quinta-feira, 23 de novembro de 2023

O Brasil na Primeira Guerra Mundial: Uma página da história que muitos brasileiros desconhecem

Muito se divulga sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, onde nossos bravos guerreiros da Força Expedicionária Brasileira, escreveram com bravura e sangue, importantes páginas da história mundial, combatendo as forças nazifascistas no continente europeu, tendo papel de grande relevância na libertação da Itália. Porém, pouco de encontra sobre a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial, e esta lacuna de informações sobre esta página da história, leva muitos brasileiros a desconhecerem que o Brasil esteve atuando no primeiro grande conflito mundial do século XX.

Em face desta lacuna, o GBN Defense comprometido com a divulgação de nossa geopolítica e defesa, vê como de suma importância a valorização de nossa história militar, assim, neste primeiro artigo, vamos abordar de maneira resumida e ampla este capítulo de nossa história, o qual se tem pouco conteúdo disponível.

O Brasil na Primeira Guerra Mundial

A entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial em 1917 foi um capítulo marcante na história do país, moldado por uma combinação de fatores que abrangeram desde ataques a navios brasileiros até pressões geopolíticas e econômicas. O contexto que levou a essa decisão revela uma trama complexa de eventos que influenciaram as ações do Brasil, sob governo do presidente Venceslau Brás naquele período. Várias razões contribuíram para a decisão brasileira de entrar no conflito ao lado das potências Aliadas, embora a participação efetiva do Brasil tenha sido limitada.

A neutralidade inicial do Brasil foi posta à prova pelos ataques alemães aos navios mercantes brasileiros. A estratégia de guerra submarina alemã mirou diretamente a frota mercante brasileira, buscando interromper as relações comerciais do país com os Aliados. O primeiro ataque aconteceu em abril, com o afundamento do navio Paraná. No mês seguinte, foi a vez do navio Tijuca. O afundamento do vapor brasileiro Tijuca em 1917 foi o ponto de virada, catalisando a indignação pública e gerando um clamor pela adoção de uma postura mais assertiva.

O impacto econômico desse cenário foi profundo. O Brasil, fortemente dependente das exportações de produtos primários, como café e borracha, para os mercados europeus, sofreu com a interrupção dessas relações comerciais. Os prejuízos à economia brasileira foram um dos principais motivadores para a mudança de posição do país em relação ao conflito.

Além dos fatores econômicos, as pressões diplomáticas dos Estados Unidos tiveram um papel crucial. Com a entrada dos EUA na guerra em 1917, houve um desejo de solidariedade entre as nações americanas. Essa pressão externa, somada aos interesses geopolíticos do Brasil, contribuiu para a decisão de se alinhar aos Aliados.

O presidente Venceslau Brás, ciente da importância de fortalecer as relações internacionais do Brasil, viu na adesão aos Aliados uma oportunidade de garantir benefícios políticos e econômicos para o país no pós-guerra. Essa perspectiva estratégica foi um elemento-chave na decisão de declarar guerra às Potências Centrais em 26 de outubro de 1917.

O Brasil declara guerra!

No entanto, é crucial observar que a participação militar efetiva do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi limitada. A atuação direta de nossas Forças Armadas, se deu com a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG) enviada ao Atlântico Norte para proteger os comboios aliados contra ataques de submarinos alemães. A Marinha Brasileira desempenhou um papel vital nesse cenário, destacando-se em operações de patrulhamento e proteção das rotas marítimas.

Apesar da escassa participação terrestre na Europa, a entrada do Brasil na guerra teve impactos significativos. Ela representou não apenas uma resposta às ameaças diretas, mas também uma afirmação do Brasil como um ator global no cenário geopolítico. A decisão de participar ativamente da Primeira Guerra Mundial reflete a complexidade das relações internacionais da época, em que interesses econômicos, pressões externas e aspirações estratégicas se entrelaçaram de maneira dinâmica. Essa participação, mesmo que modesta em termos militares, marcou um momento de transição na posição do Brasil no tabuleiro internacional. 

A participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, é muitas vezes subestimada e pouco conhecida. No entanto, o país desempenhou um papel significativo durante esse conflito global, apesar de sua posição geográfica distante dos principais teatros de operações.


Ataques a navios brasileiros

Durante a guerra, submarinos alemães atacaram vários navios mercantes brasileiros. O afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães no Atlântico gerou indignação e pressão popular, levando o governo brasileiro a reconsiderar sua posição de neutralidade.

O vapor Paraná foi o primeiro navio mercante brasileiro afundado durante a Primeira Guerra Mundial por um submarino alemão. O afundamento ocorreu em 5 de abril de 1917, quando o "Paraná" foi torpedeado pelo submarino alemão U-93 no Atlântico Norte.

