O governo britânico enfrenta críticas intensas após a revelação de que está oferecendo dois navios de assalto anfíbio da Marinha Real para a Marinha do Brasil por apenas £20 milhões, um valor considerado irrealmente baixo diante dos custos recentes de manutenção dos navios.
Os navios HMS Albion e HMS Bulwark, aposentados no ano passado como parte de um plano mais amplo de cortes orçamentários do Ministério da Defesa britânico, podem ser vendidos por um preço significativamente inferior ao montante investido em sua manutenção nas últimas décadas. De acordo com fontes do "Mail on Sunday", o governo britânico está propondo a venda dos dois navios por um valor que corresponde a cerca de um décimo do que foi gasto em reparos e atualizações, com o Ministério da Defesa admitindo que £132,7 milhões foram gastos em reformas desses navios desde 2010.
Apesar do governo justificar a venda como parte de uma revisão estratégica de defesa, que visa reavaliar e reduzir os custos militares, o negócio foi rapidamente criticado como financeiramente imprudente. A defesa britânica, que havia investido milhares de libras nas embarcações nos últimos anos, estaria oferecendo esses meios a um preço extremamente baixo, na verdade "simbólico".
Mark Francois foi um dos principais críticos, descrevendo a ideia de desativar e vender esses navios como "militarmente ignorante". Segundo ele, a venda das embarcações, que representam uma força essencial para a projeção do poder naval britânico, põe em risco a capacidade operacional do Reino Unido no futuro. "Estamos falando de navios versáteis que podem ser usados para evacuações, entrega de ajuda humanitária e, claro, para operações de combate", afirmou Francois. "A venda desses navios por um preço tão baixo coloca em questão a seriedade do plano de defesa."
Uma Oportunidade para Marinha do Brasil
Por outro lado, a hipotética oferta dos navios por £20 milhões pode representar uma grande oportunidade para a Marinha do Brasil, que atualmente busca novos meios para reforçar sua esquadra e suprir a necessidade de meios de superfície capazes de desempenhar múltiplas funções. A aquisição do HMS Albion e do HMS Bulwark, dois modernos navios de assalto anfíbio da classe Albion, permitiria ao Brasil não apenas expandir sua capacidade de realizar operações de projeção anfíbia, mas também fortalecer sua presença naval no Atlântico Sul e sua prontidão para missões de interesse estratégico.
Vale destacar que em 2018, a Marinha do Brasil firmou outro grande negócio de oportunidade ao adquirir o ex-HMS Ocean, que foi incorporado à Marinha do Brasil como NAM Atlântico. Hoje, ele é o principal navio da Marinha do Brasil e representa um grande salto em capacidades operacionais, ampliando a capacidade de projeção de poder e resposta da Força Naval. A aquisição do HMS Albion e do HMS Bulwark poderia seguir essa mesma lógica, pois ambos os navios possuem sistemas compatíveis com o NAM Atlântico, tendo operado juntos na Royal Navy. Essa compatibilidade poderia facilitar a integração dos novos meios à esquadra brasileira, reduzindo custos logísticos e operacionais.
Esses navios são projetados para transporte e desembarque de tropas, veículos blindados e equipamentos, sendo essenciais para operações expedicionárias, evacuação de civis em áreas de crise e assistência humanitária em caso de desastres naturais, como ocorreu no início de maio do ano passado no Rio Grande do Sul, quando a Marinha enviou ajuda com seus principais meios. Além disso, sua capacidade de operar embarcações de desembarque tornaria a Marinha do Brasil mais eficiente na projeção de poder em regiões costeiras de difícil acesso.
Outro ponto relevante é a interoperabilidade com forças aliadas. A adoção de plataformas já em uso por marinhas da OTAN facilitaria a integração do Brasil em operações conjuntas, tanto no âmbito da cooperação internacional quanto em missões de paz no âmbito da ONU. Além disso, essa aquisição representaria um salto qualitativo na capacidade expedicionária da Força Naval, permitindo que o Corpo de Fuzileiros Navais atuasse de forma mais eficiente em missões de pronta resposta, proteção de interesses marítimos e defesa da soberania.
Por fim, a compra dos HMS Albion e HMS Bulwark poderia ser uma solução com atraente custo-benefício para suprir a lacuna deixada pela baixa disponibilidade de meios de superfície na esquadra brasileira, garantindo maior flexibilidade operacional sem a necessidade de desenvolver um projeto do zero ou aguardar a construção de novos navios. No entanto, essa possibilidade depende de fatores como o custo da aquisição, modernizações necessárias e a viabilidade de manter esses navios em operação dentro do orçamento da Marinha do Brasil.
A principal crítica ao negócio é a falta de visão estratégica no que tange ao longo prazo, tanto para o Reino Unido quanto para o Brasil. No caso britânico, a venda do HMS Albion e do HMS Bulwark pode gerar uma escassez de capacidades críticas de projeção anfíbia, afetando sua capacidade de resposta em futuras operações de grande escala. Analistas de defesa apontam que a perda desses ativos pode enfraquecer a flexibilidade estratégica do Reino Unido.
Para a Marinha do Brasil, a aquisição desses navios poderia, em um cenário ideal, fortalecer as capacidades de projeção anfíbia e oferecer soluções rápidas para missões expedicionárias e de ajuda humanitária. No entanto, obstáculos consideráveis existem. O orçamento de defesa, que é significativamente limitado, pode ser um impeditivo para a concretização dessa aquisição. O país enfrenta dificuldades em alocar recursos suficientes para novos projetos, como a continuidade do Programa de Submarinos (PROSUB) e a construção das Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), que já exigem grande parte do orçamento disponível. Além disso, a necessidade de realizar modernizações nestes navios, bem como garantir sua manutenção em longo prazo, coloca mais pressão sobre os recursos escassos da Marinha. Diante desse cenário, a compra dos navios dependeria de uma análise detalhada da viabilidade financeira e da alocação de recursos dentro do já apertado planejamento orçamentário de defesa brasileiro.
GBN Defense - A informação começa aqui
com Mail on Sunday
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