sábado, 27 de janeiro de 2024

Índia busca diversificar fornecedores de armas, afastando-se da Rússia

A Índia, maior importador de armas do mundo, está gradualmente virando-se para o Ocidente em uma tentativa de reduzir sua dependência histórica da Rússia como principal fornecedora de armamentos. A decisão é impulsionada pela preocupação com a capacidade limitada da Rússia de fornecer munições e peças sobressalentes, afetadas pela guerra na Ucrânia.

Segundo dados do Instituto Internacional SIPRI, a Rússia tem sido responsável por 65% das aquisições de armas da Índia, totalizando mais de 60 bilhões de dólares nas últimas duas décadas. No entanto, a guerra na Ucrânia acelerou o ímpeto da Índia para diversificar sua base de armas.

Desafios na Rússia e Atração pelo Ocidente

"Nós não estamos propensos a assinar qualquer acordo militar significativo com a Rússia", afirmou Nandan Unnikrishnan, especialista em Rússia do think tank Observer Research Foundation, em Nova Deli. "Isso seria uma linha vermelha para Washington." Apesar das ofertas de Moscou, a Índia está cautelosa para não se alinhar demasiadamente à Rússia, evitando aproximação com a China.

A Índia busca fortalecer laços com os Estados Unidos, em sintonia com os esforços americanos para consolidar alianças na região Indo-Pacífico. No ano passado, firmou um importante acordo com a General Electric, permitindo a produção de motores na Índia para suas aeronaves de combate, em uma concessão inédita dos EUA a um não-aliado.

Equilibrando Aproximação com Ocidente e Relações com Rússia

Apesar das instâncias públicas da Rússia para intensificar os laços de defesa, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi está focado na produção doméstica com tecnologia ocidental, alinhando-se com o programa "Make in India". A Índia planeja gastar cerca de 100 bilhões de dólares em encomendas de defesa na próxima década.

A relação delicada com a Rússia, principal fornecedora de armas e um dos maiores fornecedores de petróleo desde 2022, impõe um desafio para a Índia. Interrupções nesse comércio poderiam aproximar Moscou da China, algo que Nova Deli deseja evitar. "A compra de armas compra influência. Ao excluí-los, você os torna subservientes à China", alerta um oficial de segurança aposentado.

Diversificação de Fontes e Desafios Contínuos

A Índia está explorando a possibilidade de adquirir aeronaves francesas Dassault Rafale para seu porta-aviões, fabricar novos submarinos com tecnologia francesa, alemã ou espanhola, e caças com motores americanos e franceses. O objetivo é diversificar as fontes e garantir a continuidade da disponibilidade de peças sobressalentes.

As preocupações com a capacidade da Rússia em fornecer peças sobressalentes persistem, especialmente após os gargalos enfrentados no fornecimento de equipamentos, incluindo atrasos na entrega de um sistema de defesa aérea adquirido em 2018. A Índia mantém um olhar atento sobre a situação na Ucrânia, com a estabilização das exportações de armas russas, mas a incerteza persiste.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fez recentes esforços para firmar mais acordos de defesa, destacando a disposição da Rússia em apoiar a produção doméstica indiana. No entanto, a Índia, enquanto mantém laços históricos com a Rússia, está determinada a equilibrar essas relações, buscando fortalecer suas alianças com o Ocidente enquanto evita alienar Moscou. O cenário geopolítico, marcado pela tensão na fronteira sino-indiana, continua a moldar as decisões estratégicas de Nova Deli.


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