Na sequência de ataques aos mercantes brasileiros, ocorreu o afundamento do navio mercante Macau no dia 18 de outubro de 1917, Macau deslizavam em águas europeias com uma valiosa carga de suprimentos para a França. No final da tarde daquele 18 de outubro, o comandante do submarino alemão U-93, Helmuth Gerlach, ordenou o ataque contra o mercante brasileiro, com o lançamento de um torpedo, que atingiu em cheio o costado do navio brasileiro.

Segundos após a explosão, o comandante Saturnino Furtado de Mendonça, deu a ordem para abandonar o navio. Após abandonar o Macau, o comandante Saturnino e o despenseiro do navio, Arlindo Dias dos Santos foram levados como prisioneiros pelo U-93, que após embarcar os dois brasileiros afastou-se das embarcações salva-vidas. O comandante e o despenseiro jamais seriam vistos outra vez. Seu desaparecimento causou grande indignação nacional.

Mas foi o Afundamento do mercante Tijuca o estopim para a decisão do Brasil de entrar no conflito ao lado das Potências Aliadas. O Tijuca era um cargueiro brasileiro que foi vítima de um ataque de um submarino alemão em 1917, tornando-se um símbolo das agressões diretas contra o Brasil e um catalisador para uma mudança na política externa do Brasil.


O afundamento ocorreu em 23 de outubro de 1917, quando o Tijuca foi atacado pelo submarino alemão U-93, comandado pelo capitão Helmut Gerlach, a cerca de 50 milhas náuticas a noroeste da Ilha da Madeira, no Atlântico. O Tijuca estava a caminho de Bordeaux na França, levava uma carga de café, quando foi torpedeado sem aviso prévio. O impacto foi devastador, e o navio afundou rapidamente.

A perda do Tijuca não apenas representou um ato de agressão direta contra a soberania brasileira, mas também simbolizou a ameaça que os submarinos alemães representavam para o comércio marítimo internacional. Esse evento teve um profundo impacto na opinião pública brasileira, gerando indignação e protestos contra a neutralidade do país diante das hostilidades alemãs.

A reação pública ao afundamento do Tijuca foi intensificada por uma série de ataques semelhantes a outros navios mercantes brasileiros. A pressão popular combinada com a análise do governo brasileiro sobre a situação internacional levou à decisão de romper com a neutralidade e declarar guerra às Potências Centrais em 26 de outubro de 1917.
O afundamento do Tijuca tornou-se um símbolo emblemático do preço que o Brasil estava disposto a pagar para proteger seus interesses e afirmar seu papel no cenário internacional.


A influência das relações econômicas

As relações econômicas desempenharam um papel fundamental na decisão do Brasil de declarar guerra às Potências Centrais durante a Primeira Guerra Mundial em 1917. A economia brasileira, na virada do século XX, estava profundamente vinculada ao comércio internacional, especialmente às exportações de produtos primários, como café, borracha e minério de ferro.

O Brasil era um importante fornecedor de produtos agrícolas para o mercado mundial, e seus principais parceiros comerciais eram os países europeus, em especial o Reino Unido. O início da Primeira Guerra Mundial trouxe consigo a interrupção significativa dessas relações comerciais devido às operações navais e bloqueios impostos pelas potências beligerantes.

As Potências Centrais, lideradas pela Alemanha, adotaram uma política de guerra submarina irrestrita, afundando navios mercantes, inclusive de países neutros, como parte de sua estratégia militar. Isso resultou em um aumento considerável no número de navios afundados, incluindo aqueles de bandeira brasileira, pelas ações dos submarinos alemães.

O afundamento de navios brasileiros, como o vapor Tijuca, representou um golpe direto nas finanças do Brasil. O Tijuca, por exemplo, transportava uma carga significativa de café, um produto crucial para a economia brasileira. O Brasil, ao perder seus navios e enfrentar a destruição de suas cargas, viu-se diante de perdas econômicas substanciais.

A pressão econômica, combinada com a indignação pública decorrente dos ataques alemães, desempenhou um papel importante na mudança da política externa brasileira. A opinião pública brasileira reagiu com repúdio aos ataques alemães, e a percepção de que a neutralidade não estava protegendo os interesses econômicos do país cresceu.
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Venceslau Brás, viu na declaração de guerra uma forma de proteger os interesses econômicos e de afirmar a soberania do Brasil diante das ameaças à sua navegação marítima.

A decisão de entrar na guerra foi, portanto, moldada pela interseção de fatores econômicos e estratégicos. O Brasil, ao alinhar-se com os Aliados, buscava proteger suas relações comerciais e garantir a segurança de seus navios mercantes, essenciais para a saúde de sua economia. A entrada na guerra foi uma resposta pragmática às ameaças que a economia brasileira enfrentava no contexto do conflito global.


