sábado, 23 de março de 2024

Orbán, o Cavalo de Tróia de Putin na OTAN?

O temor de uma iminente guerra de larga escala entre a Rússia e a OTAN tem ecoado cada vez mais alto nos círculos oficiais. Com o potencial conflito pairando no horizonte, olhares preocupados se voltam para a Hungria e seu primeiro-ministro, Viktor Orbán, como possíveis pontos de instabilidade dentro da aliança.

Inteligência dos Estados Bálticos, altos funcionários da OTAN e líderes militares poloneses têm alertado para a possibilidade de a Rússia iniciar uma guerra de grande escala com a OTAN, especialmente após avanços russos na Ucrânia. Uma queda do território ucraniano não só representaria um pesadelo para países como a República da Moldávia, mas também abalaria os alicerces da OTAN.

Relatos provenientes dos serviços de inteligência alemães apontam para um possível ataque russo aos territórios dos países membros da OTAN a partir de 2026. Este cenário sombrio é exacerbado pela crescente autocracia de Vladimir Putin e seu regime hipercentralizado, que tem se voltado para uma economia de guerra. Enquanto o Ocidente hesita em fornecer assistência militar à Ucrânia, a indústria russa avança, aproveitando-se da situação.

Dentro da OTAN, dois líderes têm sido identificados como próximos à Rússia: o presidente turco, Erdogan, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. No entanto, enquanto Erdogan mantém certa independência em suas negociações com Moscou, Orbán parece ter uma ligação ainda mais estreita com Putin.

Uma questão crucial se destaca: como a Hungria poderia bloquear o Artigo 5 no caso de um conflito russo na Europa? O Artigo 5 do Tratado de Washington prevê a intervenção militar de todos os membros da OTAN em caso de ataque a qualquer outro membro. No entanto, para sua ativação, é necessária unanimidade entre os 32 aliados da aliança.

O professor Valentin Naumescu, especialista em relações internacionais, enfatiza a delicadeza da situação, alertando para as declarações e intenções anunciadas por Orbán, que sugerem uma afinidade com Moscou. Naumescu destaca que tais posições minam a hegemonia ocidental e representam uma tendência revisionista que abala a ordem mundial.

Enquanto o temor de uma guerra iminente persiste, o espectro de uma Hungria alinhada com interesses contrários aos da OTAN lança sombras sobre a coesão da aliança. A incerteza paira sobre o futuro, enquanto os líderes europeus buscam respostas para uma possível crise que poderia redefinir o panorama geopolítico do continente.


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