quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Desativação de Minas - O desafio destes especialistas do GptOpFuzNav-DAE, e o cenário enfrentado pelos ucranianos

  

O trabalho da engenharia militar é desafiador e envolve diversas capacidades. Durante nossa última missão com a Força de Fuzileiros da Esquadra no adestramento de Operações de Paz, realizado entre 17 e 25 de outubro em Itaóca (ES), estivemos em contato com uma interessante capacidade do Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais  (BtlEngFuzNav), tratando-se do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Desativação de Artefatos Explosivos (GptOpFuzNav-DAE), responsável pela desafiadora tarefa de desativar minas e todo tipo de artefatos explosivos. 

No âmbito desta experiência junto ao "Pelotão EOD", Grupamento de Desativação de Artefatos Explosivos (GDAE), conhecemos um pouco sobre o seu trabalho, e em breve traremos uma série de matérias especiais sobre essa especialidade. 

Durante nossas pesquisas sobre o tema, nos deparamos com alguns relatos interessantes sobre o trabalho de especialistas em desativação de minas e explosivos que atuam no conflito da Ucrânia, o que nos dá uma visão mais ampla e real do desafio que estes militares enfrentam.

Pelotão EOD realizou intensos exercícios de adestramento em Itaóca, onde foram submetidos a cenários muito próximos a realidade


A realidade dos especialistas de desativação de artefatos explosivos

O ucraniano Andrii Ilkiv, um sapador da polícia ucraniana, teve sua perna amputada abaixo do joelho depois que uma mina terrestre explodiu abaixo dele em setembro de 2022.

Em maio do ano seguinte, ele estava de volta ao trabalho, apoiado em uma prótese, varrendo e desativando minas.

O pai de quatro filhos, de 37 anos, é um dos 14 sapadores que regressaram ao seu trabalho de desminagem numa unidade da polícia nacional com cerca de 100 pessoas, apesar de ter sido ferido em explosões enquanto limpavam minas durante a invasão russa.

"Claro, obviamente há medo quando você retorna, quando você está próximo a um campo minado há medo, mas por outro lado você sabe que com a ajuda de um detector de metais, uma pá sapadora e equipamento especial, você pode se mover e conduzir o trabalho de desminagem", disse Ilkiv.

A Ucrânia, envolvida numa violenta guerra de 20 meses com a Rússia, estima que 174 mil quilômetros quadrados do seu território, cerca de um terço do país, estão potencialmente repletos de minas ou detritos de guerra perigosos.

A unidade de Ilkiv foi criada durante a guerra e está focada na remoção humanitária de minas fora da zona de combates. Eles agora operam nas regiões de Kherson e Kharkiv, partes das quais foram recuperadas da Rússia no ano passado.

Quatro de seus sapadores foram mortos em explosões até agora e 16 ficaram feridos.

Ilkiv, foi ferido quando uma mina antipessoal explodiu na aldeia de Dementiivka, na região de Kharkiv, disse que decidiu regressar devido ao grande volume de trabalho de desminagem ainda a ser feito, um argumento que apresentou à sua esposa.

"Ela ficou um pouco surpresa, chocada. Mas aceitou", disse ele à Reuters enquanto trabalhava na região de Kharkiv esta semana.

A área que estavam realizando a limpeza quando a mina explodiu, ferindo-o, era particularmente complicada, disse ele. "As minas estavam enterradas no subsolo, impossíveis de serem descobertas com sinais visuais."

“No início você não sente dor, e pode aproveitar esse momento de dormência para realizar os primeiros socorros, colocar o torniquete, antes que o estado de choque tome conta de você”.

Valeri Onul, outro sapador, também voltou a trabalhar na unidade, apesar de ter perdido uma perna, vitima de uma explosão em novembro.

“Eu me levantei, olhei para baixo, uma das minhas pernas sumiu... começaram a me puxar para fora, tentei ajudar com a perna boa, me movi pouco a pouco e consegui sair sem acionar duas minas que estavam lá", ele disse.

Mesmo logo após a explosão, ele disse que tinha certeza de que retornaria ao trabalho de remoção de minas quando se recuperasse.

“Muitos pensamentos lotaram minha mente, não sei quantos por segundo, mas havia um desejo maluco, depois que fui levado ao hospital e recuperei os sentidos, já então, queria voltar a trabalhar.”


O GDAE (PelEOD) segue rumo a certificação nível 2

Esses relatos de experiências reais no teatro de operações da Ucrânia, dão um pouco da dimensão do desafio e da necessidade de se manter uma rigorosa rotina de adestramentos e capacitação de nossos militares que fazem parte do GDAE, e durante a experiência em Itaóca (ES), no âmbito dos adestramentos de Operações de Paz, pudemos ter uma noção do alto nível de profissionalismo destes profissionais de nossa Força de Fuzileiros, os quais caminham para ascender ao Nível 2 no Sistema de Prontidão da ONU, certificação que espera-se obter no meado de 2024. Enquanto isso, nossos heróis do GDAE seguem um ritmo puxado de adestramentos e qualificações, numa crescente visando obter o mais alto nível de capacidade e prontidão para enfrentar os mais adversos cenários que esta especialidade impõe.



Por Angelo Nicolaci


GBN Defense

com informações da Reuters 

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