sexta-feira, 24 de março de 2023

Brasil lidera missão de paz no Congo


A Organização das Nações Unidas (ONU) nomeou no dia 4 de janeiro o General Otávio Rodrigues de Miranda Filho, comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (MONUSCO). Ele substitui o General Marcos de Sá Affonso da Costa, também do Brasil, que encerrou seu mandato em 28 de fevereiro.

“O fato de a ONU ter nomeado, pela quinta vez, um general brasileiro para comandar aquela que talvez seja a maior e mais complexa missão de paz, no coração do continente africano, reconhece, no plano internacional, a qualidade profissional do Militares brasileiros”, disse o General Miranda Filho à Diálogo .

Fase de transição

“A MONUSCO está em fase de transição, mas os desafios ainda são muitos. Depois de mais de 22 anos de presença na República Democrática do Congo, a missão já sofre uma natural erosão de sua imagem junto à população e ao próprio governo local”, disse o Gen. Miranda Filho. “Temos ainda de continuar a implementar o mandato, que se centra na proteção dos civis, mas também colaborar para a estabilização do país e ajudar a fortalecer as suas instituições.”

O cumprimento dessas metas é fundamental para que as eleições marcadas para dezembro ocorram com transparência e segurança, acrescentou.

“O sucesso do processo eleitoral sinalizará a possibilidade de continuar com a transição da responsabilidade da segurança interna para as forças locais, caracterizando o fim da missão”, disse o Gen. Miranda Filho. Paralelamente, é fundamental fortalecer as condições de segurança do pessoal da ONU que atua no país, acredita o oficial.

Desempenho histórico

O Exército Brasileiro participou historicamente de dezenas de missões de paz sob a égide da ONU Uma das primeiras foi a missão de Suez, no Egito, em 1956. Por cerca de 10 anos, os militares brasileiros fiscalizaram a cessação das hostilidades e a retirada de militares forças do território egípcio com um batalhão de infantaria na Primeira Força de Emergência das Nações Unidas. O Brasil também participou da Missão de Observação das Nações Unidas em Angola, criada em 1997, para ajudar as partes em conflito a consolidar a paz e a reconciliação nacional.

Entre 2004 e 2017, o Brasil também desempenhou papel de destaque na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), ao lado de integrantes de países como Argentina, Bolívia, Canadá, Chile e Uruguai. As tarefas incluíam ajuda humanitária às vítimas do terremoto de 2010 e operações militares urbanas contra gangues armadas.

Um elemento central da política em torno da MINUSTAH foi a formação de grupos de países, conhecidos como “grupos de amigos”, que foram estruturados para influenciar o mandato e a condução da missão. “O grupo de amigos do Haiti foi formado na época da negociação do mandato da MINUSTAH, formado por Estados Unidos, França, Canadá, Brasil, Argentina e Chile”, disse o Instituto Igarapé e o Centro Conjunto de Operações de Paz Sergio Vieira de Mello do Brasil indicado em artigo conjunto.

Nas últimas décadas, o Brasil participou de grupos de amigos de vários países, como Timor Leste e Guiné-Bissau. Segundo o Gen. Miranda Filho, missões como Suez, Angola e Haiti mostram o Brasil como tendo uma “atuação histórica e exemplar” em missões da ONU. “Isso se deve ao treinamento contínuo e capacitação de nossos militares para cooperar em missões de paz e humanitárias”, disse ele.

“A participação do Brasil, assim como de outras nações, nesse esforço de transformar regiões desestabilizadas em lugares mais seguros para as populações envolvidas é fundamental para o sucesso da ONU como principal órgão internacional para a solução pacífica de conflitos internos ou regionais.” concluiu o General Miranda Filho.


Fonte Diálogo das Américas 

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