Nas áreas marítimas de elevada importância estratégica, como portos, campos petrolíferos e rotas de navegação movimentadas, as minas navais desempenham um papel crítico e podem representar uma séria ameaça para nações dependentes do tráfego marítimo, como o Brasil. Submersas e camufladas sob a superfície, esses dispositivos de guerra naval proporcionam uma das relações custo-benefício mais eficazes quando se trata de obstruir ou dificultar a movimentação de embarcações inimigas.
Buscando aprimorar a prontidão de suas unidades especializadas e aquelas potencialmente empregadas em operações de Guerra de Minas, a Marinha do Brasil (MB) obteve sucesso na conclusão do exercício MINEX-23 na última sexta-feira (27), após dez meses de planejamento e uma semana de atividades na Baía de Todos-os-Santos.
USV SUPPRESSOR X
Uma novidade notável nesta edição do exercício foi a introdução de embarcações não tripuladas em caráter experimental, sinalizando a possível incorporação de novas técnicas de contramedidas de minagem pela MB. Isso se somará às já dominadas capacidades de varredura de minas navais, realizadas por meio dos navios-varredores do Comando da Força de Minagem e Varredura.
Neste campo, o USV SUPPRESSOR X foi empregado, configurado com um radar de navegação 3D LIDAR, bem como antenas de comunicação via rádio e satélite. Além disso, o USV SUPPRESSOR X também estava equipado com um sonar multifeixe de casco e um sonar sidescan, proporcionando capacidades avançadas de detecção e mapeamento subaquático. Adicionalmente, foi configurado com um Veículo de Operação Remota (ROV), ampliando ainda mais sua versatilidade e utilidade.
O projeto USV SUPPRESSOR, desenvolvido em colaboração entre a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) e a TIDEWISE, é um marco significativo no mercado de defesa brasileiro e na América Latina. Esse projeto tem como objetivo construir embarcações autônomas de superfície multipropósito no país, representando um avanço notável em inovação tecnológica para melhorar a capacidade operacional em atividades complexas no mar. Além disso, o USV SUPPRESSOR contribui para a redução de custos e minimiza a exposição humana a riscos, particularmente em contextos como a guerra de minas, onde a segurança e a eficiência são fundamentais.
Operação MINEX-23
Para otimizar as operações, o exercício MINEX-23 foi dividido em três etapas. A etapa preparatória, envolvendo a elaboração de planos e reuniões realizadas nos meses anteriores, foi seguida por uma reunião de briefing pré-sail, realizada em 19 de outubro. As etapas no mar foram subdivididas em quatro fases distintas.
As operações marítimas começaram com a primeira fase, chamada de "Imageamento", em 20 de outubro, quando o Aviso Balizador "Aldebaran", pertencente ao Serviço de Sinalização Náutica do Leste, realizou o imageamento prévio da área de exercício nas proximidades da Ilha de Itaparica, utilizando sonar sidescan.
A segunda fase, intitulada "Minagem", teve início em 23 de outubro, quando a Corveta "Caboclo" lançou minas do tipo SH-60E, sem carga explosiva, e objetos que simulam minas marítimas em uma área demarcada previamente para o exercício.
A terceira fase, que envolveu o emprego de veículos não tripulados, ocorreu entre os dias 24 e 26 e incluiu testes operacionais e o lançamento do Veículo de Superfície Não Tripulado (VSNT-Lab) desenvolvido pelo Centro de Análises de Sistemas Navais a partir do Navio-Patrulha Oceânico "Apa" e do VSNT SUPPRESSOR X desenvolvido em colaboração com a Empresa Gerencial de Projetos Navais e a Tidewise.
A quarta e última fase, "Varredura e Desmobilização", começou em 27 de outubro, com os Navios-Varredores "Atalaia" e "Araçatuba" realizando contramedidas de minagem por meio de varredura mecânica, enquanto a Corveta "Caboclo" procedia à reflutuação e recolhimento das minas de exercício, com a participação de mergulhadores especializados da Base Naval de Aratu. A varredura mecânica envolve o lançamento de dispositivos por navios-varredores capazes de rebocar longos cabos de aço com lâminas para romper os cabos-amarras das minas, trazendo-as à superfície para desativação.
O exercício foi altamente complexo, requerendo um planejamento minucioso e envolvendo diversos setores da Marinha. O Vice-Almirante Antonio Carlos Cambra, Comandante do 2º Distrito Naval, enfatizou a importância deste exercício ao destacar a colaboração de vários setores da Marinha durante os dez meses de planejamento. Ele ressaltou que os procedimentos operacionais realizados no MINEX-23 resultarão em procedimentos doutrinários que permitirão à Marinha evoluir na guerra de minas, contramedidas de minagem e na operação de Sistemas Marítimos Não Tripulados, marcando um avanço inédito na América do Sul.
O exercício contou com a participação de diversas Organizações Militares da Marinha, tanto em Salvador quanto no Rio de Janeiro, que atuaram como executores e observadores, incluindo o Comando de Operações Navais, Diretoria-Geral do Material da Marinha, Diretoria de Gestão de Programas da Marinha, Comando do 2º Distrito Naval, Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha, Centro de Desenvolvimento Doutrinário de Guerra Naval, Centro de Análises de Sistemas Navais, Empresa Gerencial de Projetos Navais, Comando de Operações Marítimas e Proteção da Amazônia Azul, Capitania dos Portos da Bahia, Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Leste, Comando da Força de Minagem e Varredura e Serviço de Sinalização Náutica do Leste. Essa colaboração demonstra o empenho da Marinha do Brasil em aprimorar suas capacidades na guerra de minas e contramedidas de minagem.
GBN Defense
com informações da Marinha do Brasil
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