No dia 13 de novembro, a Marinha do Brasil (MB) e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis deram um passo importante para a modernização da frota naval brasileira. Em uma cerimônia realizada no Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí, Santa Catarina, foi realizado o corte da primeira chapa de aço da Fragata "Cunha Moreira" (F202), a terceira embarcação do Programa Fragatas Classe "Tamandaré" (PFCT). Este evento, símbolo do início da construção de mais uma fragata de última geração, marca uma nova fase para a MB, com a construção de três fragatas simultaneamente em território nacional, um feito inédito para a indústria naval brasileira.
O nome da fragata é uma homenagem ao Almirante Luís da Cunha Moreira, o Visconde de Cabo Frio, figura histórica que desempenhou um papel essencial na história do Brasil, especialmente nas Guerras Napoleônicas e na consolidação da independência do país. Cunha Moreira foi o primeiro brasileiro nato a ocupar o cargo de Ministro da Marinha e foi fundamental na formação da primeira Esquadra do Brasil. Sua contribuição para o processo de modernização da Marinha e para a história do Brasil é relembrada com a construção desta embarcação, que carrega não apenas o nome de um herói nacional, mas também um legado de inovação e defesa.
Avanços no Programa Fragatas Classe "Tamandaré"
O corte da chapa da F202 é um marco no desenvolvimento do PFCT, programa que tem como objetivo fortalecer a Marinha do Brasil com a construção de quatro fragatas de última geração. A F202 é a terceira embarcação do programa e, como as outras, será equipada com tecnologia de ponta, incluindo radares, sensores e armamentos avançados. Com capacidade para atingir 25 nós (cerca de 47 km/h), a Fragata "Cunha Moreira" terá um papel crucial na segurança marítima do Brasil, atuando em missões de defesa, patrulhamento e combate. Sua previsão de lançamento ao mar é para 2026, com a incorporação à Marinha do Brasil prevista para 2028.
Este avanço representa a concretização de uma meta histórica: pela primeira vez, três fragatas estão sendo construídas simultaneamente no Brasil, com um alto índice de conteúdo local. A primeira embarcação, a Fragata "Tamandaré" (F200), foi lançada ao mar em agosto de 2024 e já está em fase de testes. Já a Fragata "Jerônimo de Albuquerque" (F201), que foi batida de quilha em junho de 2024, será lançada ao mar em 2025.
Impacto no Setor Naval e Geração de Empregos
O Programa Fragatas Classe "Tamandaré" não só representa um avanço estratégico para a defesa nacional, mas também um impulso significativo para a indústria naval brasileira. Estima-se que a construção das fragatas gere cerca de 23 mil empregos, sendo 2 mil diretos, 6 mil indiretos e 15 mil induzidos, com impacto positivo na economia local e nacional. A construção será realizada em Itajaí, no estado de Santa Catarina, onde o estaleiro que abriga o projeto foi reativado, gerando novas oportunidades de trabalho e capacitação.
Além disso, o PFCT é uma prioridade do Governo Federal, inserido no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), com foco em inovação para a indústria de defesa. A parceria entre a MB e a SPE Águas Azuis, formada pela thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança e Atech, está promovendo a transferência de tecnologia, capacitando empresas brasileiras na produção de sistemas avançados, como o manuseio de chapas de aço de baixa espessura e a produção dos navios em blocos, facilitando a instalação de equipamentos e componentes.
Inovação no Processo de Construção e Sustentabilidade
Um dos maiores avanços do PFCT é a utilização de tecnologias de ponta no processo de construção das fragatas. A produção é realizada de forma totalmente digital, por meio da tecnologia "paperless", que elimina o uso de papel e reduz o impacto ambiental, promovendo a sustentabilidade no setor naval. A gestão do ciclo de vida dos navios, desde a construção até o seu desfazimento, também é planejada para garantir maior eficiência, com a utilização de materiais e técnicas que promovem a durabilidade e a segurança das embarcações.
Os navios serão produzidos em módulos, com alta flexibilidade, permitindo a montagem simultânea de diversos componentes e a instalação antecipada de acessórios e fundações. Esse processo inovador garante maior eficiência na produção e permite que o cronograma de construção seja cumprido com rigor, atendendo aos altos padrões de qualidade exigidos pela Marinha do Brasil.
Estrutura de Apoio à Tripulação
No mesmo dia do corte da chapa, foi inaugurado o Grupo de Recebimento das Fragatas Classe "Tamandaré" em Itajaí. Os novos escritórios, com área total de 325 m², abrigarão 112 militares que comporão a futura tripulação da Fragata F200. O projeto também gerou empregos e implicou em uma infraestrutura moderna, com sistemas de hidráulica, esgoto, elétrica e pavimentação, criando um ambiente adequado para o treinamento e desenvolvimento da tripulação.
A construção das Fragatas Classe "Tamandaré" é mais do que um avanço para a Marinha do Brasil – é um marco na capacitação da indústria nacional e na transferência de tecnologia para o Brasil. Com a incorporação dessas embarcações à frota, a Marinha do Brasil não só moderniza sua capacidade de defesa, mas também fortalece a soberania nacional e o compromisso com a segurança do território marítimo.
O PFCT é, sem dúvida, um dos projetos mais ambiciosos e inovadores da história da defesa nacional, refletindo a parceria entre o governo e a indústria para garantir a autossuficiência tecnológica e a produção de embarcações de alta qualidade em solo brasileiro.
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Com Marinha do Brasil
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