A Itália rejeitou a planejada compra do braço de sistemas de controle de voo da Collins Aerospace pelo grupo francês Safran, por 1,8 bilhão de dólares, com uma fonte do governo italiano citando preocupação com empregos e contratos para o programa Eurofighter.
A Safran disse nesta segunda-feira (20), que Roma vetou a aquisição da Microtecnica, subsidiária italiana da Collins Aerospace, usando o sua "Golden Share" para impedir a aquisição do que considera um ativo estratégico.
A medida do governo de Giorgia Meloni é uma ocorrência rara contra uma empresa da União Europeia. O maior acionista da Safran é o governo francês, com uma participação de 11,2%.
"A Safran continua comprometida com a transação e está trabalhando com todas as partes para determinar os próximos passos apropriados. Mais informações serão fornecidas conforme apropriado", afirmou a Safran em comunicado.
Um porta-voz da Safran se recusou a comentar mais sobre o assunto.
A proposta de acordo para comprar o negócio de controles de voo da Collins Aerospace, que é propriedade da Raytheon, foi anunciada pela Safran em julho.
No entanto, a Safran não forneceu garantias suficientes de que preservaria as linhas de produção na Itália, disse uma fonte do governo italiano, que pediu para não ser identificada devido à sensibilidade do assunto.
A fonte acrescentou que a Itália também manteve conversações com o governo alemão sobre o acordo com a Safran e que a Alemanha destacou o risco do acordo afetar os fornecimentos para os programas de caças Eurofighter e Tornado.
“O caso parece interessante porque os vetos (italianos) contra compradores de países da UE e da OTAN são raros”, disse Francesco Galietti, fundador da empresa de risco político Policy Sonar.
Meloni deve viajar a Berlim esta semana para selar um acordo de cooperação germano-italiano, inclusive em defesa e tecnologia. O ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, deverá manter conversações com o seu homólogo francês, Bruno Le Maire, na terça-feira.
A decisão do governo italiano não significa que um acordo não possa ser salvo. Safran pode apelar ou oferecer concessões para apaziguar as preocupações de Roma.
Desde a introdução dos chamados poderes dourados em 2012, as autoridades governamentais italianas vetaram principalmente aquisições de empresas nacionais por empresas chinesas e russas.
Fonte Reuters
Tradução e Adaptação Angelo Nicolaci
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