Crise e Violência no Haiti: Gangues Avançam Enquanto Governo de Transição é Negociado

Na mais recente atualização do cenário caótico que assola o Haiti, autoridades confirmaram avanços das gangues em Porto Príncipe, enquanto os esforços políticos para formar um governo de transição continuam em andamento. O país, marcado pela violência, enfrenta uma escalada dos conflitos entre facções armadas, exacerbando ainda mais a crise humanitária em curso.

Na quinta-feira (21), uma autoridade das Nações Unidas relatou que Ernst Julme, também conhecido como Ti Greg, líder da gangue Delmas 95, foi morto em um confronto com as forças de segurança. Julme, recentemente fugiu de uma das maiores prisões do Haiti, foi um dos muitos indivíduos que escaparam durante uma fuga em massa, desestabilizando ainda mais a segurança já precária do país.

Ulrika Richardson, coordenadora humanitária da ONU para o Haiti, descreveu a situação como alarmante, destacando o cotidiano marcado por bloqueios de estradas e tiroteios incessantes. Ela alertou para o crescente número de deslocados, à medida que as gangues ampliam seu domínio sobre os bairros da capital.

A violência no Haiti atingiu níveis sem precedentes em fevereiro, quando grupos armados invadiram uma prisão, liberando milhares de detentos e exigindo a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry. Embora Henry tenha concordado em renunciar na semana passada, as negociações para formar um governo interino têm sido marcadas por lentidão e dificuldades, apesar da pressão internacional, especialmente dos Estados Unidos e de outros países caribenhos.

Enquanto isso, a polícia haitiana luta para conter o avanço das gangues, que agora estão se expandindo para novas áreas, conforme relatado por Richardson. Os confrontos armados deixam um rastro de feridos, enquanto a incapacidade das forças policiais de conter o poderio das gangues é evidente.

Em um incidente recente, um suposto membro de gangue foi retirado da custódia policial e linchado por uma multidão em Lascahobas, cidade localizada a cerca de 80 quilômetros da capital, destacando a intensidade do sentimento de desespero e revolta que permeia a população.

Enquanto as negociações políticas prosseguem, com o objetivo de formar um governo de transição, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, expressou apoio às partes envolvidas. No entanto, a nomeação de um novo governo enfrenta desafios significativos, dada a extensão do controle das gangues sobre vastas áreas do país.

Enquanto isso, a crise humanitária se agrava com o fechamento do aeroporto de Porto Príncipe, dificultando a importação de bens essenciais e medicamentos, especialmente em meio a um surto contínuo de cólera. O Haiti permanece à mercê da instabilidade política e da violência generalizada, enquanto esforços para restaurar a ordem e a governança enfrentam obstáculos monumentais.

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com AFP e Reuters