segunda-feira, 20 de março de 2023

Migs para Ucrânia - A verdadeira jogada de mestre e o cenário global


O conflito entre a Rússia e Ucrânia esta sendo um ótimo negócio para os europeus, embora os custos sejam astronômicos com envio de ajuda aos esforços de guerra ucranianos, a invasão russa tem representado um importante incremento ao mercado internacional de defesa, principalmente aos antigos países do extinto "Pacto de Varsóvia", os quais em grande parte ainda operam sistemas da era soviética ou da Rússia. O fato é, a Ucrânia se tornou o "canto dos cisnes" de todo tipo de material soviético/russo ainda em operação no leste europeu, abrindo oportunidade para aquisição em condições especiais de novos e modernos equipamentos de origem ocidental.

Países como Polônia, Bulgária e Eslováquia, estão aproveitando a oportunidade para pleitear juntos as potencias ocidentais, condições especiais para que possam realizar a reposição do material de defesa que esta sendo enviado à Ucrânia. Em parte, a estratégia tem surtido efeito, e mesmo países da esfera de influência russa, tem aproveitando a ocasião para buscar material ocidental, como é o caso da Sérvia, que busca junto a França, obter modernos exemplares do Dassault Rafale para substituir sua problemática frota de Mig-29.


A Eslováquia, por exemplo, deverá receber uma compensação de 200 milhões de euros da União Europeia (UE) com a doação dos 13 caças MiG-29 que possui estocados para a Ucrânia. Porém, segundo relatos, estas aeronaves estão desatualizadas e em más condições de conservação, o que se tornará mais um problema a complexa logística ucraniana.

Com relação a qualidade do material enviado aos ucranianos, no campo da aviação de combate, só agora se chegou a conclusão pelo envio de aeronaves de combate aos esforço de guerra, porém, as mesmas estão muito longe do que seria considerado ideal para contrapor as capacidades russas, sendo inclusive alvo de crítica pelos próprios ucranianos que receberão as aeronaves.


Mas, apesar de não representar alguma vantagem prática para os ucranianos, a "pirâmide" comercial de material de defesa que foi criada no âmbito deste conflito, tem sido uma dádiva para muitos, como é o caso britânico, que pretende em breve desativar sua frota de caças Typhoon Tranche 1, e não via no horizonte um destino para essa frota. Mas, toda guerra abre oportunidades, e os britânicos tem avaliado a possibilidade de transferir em condições especiais seus caças Eurofighter Typhoon Tranche 1 para aliados que se comprometam em transferir seus Mig-29 para Ucrânia. Um verdadeiro negócio em cascata, onde os grandes beneficiados serão obviamente as grandes potências e suas industrias de defesa, além de fortalecer zonas de influência e reforçar as defesas no entorno europeu contra uma hipotética ameaça russa.

Os EUA também devem abrir condições de crédito especial para os países que estiverem dispostos a abrir mão do material soviético/russo, os enviando para Ucrânia. Com toda certeza, podemos afirmar que a Rússia cometeu um grande erro em sua estratégia de invasão a Ucrânia, e agora se vê diante de um conflito que tem drenado seus recursos e impactado diretamente em sua influência no leste europeu e Balcãs, além de empurrar definitivamente ex-estados soviéticos para OTAN.


A França tem realizado um grande esforço no campo diplomático para ampliar sua zona de influência geopolítica, e isso pode render boas vendas para a Dassault e seus caças Rafale, o que pode abrir as portas para a transferência de aeronaves Rafale das primeiras variantes à novos clientes do leste europeu. O mesmo movimento tem sido estudado pelos britânicos e mesmo italianos, que visam aproveitar a chance de se desfazer de grande parte dos seus estoques de aeronaves em vias de retirada de serviço ou mesmo já desativadas, gerando lucrativos negócios e ainda ampliando sua influência no campo geopolítico.


A Ucrânia segue solicitando aeronaves modernas, porém, até o momento não há no horizonte qualquer possibilidade de que vá receber aeronaves de 4ª geração como Rafale, Typhoon ou mesmo o F-16, embora se cogite transferir tais tipos para outros países em troca do envio de Migs para os ucranianos, não há qualquer interesse que estes venham a voar no conflito sob o comando dos pilotos ucranianos. Talvez, venham a receber no futuro aeronaves F-16 das primeiras variantes, as quais são extremamente defasadas em relação ao que se voa hoje no mundo. Outros caças ocidentais modernos como o Gripen, já foram categoricamente negados aos ucranianos, o qual teve seu pedido rejeitado pelos suecos.


A grande máxima é: "Não existem mocinhos ou vilões, em todo conflito, existe o puro jogo de interesse e a mais pura projeção da influência geopolítica e econômicos, o resto, é falácia e propaganda para os contribuintes".


por Angelo Nicolaci

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