Durante a CORE 24, um dos maiores exercícios militares conjuntos entre o Exército Brasileiro e o Exército dos Estados Unidos, um episódio emblemático destacou a capacidade técnica e a determinação da 1ª Companhia de Fuzileiros do 52º Batalhão de Infantaria de Selva (52º BIS). Conhecido como "A Noite das Árvores que Atiram", o confronto evidenciou a excelência do preparo e a coragem da tropa brasileira.
Contexto do Confronto
A ação ocorreu no Joint Readiness Training Center (JRTC), em Fort Johnson, Louisiana, durante os exercícios de Force on Force, que simulam combates realistas com o uso de sistemas de engajamento tático. Durante o exercício, a tropa brasileira utilizou o MILES (Multiple Integrated Laser Engagement System), um equipamento similar ao DSET (Dispositivo de Simulação de Engajamento Tático) utilizado pelo Exército Brasileiro, que permite treinar com precisão a efetividade de ações e disparos no campo de batalha.
A 1ª Companhia de Fuzileiros do 52º BIS estava posicionada defensivamente em terreno plano, subordinada ao 1º/26º Batalhão de Infantaria dos Estados Unidos. A força inimiga, representada pelos Geronimos (1º Batalhão, 509º Regimento de Infantaria Paraquedista), compunha uma tropa blindada com seis veículos BMP e outros veículos leves. Após romper duas linhas defensivas norte-americanas, os Geronimos avançaram em direção à posição brasileira, confiantes em sua superioridade.
Preparação da Posição Defensiva
Cientes do uso de sensores térmicos pelos Geronimos, a 1ª Companhia de Fuzileiros do 52º BIS preparou suas posições com tocas (foxholes) bem escavadas, cobertas por telheiros baixos, quase rentes ao solo, com aberturas mínimas que impediam a detecção térmica e visual. O uso de elementos naturais, como terra e vegetação, garantiu a camuflagem completa, tornando as posições praticamente invisíveis, mesmo em terreno plano.
Antes do confronto, pequenos grupos avançaram à frente para observar a posição defensiva a partir da perspectiva inimiga, utilizando equipamentos térmicos. Essa análise permitiu ajustes nas defesas, eliminando quaisquer vulnerabilidades e garantindo que a posição estivesse pronta para o combate.
O Avanço do Inimigo e o Combate
O confronto começou quando a coluna blindada dos Geronimos avançou em direção à posição brasileira. O primeiro BMP foi destruído por um disparo certeiro de um AT4, interrompendo o movimento da coluna e transformando o local em uma zona de matar cuidadosamente preparada. Sob fogo contínuo, os veículos restantes tentaram retroceder para escapar da emboscada.
O flash indicava que o veículo havia sido destruído pelos brasileiros |
Nesse momento crítico, um cabo, comandante de uma seção de canhões sem recuo, destacou-se ao protagonizar uma ação decisiva. Percebendo que o bloqueio do último veículo inimigo poderia travar toda a coluna, ele atravessou a via sob fogo intenso, assumindo a posição de um míssil Javelin abandonado por uma guarnição norte-americana neutralizada. Com precisão, disparou contra o último BMP da coluna, bloqueando completamente a via e deixando os veículos restantes presos na zona de matar.
A Noite das Árvores que Atiram
Enquanto o fogo brasileiro era coordenado e preciso, os Geronimos, incapazes de localizar as posições defensivas, dispararam indiscriminadamente contra árvores próximas. A camuflagem impecável e a proximidade das tocas ao solo impediram qualquer identificação visual ou térmica. A confusão resultante levou os Geronimos a acreditar que estavam sendo atacados por disparos oriundos das árvores, o que deu origem ao nome que imortalizou o episódio: "A Noite das Árvores que Atiram".
Essa era a aterrorizante imagem que os americanos viam, apenas árvores |
Resultados e Reconhecimento
A ação defensiva da 1ª Companhia de Fuzileiros do 52º BIS resultou na destruição completa da força blindada inimiga. A combinação de técnicas de organização do terreno, disciplina e ações individuais heroicas garantiu o sucesso da missão. O cabo que bloqueou a via foi condecorado com o título honorífico de "Hero of the Battlefield" pelo Exército dos Estados Unidos, em reconhecimento à sua bravura e impacto no desfecho do combate.
A posição defensiva brasileira neutralizou a coluna "Inimiga", mostrando a capacidade e eficiência do combatente brasileiro |
Lições Aprendidas:
1. Camuflagem e Organização do Terreno:
A utilização de tocas bem construídas, com telheiros baixos e cobertas naturais, demonstrou que soluções simples e bem executadas podem anular a superioridade tecnológica do inimigo.
2. Iniciativa Sob Fogo:
A decisão do cabo de atravessar a via e utilizar o míssil Javelin em uma posição abandonada destacou a importância de lideranças decisivas em situações críticas.
3. Treinamento Realista:
O uso do MILES, combinado com o conhecimento do DSET, provou ser um diferencial importante, garantindo que a tropa estivesse preparada para um combate próximo da realidade.
4. Interoperabilidade e Cooperação Internacional:
A experiência conjunta reforçou a importância de exercícios como a CORE 24 para o aprimoramento das capacidades de combate e a integração entre forças armadas de diferentes países.
Ilustração por IA do que seria o efeito real |
Conclusão
A Noite das Árvores que Atiram simboliza a excelência do preparo técnico e a coragem dos militares brasileiros em cenários de combate desafiadores. O episódio não apenas destacou a capacidade da 1ª Companhia de Fuzileiros do 52º BIS, mas também serviu como exemplo de como ações individuais e coletivas podem superar forças tecnológicas superiores. Este marco na CORE 24 permanecerá como um exemplo de bravura e habilidade para as futuras gerações de combatentes.
Por OCA com exclusividade para o GBN Defense
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Excepcional! Parabéns à 1ª/52º BIS. Representaram muito bem o Brasil.
ResponderExcluirExcelente, SELVA !!!
ResponderExcluirSensacional!!!
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