A França está implementando um passo inovador na preparação de suas capacidades de defesa ao recrutar trabalhadores aposentados da indústria de defesa para formar uma “reserva industrial de defesa”. A medida, anunciada pela Direção-Geral de Armamento (DGA), visa garantir que o país tenha uma força de trabalho altamente qualificada pronta para aumentar a produção de sistemas de armas e munições, caso seja necessário em caso de conflito ou esforços de guerra.
O programa busca aproveitar a experiência dos veteranos da indústria, que podem ajudar na formação de novos contratados ou colaborar diretamente nas fábricas, transferindo habilidades raras para as gerações mais jovens. Para dar início a essa estratégia, a DGA firmou contratos com importantes fabricantes de veículos blindados, como a KNDS e a Arquus, empresas chave na indústria de defesa francesa.
Em 12 de novembro de 2024, no prestigioso Hôtel national des Invalides, Emmanuel Chiva, Diretor-geral da DGA, e o General Pierre Schill, Chefe do Estado-Maior do Exército, assinaram acordos de parceria com Nicolas Chamussy, diretor geral da KNDS França, e Thierry Renaudin, presidente da Arquus. Esses acordos têm duração de cinco anos e fazem parte do projeto de "economia de guerra", alinhados com a estratégia de fortalecimento da Base Industrial e Tecnológica de Defesa (BITD) da França.
As parcerias visam facilitar a participação de reservistas industriais em missões específicas, criando um ambiente propício para a profissionalização e ampliação da capacidade das empresas envolvidas. O compromisso com o fortalecimento da indústria de defesa tem sido reiterado por Sébastien Lecornu, Ministro das Forças Armadas e dos Veteranos, que vê a iniciativa como essencial para enfrentar futuros desafios de alta intensidade.
O programa, que busca aproveitar a vasta experiência dos veteranos da indústria, permitirá que esses profissionais ajudem na formação de novos contratados ou colaborem diretamente nas fábricas, transferindo habilidades raras para as novas gerações. Recentemente, a DGA firmou acordos com importantes fabricantes de veículos blindados, como a KNDS e a Arquus, duas das principais empresas do setor de defesa francês, para fortalecer essa iniciativa.
Emmanuel Chiva destacou, em entrevista, a importância do projeto como preparação estratégica para cenários de "guerra de alta intensidade", mesmo que o país não esteja atualmente em conflito. “Não estamos em guerra, mas, por outro lado, não devemos ser ingênuos”, afirmou Chiva. "Estamos nos preparando para um aumento de força, mesmo que seja apenas pelo bem da nossa credibilidade." O programa é visto como um elemento crucial para garantir a continuidade da produção militar e a prontidão operacional da França em um possível conflito.
Desafios da Indústria e o Papel da Reserva Industrial
O programa de reserva industrial surge em um momento crítico para a indústria de defesa francesa, que enfrenta uma escassez crescente de mão de obra qualificada. Segundo um relatório governamental recente, estima-se que quase 1 milhão de trabalhadores da base industrial se aposentem até 2030. Nesse cenário, a colaboração com profissionais aposentados da indústria de defesa e de setores correlatos, como o automotivo, surge como uma solução estratégica para manter a produção de armamentos mesmo diante da redução da força de trabalho ativa.
Além das parcerias com empresas de defesa, a DGA está em negociação com a fabricante automotiva Renault, explorando maneiras de aproveitar a experiência da indústria automotiva para a produção de veículos e equipamentos militares. "Estamos no processo de identificar grupos de mão de obra em indústrias civis", explicou Chiva, sinalizando que outras empresas do setor civil também poderão ser envolvidas na iniciativa.
Reserva Industrial de Defesa: Estrutura e Funcionamento
A Reserva Industrial de Defesa (RID) é composta por profissionais com habilidades industriais específicas, como técnicos de fabricação, engenheiros, soldadores, especialistas em controle de qualidade e outras áreas vitais para a produção e manutenção de equipamentos militares. Os reservistas industriais de defesa comprometem-se a dedicar dez dias por ano ao programa, divididos entre treinamentos, manutenção de competências e formação prática.
Com status militar, esses reservistas podem ocupar posições de suboficiais ou oficiais, recebendo remuneração equivalente à de militares ativos da mesma categoria. A meta é formar um grupo de 3.000 reservistas industriais, prontos para serem mobilizados tanto em empresas da BITD quanto em fabricantes estatais, garantindo a flexibilidade e a capacidade de resposta rápida da indústria de defesa francesa.
Lei de Programação Militar 2024-2030 e Futuro da Defesa Francesa
O programa de reserva industrial está inserido na Lei de Programação Militar 2024-2030, que busca dobrar o número de reservistas de defesa no país. Essa meta reflete uma preocupação crescente com a preparação para cenários de conflito de alta intensidade e com a necessidade de garantir que a França esteja adequadamente equipada para responder a ameaças inesperadas. Além de aumentar a capacidade de produção, a estratégia visa fortalecer a formação e a transferência de conhecimento entre gerações, assegurando que a indústria de defesa francesa permaneça robusta e competitiva.
Com essa abordagem, a França busca não apenas se preparar para potenciais conflitos futuros, mas também garantir que sua indústria de defesa mantenha sua eficiência e competitividade global, independentemente das mudanças nas forças de trabalho e das demandas geopolíticas. Ao investir na experiência de seus veteranos e na formação de novos talentos, a França reforça sua autonomia e flexibilidade em um cenário internacional cada vez mais complexo e imprevisível.
GBN Defense - A informação começa aqui
com DGA e Ministère des Armées
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