Um importante marco foi alcançado com a realização do inédito exercício de interoperabilidade multidomínio, no qual as Forças Armadas brasileiras integraram sistemas estratégicos de comunicações, comando e controle. O evento ocorreu na última sexta-feira (20), no Rio Grande do Sul, e envolveu a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, com a participação do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, e membros do Alto Comando da Força Aérea Brasileira (FAB). Esta simulação representou a fase final do desenvolvimento do Link-BR2, um sistema nacional de comando e controle, desenvolvido pela brasileira AEL Sistemas.
O exercício, uma realização pioneira no Brasil, testou a capacidade de integração de sistemas de comunicação e comando das três Forças Armadas em um cenário de conflito simulado. Para isso, foram utilizados os sistemas Link-BR2 (da FAB), RDS Defesa e GCB (do Exército Brasileiro) e o Multi Data-Link Processor (MDLP), coordenado pela Marinha. O objetivo foi avaliar o compartilhamento de dados, o envio de ordens e a comunicação por voz em tempo real entre aeronaves, viaturas e embarcações militares, todas integradas por uma estação multidomínio de Comando e Controle.
Tecnologias de Ponta em Ação
O exercício simulou uma série de cenários de combate, como ataques a pontes, interceptação de aeronaves invasoras e a neutralização de helicópteros hostis. Em tempo real, as informações e imagens geradas por tecnologias como binóculos térmicos e radares foram transmitidas para o Comando Conjunto, de onde partiram as ordens para a execução das operações. O evento testou a robustez das tecnologias desenvolvidas, proporcionando uma avaliação crítica de como os sistemas funcionam em um ambiente de alta complexidade, como os campos de batalha modernos.
A integração dos sistemas de comunicação foi facilitada por rádios MARC instalados nas aeronaves e plataformas de solo da FAB, rádios RDS-Defesa em viaturas do Exército e o Tablet Robustecido Veicular “ETC”, que conectam o Link-BR2 do domínio aéreo ao terrestre por meio do Gerenciador do Campo de Batalha (GCB). No domínio naval, a Marinha completou a comunicação com um rádio MARC instalado em uma Estação Data Link do Link-BR2, operando junto com o Multi Data Link Processor (MDLP) no Navio de Apoio Oceânico (NApOc) "Mearim", ancorado no litoral de Rio Grande.
Link-BR2: O Futuro da Guerra Centrada em Rede
O Link-BR2 é um sistema de C4I (Comunicação, Comando, Controle, Computação e Inteligência) desenvolvido pela AEL Sistemas para a Força Aérea Brasileira. Ele foi projetado para oferecer comunicação segura, confiável e interoperável, essencial em ambientes operacionais de alta complexidade. Utilizando criptografia de última geração, o Link-BR2 garante que as informações sejam acessíveis apenas por usuários autorizados, suportando múltiplos modos de comunicação, como voz e dados, e operando eficazmente mesmo em cenários adversos.
O sistema será incorporado em plataformas aéreas, terrestres e navais, aumentando a eficiência das Forças Armadas e permitindo que elas operem de maneira mais coordenada e integrada. Além disso, o Link-BR2 será integrado à aeronave F-39 Gripen, com a previsão de utilização nos caças do projeto F-39 Gripen, que trará um salto de qualidade nas capacidades operacionais da FAB.
RDS Defesa e MDLP: Soluções para a Interoperabilidade e Integração
O RDS Defesa, desenvolvido pelo Exército Brasileiro, tem como principal objetivo garantir a interoperabilidade das comunicações nas operações conjuntas das Forças Armadas. O sistema, também desenvolvido pela AEL Sistemas, é fundamental para a comunicação segura e eficiente entre as viaturas do Exército e outras plataformas, utilizando criptografia de ponta e formas de onda táticas.
Já o Multi Data Link Processor (MDLP), desenvolvido pela Marinha do Brasil, permite a troca de mensagens entre diferentes enlaces de dados táticos, facilitando a integração entre os sistemas das Forças Armadas durante operações conjuntas. Com o MDLP, a Marinha consegue conectar seus sistemas de comunicação, como o Yb e o Sterna, aos sistemas de comando e controle das outras Forças.
A Participação da Indústria Brasileira no Avanço da Defesa Nacional
O exercício também destacou a importância da indústria nacional no avanço das capacidades de defesa do Brasil. O presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, enfatizou a relevância da integração de projetos estratégicos de comunicação, destacando a sinergia das Forças Armadas e a importância da parceria entre o setor público e a indústria. Segundo Lazar, o Link-BR2 representa uma nova visão de guerra centrada em rede, colocando o Brasil na vanguarda das tecnologias de defesa e conectando a Força Aérea Brasileira às tendências globais.
Com mais de 40 anos de experiência no desenvolvimento de sistemas eletrônicos militares e espaciais, a AEL Sistemas é uma das principais parceiras das Forças Armadas brasileiras. A empresa tem se destacado no desenvolvimento de tecnologias de ponta, como o Link-BR2, e em diversos outros projetos estratégicos, incluindo sistemas de Comando e Controle, Guerra Eletrônica e Radares de Alta Capacidade. Com sua participação crucial em programas como o F-39 Gripen e o STERNA, a AEL Sistemas segue consolidando sua posição como um Centro de Excelência em Tecnologia de Defesa, contribuindo para a segurança e a soberania do Brasil.
Em suma, o exercício realizado no Rio Grande do Sul não só testou com sucesso a interoperabilidade entre os sistemas de comunicação das Forças Armadas, como também reafirmou o compromisso do Brasil com o desenvolvimento de tecnologias nacionais de defesa, que fortalecem a capacidade de resposta operacional do país e garantem uma integração cada vez mais eficiente entre os domínios aéreo, terrestre e naval.
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