Buscando uma solução estratégica para consolidar sua presença no Oriente Médio e no Norte da África, a Rússia está transferindo sistemas de defesa aérea para a Líbia. De acordo com fontes dos Estados Unidos e na Líbia, citadas pelo The Wall Street Journal, a transferência inclui sistemas de defesa aérea S-300 e S-400, assim como outros equipamentos militares essenciais, provenientes da Síria para o território líbio, em um esforço para garantir a manutenção de sua influência na região.
A transferência ocorre em um momento crítico, após a queda do regime sírio de Bashar Al-Assad, que resultou na diminuição da presença militar russa na Síria. Moscou que já enfrentava desafios significativos na região, está buscando manter sua projeção de poder no Mediterrâneo, uma vez que perdeu terreno estratégico no país vizinho, particularmente após a queda de Assad, que força uma retirada de boa parte das forças russas e a diminuição de sua presença em bases militares, como a base naval de Tartus.
Segundo fontes na Líbia, os sistemas foram deslocados por meio de aeronaves para instalações no leste da Líbia, sob controle de Khalifa Haftar, líder do Exército Nacional Líbio (LNA). A movimentação inclui radares, componentes dos S-300 e S-400, que se somam à presença anterior de combatentes do Grupo Wagner, uma PMC russa ligada a Moscou. Estes combatentes, conhecidos por operar em diversas regiões da África, já têm uma forte presença em bases aéreas líbias, as quais utilizam para realizar operações e transitar para outros pontos estratégicos do continente.
A Líbia permanece um território fragmentado desde a derrubada do regime de Muammar Gaddafi em 2011, com facções rivais disputando o controle do país. O governo de Haftar, baseado no leste, tem se beneficiado do apoio militar russo em sua luta contra forças milicianas apoiadas pela Türkiye no oeste. A assistência russa inclui, além dos sistemas de mísseis, planos de modernização de portos estratégicos, como os de Benghazi e Tobruk, para acomodar navios de guerra russos. Essas ações demonstram o interesse de Moscou em expandir sua influência sobre importantes pontos de acesso no Mediterrâneo e no continente africano.
O reforço da presença russa na Líbia ocorre em paralelo ao aumento da pressão internacional, especialmente por parte do Ocidente, para que as tropas russas se retirem da região. Washington, inclusive, tem sido oposição a essa crescente influência, com o diretor da CIA, William Burns, alertando Haftar sobre as implicações políticas e de segurança de permitir o reforço militar russo no país. As autoridades dos Estados Unidos também expressaram preocupação sobre a eventual permanência dos sistemas de defesa aérea russos em solo líbio, com o futuro desses equipamentos ainda incerto. Alguns especialistas sugerem que, embora a Rússia tenha transferido as armas para a Líbia, elas poderiam ser retiradas posteriormente ou permanecer em território líbio, dependendo da evolução política e militar da situação.
Enquanto a presença militar russa no Oriente Médio e no norte da África cresce, a Líbia se torna um campo de batalha não apenas entre as facções locais, mas também entre potências globais, com a Rússia buscando ampliar sua rede de influências na região. Com os recentes reforços de defesa aérea e a crescente cooperação com Haftar, Moscou tenta não apenas consolidar sua posição estratégica, mas também enviar uma mensagem clara sobre sua determinação em manter sua presença na região, apesar das dificuldades internas e da pressão internacional.
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