Contexto Histórico e Desenvolvimento Tecnológico
O Balkan surgiu como uma resposta direta às necessidades das Forças Armadas Russas por um sistema de artilharia leve e versátil, capaz de oferecer suporte de fogo em múltiplos cenários operacionais. Desenvolvido para substituir modelos mais antigos, como o AGS-17 e o AGS-30, ambos em calibre 30 mm "sem estojo", o Balkan representa um avanço significativo em termos de alcance, precisão e poder de destruição.
AGS-17 |
AGS-30 |
A escolha pelo calibre de 40 mm reflete uma tendência de buscar maior poder de fogo e capacidade de penetração, essencial em conflitos modernos onde a blindagem e as fortificações têm se tornado mais robustas. O desenvolvimento do Balkan é um exemplo de como a inovação é direcionada por necessidades operacionais específicas, um conceito central no design de armamento moderno.
Características Técnicas do Balkan
O Balkan destaca-se por seu calibre de 40 mm, superior aos tradicionais 30 mm de seus predecessores, o que lhe confere uma maior capacidade de impacto e alcance. Com um alcance efetivo de até 2.500 metros, o sistema é projetado para maximizar a eficácia em ambientes urbanos e de campo aberto. Sua cadência de tiro elevada e facilidade de operação o tornam uma escolha preferencial para unidades de infantaria e forças especiais.
Além disso, o Balkan é projetado para ser altamente modular, permitindo que seja rapidamente adaptado a diferentes plataformas, sejam elas terrestres ou montadas em veículos. Essa versatilidade é crucial em operações modernas, onde a capacidade de adaptação pode determinar o sucesso ou fracasso de uma missão.
Embora o calibre das granadas da Balkan seja o mesmo das granadas 40 mm HV, padrão OTAN, usadas em armas como os lança-granadas Mk19, as munições são bem diferentes e não são compatíveis entre si.
Mk19 |
A granada da munição de 40 mm HV da OTAN possui um peso típico de aproximadamente 240 gramas, com uma carga explosiva que varia conforme o tipo de projétil, mas geralmente contém cerca de 30 a 40 gramas de explosivo. Esta munição é projetada para alcançar distâncias de até 2.200 metros, oferecendo um raio letal de cerca de 5 metros, dependendo das condições de combate e do terreno.
Munições 40 mm HV |
Já a munição utilizada no lança-granadas Balkan russo é muito interessante, do tipo "sem estojo". É um conceito em que a projétil todo sai pelo cano, ao contrário da munição padrão OTAN, que é mais convencional.
Uma vantagem do sistema russo é que, apesar do peso muito maior, com um peso que pode chegar a 450 gramas, ela é muito mais destrutiva. Isso não só porque a carga explosiva é maior, de 90 gramas, mas também porque o cartucho completo atinge o alvo, portanto a quantidade e peso dos fragmentos também é muito maior, o que, combinado com a maior carga explosiva, resulta em um raio letal cerca de 40% maior, em torno de 7 metros.
O carregador do Balkan leva uma cinta com 20 granadas |
O lança-granadas automático Mk19, amplamente utilizado pelas forças da OTAN, possui um peso aproximado de 35 kg sem o tripé. Quando somado a um sistema de montagem completo, o peso total pode chegar a cerca de 60 kg. Ele usa munição em cintas, geralmente acondicionadas em um carregador tipo caixa, com 32 granadas, que acrescenta mais 20 kg ao sistema.
Balkan e seu carregador de 20 munições |
Em comparação, o lança-granadas Balkan russo pesa em torno de 32 kg já com o tripé, menos que o Mk19 sozinho! Este design mais leve e compacto facilita a mobilidade em terrenos difíceis, algo crucial para operações urbanas. O Balkan usa munição em cintas, geralmente acondicionadas em um carregador tipo caixa, com 20 granadas, com peso de 14 kg.
Integração com "Drones": Uma Nova Era na Artilharia
A combinação de lança-granadas como o Balkan com "drones" (SARP, sistemas aéreos remotamente pilotados) de observação e designação de alvos representa uma evolução significativa na forma como os exércitos modernos operam. Essa combinação permite que os lança-granadas sejam usados como peças de artilharia móvel, aumentando a flexibilidade e a capacidade de resposta das forças armadas.
Sistemas como o Balkan, quando combinados com drones, podem realizar missões de reconhecimento e ataque com precisão cirúrgica, reduzindo a exposição das tropas ao perigo. Essa abordagem não só aumenta a eficácia das operações, mas também minimiza danos colaterais e custos operacionais. O uso de drones combinados com lança-granadas pode revolucionar a maneira como a artilharia é empregada, permitindo ataques rápidos e precisos sem a necessidade de grandes deslocamentos de equipamentos mais pesados.
E o Brasil?
Para o Brasil, uma possível aquisição do Balkan representa uma oportunidade estratégica. Integrar essa tecnologia ao arsenal brasileiro poderia modernizar as capacidades das Forças Armadas, oferecendo uma vantagem em termos de flexibilidade operacional e poder de fogo. A inclusão do Balkan permitiria uma resposta mais eficaz a diversos cenários de conflito, desde operações de defesa territorial até missões de paz em regiões instáveis.
A aquisição do Balkan poderia trazer várias vantagens para o Brasil. Primeiramente, a modernização do equipamento militar nacional aumentaria a capacidade de dissuasão do país, assegurando que o Brasil mantenha sua soberania e segurança em um contexto geopolítico cada vez mais complexo. Além disso, o treinamento e a familiarização com tecnologias avançadas fortaleceriam as habilidades técnicas das tropas brasileiras.
Outro benefício potencial seria a capacidade de integração com sistemas de defesa já existentes. O Balkan, com sua modularidade, poderia ser facilmente adaptado para uso em veículos militares brasileiros. Isso aumentaria a versatilidade e a eficácia das operações das Forças Armadas.
Estes benefícios podem ser combinados ainda mais em conjunto com acordos de produção sob licença, acrescentando mais um ativo no portfólio da nossa BID (Base Industrial de Defesa), tanto para uso pelas nossas Forças Armadas como para exportação.
Conclusão
O lança-granadas Balkan representa um marco significativo no desenvolvimento de armamentos modernos. Sua comparação com o Mk47 e a integração com drones destacam sua relevância no cenário atual de defesa. Para o Brasil, a possível aquisição dessa tecnologia pode fortalecer a capacidade militar nacional, assegurando que o país continue a desempenhar um papel estratégico no cenário geopolítico da América Latina. A inovação em armamentos, como o Balkan, não apenas redefine os padrões de combate, mas também molda o futuro das estratégias militares globais. A decisão de integrar tal tecnologia deve ser cuidadosamente ponderada, considerando tanto os benefícios quanto os desafios envolvidos.
Por Renato Henrique Marçal de Oliveira - Químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel)
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