quarta-feira, 29 de maio de 2024

Parceria entre Marinha e IPEN forma operadores de reator de pesquisa

A colaboração entre a Marinha do Brasil (MB) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), uma unidade técnico-científica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), está capacitando militares para apoiar atividades de pesquisa e produção de radioisótopos no Reator IEA-R1. Este acordo visa a operação contínua do reator para a produção de radioisótopos, planejando a formação de até 40 operadores de reator e quatro profissionais de radioproteção.

Em setembro de 2023, após o exame de qualificação da CNEN, 10 operadores da MB foram licenciados, incluindo quatro operadores seniores de reator e seis operadores de reator. Em abril de 2024, mais nove operadores da Força Naval e cinco operadores do IPEN foram licenciados. Estes operadores serão responsáveis pela condução da operação e pelo treinamento de novas equipes.

O Gerente-Adjunto de Operações do Reator de Pesquisa IEA-R1, professor doutor Alberto Fernando, destaca que o curso prepara os militares para o Exame de Qualificação da CNEN, garantindo segurança e eficiência na operação de plantas nucleares. "Os alunos são capacitados por profissionais que já atuam no Centro do Reator de Pesquisas e no Centro de Engenharia Nuclear do IPEN, em São Paulo (SP). Eles ministraram aulas teóricas e práticas de todos os sistemas da instalação, detalhados no Relatório de Análise de Segurança (RAS). O aproveitamento tem sido ótimo, pois todos os candidatos foram aprovados, como a turma que concluiu treinamento em abril de 2024", afirma Alberto Fernando.

O curso de formação do IEA-R1 é dividido em várias fases, começando com uma parte teórica seguida de um treinamento prático intensivo. Os discentes adquirem conhecimentos específicos sobre a planta nuclear, procedimentos operacionais, normas e regulamentações, além de desenvolver habilidades e atitudes necessárias para um operador licenciado. 

O Capitão de Corveta (Engenheiro Naval) Ramon Soares de Faria explica que o processo de qualificação é rigoroso e inclui várias etapas, destacando-se o exame de qualificação da CNEN, que inclui uma parte escrita, avaliando conhecimentos teóricos, e uma parte prática, com situações operacionais e de emergência. Além disso, a CNEN realiza entrevistas técnicas com os candidatos.

Segundo o coordenador e professor Dr. José Roberto Barreta, a formação no IPEN é crucial para o desenvolvimento de operadores de reatores, enfatizando a importância do conhecimento. "Desde o início, busquei transmitir o máximo de informações sobre a instalação, pois isso enriquece o aprendizado dos alunos", afirma Barreta. Ele também destaca a importância de expandir a compreensão para outros reatores, melhorando significativamente a segurança na operação.

A parceria entre a MB e o IPEN, iniciada em 2019, visa a retomada da operação contínua e prolongada do reator nuclear de pesquisa IEA-R1. Segundo a Diretora-Superintendente do IPEN, Dra. Isolda Costa, “essa parceria propiciará a produção de alguns radioisótopos importantes como o Iodo-131 e o Lutécio-177, possibilitando a disponibilidade para pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos, além de atender emergências em momentos de escassez desses radioisótopos no País”.

O Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, afirmou que a parceria com o IPEN também atende à necessidade de capacitação dos futuros operadores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE). 

O Primeiro-Sargento Bruno de Oliveira Machado relatou os desafios de ingressar no curso, destacando a importância de entender o setor nuclear e a motivação para buscar novos conhecimentos. “O futuro está caminhando para essa tecnologia, precisamos desmistificar o uso da energia nuclear e mostrar os benefícios para a sociedade", concluiu.

O Reator IEA-R1, um reator de pesquisa tipo “piscina”, moderado e refrigerado a água leve, utiliza elementos de berílio e grafite como refletores, operando a uma potência máxima de 5 MW. Ele é essencial para a produção de radioisótopos utilizados em medicina nuclear e em diversas pesquisas.

Com um compromisso contínuo com a excelência e a inovação, a Marinha do Brasil, em parceria com o IPEN, continua investindo na educação e no treinamento em energia nuclear, formando profissionais capacitados e prontos para liderar o futuro energético do Brasil. 


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com Marinha do Brasil


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