Exclusivo: MANSUP - A Nova Era dos Mísseis Antinavio Lançados pelo Sistema ASTROS

Durante a última edição da Operação Formosa 2024, nos deparamos durante a Demonstração Operativa (DemOp), com a presença da SIATT e o mock-up do MANSUP exposto ao lado da plataforma Astros, cena que nos despertou a atenção e nos levou a uma interessante conversa com Robson Duarte, Sócio-Diretor da SIATT, que nos revelou o atual desenvolvimento da variante do MANSUP lançado a partir das plataforma Astros, e você confere em primeira mão aqui no GBN Defense.

A evolução das capacidades de defesa do Brasil é um tema de extrema relevância, especialmente no contexto atual de desafios geopolíticos e de segurança. Neste cenário, o projeto MANSUP (Míssil Antinavio de Superfície) se destaca como uma inovação estratégica, e sua integração com a plataforma ASTROS, representa um avanço significativo para as Forças Armadas Brasileiras e o mercado global. Nesta entrevista exclusiva, discutimos os detalhes desse processo de integração, os desafios técnicos enfrentados, e as perspectivas futuras para o MANSUP e suas diversas plataformas de lançamento.

Nosso entrevistado, Robson Duarte, compartilhou conosco informações valiosas sobre a integração ao sistema ASTROS, que originalmente era destinado ao emprego de foguetes de artilharia, para agora possibilitar o lançamento de mísseis antinavio. A prova de conceito atualmente em desenvolvimento visa fornecer ao Corpo de Fuzileiros Navais a capacidade de lançamento do MANSUP a partir do solo, o que promete não apenas expandir as capacidades operacionais, mas também aumentar a flexibilidade estratégica das forças de defesa brasileiras.

Além disso, abordaremos  sobre a conversão do ASTROS, os tempos de reversão para sua configuração original e as expectativas de mercado para a exportação do sistema integrado. Este projeto, que foi apresentado na Operação Formosa 2024, reúne a expertise de diferentes ramos das Forças Armadas e promete contribuir significativamente para a modernização e fortalecimento da defesa nacional. Acompanhe a seguir os detalhes sobre este inovador projeto e as expectativas para o futuro do MANSUP:

GBN Defense: Como se deu o processo de integração do MANSUP com a plataforma ASTROS? Quais foram os principais desafios técnicos para adaptar o sistema originalmente destinado a foguetes de artilharia para o lançamento de mísseis antinavio?

Robson Duarte (SIATT): No momento estamos elaborando uma prova de conceito, por orientação da Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM), com o propósito de disponibilizar para o CFN Corpo de Fuzileiros Navais a capacidade de lançar o míssil MANSUP de terra.

No momento será preparada uma lançadora para lançar 1 míssil. Os estudos futuros irão avaliar a possibilidade de colocar dois ou quatro misseis em uma lançadora Astros.

Ilustração com dois e quatro mísseis na Lançadora Astros

GBN Defense: Qual é o tempo estimado para a conversão do sistema ASTROS de uma configuração de Múltiplos Sistemas de Lançamento de Foguetes (MRLS) para uma plataforma de defesa costeira com capacidade de disparo do MANSUP?

Robson Duarte (SIATT): Serão projetadas uma interface mecânica e um console de lançamento do míssil. Durante esta prova de conceito serão avaliados o tempo estimado e os custos para implantação em uma configuração operacional.

GBN Defense: Uma vez realizado o disparo do MANSUP, quanto tempo é necessário para reverter a plataforma ASTROS para sua configuração original de lançamento de foguetes?

Robson Duarte (SIATT): Estima-se, inicialmente, que seja de 4 horas.

GBN Defense: Qual é o cronograma previsto para o MANSUP atingir o status operacional na configuração de disparo a partir do ASTROS? Há exercícios ou testes programados para este ano?

Robson Duarte (SIATT): O MANSUP a ser lançado de uma Lançadora de terra será o mesmo missil que será lançado por meio de navio. Há previsão de em breve realizarmos uma demonstração do conceito.

GBN Defense: Considerando a recente expansão do MANSUP para diferentes plataformas, quais são as perspectivas de mercado para a exportação tanto do míssil quanto do sistema integrado com o ASTROS? Existem países já demonstrando interesse ?

Robson Duarte (SIATT): Entendemos que está configuração de lançar MANSUP poderá atrair muitos usuários desta plataforma.

GBN Defense: O desenvolvimento do MANSUP para lançamento a partir de navios foi um marco importante. Quais foram os principais desafios no desenvolvimento dessa nova versão disparada pela plataforma ASTROS, e como eles estão sendo superados?

Robson Duarte (SIATT): O desafio do projeto MANSUP foi projetar um míssil livre de controle por usuário final , por premissa da Marinha do Brasil. A SIATT tem toda a capacitação técnica para integrar o MANSUP e certeza de que os desafios serão superados. 

GBN Defense:  Quais são os próximos passos no desenvolvimento do MANSUP? Podemos esperar novas versões do míssil, com sua integração com outras plataformas terrestres ou aéreas?

Robson Duarte (SIATT): A próxima versão do MANSUP deverá ser o missil de alcance estendido MANSUP-ER (Míssil Antinavio de Superfície – Extended Range).

GBN Defense:  Poderia nos fornecer mais detalhes sobre o desempenho do MANSUP, como alcance e solução de tiro, e as variantes já em desenvolvimento? Além disso, há previsão de novas versões do míssil no futuro?

Robson Duarte (SIATT): O MANSUP tem alcance de 70 Km e até esta data foi lançado por navios da Marinha do Brasil. Tem previsão de estar em linha de produção em 2026.

Nosso editor, Angelo Nicolaci (esq.) e Robson Duarte (dir.) durante a DemOp em Formosa - GO

Este projeto foi exposto pela SIATT na Operação Formosa 2024, um dos maiores exercícios militares do Brasil, onde há uma importante interoperabilidade entre a Marinha, Exército e Força Aérea, a qual no dia 11 de setembro, realizou uma demostração das capacidades das três forças em emprego conjunto afim de atingir objetivos no cenário de uma complexa operação de combate, tendo como cenário o Centro de Instrução de Formosa, na cidade de Formosa em Goiás, onde nosso editor acompanhou de perto todo adestramento e novidades como este importante desenvolvimento da SIATT em conjunto com a Marinha do Brasil. 

A SIATT realizou a exposição do mock up do míssil MANSUP ao lado da Lançadora. A prova de conceito foi apresentada para o Comandante da Marinha, Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais e para o Secretário-Geral do Ministério da Defesa, sendo um importante marco neste programa estratégico.

Empresa brasileira de alta tecnologia, a SIATT conta com 40% de participação da EDGE Group, conglomerado estatal dos Emirados Árabes Unidos, e alcançou um marco importante em 2024 com o sucesso do sétimo lançamento do míssil MANSUP. Disparado pela Fragata Defensora, o míssil está agora em sua configuração final. A próxima fase envolve a produção industrial, com entregas previstas para a Marinha do Brasil a partir de 2026, integrando os mísseis aos navios da frota.

Esse avanço destaca a capacidade da SIATT em desenvolver armamentos inteligentes e radares, consolidando o Brasil como um importante desenvolvedor de tecnologia de defesa. A colaboração com a Marinha do Brasil e o investimento contínuo em inovação reforçam a defesa marítima do país e sua relevância no cenário global de defesa.

por Angelo Nicolaci

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