sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Conferência Naval Interamericana: Evento reúne delegações de 19 países no Rio de Janeiro para discutir cooperação marítima e fortalecer parcerias estratégicas

Entre os dias 23 e 27 de setembro de 2024, o Rio de Janeiro se tornou o centro das atenções no cenário de cooperação militar naval, ao sediar a XXXI Conferência Naval Interamericana (CNI). O evento, organizado pela Marinha do Brasil, reuniu representantes de 19 países, incluindo Argentina, Chile, Estados Unidos, México, Peru e Colômbia, além de contar com a presença especial da Marinha Real Holandesa como observadora, após ser aprovada em votação pelas nações participantes.

A CNI, criada em 1959, tem como objetivo estimular o contato permanente entre as Marinhas das Américas, funcionando como um fórum internacional para discutir questões marítimas que impactam diretamente o continente. O encontro promoveu debates sobre desafios comuns, como segurança marítima, proteção das rotas de comércio e combate a atividades ilícitas no mar, além de fortalecer laços diplomáticos e operacionais entre as nações. As edições anteriores da CNI já mostraram seu valor como espaço de colaboração, e a edição de 2024 não foi diferente, com diversos temas essenciais sendo abordados ao longo da semana.

Cooperação e desenvolvimento regional

O Vice-Almirante Carlos María Allievi, Chefe do Estado-Maior da Armada Argentina, enfatizou a importância desse fórum: “A CNI é uma conferência bem-sucedida porque permite que todas as marinhas da região se reúnam para discutir, analisar e buscar soluções para os problemas marítimos que afetam o continente. Para nós, é crucial manter excelentes relações com todos os países da região”. A troca de experiências entre as nações participantes fortalece o entendimento mútuo e a criação de parcerias operacionais que têm reflexos diretos na segurança regional.

Um ponto de destaque nesta edição foi a necessidade de renovação de unidades de superfície. O Almirante Juan Andrés de La Maza Larraín, Comandante em Chefe da Armada do Chile, observou que essa é uma preocupação comum a muitos países. Ele afirmou que, embora a modernização das frotas seja um desafio cada vez maior devido aos altos custos, o fortalecimento das parcerias pode facilitar o acesso a tecnologias e projetos de defesa conjuntos, o que pode ser benéfico para todas as nações envolvidas. Para ele, a existência de um fórum como a CNI é essencial para promover o desenvolvimento conjunto e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Relações Brasil-Estados Unidos

A Chefe de Operações Navais da Marinha dos Estados Unidos, Almirante Lisa Marie Franchetti, também foi uma presença de destaque na conferência. Ela relembrou as muitas colaborações entre o Brasil e os EUA ao longo dos anos, incluindo sua participação na Operação “Southern Seas” em 2015, quando esteve no Rio de Janeiro a bordo do Porta-Aviões "George Washington". Franchetti destacou que o evento deste ano é particularmente especial, pois marca o bicentenário das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. “Estar aqui novamente, em um momento tão simbólico, reafirma a força de nossa parceria e o compromisso comum em enfrentar os desafios que nossas Marinhas compartilham”, destacou.

Cultura e tradição naval brasileira

Além dos debates, a XXXI CNI também teve momentos de celebração e cultura. Na noite de terça-feira, 24 de setembro, as delegações assistiram a uma apresentação especial da Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) a bordo do Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia”. O evento, conhecido como “Parada Após o Pôr do Sol”, foi uma homenagem à solidariedade hemisférica proporcionada pela CNI e destacou a rica cultura naval do Brasil. 



O espetáculo incluiu clássicos como “O Guarani” e “Cisne Branco”, além de locuções e projeções visuais que exaltavam a história, tradições e os valores da Marinha do Brasil. A narração do evento ressaltou a importância da “Amazônia Azul”, conceito que se refere à vasta área marítima sob jurisdição brasileira, e a relevância estratégica da Marinha na defesa dos interesses nacionais. Um dos pontos altos da noite foi a apresentação do Coral infantil do projeto "Música e Cidadania", uma iniciativa do Programa Forças no Esporte (PROFESP). Esse programa, desenvolvido pela Marinha em parceria com outros ministérios, é voltado para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, e utiliza a música como ferramenta de inclusão social.

Visita ao PROSUB

Na quinta-feira, 26 de setembro, as delegações tiveram a oportunidade de visitar as instalações do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) no Complexo Naval de Itaguaí, localizado no Rio de Janeiro. Durante a visita, os representantes puderam conhecer de perto o estaleiro onde são construídos os submarinos da classe "Riachuelo", como os submarinos "Humaitá" e "Tonelero", além de observar as instalações do Ship-lift e as modernas estruturas industriais e de treinamento do complexo.

Para o Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, a visita foi uma oportunidade para mostrar os avanços de um dos principais programas estratégicos do Brasil. O PROSUB é visto como um projeto de extrema importância para a defesa e a soberania nacional, e sua execução envolve um abrangente processo de transferência de tecnologia, além de cooperação internacional com parceiros, como o Estado francês.

O programa inclui a construção de quatro submarinos convencionais da Classe “Riachuelo” e o desenvolvimento do primeiro Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA), o Álvaro Alberto, que está em fase de produção. Durante a visita, o Vice-Almirante Humberto Caldas da Silveira Junior, Coordenador-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarinos Nucleares, destacou que o PROSUB representa uma das mais complexas realizações da Base Industrial de Defesa brasileira e uma vitrine do potencial tecnológico nacional.

Conclusão da conferência

O evento foi encerrado com a assinatura da ata final pelas delegações participantes, contendo as recomendações e diretrizes discutidas ao longo da conferência. Essas diretrizes deverão guiar as ações conjuntas das marinhas do continente nos próximos anos. O Comandante da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, encerrou o evento destacando a importância da cooperação regional para a segurança marítima e a prosperidade das nações americanas.

“A CNI reafirma o compromisso de nossas Marinhas com a paz, segurança e progresso mútuo. Os diálogos aqui realizados servirão como base para fortalecer ainda mais as parcerias estratégicas e a prontidão operacional das nossas forças navais”, concluiu o Almirante Olsen.


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com Marinha do Brasil

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