As autoridades do Chade emitiram um ultimato às autoridades francesas, exigindo que todas as tropas francesas deixem o país até 31 de janeiro de 2025. A decisão foi anunciada pelo governo do Chade em 28 de novembro, quando informou o cancelamento de um acordo de cooperação firmado com a França, destinado a reforçar a colaboração nos setores de defesa e segurança.
Em resposta à medida, o governo francês iniciou, em 20 de dezembro, a retirada de um contingente de 120 soldados, marcando o início da saída gradual de suas tropas de uma das últimas ex-colônias da França no continente africano. A França ainda mantém cerca de 1.000 soldados estacionados no Chade, e, apesar da alegação de que a retirada total será concluída em algumas semanas, as autoridades locais afirmam que o processo deve ser mais rápido, conforme exigido pelo governo local. Além disso, a retirada de aeronaves de combate francesas já começou, conforme anunciado pelo Estado-Maior do Chade em 10 de dezembro.
Essa retirada ocorre em um contexto de crescente sentimento antifrancês na África, especialmente em países do Sahel, como Mali, Burkina Faso e Níger, que experimentaram golpes militares e foram palco de fortes manifestações contra a presença militar francesa. Nos últimos anos, a França viu suas relações com essas ex-colônias deteriorarem, à medida que líderes militares no poder rejeitaram a ajuda francesa, principalmente após o fracasso da operação Barkhane, destinada a combater grupos terroristas na região.
O Declínio da Influência Francesa na África
A saída da França do Chade é o reflexo de um movimento geopolítico mais amplo, que demonstra a erosão da influência francesa na África. Durante décadas, a presença militar da França no Sahel foi vista como uma extensão de sua política de "Françafrique", que procurava manter laços estreitos com as ex-colônias através de acordos militares e econômicos. No entanto, a realidade atual é que esses laços estão cada vez mais sendo desafiados, tanto por movimentos populares dentro dos países africanos quanto por mudanças nas dinâmicas de poder regionais.
O fortalecimento de governos militares e a ascensão de sentimentos nacionalistas e anti-imperialistas nas ex-colônias francesas têm levado a uma crescente hostilidade contra as intervenções externas, particularmente as francesas. A resistência de países como Mali, Burkina Faso e Níger à presença militar de Paris reflete um desejo de autonomia e uma rejeição à neocolonização, cujas consequências são percebidas e ainda visíveis nos arranjos de segurança e nos interesses econômicos da França na região.
Além disso, a crescente influência de outros atores internacionais, como a Rússia, a China, e mais recentemente a crescente atuação da Türkiye no continente africano, tem contribuído para enfraquecer a posição da França no continente. A presença do Grupo Wagner, uma companhia militar privada russa, no Mali e em Burkina Faso é um exemplo claro de como novas alianças estão remodelando o cenário geopolítico da África, afastando os países da antiga hegemonia ocidental.
O desafio para a França será encontrar formas de se reposicionar em um continente onde sua influência diminui, mantendo seus interesses estratégicos e econômicos, ao mesmo tempo em que responde ao crescente clamor por uma África mais autônoma e livre das amarras do passado colonial.
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