O Singapore Air Show, evento aéreo de destaque na Ásia, revelou uma surpreendente ausência neste ano: nenhum expositor russo marcou presença na feira, conforme destacado pela agência Reuters. Esta ausência não passou despercebida e levanta questionamentos sobre uma possível mudança nas preferências e relações geopolíticas na região.
Diferentemente de anos anteriores, as renomadas empresas da indústria de defesa da Rússia optaram por não participar do evento, sugerindo uma possível alteração na abordagem de potenciais compradores asiáticos em relação aos equipamentos russos. Robert Hewson, da sueca Saab, enfatiza que já se percebe uma mudança nesse cenário.
O Singapore Air Show, reconhecido por apresentar inovações em sistemas de armas, concentrou-se este ano em tecnologias capazes de neutralizar mísseis balísticos e drones, elementos cruciais nos conflitos modernos. A ausência de empresas russas destacou a presença notável da indústria de defesa israelense, que se recuperou após sua ausência no Dubai Air Show pós-conflito Israel-Hamas, demonstrando uma demanda contínua por mísseis, equipamentos de inteligência e drones, com destaque para participação da Elbit Systems.
Um dos destaques da feira foi a ênfase em sistemas antiaéreos, impulsionados por eventos no Mar Vermelho, como as ações dos rebeldes Houthi do Iêmen e os ataques aéreos russos na Ucrânia. Esses fatos chamaram a atenção dos potenciais compradores asiáticos para sistemas capazes de enfrentar ameaças representadas por mísseis e drones.
Autoridades apontam uma crescente demanda por defesa aérea e antimísseis integrada na região, destacando a importância de sensores, armamentos e sistemas de comando e controle para uma defesa eficaz.
O especialista Jeffrey Lewis, do Centro de Estudos de Não Proliferação, ressaltou uma tática eficaz dos EUA no Mar Vermelho, envolvendo a destruição direta de mísseis inimigos em sua origem. Em vez de esperar os lançamentos, os EUA atacaram as instalações dos rebeldes Houthi, demonstrando uma abordagem mais proativa.
Enquanto os sistemas antiaéreos são considerados uma capacidade cara e de nicho, os Estados Unidos demonstraram eficácia com o sistema de defesa aérea Aegis, presente nos destróieres da Marinha dos EUA. Equipado com mísseis RTX SM-2, SM-3 e SM-6 da Raytheon, o Aegis é projetado para interceptar aeronaves, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos.
A China também marcou presença, exibindo diversas soluções, sistemas e aeronaves, como o helicóptero de ataque Z-10ME projetado e produzido pela chinesa AVIC.
A ausência russa e a presença marcante da indústria israelense no Singapore Air Show 2024 sinalizam mudanças nas preferências e dinâmicas geopolíticas na região, enquanto a demanda por sistemas de defesa antimísseis e antiaéreos permanece em alta.
Por Angelo Nicolaci - Editor, Jornalista Especializado em Geopolítica & Defesa, Consultor e Palestrante com domínio em assuntos correlatos a geopolítica, defesa e a base industrial.
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