O recente emprego eficaz de drones navais (USV) kamikazes no ataque ao navio de desembarque russo "Caesar Kunikov", e à corveta de mísseis "Ivanovets" não apenas ressalta eventos singulares, mas aponta para uma transformação fundamental nas táticas empregadas na guerra naval. A notável capacidade desses drones em conduzir ataques precisos, infligindo danos significativos, representa uma ameaça substancial às embarcações tradicionais, indicando uma mudança nos rumos das estratégias empregadas no campo de batalhas naval.
Os Unmanned Surface Vehicles (USV), ou drones marítimos, emergem como peças cruciais no xadrez estratégico, proporcionando flexibilidade, mobilidade e a capacidade de operar em áreas de difícil acesso. Essa tendência sugere que o futuro da guerra naval pode estar intrinsecamente ligado a uma crescente dependência de tecnologias autônomas, visando reduzir a exposição humana em operações de combate, ampliando a eficiência e reduzindo consideravelmente os custos.
Neste sentido, o Brasil está na vanguarda, observando o cenário que se desenvolve no campo de batalhas navais do século XXI, essa percepção não surgiu agora com o conflito russo-ucraniano e sim há alguns anos, quando o tema foi abordado ainda em 2019 durante o 2º Congresso Internacional de Contramedidas de Minagem.
A Marinha do Brasil, através da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e o Centro de Análise de Sistemas Navais (CASNAV), se lançou na busca pelo desenvolvimento de seus próprios USVs, demonstrando um reconhecimento proativo da importância desses sistemas autônomos no cenário naval moderno. O que ficou evidenciado mais recentemente, pela assinatura do contrato para a construção do USV "Suppressor" entre a EMGEPRON e a TideWise, evento o qual o GBN Defense esteve presente.
A eficácia comprovada dos drones navais kamikaze no ataque ao "Caesar Kunikov" e à corveta "Ivanovets" também destaca a urgência de investir no desenvolvimento e aprimoramento das defesas contra essas ameaças emergentes. Conforme as capacidades desses sistemas autônomos continuam a evoluir, as marinhas ao redor do mundo confrontam a necessidade premente de adaptar suas estratégias e canalizar investimentos em contramedidas para assegurar a manutenção da superioridade no cenário naval.
Além disso, é crucial salientar que, à medida que os drones marítimos se tornam cada vez mais sofisticados, as marinhas tem de investir não apenas em tecnologias defensivas, mas também em estratégias ofensivas adaptativas para neutralizar ameaças inimigas antes que estas entrem no raio defensivo dos meios de superfície, diminuindo a exposição dos mesmos a esta ameaça. O desenvolvimento de métodos inovadores de detecção, rastreamento e neutralização desses USVs é essencial para garantir a segurança das operações navais e a proteção dos meios de superfície.
Em síntese, o futuro da guerra naval está inextricavelmente ligado à ascensão dos drones marítimos, demandando uma abordagem abrangente que combine inovação tecnológica, estratégias defensivas e contínuo investimento no campo de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A capacidade de adaptação das marinhas do mundo será determinante para enfrentar os desafios colocados por essas tecnologias autônomas, garantindo a segurança e a eficácia nas operações navais do século XXI.
Por Angelo Nicolaci - Editor, Jornalista Especializado em Geopolítica & Defesa, Consultor e Palestrante com domínio em assuntos correlatos a geopolítica, defesa e a base industrial.
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