Durante a Operação Jeanne D’Arc 2024, acompanhamos as atividades desenvolvidas pelos militares brasileiros e franceses neste importante exercício binacional, com grande destaque para o desenvolvimento de capacidades de interoperabilidade entre as Marinhas do Brasil e da França. Após a demonstração de uma operação anfíbia, que apresentou a capacidade conjunta de projetar poder naval sobre terra, destacando as características do conjunto anfíbio, nosso editor, Angelo Nicolaci, teve a oportunidade de entrevistar o Comandante de Operações Navais (CON), Almirante de Esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, e o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (ComGer-CFN), Almirante de Esquadra (FN) Carlos Chagas Vianna Braga, os quais falaram um pouco sobre a importância de exercícios como a “Operação Jeanne D’Arc”.
Foto: Welter Mesquita -AeroDefesaNaval |
GBN Defense: Boa tarde, Almirante Borges. Gostaríamos de saber sobre a importância da Operação Jeanne D’Arc para o Brasil e o que isso agrega em capacidade operacional, além da parceria com a França?
Alte.Esq. Borges: "Essa parceria com a França é de longa data. Nós temos muitos meios e equipamentos de origem francesa, como helicópteros e o NDM Bahia, por exemplo. Operar com uma Marinha da OTAN, como é o caso da França, é sempre importante, pois nos mantém atualizados sobre as atividades navais europeias, é uma oportunidade de conhecer as capacidades dos navios franceses e trocar experiências. Da mesma forma, vejo uma oportunidade para a França entender como operam nossos navios e o nosso Corpo de Fuzileiros Navais, que considero um dos mais importantes a nível mundial. Então, essa é uma experiência muito bem-vinda, que nos permite um contato mais direto entre os oficiais. Sempre que possível, a Marinha do Brasil manterá essa troca de experiências com a Marinha da França, que é uma marinha amiga. Inclusive, nosso maior projeto atual, o PROSUB, é em parceria com a Marinha da França."
GBN Defense: Almirante Carlos Chagas, qual a importância deste exercício conjunto com a França para o Corpo de Fuzileiros Navais?
Alte.Esq (FN) Carlos Chaga: "Abordando mais especificamente a parceria entre os dois corpos de fuzileiros navais, no caso o Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil, e a Infantaria de Marinha do Exército da França, são organizações que possuem algumas características semelhantes. A 9ª Brigada de Infantaria de Marinha do Exército Francês que está participando desta operação conosco hoje, tem uma estrutura muito semelhante à da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e essa semelhança foi detectada rapidamente pelos franceses, que ficaram muito interessados em ampliar essa parceria. Então, o Corpo de Fuzileiros Navais, seguindo o exemplo de toda a Marinha, está aprofundando fortemente essa parceria, que tem apresentado resultados cada vez melhores. Com a troca de oficiais em intercâmbio e a participação nos mais diversos exercícios, contribuindo diretamente para o crescimento do nosso Corpo de Fuzileiros Navais. Do lado da França, também representa um grande crescimento, pois trazemos um ambiente operacional que conhecemos bem e que eles desejam conhecer melhor. É uma parceria em que ambos os lados ganham muito em capacidade operativa, voltada para as atividades da Marinha e dos Fuzileiros Navais."
GBN Defense: Almirantes, no campo doutrinário, qual é o maior ganho?
Alte.Esq (FN) Carlos Chaga: "No campo doutrinário, recentemente realizamos o 4º Simpósio do Corpo de Fuzileiros Navais, onde países com algumas das forças de fuzileiros navais mais importantes do mundo tiveram a oportunidade de compartilhar suas práticas. A França, assim como vários outros países, tem dado ênfase às operações nos litorais, um ambiente crucial, especialmente na Amazônia Azul, onde nossos Fuzileiros Navais têm crescido em importância. Nesse sentido, temos trocado diversas experiências no campo doutrinário."
Alte.Esq. Borges: "Um dado que gostaria de acrescentar é que essa nossa operação anfíbia, num mundo onde temos conflitos em diversos pontos do globo, mostra a importância de termos a capacidade de repatriar civis de áreas em conflito. A Marinha da França mesmo, antes de vir para o Brasil, esteve no Haiti para retirar alguns cidadãos franceses devido à grave crise de segurança naquele país. Inclusive, as aeronaves da Força Aérea Brasileira realizaram recentemente esse trabalho de retirada dos brasileiros. Num cenário de operação em maior escala, a Marinha do Brasil poderá atuar empregando seus meios navais, e os Fuzileiros Navais certamente estarão prontos para isso."
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