A pressão internacional sobre o Brasil

A pressão internacional exercida sobre o Brasil durante a Primeira Guerra Mundial foi um dos fatores que influenciaram significativamente a decisão do país de entrar no conflito ao lado das Potências Aliadas. Diversos elementos geopolíticos e diplomáticos contribuíram para essa pressão, moldando a postura do Brasil durante o período.

A entrada dos Estados Unidos na guerra em 1917 teve um impacto crucial na região das Américas. Naquela época, a política externa norte-americana estava voltada para a promoção da solidariedade e cooperação entre as nações do continente. O Brasil, como uma das nações mais influentes da América do Sul, foi pressionado a alinhar-se com os Aliados, seguindo a orientação dos Estados Unidos.

A perspectiva da Conferência de Paz em Versalhes, que ocorreria após o término da guerra, foi outro fator de influência. O Brasil, ao se juntar às Potências Aliadas, buscava garantir uma posição estratégica favorável nas negociações pós-guerra. A participação ativa na guerra era vista como uma forma de assegurar que o Brasil tivesse voz e representatividade nessas negociações cruciais

Compromissos internacionais e tratados, como a Convenção de Havana de 1921, que propunha a limitação dos armamentos navais na América Latina, também pressionaram o Brasil a tomar uma posição mais ativa na defesa dos interesses regionais. O alinhamento com as potências Aliadas contribuiu para uma cooperação mais estreita com os Estados Unidos e outras nações, fortalecendo a influência diplomática brasileira.

Ao se juntar aos Aliados, o Brasil procurou assegurar apoio e assistência internacional em várias frentes, incluindo a proteção de suas rotas marítimas e interesses econômicos. A solidariedade com as nações aliadas também fortaleceu as relações bilaterais e multilaterais do Brasil.

Portanto, é certo dizer que, um dos fatores de peso na decisão de declarar guerra, foi influenciada por considerações tanto geopolíticas quanto econômicas, refletindo o desejo do Brasil de desempenhar um papel mais proeminente no cenário internacional e de proteger seus interesses diante das ameaças apresentadas pela guerra global.

O presidente Venceslau Brás buscou fortalecer as relações do Brasil com as grandes potências e, ao se alinhar com os Aliados, esperava obter benefícios políticos e econômicos para o país no pós-guerra.


Participação Militar Brasileira

Cruzador Bahia

A participação da Marinha do Brasil na Primeira Guerra Mundial foi marcada principalmente pelo envio de uma divisão naval para patrulhar e proteger as rotas marítimas contra as ameaças dos submarinos alemães. A Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG) foi criada para esse fim e desempenhou um papel importante no Atlântico Norte.

A DNOG, comandada pelo contra-almirante Pedro Max Fernando Frontin, era composta pelo Encouraçado São Paulo, pelos Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul, além de uma flotilha de contratorpedeiros e submarinos. Seu principal objetivo era garantir a segurança dos comboios aliados que transportavam suprimentos vitais para as frentes de batalha na Europa.

O Encouraçado São Paulo, o navio mais imponente da frota, era um navio moderno para a época, com um poderoso armamento, incluindo canhões de grande calibre. Os cruzadores e contratorpedeiros eram responsáveis pela escolta e patrulha, enquanto os submarinos, embora menos numerosos, desempenhavam um papel na detecção e combate às ameaças subaquáticas.


A participação da Marinha do Brasil na Primeira Guerra Mundial teve momentos cruciais, como o patrulhamento intensivo nas áreas de maior risco, especialmente próximas à costa africana. O Brasil, ao contribuir com sua força naval, desempenhou um papel vital na proteção das rotas de abastecimento para as forças aliadas, auxiliando na luta contra a guerra submarina alemã.

É importante mencionar que a Marinha do Brasil sofreu algumas perdas durante esse período, principalmente com o afundamento do vapor brasileiro Macau, em 1917, afundado por um submarino alemão. Esses eventos destacaram os riscos enfrentados pelas forças navais brasileiras enquanto cumpriam seu papel na proteção dos interesses aliados.


A contribuição da Marinha do Brasil na Primeira Guerra Mundial, embora menos visível do que as operações em terra, desempenhou um papel significativo na manutenção da segurança marítima e no apoio logístico às forças aliadas, consolidando a posição do Brasil no cenário internacional.

Diferentemente da Marinha, a participação do Exército Brasileiro na Primeira Guerra Mundial não envolveu uma presença significativa no fronte europeu. Contudo, durante a Primeira Guerra Mundial, as ações do Exército Brasileiro foram mais limitadas e concentradas em questões internas e de defesa territorial.

