Findou a rebelião que Yevgeny Prigozhin liderou ontem contra o ministério da defesa russo e o regime de Vladimir Putin. Prigozhin acabou interrompendo sua marcha pouco antes de chegar a Moscou, alegando que havia evitado um "banho de sangue" e alcançado um acordo. Por trás das negociações, no entanto, as coisas eram certamente diferentes. Putin, que o acusou de traição e pediu publicamente a destituição de Prigozhin, provavelmente foi forçado a fazer grandes concessões, e os efeitos dessa rebelião de um dia, expôs a fragilidade de Moscou.
Como efeito colateral das ações do líder da PMC Wagner Group, especula-se que Putin irá remover o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, acusado por Prigozhin de lançar um ataque as posições do WG que resultou na perda de vários membros do grupo paramilitar.
No entanto, as coisas estão longe de se acalmar, o avanço de ontem rumo a Moscou, com a captura de Rostov e a posição de inércia que demonstrou o exército russo frente a ação de Prigozhin, é um sinal da fraqueza do governo de Putin, que finalmente conseguiu deter a marcha de Prigozhin sem nenhum confronto armado. Mas foi o teste político mais difícil para o atual presidente russo desde 1999, um grande evento que mostra a instabilidade do sistema e os catastróficos efeitos políticos domésticos da invasão da Ucrânia.
A mensagem pública do presidente ontem, um raro gesto em que acusou o Grupo Wagner de traição e, visivelmente emocionado, admitiu que a Rússia enfrentava "uma situação complicada em Rostov-on-Don" continua a ser uma referência. Basicamente, em Rostov, as tropas de Prigozhin também ocuparam o Comando do Distrito Militar do Sul da Rússia.
Do outro lado, Evgeni Prigozhin, criminoso de guerra e ex-prisioneiro soviético, amigo íntimo de Putin e "cão de guarda" do sistema ditatorial implantado pelo Kremlin, recebeu garantias de segurança e "passagem livre" para a Bielo-Rússia. Mas é o mais claro possível que Putin não vai superar o que aconteceu ontem e a eliminação física de Prigozhin continua sendo um cenário muito tangível.
O saldo da luta em solo russo com a Wagner Group contra a própria Rússia, resultou na perda de 13 militares russos, e alguns meios importantes, incluindo um helicóptero Ka-52. Os mercenários do Wagner Group infligiram perdas em um único dia que a aviação russa não experimentou em 16 meses de guerra contra a Ucrânia.
Durante a rebelião de um dia e pequenos confrontos entre o Grupo Wagner e o Exército Russo, os russos perderam 13 militares da Força Aérea, além de aeronaves e meios. Nenhum dos lados se envolveu em confronto direto, no entanto, com o Kremlin evitando a todo custo ataques aéreos contra a coluna que se dirigia a Moscou, o que significaria que a rebelião teria se transformado em guerra civil.
O balanço das perdas russas no curto dia da rebelião, relata cerca de 13 aviadores russos mortos. Destes, 8 morreram em decorrência da destruição de um posto de comando aéreo e outros três eram tripulantes de um helicóptero Mi-8MTPR abatido na noite de 23 de junho em Luhansk. A tripulação do helicóptero Ka-52, apontado como o mais moderno helicóptero de ataque da Rússia, abatido pelo Wagner Group também veio a óbito. O Ka-52 foi abatido pelos mercenários de Prigozhin na região de Voronezh.
Em termos práticos, o Exército Russo perdeu de uma forma ou de outra em um dia, além do já citado:
- Um helicóptero Mi-8 muito danificado
- Um helicóptero Mi-35 foi destruído por mercenários, mas a tripulação sobreviveu.
- Um helicóptero Mi-28 danificado.
No total, de acordo com os números fornecidos pelos próprios russos, 6 helicópteros, uma aeronave AN-26 de transporte e 13 membros das Forças Aeroespaciais Russas mortos, constam no balanço do confronto entre o Wagner Group e o Exército Russo.
Em 16 meses de guerra contra a Ucrânia, a rebelião de um dia da WG entrou no top 3 de perdas sofridas pelo exército russo em um dia, no campo da aviação, certamente lidera a lista de helicópteros perdidos em apenas algumas horas.
O cenário surpreendeu analistas do mundo inteiro, e a imagem de Prigozhin emerge agora como uma ameaça política á Putin, onde ficou clara a força e o respeito que o líder do Wagner Group tem das forças regulares russas, as quais não demonstraram qualquer oposição ao avanço sobre Rostov.
Considerado um herói de guerra por grande parte dos militares do exército russo, Prigozhin liderou a tomada de importantes cidades no front ucraniano, demonstrando eficiência e competência na liderança de suas tropas.
O custo político dessa rebelião para Putin já esta sendo muito alto, e pode significar o início da queda do seu governo, que já da sinais de desgaste, perdendo gradativamente o apoio interno e de seus próprios apoiadores.
Por Angelo Nicolaci
Com base informações obtidas em várias fontes russas e ocidentais
GBN Defense - A informação começa aqui.
A questão agora é saber até onde Putin está disposto a ir para manter seu status. Já foram 9 grandes empresários mortos em circunstâncias duvidosas. Qual seria o custo da morte "repentina" de Prigozhin para Putin?? Sua influência terminaria com a morte dele ou o tornaria um "martir do povo" e estimularia uma rebelião mais grave. Precionado em casa, qual seria o efeito no campo de batalha. Temos um sujeito, digamos, instável com acesso e autoridade para uso de armas nucleares... Os russos lançariam mão da tatica de "terra arrasada"??
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