quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Parlamento Grego Duplica Orçamento de Defesa para 2025: Uma Lição para o Brasil

Visando fortalecer suas forças armadas e garantir sua segurança em tempos de crescente instabilidade geopolítica, o Parlamento grego aprovou um orçamento para 2025 que praticamente dobra os gastos com defesa. O Ministério da Defesa grego receberá um incremento de 3,6 bilhões de euros, elevando o orçamento para 6,1 bilhões de euros, um aumento de 73% comparado aos números de 2019. Essa decisão reflete uma prioridade do governo grego em garantir uma defesa robusta, especialmente à luz das tensões no Mediterrâneo e nas fronteiras da Grécia.

Este movimento estratégico não é isolado. O governo grego, independentemente de disputas internas, reconhece que a segurança nacional não pode ser negligenciada, mesmo diante de desafios econômicos. O aumento do orçamento de defesa da Grécia coloca em evidência a visão de que a força militar é um pilar essencial para a soberania e estabilidade do país. O ministro da Economia e Finanças, Kostis Hatzidakis, ressaltou que, enquanto os gastos com saúde aumentam, o investimento em defesa também reflete as necessidades urgentes de modernização do país.

Entretanto, ao olharmos para o Brasil, uma analogia se torna inevitável. Enquanto a Grécia adota uma postura proativa ao fortalecer sua defesa, o Brasil, por outro lado, enfrenta uma política repetida de cortes no orçamento de defesa, prejudicando diretamente a capacidade operacional das Forças Armadas e o andamento de programas estratégicos vitais. Nos últimos anos, o Brasil tem experimentado uma sequência de ajustes orçamentários que afetam, principalmente, o desenvolvimento de tecnologias essenciais para defesa do Brasil, além de atrasar a entrega de equipamentos, sistemas e a manutenção de sua infraestrutura de defesa.

A situação brasileira pode ser comparada à da Grécia, mas em uma direção oposta. Onde a Grécia vê a defesa como uma prioridade vital para a segurança nacional, o Brasil tem relegado essa questão a segundo plano, com cortes orçamentários que comprometem a eficiência das Forças Armadas. Projetos como a modernização da força de submarinos, construção de novos meios de superfície da Marinha, o desenvolvimento de sistemas de defesa aérea e a modernização da força blindada do Exército, além da necessidade urgente de novos meios aéreos para a FAB, ficam à mercê de limitações financeiras, atrasando significativamente os prazos e colocando em risco a soberania do Brasil.

Enquanto a Grécia investe massivamente em sua segurança para enfrentar desafios regionais, o Brasil tem sido cada vez mais dependente de soluções externas e enfrenta dificuldades para manter sua autonomia no campo da defesa. Esse contraste evidencia um problema estrutural no Brasil, onde a defesa é vista, equivocadamente, como uma área passível de cortes, sem considerar as repercussões a longo prazo para a segurança e estabilidade do país.

Essa postura do governo brasileiro coloca em risco a capacidade do Brasil de se manter relevante no cenário geopolítico global. A defesa nacional não deve ser vista como um fardo financeiro, mas como um investimento estratégico para a soberania e a proteção dos interesses do país, além de impulsionar a economia através do desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID), que gera milhares e empregos, representando uma significativa participação no PIB nacional com as exportações, as quais ainda podem aumentar e muito, se houver seriedade no investimento no setor pelo governo federal. A Grécia, ao dobrar seu orçamento de defesa, está reafirmando sua posição no Mediterrâneo. O Brasil, ao cortar investimentos vitais para suas Forças Armadas, arrisca colocar em risco a própria capacidade de se proteger e defender seus interesses no futuro.

Se a Grécia consegue reconhecer a importância de manter uma defesa forte, o Brasil precisa urgentemente revisar sua postura e entender que um investimento constante e robusto em defesa é crucial para garantir não apenas sua segurança, mas sua influência no cenário internacional. O tempo de cortes orçamentários na defesa precisa dar lugar a uma visão mais estratégica e responsável, que priorize a construção de uma capacidade de defesa autossuficiente e moderna.

O futuro da segurança nacional do Brasil depende de decisões que, assim como a Grécia, coloquem a defesa como prioridade. Sem isso, o país corre o risco de ver suas Forças Armadas enfraquecidas e sua soberania comprometida, além de se tornar um anão diplomático inexpressivo.


por Angelo Nicolaci


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