quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Crise na República Democrática do Congo: Santos Cruz defende sanções e uso da força contra rebeldes do M23

A instabilidade política e de segurança na República Democrática do Congo (RDC) atingiu um novo nível crítico com a recente ofensiva do grupo rebelde M23, que tomou a cidade de Goma. Para o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-comandante das forças de paz da ONU no país entre 2013 e 2015, a situação é uma "catástrofe anunciada" e exige medidas imediatas por parte da comunidade internacional.  

Segundo Santos Cruz, a violência no leste do Congo está diretamente ligada à exploração ilegal de minerais, como ouro e coltan, essenciais para a indústria global de eletrônicos. O general destaca que "qualquer justificativa nos comunicados dos interessados é para encobrir o interesse principal, que é a ocupação da região extremamente rica do leste do Congo".  

A representante especial do secretário-geral da ONU na RDC, Bintou Keita, confirmou que o M23 lucra cerca de US$ 300 mil por mês com a venda ilegal desses minerais. O tráfico e contrabando desses recursos são facilitados por redes de falsificação e lavagem de documentos, permitindo sua exportação para mercados internacionais.  

Disputa entre RDC e Ruanda intensifica a crise

A crise ganhou contornos diplomáticos ainda mais graves quando Ruanda e a RDC passaram a trocar acusações no Conselho de Segurança da ONU. A ministra das Relações Exteriores congolesa, Thérèse Kayikwamba Wagner, afirmou que Ruanda está promovendo uma "atrocidade" ao apoiar o M23 e pediu uma resposta urgente da comunidade internacional.  

Já o representante de Ruanda nas Nações Unidas rebateu as acusações e afirmou que seu país é quem está sob ameaça, acusando a RDC de tentar "terceirizar a solução" do conflito ao apoiar mercenários.  

A escalada da violência já forçou mais de 400 mil congoleses a fugirem de suas casas, de acordo com dados da ONU. Além disso, no último fim de semana, três boinas-azuis da ONU – dois sul-africanos e um uruguaio – foram mortos em um ataque do M23, enquanto outros 11 ficaram feridos.  

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou as mortes e a tomada de Goma, alertando que a instabilidade na RDC ameaça toda a região dos Grandes Lagos. O Conselho de Segurança da ONU exigiu que o M23 reverta sua expansão territorial imediatamente.  

Santos Cruz defende ação imediata da ONU

Para Santos Cruz, o momento de apelos já passou e medidas concretas precisam ser adotadas. Ele argumenta que a crise só será resolvida com sanções severas contra os responsáveis e, se necessário, o uso da força militar para expulsar os rebeldes e penalizar seus patrocinadores.  

"O Conselho de Segurança da ONU deve agir imediatamente. Hoje, com o estado em que a situação chegou, não há mais espaço para uma solução militar intensa, é necessária uma solução política. Isso pode ser feito aplicando o máximo de sanções possíveis sobre as lideranças irresponsáveis que conduzem e apoiam esses movimentos, sejam elas de qualquer nível", declarou o general.  

Comandante das forças de paz da ONU na RDC entre 2013 e 2015, Santos Cruz liderou a ofensiva que conseguiu repelir o M23 em uma tentativa anterior de tomada do leste congolês. Ele também foi autor do "Relatório Santos Cruz", que avalia atos de violência contra tropas da ONU em missões de paz ao redor do mundo.  

Diante da escalada do conflito, a ONU enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de proteger a população civil, conter o avanço dos rebeldes e garantir que medidas políticas e econômicas eficazes sejam adotadas para frear a crise. A posição firme de Santos Cruz reforça a urgência de uma resposta internacional coordenada antes que a situação se deteriore ainda mais.

Desafios para o General Mesquita Gomes na MONUSCO 

O General de Exército Ulisses de Mesquita Gomes, com uma vasta experiência de 35 anos em crises internacionais e operações de manutenção da paz, assume agora a responsabilidade de comandar a Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO). Esta missão é uma das maiores operações de paz da ONU, com aproximadamente 14 mil capacetes azuis espalhados pela RDC.  

Entre os principais desafios que o General Mesquita Gomes enfrentará, destaca-se a complexidade do ambiente de segurança na RDC, marcado pela presença de diversos grupos rebeldes, como o M23, e a constante ameaça de violência contra civis e forças de paz. A missão enfrentará não apenas confrontos armados, mas também a tarefa de lidar com a escassez de recursos, as dificuldades logísticas e a proteção das populações vulneráveis, especialmente em áreas remotas e de difícil acesso, como o leste do Congo.  

Outro desafio será o equilíbrio entre a ação militar e a busca por soluções políticas. O General Mesquita Gomes terá de coordenar esforços com as autoridades congolesas, países vizinhos e a comunidade internacional, ao mesmo tempo em que lidera uma força de paz em um cenário altamente polarizado e com interesses geopolíticos complexos. A missão não pode se limitar à segurança física, mas também deve focar em iniciativas de reconciliação e apoio ao desenvolvimento das comunidades afetadas pela guerra.  

A coordenação com outras agências da ONU, ONGs e organizações humanitárias será crucial para garantir que a missão cumpra seu mandato de forma eficaz. Além disso, a presença de forças de paz sob comando brasileiro no contexto da MONUSCO exigirá uma abordagem diplomática sensível, considerando as relações entre o Brasil e os países envolvidos no conflito.  

Diante desses desafios, o General Ulisses de Mesquita Gomes terá que demonstrar sua habilidade em gestão de crises e seu compromisso com os valores de paz e segurança da ONU, sendo fundamental para a continuidade da estabilidade e segurança na região.


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Com ONU

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