O recente corte de quase 70% nos recursos destinados aos custos administrativos do Ministério da Defesa acende um sinal de alerta que vai além das contas de água, luz e café. A sanção do Orçamento pelo presidente Lula, com a recomendação do próprio governo ao Congresso Nacional, revela uma visão preocupante em relação à prioridade dada ao Novo PAC em detrimento da segurança e funcionamento básico das Forças Armadas e as questões estratégicas.
A importância estratégica desses recursos para a Defesa Nacional não pode ser subestimada. A verba destinada a custos administrativos é essencial para a manutenção das atividades cotidianas e o andamento de projetos cruciais. A paralisia nos processos do ministério é uma ameaça real diante do expressivo corte, comprometendo a eficácia das Forças Armadas e, consequentemente, a segurança do país.
Além disso, a análise dos cortes revela uma disparidade notável quando comparada a outras pastas. O Ministério dos Direitos Humanos, por exemplo, teve um aumento de recursos, enquanto a Defesa sofreu uma redução significativa. Isso levanta questionamentos sobre as prioridades do governo, colocando em xeque a importância atribuída à segurança nacional em relação a outras agendas.
O argumento de realocar recursos para o Novo PAC, embora seja uma prioridade do atual governo, não pode se sobrepor à necessidade de manter a integridade das instituições de defesa e seu preparo. O investimento em defesa não é apenas uma questão de segurança, mas também de fomento à própria economia do Brasil, lembrando que gera milhares de emprego no país e fomenta uma já combalida capacidade industrial estratégica, que vem sofrendo absurdamente por conta da miopia, para não dizer amadorismo, de nossos representantes no congresso e senado.
Os cortes na verba da defesa têm um impacto direto em contratos de terceirizados, projetos estratégicos e na manutenção de atribuições rotineiras do Ministério da Defesa, como por exemplo, os exercícios de interoperabilidade, e mesmo ações de suma importância a segurança de nossas fronteiras e o combate a ilícitos. A redução de milhões em despesas discricionárias é um golpe considerável, comprometendo a capacidade operacional das Forças Armadas.
É inaceitável que em um contexto de restrições orçamentárias, as Forças Armadas, responsáveis pela segurança do país, sejam duramente afetadas, enquanto outras pastas recebem aumentos. A busca por alternativas para assegurar a manutenção das atividades e projetos da Defesa reflete a urgência dessa questão, e parece que em Brasília sobram acéfalos e faltam mentes pensantes e estrategistas não apenas no que diz respeito a defesa, mas principalmente no que diz respeito a economia e geopolítica.
Os integrantes do governo argumentam que a tentativa de destinar verba para gastos administrativos dependerá do aval do Legislativo. Contudo, é imperativo que o Congresso compreenda a importância estratégica da defesa não apenas para nossa segurança e defesa, mas também para nossa economia como um todo, e a manutenção de uma mínima capacidade de desenvolvimento tecnológico e industrial no campo de defesa, o qual pode trazer muito retorno a nossa economia, e atue de maneira pró-ativa para evitar consequências graves para a segurança nacional.
É necessário questionar se esses cortes são uma retaliação a uma suposta proximidade da caserna com o governo anterior, o que demonstra a falta de compromisso de nossos governantes com as instituições e seu papel na estabilidade e segurança do país, os quais parecem apenas pensar com antolhos ideológicos e interesses próprios que suplantam os interesses e necessidades nacionais, adotando medidas "burras" em vez de uma medida equilibrada para garantir a segurança e soberania do país.
Em um contexto de incertezas globais e desafios à segurança, os cortes na Defesa não podem ser tratados como meras decisões orçamentárias, mas sim como uma ameaça à capacidade do Brasil proteger seus interesses e cidadãos. É imperativo que a sociedade e os representantes no Congresso Nacional questionem e reavaliem esses cortes, priorizando a segurança nacional em um momento de grande importância estratégica e ebulição no tabuleiro geopolítico e econômico internacional.
Por Angelo Nicolaci - Editor, Jornalista Especializado em Geopolítica & Defesa, Consultor e Palestrante com domínio em assuntos correlatos a geopolítica, defesa e a base industrial.
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Esperamos que nossos praças e pensionistas , não ficam mais um ano sem reajustes, pois, já estão sete anos sem nenhuma reposição.
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