No dia 30 de setembro, o Ministério da Defesa da Índia emitiu uma Solicitação de Informações (RFI) para a aquisição de seis Sistemas de Alerta e Controle Aéreo Antecipado (AEW&C) e equipamentos terrestres associados, com o objetivo de reforçar a capacidade de vigilância da Força Aérea Indiana (IAF). A medida faz parte de um esforço estratégico para melhorar a defesa aérea do país, especialmente em suas fronteiras.
O RFI, publicado em 19 de julho, é destinado exclusivamente a fornecedores e fabricantes de equipamentos indianos, destacando a política de priorização da indústria local de defesa. O AEW&C é essencial para a detecção de radar de longo alcance, e inclui um conjunto de sistemas avançados como radar, medidas de vigilância eletrônica (ESM), suporte de comunicação (CSM) e um sistema de comando e controle (C2). Além disso, integra um sistema de gerenciamento de batalhas com capacidade de rede via links de dados.
Requisitos Técnicos e Operacionais
Os sistemas devem ser instalados em aeronaves a jato, com autonomia de voo de pelo menos oito horas, capacidade de reabastecimento em voo, e altitude operacional superior a 40.000 pés. A velocidade de cruzeiro deve exceder Mach 0,7, e os sistemas de navegação devem ser de última geração. Um dos requisitos cruciais é que o radar primário tenha cobertura de 360 graus e consiga rastrear alvos aéreos de grande e pequeno porte em distâncias superiores a 550 km, com uma capacidade de operação em altitudes que variam de 100 a 65.000 pés.
Além disso, a IAF especificou a necessidade de um sistema de identificação de amigos e inimigos, suíte de guerra eletrônica para autoproteção e integração com a rede de comando e controle da força, proporcionando capacidades de operação centradas em rede. As empresas podem propor aeronaves já configuradas para a função AEW&C ou sugerir modificações em aeronaves existentes, inclusive usadas.
Contexto e Expansão da Frota
Atualmente, a IAF opera uma frota limitada de cinco AEW&Cs, composta por três antigos A-50, baseados no IL-76 com aviônicos israelenses, e duas aeronaves Netra, desenvolvidas pela Organização de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa (DRDO). Esses sistemas são vitais para monitorar o espaço aéreo sobre as fronteiras do país, mas ainda são considerados insuficientes frente às capacidades da China e Paquistão, que possuem frotas muito maiores.
O DRDO também está desenvolvendo uma nova geração de AEW&C mais avançada que o Netra, que foi utilizado com sucesso nas operações de Balakote em 2019. Além disso, a IAF adquiriu recentemente aeronaves Airbus A320 e A319 da Air India, que podem ser convertidas para missões de guerra eletrônica e coleta de inteligência, com potencial para também se tornarem plataformas AEW&C.
A comparação com os vizinhos revela uma desvantagem significativa da Índia. A China possui 28 plataformas AEW&C, enquanto o Paquistão tem 12, colocando a Índia em uma posição desafiadora em termos de vigilância aérea. A ampliação da frota da IAF visa reduzir essa diferença e aumentar a capacidade de resposta do país em operações estratégicas.
Essa nova aquisição representa um passo importante para a modernização da Força Aérea Indiana e sua capacidade de enfrentar ameaças no complexo ambiente de segurança regional.
A Competição Indiana e a Incompetência do Governo Brasileiro
A solicitação de informações da Força Aérea Indiana (IAF) para a aquisição de novos Sistemas de Alerta e Controle Aéreo Antecipado (AEW&C) destaca como o Brasil, apesar de ter o potencial da Embraer e sua expertise na fabricação de aeronaves e soluções neste campo de defesa, perde oportunidades valiosas em um mercado global cada vez mais competitivo. A incapacidade do governo brasileiro de investir de forma séria e consistente em defesa e na indústria militar representa um obstáculo significativo para o Brasil e sua base industrial de defesa (BID).
A gestão inadequada das questões de defesa tem resultado em um desinteresse e falta de investimentos, prejudicando o desenvolvimento de tecnologias que poderiam colocar o Brasil em uma posição de destaque nesse setor. Enquanto a Índia está se preparando para modernizar suas capacidades de vigilância aérea, o Brasil permanece estagnado, sem uma estratégia clara que aproveite a experiência e as capacidades da Embraer e demais empresas de sua BID.
A situação atual impede que o Brasil dispute contratos importantes, como o da Índia, onde a demanda por AEW&C está crescendo. Em vez de aproveitar a competitividade das plataformas brasileiras, a falta de um orçamento adequado e de um plano estratégico de defesa impede que o país se posicione como um fornecedor nesse mercado.
A inação do governo não só prejudica a segurança nacional, mas também bloqueia o potencial de crescimento econômico associado à indústria de defesa. Com investimentos adequados, o Brasil poderia não apenas gerar empregos e estimular a economia, mas também estabelecer parcerias internacionais e abrir novos mercados para suas aeronaves e soluções tecnológicas.
Em resumo, a incompetência gerencial do governo brasileiro em relação à defesa e ao investimento sério em tecnologia e seus programas estratégicos de defesa, está fazendo com que o Brasil perca oportunidades valiosas. Para competir efetivamente em um mercado global em rápida evolução, é imperativo que o Brasil adote uma abordagem proativa e estratégica em relação à sua base industrial de defesa, e principalmente as suas forças armadas, garantindo que as mesmas contem com sistemas avançados que atendam aos desafios do cenário moderno, e sirvam como vitrine para o mercado global de defesa, defendendo não só a nossa soberania, mas gerando retorno e crescimento econômico.
por Angelo Nicolaci
GBN Defense - A informação começa aqui
com informações da RA-Índia
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