A morte da Capitã de Mar e Guerra (CMG) Gisele Mendes de Souza e Mello no último dia 10 de dezembro, não pode ser vista apenas como mais uma tragédia isolada, mas como um sintoma evidente da falência do sistema de segurança pública e da omissão de um Estado que, há décadas, falha em garantir a vida e a proteção de seus cidadãos. Gisele, servidora da pátria, foi atingida por um disparo enquanto participava de uma cerimônia no Hospital Naval Marcílio Dias, uma área de ostensiva presença do tráfico de drogas. Ela, uma mulher que dedicou sua vida à Medicina e se preparava para o serviço humanitário, tombou em pleno cumprimento de seu dever, vítima de uma guerra que já matou milhares, mas que continua sendo ignorada pelos que deveriam zelar pela ordem e pela justiça.
É fundamental, neste momento, refletir sobre o que essa morte representa: um reflexo claro da situação de total descontrole que vive o Rio de Janeiro. A violência, a falta de políticas públicas eficazes no combate ao narcotráfico e ao contrabando de armas, a desproteção das forças de segurança e a conivência de parte do judiciário com as ações dos criminosos são fatores que formam um caldo de inação do Estado. Uma inação que não pode mais ser ignorada. Gisele é, infelizmente, apenas mais uma vítima de um sistema que protege mais os bandidos do que os cidadãos de bem.
Não podemos mais nos iludir com operações pontuais, que visam, na maioria das vezes, passar uma falsa impressão de que o Estado está agindo. Não é suficiente realizar ações superficiais ou acionar operações complexas, como as GLOs (Garantia da Lei e da Ordem) pelas Forças Armadas, sem entregar o devido respaldo jurídico e regras de engajamento que permitam o combate eficaz ao crime. Operações de grande porte são necessárias, mas precisam ser sustentadas por um plano estratégico de longo prazo, que envolva todas as esferas do governo, e que principalmente, garanta a proteção jurídica às ações das forças de segurança.
O Rio de Janeiro vive uma guerra urbana há décadas, onde o tráfico de drogas e o contrabando de armas não apenas empoderam as facções criminosas, mas também garantem sua permanência e crescimento. Estamos diante de um cenário onde, a cada dia, morrem mais pessoas no Rio de Janeiro do que em cenários de guerra civil, como na Síria, e ainda assim, somos convencidos de que a situação está sob controle. A população continua refém de uma guerra travada nas ruas, nos morros, em hospitais e escolas, enquanto o poder público finge que está tudo bem.
A tragédia da Comandante Gisele expõe a fragilidade do modelo de segurança pública do Rio de Janeiro, onde as forças policiais são frequentemente impedidas de agir devido a decisões judiciais lenientes e ao medo de serem processadas por protegerem a sociedade. No entanto, não se pode esperar que a polícia resolva essa guerra sozinha, sem o respaldo adequado das demais instituições. A falta de políticas públicas para combater o narcotráfico e o tráfico de armas, que alimentam a violência, apenas evidencia o descaso de um Estado que já deveria ter agido de forma mais contundente há muito tempo.
Não podemos mais aceitar que a ineficiência do poder público se perpetue, e que vidas como a de Gisele sejam ceifadas de forma absurda, sem que ninguém seja responsabilizado por isso. A morte dessa militar da Marinha deve ser o estopim para uma mobilização mais ampla da sociedade e das autoridades, para que medidas enérgicas sejam adotadas imediatamente. Não basta mais a promessa de ações pontuais; é hora de dar fim a essa guerra urbana, que não tem mais espaço para falsas soluções e ineficiência.
O Rio de Janeiro e o Brasil não podem mais ser reféns de um sistema que falha em proteger aqueles que mais necessitam. A luta contra o tráfico, contra o crime organizado, deve ser travada com a mesma determinação e intensidade que se espera em qualquer guerra. O Estado precisa, enfim, se posicionar de forma firme e decisiva, oferecendo as condições necessárias para que as forças de segurança possam atuar com a eficácia exigida pela gravidade da situação.
Estamos de luto, não apenas pela perda irreparável de nossa Comandante Gisele, mas também por uma sociedade que se vê refém da criminalidade e da conivência de autoridades que deveriam, em primeiro lugar, defender os interesses do povo. A morte de Gisele é um triste reflexo de um país que há muito tempo negligencia sua responsabilidade de garantir a segurança e a justiça para todos. Enquanto o Estado se omite, a população paga o preço com vidas ceifadas e a liberdade diariamente ameaçada. O luto é nosso, e a revolta também. Chegou o momento de exigir que o Brasil pare de fingir que está tudo bem, e comece a agir, com urgência e responsabilidade, para proteger a vida de quem realmente importa: o cidadão brasileiro.
por Angelo Nicolaci
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Concordo em gênero numero e grau!
ResponderExcluirO estado e as forças de segurança não podem mas, devem sim, tomar uma atitude enérgica para restaurar a ordem.