O governo brasileiro da época estava ciente da importância de garantir a proteção de suas fronteiras, principalmente em função da presença de submarinos alemães no Atlântico Sul. O Exército Brasileiro foi mobilizado para proteger a costa e as áreas estratégicas, mas a contribuição efetiva em termos de envolvimento direto nas operações de guerra na Europa foi limitada.

Missão Médica Brasileira enviada pelo Exército Brasileiro

No cenário internacional, a principal contribuição do Exército Brasileiro na Primeira Guerra Mundial foi o envio de uma missão médica para prestar assistência aos feridos nos campos de batalha. Essa missão, conhecida como "Missão Médica Militar Brasileira na Europa", foi enviada em 1918 e atuou principalmente na região de Mantes-la-Jolie, na França, onde hospitais foram estabelecidos para tratar os soldados aliados.

No entanto, é importante mencionar que haviam sargentos brasileiros que desempenharam um papel significativo durante o conflito, especialmente aqueles que integravam a Missão Militar Brasileira na Europa, enviada à França em 1918.

A Missão Militar Brasileira na Europa foi composta por oficiais e sargentos, e tinha como principal objetivo prestar assistência aos países aliados, especialmente na área médica. Os sargentos brasileiros que integravam essa missão desempenharam várias funções essenciais nos bastidores da frente de batalha.

Em termos médicos, sargentos da área de saúde foram fundamentais para o apoio aos soldados feridos. Eles trabalharam em hospitais de campanha e estabelecimentos médicos, auxiliando na prestação de cuidados médicos e na logística necessária para o tratamento dos combatentes aliados.

Além disso, alguns sargentos brasileiros também atuaram em funções administrativas e logísticas, contribuindo para a organização e operacionalidade da Missão Militar Brasileira. Suas habilidades técnicas e conhecimentos foram valiosos para garantir que a missão cumprisse suas responsabilidades de maneira eficiente.

Embora o contingente brasileiro na Primeira Guerra Mundial não tenha sido tão numeroso quanto em conflitos posteriores, como a Segunda Guerra Mundial, a presença de sargentos brasileiros na Missão Militar na Europa destaca a diversidade de funções desempenhadas pelos militares do país durante o conflito.

A atuação desses sargentos, embora menos visível que a de combatentes em campos de batalha, foi crucial para o apoio logístico e médico às forças aliadas na França. Sua participação representa um aspecto importante da história militar brasileira na Primeira Guerra Mundial, destacando o comprometimento do Brasil em contribuir, mesmo que de maneira mais discreta, para os esforços internacionais durante o conflito.

A contribuição militar mais expressiva do Brasil em termos de tropas em combate ocorreria décadas depois, durante a Segunda Guerra Mundial, com a atuação da Força Expedicionária Brasileira.

Durante a Primeira Guerra Mundial, ainda não tínhamos o conceito de Força Aérea como força independente, com a aviação sendo parte da Marinha do Brasil, assim, a participação direta de aviadores brasileiros também foi limitada, com alguns pilotos brasileiros se voluntariando para servir nas forças aéreas dos países aliados, especialmente da França. Essa participação ocorreu em um contexto em que o Brasil, como nação, não estava diretamente envolvido no conflito.

Pilotos brasileiros chegaram a formar uma Esquadrilha Brasileira, uma unidade formada por voluntários brasileiros que se alistaram nas forças aéreas francesas durante a Primeira Guerra. Esses pilotos brasileiros voaram ao lado de aviadores franceses em missões de reconhecimento, patrulhamento e combate. 

Também houve participação de pilotos navais brasileiros, chegando a ser enviados oficialmente para treinamento e posterior atuação em combate no Reino Unido, os quais posteriormente atuariam nos céus europeus em conjunto com a RAF (Real Força Aérea Britânica).

Naquela ocasião, o Brasil perdeu um dos primeiros pilotos de sua Aviação Naval, o 1º Tenente Eugênio da Silva Possolo, primeiro aviador militar brasileiro a se sacrificar no exterior em ações de guerra.

Pilotos Navais Brasileiros recebendo treinamento no Reino Unido durante a 1ª Guerra Mundial

Assim, a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial, mesmo com sua natureza mais simbólica do que operacional, teve implicações profundas para o país. O Brasil emergiu desse conflito com uma posição reforçada no cenário internacional, demonstrando sua capacidade de contribuir para a estabilidade global e a defesa dos valores que fundamentam a comunidade das nações. A história da participação brasileira na Primeira Guerra, mesmo limitada em combate, é um testemunho do compromisso do Brasil com a paz e a cooperação internacional.


Por Angelo Nicolaci


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