A Argentina deu um passo importante no fortalecimento de sua capacidade naval ao iniciar oficialmente as discussões sobre a possível aquisição de submarinos Scorpène, projetados pelo Naval Group, um dos principais desenvolvedores globais de tecnologia submarina. A decisão foi formalizada com a assinatura de uma carta de intenções (LoI) no início de outubro, abrindo caminho para negociações mais aprofundadas sobre a compra dos submarinos e sobre o nível de envolvimento da indústria argentina no programa.
O submarino Scorpène, desenvolvido pelo Naval Group em parceria com a DCN (Direction des Constructions Navales), é um dos modelos de submarino de ataque convencionais mais modernos do mercado, projetado para operar com alta capacidade e eficiência. O Scorpène já está em serviço em diversos países, incluindo o Brasil, onde estão sendo construídos, os quais receberam modificações no projeto original, afim de atender aos requisitos da Marinha do Brasil. O Scorpène desempenha um papel estratégico para força de submarinos brasileira, dando origem a Classe Riachuelo. Além do Brasil, a Índia, Malásia e a Indonésia também utilizam esses submarinos, com a Indonésia inclusive realizando pedidos adicionais.
Se a Argentina seguir adiante com a compra, ela se tornaria o terceiro país da América Latina a operar os submarinos Scorpène, juntando-se ao Brasil e ao Chile. O Brasil, por sua vez, já conta com dois dos quatro submarinos desse tipo entregues ao setor operativo. O Chile que conta com dois submarinos Scorpène, também tem se beneficiado da tecnologia de ponta desses submarinos.
O custo de cada submarino Scorpène é estimado em cerca de US$ 700 milhões, um valor significativo que reflete a sofisticação e os recursos envolvidos na construção e operação de cada unidade. O processo de aquisição envolverá não apenas o fornecimento dos submarinos prontos, mas também considerações sobre o nível de transferência de tecnologia e de participação da indústria argentina no programa, um aspecto fundamental para a Argentina, que busca fortalecer sua base industrial de defesa.
No contexto dessa negociação, a construção dos submarinos Scorpène também poderia ser realizada no Brasil. Com o estaleiro Itaguaí Construções Navais (ICN), contando com a capacidade técnica e infraestrutura necessária para a construção de submarinos Scorpène. Caso o Naval Group tenha interesse em uma colaboração mais estreita com a ICN, seria viável a construção desses submarinos em solo brasileiro, beneficiando a Argentina com o know-how e a expertise que o Brasil já consolidou nesse setor.
Com essa possibilidade, a ICN não só manteria sua linha de construção de submarinos operando, se posicionando como um polo estratégico na construção de submarinos na América Latina, mas também ampliaria sua capacidade de exportação de tecnologia e serviços no setor naval, promovendo o desenvolvimento regional e a cooperação entre as nações sul-americanas.
por Angelo Nicolaci
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