quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Editorial - "A incoerência nas escolhas estratégicas e a política externa do Brasil: ideologia e hipocrisia"

O Brasil tem uma longa e produtiva parceria com Israel no campo da defesa, com grande parte de nossa tecnologia militar originada de cooperações com empresas israelenses. No entanto, a recente recusa em adquirir o obuseiro autopropulsado ATMOS, da Elbit Systems, sob o pretexto de que Israel está envolvido em um conflito com o Hamas e o Hezbollah, levanta questões sérias sobre o direcionamento das decisões estratégicas do governo. Essa justificativa seletiva contrasta com a continuidade das relações comerciais com a Rússia, mesmo em meio à sua invasão devastadora da Ucrânia.

Enquanto Israel é punido por defender seu território e seu povo contra grupos radicais e seus atos bárbaros, o Brasil segue comprando diesel e outros produtos da Rússia, país responsável por uma guerra de agressão que já matou milhares de civis e destruiu grande parte da infraestrutura ucraniana. Essa duplicidade de critérios expõe o viés ideológico que está guiando as escolhas do governo, prejudicando os interesses do Brasil.

Parceria de longa data com Israel

A cooperação entre o Brasil e Israel no setor de defesa é um dos pilares do avanço tecnológico das Forças Armadas brasileiras. Desde sistemas de drones, aviônicos, até soluções avançadas de radar e vigilância, a contribuição israelense tem sido essencial para o desenvolvimento de nossa capacidade de defesa. Ignorar essa parceria de longa data, com base em argumentos ideológicos, é prejudicial à segurança nacional.

O obuseiro autopropulsado ATMOS, desenvolvido pela Elbit Systems, é uma das mais avançadas peças de artilharia do mercado, oferecendo alta mobilidade e precisão. Ao rejeitar essa compra, o governo não apenas compromete a capacidade das nossas forças armadas, como também enfraquece uma relação estratégica de décadas com Israel, que tem fornecido ao Brasil tecnologia de ponta em várias áreas.

O comércio seletivo com a Rússia

A recusa em adquirir sistemas de defesa de Israel ocorre enquanto o Brasil continua a negociar com a Rússia, mesmo com as atrocidades cometidas pelo país na Ucrânia. A guerra russa não é uma simples resposta defensiva, mas uma campanha de agressão e ocupação que já resultou na morte de milhares de ucranianos e na destruição de cidades inteiras. Apesar disso, o Brasil segue comprando produtos russos, como diesel, sem aplicar o mesmo critério de "preocupação com vidas civis" que utiliza contra Israel.

Essa seletividade não apenas contradiz qualquer argumento de natureza ética, mas também revela a profundidade do viés ideológico que tem guiado as decisões da nossa política externa. Os interesses nacionais não podem ser refém de alinhamentos políticos temporários, que mudam conforme os ventos partidários, muito menos sucumbir a ideologia de governos, o Estado brasileiro e seus interesses devem sobrepor qualquer tipo de políticas de governo e seus devaneios.

A postura do ministro José Múcio

Dentro desse cenário de decisões marcadas por ideologia, destaca-se a postura firme do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que tem se posicionado contra a interferência ideológica nas questões de defesa. Desde sua nomeação, Múcio tem deixado claro que a defesa nacional deve ser guiada pelos interesses estratégicos do Brasil, e não por influências externas ou agendas partidárias.

Múcio já afirmou publicamente que a política de defesa deve ser uma questão de Estado, e não de governo, indicando sua resistência às tentativas de transformar decisões de segurança em instrumentos de política ideológica. Essa postura confronta diretamente as intervenções que buscam alinhar a defesa do Brasil a conveniências partidárias, reafirmando a necessidade de uma política de defesa pragmática e em defesa dos interesses nacionais.

Sua visão destaca a urgência de proteger a soberania do Brasil e fortalecer nossas capacidades militares por meio de parcerias estratégicas sólidas, como a mantida com Israel e outros parceiros, sem sucumbir a pressões ideológicas que pouco têm a ver com as reais necessidades de defesa do país. Múcio deu voz essa questão sensível e perigosa que requer equilíbrio, buscando garantir que as decisões de compra de equipamentos militares sejam baseadas em critérios técnicos e estratégicos, e não em preferências políticas e ideológicas.

Defesa dos interesses nacionais

O Brasil não pode permitir que suas decisões de defesa sejam guiadas por um partido ou ideologia que esteja temporariamente no poder. A segurança nacional exige uma visão de longo prazo, focada na proteção dos interesses do Brasil e no fortalecimento de suas capacidades militares. Nossa política de defesa deve ser construída com base em parcerias estratégicas que tragam reais benefícios ao Brasil, como a mantida com Israel, e não ser sacrificada em nome de alinhamentos políticos que colocam o país em desvantagem.

A recusa em adquirir o ATMOS israelense enquanto se mantém relações comerciais com a Rússia é um claro exemplo de uma política inconsistente e contraditória. Se o governo brasileiro realmente se preocupa com vidas civis e direitos humanos, deveria aplicar esses critérios de maneira uniforme e pragmática, sem permitir que agendas ideológicas interfiram nas necessidades de defesa.

Conclusão

O Brasil precisa urgentemente adotar uma postura pragmática e coerente em sua política de defesa. A longa e frutífera parceria com Israel é um ativo valioso que não pode ser negligenciado em nome de uma agenda ideológica. Da mesma forma, é incoerente continuar mantendo relações comerciais com a Rússia enquanto se aplica um critério moral seletivo a outros países.

A postura do ministro José Múcio em confrontar essa intervenção ideológica é essencial para garantir que as decisões estratégicas de defesa sejam guiadas pelos interesses nacionais e pela segurança do Brasil. O país precisa de uma política de defesa que priorize suas necessidades reais e fortaleça sua soberania, sem ser refém de conveniências políticas temporárias. Somente assim o Brasil poderá se posicionar de maneira firme e independente no cenário global, protegendo seus interesses e garantindo a segurança de sua população.


Por Angelo Nicolaci 


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