A Türkiye esta emergindo como mediadora em meio ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, apresentando um plano de paz que promete congelar o conflito e oferecer um caminho para a resolução diplomática. O presidente turco Recep Erdogan lidera essa iniciativa, que traz consigo uma série de compromissos e exigências visando por fim ao sangrento conflito que se arrasta por mais de dois anos.
O plano, que já foi compartilhado com as partes envolvidas, apresenta uma abordagem multifacetada para encerrar o conflito e evitar uma escalada ainda maior. Entre os principais pontos do plano estão:
- Desistência da Adesão à OTAN e Referendo nos Territórios Ocupados: Kiev abriria mão da busca pela adesão à OTAN pelos próximos 16 anos, além de abrir mão dos territórios ocupados pela Rússia após a invasão. Em contrapartida, a Rússia não faria oposição a integração da economia ucraniana à União Européia (UE).
- Compromissos de Não Proliferação Nuclear e Limitação de Armas: Compromisso mútuo dos EUA e Rússia de não utilizar armas nucleares em nenhuma circunstância, além da reativação do Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (START-3).
- Proibição de Interferência nos Assuntos Internos: Compromisso de todas as partes envolvidas em não interferir nos assuntos internos uns dos outros de forma a desestabilizar governos.
- Congelamento do Conflito e Referendos Futuros: Congelamento da guerra ao longo da atual linha de frente, com a realização de referendos em 2040 para decidir a política externa da Ucrânia e o status dos territórios anexados pela Rússia.
- Garantias de Estado Não Alinhado: A Ucrânia receberia garantias de que manteria seu status de país não alinhado até 2040, abrindo mão de se tornar membro da OTAN durante os próximos 16 anos.
- Troca de Prisioneiros e Apoio à Adesão à UE: Troca de prisioneiros de acordo com a fórmula "todos por todos".
O presidente Erdogan, em declarações anteriores, destacou a importância da participação da Rússia para alcançar a paz na Ucrânia, enfatizando a necessidade de evitar ações que possam escalar o conflito para além das fronteiras ucranianas.
Entretanto, embora o plano ofereça uma estrutura para a paz, sua adoção não é garantida. A iniciativa turca é pelo menos o nono projeto deste tipo, sugerindo a complexidade e a dificuldade de chegar a um acordo mutuamente aceitável.
Vale ressaltar que as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia foram iniciadas sem a participação direta do presidente russo, Vladimir Putin, desde que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, implementou a decisão de não negociar com Putin em setembro de 2022, em resposta às tentativas de anexação de territórios ucranianos.
A proposta turca surge em um momento complexo, oferecendo uma nova esperança para a resolução pacífica de um conflito que já perdura por muito tempo. Resta agora aguardar a resposta das partes envolvidas e o desdobramento desses eventos nas próximas semanas.
Em uma análise superficial da proposta turca, fica claro que os termos sugeridos, são pontos de grande controvérsia, os quais levam a potencial negativa por pelo lado ucraniano, tendo em vista que os termos pouco favorecem os pleitos do país, sob o qual, se negam a aceitar uma perda territorial para Rússia, como ocorreu na questão envolvendo a Crimeia em 2014.
Outro ponto que vale destacar, é a clausula sob a qual EUA e Rússia regressariam ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (START-3), tendo em vista que a saída norte americana do tratado, não foi motivada exclusivamente pelas tensões com a Rússia, mas analisando mais detidamente, teria mais haver com a ausência de um tratado que envolva um controle das armas nucleares do arsenal chinês, o qual há relatos recentes de uma exponencial ampliação, do que a questão russa em si.
A iniciativa da Türkiye, liderada por Erdogan, demonstra uma clara mudança na postura turca no tabuleiro geopolítico mundial, algo que já temos observado na posição turca, que tem buscado projetar sua influência não apenas em seu entorno estratégico imediato, mas busca ascender como um player global de maior relevância, numa clara ascensão no cenário multipolar.
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