O combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY), localizada em Roraima, tem demonstrado avanços significativos em 2024, refletindo um esforço coordenado e intensivo das Forças Armadas e agências federais brasileiras. De acordo com os últimos dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), houve uma redução substancial na área de garimpo detectada na região. Entre janeiro e junho de 2024, o número de hectares de garimpo caiu de 219,67 para 53,67, representando uma diminuição de 75% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2022, o alerta de garimpo havia atingido 814,81 hectares, destacando a eficácia das ações recentes.
A diminuição na área de garimpo ilegal tem contribuído para uma melhoria visível na qualidade das águas da região. Imagens de satélite indicam uma redução na turbidez dos rios, anteriormente afetados pela contaminação química proveniente das atividades de mineração. Em junho de 2022, 2023 e 2024, as análises do Censipam mostraram que os rios Uraricoera e o entroncamento dos rios Mucajaí e Couto Magalhães estão retornando gradativamente à sua coloração normal, evidenciando um impacto positivo das operações de combate ao garimpo.
A Operação Catrimani II, iniciada em 26 de março de 2024, é uma das principais iniciativas para erradicar a mineração ilegal na TIY. Em quatro meses, a operação levou à inutilização de 35 embarcações, 16 aeronaves, 172 acampamentos e 477 motores. Além disso, foram apreendidos 71 mil litros de combustível e 28 pistas clandestinas destruídas, resultando em um impacto significativo sobre a infraestrutura do garimpo. A apreensão de 40 armas, 26 antenas e 643 m² de madeira, bem como o volume significativo de combustível e outros equipamentos, demonstra a magnitude do esforço militar.
Na ação mais recente, realizada em 20 de julho, as Forças Armadas, em colaboração com órgãos de segurança pública e agências federais, desmantelaram dois acampamentos de garimpeiros e apreenderam 1.200 kg de cassiterita, mineral de alto valor. Também foram destruídos 10 motores, 1 esteira, 1 motosserra, 3 geradores e 3 motobombas, contabilizando um prejuízo estimado em R$ 110 milhões ao crime organizado.
Além das operações de repressão, uma faceta humanitária da missão foi destacada com os atendimentos médicos realizados pela Marinha em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI). Nos dias 8 e 9 de julho, as comunidades do Caju receberam 94 atendimentos médicos e 1.134 medicamentos. Foram oferecidos tratamentos essenciais, incluindo cuidado para hipertensão, diabetes, e procedimentos odontológicos, como extrações dentárias e tratamento de cáries. Os navios hospitalares "Soares de Meirelles" e "Carlos Chagas" desempenharam papel crucial nesta ação, prestando suporte contínuo às comunidades ribeirinhas e indígenas do Rio Catrimani.
A operação enfrenta desafios logísticos significativos devido à vasta extensão e características do terreno da TIY, que abriga cerca de 27 mil indígenas e é maior que Portugal. O Vice-Chefe de Operações Conjuntas, General Marcelo Arantes Guedon, e o Subchefe de Operações, Vice-Almirante José Claudio Oliveira Macedo, sobrevoaram a região em 12 de julho para avaliar a eficácia das bases temporárias. Eles destacaram as dificuldades associadas ao transporte aéreo de pessoal e material, o acesso limitado por vias terrestres e as rotas fluviais de difícil navegabilidade.
O General Guedon e o Vice-Almirante Macedo ressaltaram a importância das habilidades operacionais dos militares, incluindo a orientação em ambientes de selva, a navegação em rios de leito pedregoso, o pouso em pistas restritas e a execução de operações terrestres em condições climáticas adversas. Essas habilidades são fundamentais para o sucesso contínuo da Operação Catrimani II.
De acordo com a Portaria GM-MD Nº 1511/2024, a Operação Catrimani II está programada para continuar até 31 de dezembro de 2024. A operação visa não apenas desmantelar a infraestrutura do garimpo ilegal, mas também fornecer apoio logístico essencial para atividades governamentais de emergência, reforçando o compromisso com a proteção da Terra Indígena Yanomami e a promoção de um ambiente seguro e sustentável para suas comunidades.
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Com Ministério da Defesa
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