setor de segurança e defesa, mas também no mercado civil. Essas empresas são capazes de oferecer soluções de emprego dual, ou seja, produtos que atendem tanto a necessidades militares quanto civis, fortalecendo a autonomia tecnológica do Brasil. Ao investir nessas indústrias, o Brasil não apenas garante a competitividade no mercado interno, mas também se posiciona de maneira estratégica no mercado internacional, oferecendo produtos avançados e competitivos frente aos concorrentes globais. Esse impulso ao setor é vital para o crescimento econômico nacional, gerando empregos, inovação e um retorno substancial à economia do país," concluí Nicolaci.

Em conclusão, o crescimento das importações de drones no Brasil reflete a crescente demanda por soluções tecnológicas no país, mas também evidencia a necessidade urgente de fortalecer a produção nacional para atender tanto às exigências do mercado de segurança e defesa quanto do setor civil. Investir em empresas estratégicas de defesa e fomentar políticas de incentivo ao desenvolvimento de tecnologias nacionais não apenas garante a autonomia do Brasil, mas também impulsiona sua competitividade no cenário global. Com o apoio adequado à inovação, o Brasil pode se tornar um protagonista no mercado internacional, contribuindo para o fortalecimento de nossa economia e a criação de um ambiente mais seguro e autossuficiente.


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