quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Após retirada da Rússia, EUA deixarão a Síria

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está elaborando planos para a retirada total das tropas americanas da Síria, conforme revelado por duas autoridades militares à NBC News na última quarta-feira (5). O planejamento considera prazos de 30, 60 ou 90 dias para a conclusão do processo, que marca um dos momentos mais significativos da política externa americana no Oriente Médio nos últimos anos.

O novo conselheiro de segurança nacional do presidente Donald Trump, Mike Waltz, esteve no Comando Central dos EUA (CENTCOM) em 31 de janeiro para reuniões com altos líderes militares e atualizações sobre o Oriente Médio. Apesar de fontes da Casa Branca negarem que a visita estivesse diretamente ligada à retirada das tropas, o movimento ocorre em meio a discussões internas sobre a presença militar americana na região.

Durante um evento na Casa Branca, Trump foi questionado sobre relatos da retirada das tropas. O presidente respondeu de maneira caracteristicamente direta: "A Síria está em sua própria miséria. Eles já tinham bagunça suficiente lá. Eles não precisam do nosso envolvimento."

Essa postura segue um padrão iniciado ainda em 2019, quando Trump ordenou a retirada total das tropas americanas da Síria. Na época, o então Secretário de Defesa, James Mattis, rejeitou a decisão e renunciou ao cargo. Embora a maioria das tropas tenha sido retirada naquele momento, contingentes foram reintroduzidos posteriormente, mantendo a presença militar americana na região até hoje.

Presença Militar e Impactos da Retirada

O Pentágono havia divulgado em dezembro de 2024 que aproximadamente 2.000 soldados estavam atualmente na Síria, mais que o dobro do que se admitia publicamente, que girava em torno de 900 soldados. Desses, 1.100 foram descritos como "forças rotativas temporárias", enquanto os demais eram considerados "tropas centrais" estacionadas há cerca de um ano.

Os Estados Unidos justificam sua presença na Síria como parte dos esforços para combater o Estado Islâmico (EI) e apoiar as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de milícias lideradas por curdos. O CENTCOM recentemente coordenou um ataque no noroeste do país, eliminando Muhammad Salah al-Za'bir, um alto líder do grupo terrorista Hurras al-Din, afiliado à Al-Qaeda.

A retirada das tropas pode trazer sérias consequências para a estabilidade regional. O Pentágono alerta que o fim do apoio militar americano pode comprometer a segurança das mais de 20 prisões e campos de refugiados mantidos pelas FDS, que abrigam cerca de 50.000 pessoas, incluindo 9.000 combatentes do Estado Islâmico. Sem o suporte logístico e financeiro dos EUA, há temores de que as FDS priorizem a segurança no campo de batalha e abandonem essas instalações, levando à fuga de combatentes jihadistas.

Reação Internacional e Possíveis Consequências

A decisão americana ocorre após a recente retirada da Rússia de algumas de suas posições na Síria, um movimento que altera a dinâmica geopolítica no país. Especialistas apontam que essa saída dos EUA pode deixar um vácuo de poder que será rapidamente preenchido por potências regionais como a Türkiye e o Irã.

O governo israelense já expressou preocupação com a retirada americana, pois isso poderia fortalecer grupos como o Hezbollah e facilitar a expansão da influência iraniana na região. Por outro lado, a Türkiye pode ver a retirada como uma oportunidade para ampliar suas operações militares contra as FDS, que considera uma extensão do grupo separatista curdo PKK.

A retirada das tropas americanas da Síria representa uma mudança estratégica significativa na presença militar dos EUA no Oriente Médio. Enquanto o governo Trump enfatiza a não intervenção, aliados expressam preocupação sobre os impactos desse movimento para a segurança regional e o combate ao terrorismo. O futuro da Síria agora será definido por novos atores, e os próximos meses serão cruciais para determinar as consequências dessa decisão na geopolítica global.


GBN Defense - A informação começa aqui

com agências de notícias

Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger